Caxiense visitou o país africano e faz um relato sobre as impressões do lugar do qual partem tantos imigrantes que viveram ou vivem em Caxias do Sul
PUBLICADO EM 15 e 16 DE ABRIL DE 2017
TEXTO e IMAGENS
Juliana Rossa*
INFOGRAFIA
Guilherme Ferrari
É inegável que Caxias do Sul ficou mais plural com a chegada, nos últimos anos, de fluxos migratórios advindos em grande parte da África, mais especificamente do Senegal. A cidade que ocupa lugar de destaque na economia gaúcha tornou-se ponto de referência para esses imigrantes à procura de trabalho. Não é possível definir a quantidade de senegaleses que já cruzaram por Caxias do Sul, mas estima-se que já passaram por aqui mais de 4 mil imigrantes, e que, atualmente, cerca de 700 vivam na cidade.
Além da oferta de trabalho, outro fator contribui para que Caxias do Sul seja conhecida como a “capital senegalesa no Brasil”. Uma rede de apoio liderada pelo Centro de Atendimento ao Migrante (CAM), envolvendo, entre outras entidades, alguns órgãos públicos, auxilia na confecção de documentos e busca oferecer acolhida aos senegaleses. É inegável, também, a liderança do presidente da Associação dos Senegaleses de Caxias do Sul Abdoulat Ndiaye, o Bili, uma referência para todos os imigrantes contemporâneos, independentemente da nacionalidade.
É notório, no entanto, que a chegada dos senegaleses por aqui causou (e ainda causa) estranheza e, infelizmente, episódios de preconceito nesta terra que tem ainda muito forte a identificação com a imigração italiana que colonizou a região a partir da segunda metade do século 19.
Esse novo cenário em Caxias do Sul chamou minha atenção, não somente pela curiosidade pessoal e jornalística, mas também como uma possibilidade de conhecer mais sobre as expressões culturais africanas na “terra dos italianos”, o que acabou se transformando num projeto de pesquisa para o curso doutorado que eu estava ingressando. Foi então que no final de 2013 comecei a mergulhar no universo dessa nova comunidade que se formava. De lá para cá, muitos dias foram dedicados ao convívio, à conversa, à tentativa de entendimento dessa realidade e seu contexto. O foco dessa investigação, após essa minha aproximação, passou a ser as práticas religiosas desses imigrantes, já que identifiquei, em suas práticas cotidianas, um envolvimento muito forte com suas crenças. Na época, descobri que a grande maioria dos imigrantes senegaleses era mouride, ou seja, adepta do mouridismo, uma fraternidade muçulmana fundada no Senegal pelo líder religioso Cheikh Ahmadou Bamba (1853-1927).
Esse líder escreveu muitos poemas de louvor a Allah (seriam mais de sete toneladas!), chamados khassidas. Esses poemas são entoados em corais ou individualmente pelos mourides. A poética vocal e a performance envolvida nesses cantos passaram a ser o recorte da minha tese de doutorado em Letras (UCS-UniRitter).
O percurso etnográfico desta pesquisa – etnografia é uma metodologia de pesquisa da antropologia que ajuda a descrever o homem e a sua cultura – culminou com uma viagem de estudos de duas semanas ao Senegal, realizada no último mês. Parte das vivências desta viagem divido agora com vocês, afinal, muita gente deve se perguntar: por que recebemos tantos imigrantes do Senegal? Como é este país?
Dakar é uma cidade cosmopolita, se comparada às cidades do interior que conheci. É costeada pelo
Oceano Atlântico, o que rende amplos espaços para a prática de exercícios e uma marina muito bonita.
Possui uma importante universidade, a Université Cheikh Anta Diop de Dakar, com mais de 80 mil alunos, a qual tive a oportunidade de visitar e conversar com professores pesquisadores.
Dessas primeiras impressões, pude verificar o que já haviam me contado e eu já tinha observado: a maioria da população está ligada a alguma atividade de comércio, porém, a informalidade é muito alta. Por exemplo, poucos negócios trabalham com nota fiscal. Dessa realidade comercial, é possível fazer a ligação com os senegaleses que imigram para cá. Principalmente com a crise econômica atual, que causou alto índice de desemprego também entre os imigrantes, a venda de produtos torna-se uma alternativa natural.
