Visões da morte variam nas diferentes culturas e religiões, mas cuidado com os falecidos é uma constante
PUBLICAÇÃO EM 29 DE OUTUBRO DE 2016
TEXTO
Maristela Deves
maristela.deves@pioneiro.com
Imagens
Diogo Sallaberry
Clarissa Grassi, divulgação
diogo .sallaberr@pioneiro.com
INFOGRAFIA
Guilherme Ferrari
"Em algum ponto do tempo, eu me erguerei sobre você, com toda a cordialidade possível. (...) E levarei você embora gentilmente."
Mesmo quem não leu o best-seller A Menina que Roubava Livros, de Markus Zusak, consegue identificar, por essa frase, quem é a narradora da história — afinal, como diz a sabedoria popular, a morte é uma das únicas certezas da vida. E embora a finitude humana nem sempre seja vista sob a mesma ótica pelas diferentes épocas, culturas e religiões, o cuidado com os mortos ultrapassa o tempo e a geografia.
— Lembrar os mortos está na própria origem das religiões, desde as mais primitivas. É um ato de respeito, de dignidade e mesmo de valorização da vida — ressalta o padre Oscar Chemello, pároco da Catedral Santa Teresa.
— Para os cristãos, os mortos não deixam de existir, a morte não é a destruição da pessoa.
Essa concepção de que há uma vida após a morte também permeia várias culturas. No antigo Egito, 2 mil anos antes de Cristo, a crença numa nova vida pautava a mumificação dos faraós, que eram sepultados nas pirâmides com seus tesouros. Mais recentemente, na Roma dos primórdios do cristianismo, as lápides nas catacumbas já guardavam inscrições citando a esperança da ressurreição.
A institucionalização do 2 de novembro como Dia dos Finados ocorreu ainda no Século 13. Segundo o padre Chemello, a Igreja já celebrava o 1º de novembro como Dia de Todos os Santos, lembrando aqueles que foram martirizados, e sentiu-se a necessidade de uma data que abrangesse também os outros falecidos. Ele destaca, porém, que não é só nesse dia que os entes queridos que partiram são lembrados:
— Toda missa é um momento especial de comunhão entre os vivos e os mortos. Nela, celebramos a Páscoa de Jesus, sua morte e ressurreição, e a comunhão dos santos, os que estão junto de Deus.
O ato de ir ao cemitério no dia 2, seria uma forma de "rever a família" e reviver a esperança de que a morte não é o fim. Mas, mais do que flores ou velas, a melhor oferta por quem faleceu é a oração, ressalta o sacerdote.
A visita aos cemitérios, tradicional entre católicos e várias outras denominações cristãs, não é unanimidade entre as religiões. Clementina Berno, vice-presidente da União Municipal Espírita, explica que, embora muitos adeptos dessa doutrina conservem a tradição de levar flores, por causa de uma certa mistura de crenças, para o espiritismo não há necessidade de visitar túmulos, pois o espírito, a essência da pessoa, não está lá.
— A homenagem que fazemos é oração, carinho, vibrações. Se eu colocar lindas flores, elas vão durar horas, dias. Então prefiro comprar, com esse dinheiro, gêneros alimentícios e oferecer para alguém que precisa em memória dessa pessoa — diz.
Clementina ressalta que isso não significa que não se vá cuidar dos túmulos, apenas que abdica de ir lá em datas determinadas. Da mesma forma, ela lembra que espíritas também sofrem quando alguém parte, mas sem desesperos.
— A gente sabe que aquela pessoa cumpriu sua tarefa, e agradece a Deus o tempo que ela esteve aqui, suas experiências e os aprendizados que deixou.
A umbanda, por sua vez, tem um ritual totalmente próprio para lembrar os mortos, e isso acaba fazendo com que seus praticantes se mantenham afastados dos chamados campos santos no Dia dos Finados.
— Nossa forma de reverenciar os ancestrais seria ir num cemitério e bater tambores, mas não podemos fazer isso. Então, fazemos nossa homenagem nas matas — relata Ademir Antônio dos Santos Neves, o Pai Ademir de Oxum, presidente do núcleo gaúcho do Superior Órgão Internacional de Umbanda e Cultos Afros.