A maioria da população não possui veículo próprio, sendo o transporte coletivo uma das principais alternativas. Nota-se uma frota de táxis muito grande. Esses veículos não possuem taxímetro, e o preço da corrida é também negociado entre o motorista e o passageiro. Nos últimos dias da viagem eu já estava aprendendo a negociar. Uma corrida entre a Universidade de Dakar e o bairro onde eu havia alugado um quarto, de 3 mil acabou saindo por 1 mil francos CFA.
Sobre o transporte, o que chamou a atenção
também foi a grande quantidade de equídeos
que são utilizados para levar cargas e pessoas, em carroças e charretes, principalmente no interior do País.
Em Touba são centenas do que eu carinhosamente chamei de “burro-táxi” (ao ver as fotos meu pai me disse que eram jegues), que são utilizados para os deslocamentos dentro da cidade.
Por duas oportunidades, fui e voltei à cidade de Touba, distante cerca de 200 quilômetros de Dakar. O percurso é marcado por uma vegetação de savana, com grama seca e algumas árvores dispersas. O campo dá um tom amarelado à paisagem, também marcada por pastores e seus rebanhos formados, principalmente, de cabras e carneiros. A seca, aliás, é um problema sério para o país, que tem tradição agrícola e pastoril. São dias intermináveis de sol e altas temperaturas. As chuvas concentram-se de junho a outubro, sendo que durante o resto do ano ela é inexistente.
Durante o caminho rumo ao interior do país, fiquei encantada com a robustez das árvores de baobá, com seus troncos gigantes e galhos finos sem folhas. Descobri que é uma árvore que armazena água, e que dá um fruto saboroso, levemente amargo do qual gostei muito do suco e do picolé que provei. Por falar nisso, fiquei impressionada com os sucos do Senegal. Além do de baobá, provei suco de hibisco vermelho e branco, de gengibre, entre sucos de outras frutas locais.
A alimentação no Senegal é a base de arroz, peixe e legumes. Durante os dias da viagem, provei diversos pratos, alguns já conhecidos por mim pelo contato com os imigrantes senegaleses aqui em Caxias do Sul. Posso dizer que sou fã da culinária do Senegal, com um único porém: a grande quantidade de pimenta, demasiada para o meu paladar.
O café da manhã, geralmente, eu tomava na rua, em bancas de madeira onde eram servidos sanduíches: pão estilo baguete com a possibilidade de diferentes recheios, entre eles, macarrão, atum, feijão e omelete. Estes dois últimos foram os que eu mais comi e apreciei. Ah, e não podia faltar o acompanhamento do “café Touba”, que recebe a mistura de grãos moídos de uma vagem chamada selim, que dá um toque apimentado à bebida. Para mim esse café dava uma dose a mais de energia, e eu o tomava com frequência também em outros horários do dia, já que me ofereciam quase sempre durante as visitas que realizei.
Outro ponto que chamou a minha atenção é que, mesmo que o país tenha limitações econômicas, praticamente não existem episódios de assalto ou outras formas de violência. Lá é possível caminhar tranquilamente pelas ruas à noite.
Mais de 6,4 mil quilômetros em linha reta separam
Caxias do Sul de Dakar, a capital do Senegal. Tamanha distância é desproporcional ao nível de conhecimento que a maioria dos brasileiros possui
sobre o país e sobre o continente africano
(guerras e fome são exemplos que habitam
o imaginário do senso comum).
As minhas pesquisas e o convívio com os senegaleses daqui fizeram com que eu desconstruísse
algumas informações pré-concebidas
antes de conhecer o Senegal.
Mas nada substitui a experiência de pisar no seu solo arenoso e ver a realidade com meus olhos.
O Senegal é um país múltiplo, formado por diversos grupos étnicos, com predomínio da etnia wolof.
Não é possível fazer generalizações sobre
o país, assim como não é possível fazer
generalizações sobre o Brasil.
O meu voo, que partiu de Porto Alegre e fez escala em Lisboa, desembarcou em Dakar durante a madrugada do dia 13 de março. No aeroporto, aguardava-me meu amigo Cheikh Mbacke Gueye, o Cher, que vive em Caxias do Sul e estava em férias no Senegal. Poder contar com um guia local ajudou muito na organização da viagem, já que uma das barreiras para mim foi o idioma. Falar italiano e inglês auxiliou um pouco a comunicação em geral, mas o meu francês limitado e conhecimento quase nulo de wolof impediam uma troca linguística fluente.