Nesse dia, os umbandistas também fazem oferenda de comida para Egum (os mortos). Os pratos variam, mas o mais comum, explica Pai Ademir, é a galinhada, iguaria que os praticantes dessa religião só podem comer em velórios. Mais uma vez, o local da homenagem é a mata, próximo à água corrente (que simboliza a vida e a purificação). Velas complementam a homenagem.
A psicóloga Ana Reis, idealizadora do Luspe, instituto de psicologia especializado em questões de luto e perda, avalia que o Dia de Finados é uma data saudável do ponto de vista psicológico:
— Ela oferece uma nova oportunidade de ritualizar, de revisitar tudo o que nos fez bem, quem investiu amor em nós, além de fechar questões que ficaram em aberto.
Ana salienta ainda que é importante ter um lugar para lembrar a pessoa querida, seja ele o cemitério ou outro espaço. O importante é encontrar um modo de lidar com esse sentimento e com a ausência. Afinal, diz, o amor não morre, e o luto é aprender a amar separado de quem partiu.
Muitas pessoas têm dúvidas sobre como a Igreja vê a questão da cremação. O padre Oscar Chemello explica que, embora tradicionalmente se indique o sepultamento, por uma associação ao sepultamento de Cristo, não há proibição religiosa em relação à cremação.
— O sepultamento mantém a referência do local do corpo, mas é algo mais para nós mesmos. A cremação não interfere na questão da fé, nem na alma, nem na ressurreição.
- A Catedral Diocesana de Caxias do Sul guarda o corpo de três bispos:
Dom José Baréa (foto), o primeiro bispo caxiense, foi sepultado em 1951, sob a cruz situada no lado esquerdo do templo.
Dom Cândido Bampi (1978) e Dom Benedito Zorzi (1988) se encontram no lado direito, sob a imagem de Nossa Senhora da Glória.
- Dois padres também estão sepultados em igrejas caxienses: na Igreja São Pelegrino está o corpo do padre Eugênio Giordani, e na do Pio X, do padre Ênio Tarrasconi
- No Vaticano, a cripta da Basílica de São Pedro guarda as sepulturas de vários papas, inclusive a que seria do próprio Pedro; a mais visitada é a do agora santo João Paulo II, que desde sua beatificação foi transferido para dentro da própria basílica (e cuja imagem pode ser conferida em tempo real por meio de uma webcam ali instalada)
- Vários cemitérios são considerados pontos turísticos, como o Recoleta, em Buenos Aires (que abriga, entre outros, os corpos de Evita Perón e do escritor Adolfo Bioy Casares), e o Père Lachaise, em Paris (onde estão sepultadas várias personalidades, como o fundador do espiritismo, Allan Kardec, e os escritores Honoré de Balzac, Oscar Wilde, Jean de La Fontaine e Marcel Proust)
- Outros locais ligados à morte e que costumam atrair milhões de turistas são as catacumbas de Paris e as pirâmides do Egito
- Na mitologia grega, o responsável por levar as almas dos mortos era Caronte, o barqueiro de Hades, que atravessava o rios Estige e Aqueronte, na divisa do mundo dos vivos e dos mortos
- A representação da morte como um esqueleto com uma foice ou segadeira surgiu e se firmou no imaginário popular durante a Idade Média
- A cor associada ao luto varia muito: embora no Ocidente predomine o preto, nas civilizações orientais costuma ser o branco; na África do Sul, é o vermelho; no Egito, o amarelo; no Irã, o azul
- A forma de lembrar os mortos também difere de país para país; no México, por exemplo, a celebração do Dia de Los Muertos inclui festa, caveirinhas coloridas e comidas; no Japão, arroz e algas são levados aos cemitérios; na Guatemala, as pessoas empinam pipas coloridas lembrando as almas dos entes queridos; nos EUA, o costume é lembrar os soldados que morreram pelo país, durante o Memorial Day
- Independentemente da crença, o Cemitério Municipal de Caxias do Sul deve receber muita gente neste final de semana: afinal, o espaço abriga os corpos de aproximadamente 100 mil pessoas.
Além deste, que é o maior do município, Caxias abriga cerca de uma centena de outros cemitérios.