Na verdade, o Senegal é uma torre de Babel. O francês é o idioma oficial, mas, no dia a dia, a maioria da população comunica-se no idioma wolof. Há ainda os diferentes idiomas regionais falados entre as minorias étnicas, além do árabe – cuja escrita e fala estão ligadas às práticas religiosas. As escolas regulares do Senegal também oferecem o ensino de idiomas como inglês, espanhol, e, até mesmo, português. Além disso, como muitos senegaleses já viveram em outros países, existe uma circulação linguística bastante interessante.
Na manhã seguinte à minha chegada a Dakar, fui conhecer o mercado central, chamado Sandaga. Nessa região, é possível encontrar de tudo, desde artesanato, alimentos, roupas, utensílios para casa, entre outros. É um ambiente muito colorido e movimentado. Eu fiquei ansiosa para saber o preço de alguns itens que me chamaram a atenção e que eu gostaria, também, de levar para casa como recordação. Foi quando eu descobri a habilidade de negociação dos senegaleses. Muitas coisas não têm um preço fixo, mas um preço que pode ser negociado. Se o vendedor diz que um item custa 4 mil francos CFA, o comprador oferece 1 mil. O preço final fica no meio termo, dependendo da capacidade de negociação de cada um. No meu caso, era perceptível um aumento do valor dos produtos por eu ser tubab (pessoa branca, em wolof), o que podia dar a entender que eu teria dinheiro.
Ao contrário do que muitas pessoas imaginam, no Senegal não existe situação de pobreza extrema, de pessoas que passam fome, talvez muito pelo sistema de sociedade senegalês, de auxílio mútuo entre parentes, amigos e vizinhos.
O que se percebe é a falta de estrutura, por exemplo, em serviços públicos. Nesse sentido, é possível apontar a falta de coleta e destinação correta do lixo. Principalmente nas cidades do interior, não se encontram lixeiras nas vias públicas. Também é preciso maior investimento em alternativas de recursos hídricos, com tratamento e distribuição de água potável. A interrupção do abastecimento de água é recorrente. De fato, em um dos dias em que eu estava em Dakar, a água para o banho precisou ser improvisada em galões.
O Senegal ocupa a 170º posição no ranking mundial do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Apresenta uma taxa de mortalidade infantil alta, em torno de 7,7%, e baixa expectativa de vida, 64,8 anos.
De fato, o que atrasa o desenvolvimento do País é a falta de indústrias, de serviços, ou seja, a falta de trabalho, motivo que acaba forçando a saída de jovens senegaleses para outros países, com o objetivo de ajudarem no sustento das suas famílias.
Receber bem as visitas é uma especialidade
dos senegaleses. A mãe do meu anfitrião,
o Cher,a senhora Astou Fall, cozinhou
diversos pratos para mim nesses dias.
Ela veio com a seguinte resposta quando eu disse para ela não se preocupar comigo em relação à comida (que propositalmente tinha menos pimenta para mim): “Você veio do Brasil, poderia estar em tantos lugares no mundo, mas está aqui conosco em Touba. Então, certamente que vamos te tratar muito bem”.
Os senegaleses, aliás, têm até uma palavra em wolof para isso: teranga, que significa algo como hospitalidade, saber bem receber uma visita. Posso dizer que eles têm teranga de sobra.
Certo dia, em Dakar, em visita a alguns amigos do Cher, que são do interior e trabalham na capital, um senhor chamado Assane Lo, 74 anos, estava almoçando mbaxal, um risoto com molho e grãos de feijão. Mesmo me conhecendo instantes antes, prontamente, ofereceu para que eu provasse no seu próprio prato a refeição. A pimenta estava aceitável e o sabor muito gostoso, sendo que devo ter demonstrado que eu havia apreciado. Ele insistiu para que eu comesse a metade, e, mesmo sem jeito, raspei o prato.