Até poucas décadas atrás, quem perdia alguém querido vivia um período protocolar de luto, geralmente um ano, em que evitava festas e vestia-se com cores sóbrias, em geral o preto. Hoje, tais convenções parecem não fazer mais sentido, e a cobrança da sociedade costuma ser no sentido oposto, de que se retome o quanto antes a "vida normal".
— Talvez hoje esteja rápido demais, não se fale do luto, mas ele está embutido. E, em algum momento, ele volta — avalia o padre Oscar Chemello, que coordena um grupo de apoio a famílias enlutadas, o Palavras de Esperança, que há três anos se reúne mensalmente na Catedral.
Os encontros incluem uma oração, na qual os familiares falecidos são lembrados pelo nome, e minipalestra sobre como a fé cristã vê a vida após a morte. Os participantes também têm espaço para falar de sua dor e manifestar dúvidas ("muitos se preocupam, por exemplo, em que a pessoa que morreu esteja sofrendo, mas as almas não ficam perdidas"), e cinco psicólogas auxiliam voluntariamente, falando sobre as fases do luto. Quem desejar pode ainda conversar em particular com o padre ou a psicóloga.
Esse não é o único grupo do gênero na cidade. Ana Paula Reis da Costa, do Luspe, conta que desde o início dos anos 2000 o instituto desenvolve trabalhos na área, junto a hospitais, empresas, capelas funerárias e comunidades religiosas. Entre os núcleos de apoio que coordena estão o dos Capuchinhos e o Anjos Secretos, este último reunindo pais quer perderam os filhos jovens. Seu núcleo de intervenção a emergências também é chamado para atuar em outras cidades, em casos como o do voo 3054 da TAM e o da boate Kiss.
Ana destaca que o elemento principal do luto é o amor, que leva à necessidade de assimilação e readaptação frente à ausência da pessoa amada:
— Esse fenômeno abraça todas as dimensões do ser humano: biológica, religiosa, social, familiar e psicológica. Quando a morte ocorre, as pessoas (enlutadas) se veem diante de uma travessia; primeiro, é quase uma sobrevivência, depois, retomar, ressignificar a vida.
Os grupos funcionam como uma rede social de apoio. A importância de tal apoio é ampliada quando a pessoa enlutada tem uma rede familiar pequena, até porque, lembra Ana, o tabu do luto persiste e muitas vezes quem convive com quem perdeu alguém evita falar no assunto, por não saber o que dizer ou por temer ser contagiado pela dor. Outras vezes, ocorre um "pacto de silêncio" na família, também prejudicial, pois o diálogo sobre a perda faz parte do processo de travessia do luto.
Manoela Michelli e Fabiana Corso, também psicólogas do Luspe, acrescentam que um fator complicador é a cobrança social pela retomada da rotina (tanto que a chamada "licença nojo", para quem perdeu pais, filhos ou cônjuge, é de apenas dois dias). O luto, enquanto isso, persiste: o período da dor aguda costuma durar um ano, oscilando em ondas de pesar. Depois, em geral a dor da perda vai se atenuando, mas até lá é comum sentir raiva, tristeza profunda, apatia, sensação de que nada vai dar certo, confusão, despersonalização, desejo de isolamento e medo de perder mais alguém. Déficit de atenção e de memória também podem ocorrer. Além disso, o primeiro ano é o período de vivenciar as primeiras datas importantes (aniversário, Natal, etc, sem a pessoa).
Ana ressalta que cada enlutado deve determinar seu próprio tempo, seja para se livrar dos pertences do falecido ou para retomar o ritmo de vida anterior:
— Não há receita, o luto é muito particular, assim como não há um luto "pior". O pior luto é o daquela pessoa, é algo íntimo, não se deve comparar ou tentar rivalizar em tamanho de dor.
A criança não deve ser excluída do luto familiar. Segundo as psicólogas do Luspe, é importante que o adulto fale a verdade para ela e lhe dê a oportunidade de se despedir da pessoa que faleceu, caso ela desejar. As informações sobre o que aconteceu devem ser claras, objetivas e simples, na linguagem da criança, sem excessos de detalhes mas sem metáforas fantasiosas.
Evitar a verdade, salientam, não evita o luto infantil, e ainda vulnerabiliza a criança, pois diminui sua confiança nos adultos e sua autoestima. Além disso, quanto menor a criança, mais ela sente primeiro o medo (de perder mais alguém, por exemplo), e depois a tristeza. Por isso, é comum que ela "grude" no adulto em quem confia; é importante permitir que isso aconteça e oferecer o apoio necessário, além de evitar outras perdas naquele momento, como retirar a mamadeira ou a fralda e mudar de escola.
De 22 a 25 de novembro, a UCS sedia a III Jornada Caxiense do Luto, com diversas palestras. Informações e inscrições podem ser obtidas no site www.luspe.com.br.
Quem está enlutado:
- Abra um espaço para sua dor
- Procure viver um dia de cada vez
- Escolha alguém de confiança para dividir o que está sentindo
- Deixe-se abraçar e abrace os outros
- Fale sobre a sua perda, compartilhe lembranças, permita-se sentir
- Busque conforto, inclusive físico, a seu modo
- Cuide da sua saúde física, alimentação, sono, etc
- Ofereça-se tempo
- Fique só, às vezes
- Ritualize o luto enquanto necessário, sem deixar de viver
- Busque psicoterapia, se necessário
- Autorize-se a amar novamente, ou, pelo menos, não desista de tentar
Quem quer ajudar:
- Ofereça compreensão
- Apenas se disponha a ajudar se efetivamente estiver preparado para ouvir
- Deixe a pessoa falar
- Ajude-a a se organizar e a estabelecer prioridades, fazendo uma coisa de cada vez
- Evite o excesso de conselhos, e jamais use frase com "já" e "ainda"
- Não tente amenizar a dor, apenas compartilhe-a
Em 2003, munida de cinco rolos de filmes, a relações-públicas paranaense Clarissa Grassi resolveu passar uma tarde no Cemitério Municipal São Francisco de Paula, em Curitiba (PR), fotografando detalhes de esculturas.
— Quando eu mostrava as fotos, as pessoas diziam "adorei, em que praça fica essa escultura?". Quando eu respondia que era no cemitério, replicavam "que horror, que mórbido".
Indignada com o preconceito, resolveu pesquisar a história do espaço, resultando no livro Um Olhar: A Arte no Silêncio (2006), no qual aborda 54 esculturas. Seguiu pesquisando, e percebeu que com isso descobria mais também sobre a história da cidade. Em 2011, começou a compilar 99 minibiografias de pessoas ali sepultadas, redundando em 10 sugestões de trajetos temáticos de visitação, passando por túmulos de artistas, políticos, milagreiros, etc. A primeira visita guiada ocorreu naquele ano, e, de eventual, acabou se tornando mensal, com três horas de duração e grande público. Durante o passeio, ela aborda desde as concepções da morte ao longo do tempo até a arquitetura, a simbologia e a história das pessoas ali sepultadas.
— Todo cemitério é uma reverberação da cidade — resume Clarissa, destacando que eles também têm seus bairros, seu "centro histórico" com as famílias mais antigas, são mais verticais nas cidades maiores, etc.
Em 2014 a pesquisadora lançou um guia bilíngue com os roteiros. Recentemente, também concluiu seu mestrado em Sociologia com uma dissertação sobre o cemitério curitibano, e atualmente preside a Associação Brasileira de Estudos Cemiteriais.
— O cemitério como campo de pesquisa é vastíssimo — diz, acrescentando: — É preciso desmistificá-lo, vê-lo pelo viés patrimonial, como arquitetura e repositório de arte.
Nos seus 13 anos de pesquisa na área, Clarissa constatou que as influências religiosas e culturais resultam em maneiras diferentes de sepultar os mortos. Ela explica que simbologia presente na arte cemiterial é principalmente religiosa: nos cemitérios católicos, há muitas esculturas retratando santos, anjos e alegorias, e nos protestantes predominam cruzes e esculturas do Cristo.
— No Século 19, período da transição entre a proibição dos sepultamentos em igrejas e a criação dos cemitérios extramuros, houve uma grande profusão da arte tumular, pois as famílias tinham a necessidade de carregar esse discurso simbólico da crença na vida após a morte — diz.
Ela conta que historiadores da morte como Vovelle e Ariès referem-se a esse período como o da "morte burguesa", em que se buscava a individualização do ente querido, a negação da morte por meio dos símbolos que falavam de uma segunda existência e demonstração de poder com a construção de túmulos suntuosos. Com o tempo esse tipo de arte foi caindo em desuso, e com a secularização dos cemitérios aumentaram as referências à Maçonaria e à Rosa Cruz, além de modismos como elementos da cultura egípcia, no início do Século 20.
— As referências presentes nas cidades eram replicadas nos cemitérios, daí a existências das mesmas influências arquitetônicas, como o modernismo, o ecletismo, art déco, neogótico, entre outros.
Há 15 anos, Marciano Gubert entrou naquela que considera uma das mais profissões mais bonitas que existem: a de agente funerário. Hoje gerente das Capelas Cristo Redentor, ele ressalta que os agentes são, antes de tudo, alguém que tem a missão de ajudar a amenizar a dor das famílias que perderam uma pessoa querida.
— O agente funerário é um dos primeiros a ter contato com a família, pois faz desde a remoção do corpo do hospital até sua preparação para o velório, tentando deixá-lo com a aparência mais natural possível.
Esse trabalho minucioso envolve banhar o corpo, vesti-lo, arrumar o cabelo, aparar a barba, maquiar e, em alguns casos, até mesmo pintar os cabelos da pessoa falecida. Cada situação é única, relata Gubert, vai depender dos desejos dos familiares e da sensibilidade e experiência do agente.
Dez anos atrás, quando coordenava o museu e arquivo histórico de Flores da Cunha, a historiadora Gissely Lovatto Vailatti foi procurada pela jornalista Danúbia Otobelli, que queria informações sobre os cemitérios do município para uma matéria. Descobriram que o arquivo continha pouquíssimas informações sobre o assunto, e Danúbia, também historiadora, lançou o desafio: escrever um livro sobre o tema.
A partir daí, as duas dedicaram-se a pesquisar os mais de 30 cemitérios locais nas horas vagas, visitando-os e lendo milhares de registros escritos de diversas paróquias. Também foram colhidos vários depoimentos. O resultado foi o livro Benedictus — Os Cemitérios de Flores da Cunha, lançado em 2009.
— Não é só a história dos cemitérios, mas das pessoas — resume Gissely.
A historiadora ressalta que esses espaços trazem uma riqueza enorme de informações, como a história das famílias, da imigração italiana (entre os locais pesquisados está o cemitério de Travessão Martins, único ainda intacto da época da imigração italiana) e também da migração dentro do município.
A morte sempre foi um tema recorrente nas mais diversas artes. Um dos grandes clássicos da literatura mundial, a Divina Comédia, de Dante Alighieri, é uma das obras que abordam o além-túmulo, contando, em forma de poema épico, uma jornada pelo céu, o purgatório e o inferno. Nas obras de William Shakespeare a morte também tem papel importante — da caveira nas mãos de Hamlet, enquanto ele pondera sobre ser ou não ser, até o final trágico de Romeu e Julieta.
Na literatura há ainda inúmeros outros exemplos, indo da literatura de horror à poesia. Nesta, vale lembrar o poeta baiano Castro Alves, com Mocidade e Morte; Manuel Bandeira, com Consoada; João Cabral de Melo Neto, com diversos poemas sobre cemitérios (além de Morte e Vida Severina); Vinicius de Moraes, com O Cemitério da Madrugada; Jayme Caetano Braun, com Cemitério de Campanha; e diversos outros.
O cinema também volta constantemente ao tema, com produções como O Sexto Sentido (1999) e Os Outros (2001) — sucessos de bilheteria que trazem no elenco, respectivamente, Bruce Willis e Nicole Kidman. Não dá para esquecer, ainda, os filmes e seriados com os mortos-vivos, ou zumbis, com destaque para The Walking Dead.
Até mesmo o universo dos quadrinhos brasileiros tem sua representante na área: Dona Morte, criação de Maurício de Sousa e que integra a Turma do Penadinho (que, aliás, inclui ainda fantasminhas, uma múmia e até uma caveira, o Cranícola).
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