Numa noite, quando esperávamos o jantar na casa da mãe do Cher, uma vizinha apareceu com uma porção de thiéré (um prato a base de cuscuz, com molho de amendoim e tomate). Essa é uma prática comum entre vizinhos: se eu cozinhei algo gostoso, vou dividir. Outro fator diferente das nossas práticas daqui é a forma como eles fazem as refeições. A maioria das famílias come no mesmo prato, uma espécie de travessa grande, muitas vezes, com as mãos (depende do tipo de comida eles comem com talheres). As refeições são feitas no chão, com as pessoas sentadas ao redor da comida. Achei uma linda forma de conviver e dividir o alimento.
Outro episódio que me marcou foi quando desci do ônibus na cidade de Diurbel e estava numa calçada esperando por Fadel Dia (um senegalês professor de português que muito ajudou nas atividades da minha pesquisa). Uma senhora que vendia café e lanches embaixo de uma árvore, e que nunca tinha me visto, ofereceu a sua própria cadeira para eu sentar enquanto esperava. Diante da minha negação, tirou a almofada da cadeira e ofereceu, então, para que eu sentasse sobre ela no seu tapete.
O propósito principal da minha viagem foi a investigação de questões ligadas à religião. Eu já sabia o que o mouridismo era muito forte no país, mas não imaginava que era tanto. Manifestações ligadas à religião estão por toda a parte, principalmente em Touba, cidade sagrada fundada por Bamba, e arredores, como na cidade de Diurbel, onde também viveu o líder religioso.
Nos negócios, nos carros, nas casas, em praticamente todos os lugares há alusão à religião, com fotos do líder Cheikh Ahmadou Bamba e de seus descendentes, os marabus. É comum também a exposição de khassidas, que servem como proteção. Os poemas religiosos cantados servem como toque de celular, são ouvidos nos táxis, enfim, são manifestações sempre presentes no cotidiano local.
Nessas regiões, a maioria dos homens vestem-se com túnicas compridas. As mulheres não usam calças, mas saias ou vestidos compridos, e a maioria cobre a cabeça. Também não é usual a mulher cumprimentar o homem com aperto de mão, abraço e muito menos beijo, como fazemos por aqui quando nos apresentam alguém.
Como estive com diversos líderes religiosos, visitei muitos lugares sagrados, eu também me vestia como as mulheres de lá. Uma curiosidade: no Senegal, como em outros países muçulmanos, é comum o casamento com até quatro esposas, algo diferente para nós habituados à monogamia.
É muito bonita a forma respeitosa que os mourides expressam sua fé. Essa ligação com a religião vem desde muito cedo, pois a maioria das crianças, antes de frequentar a escola regular, frequenta a dahara, escola corânica onde ocorre a alfabetização em árabe, o aprendizado do Alcorão e dos poemas escritos por Bamba.
Numa dessas escolas que visitei, cujo líder é o marabu Serigne Moustafa Geye, recebi uma explicação, inclusive, que ajuda a entender o porquê de os imigrantes senegaleses possuírem uma capacidade de adaptação diferenciada nos países para os quais emigram. Nessas daharas, a rotina de estudos das crianças começa às 5h da manhã e segue durante o dia. Muitas vezes, são as crianças que vão em busca das refeições na vizinhança, o que acaba por formar um caráter ao mesmo tempo humilde e forte, que acaba se perpetuando na vida adulta e auxiliando a ultrapassar as adversidades.
Características dos fluxos migratórios dos senegaleses.
Desde que comecei a conviver com a realidade dos imigrantes senegaleses, algo que fica bastante evidente é a fluidez com que se deslocam pelo globo. É comum, por exemplo, membros da mesma família viverem em países diferentes, o que também ajuda a justificar o porquê desses imigrantes falarem tantas línguas. Aqui mesmo no Brasil, o deslocamento interno é constante, principalmente nos últimos tempos em decorrência da crise econômica e da variação das oportunidades de trabalho.
No Senegal, a agricultura é a principal fonte da economia nacional devido à grande extensão de terra arável, como a chamada zona Bacia do Amendoim, que cobre do oeste e ao centro do país, abrigando cerca de um terço do território e metade da população. No entanto, a agricultura está enfrentando dificuldades causadas pelo declínio cada vez mais acentuado das chuvas.
O comércio é uma possibilidade de trabalho, porém, o baixo poder aquisitivo da população faz com que a economia não gire satisfatoriamente.
– A gente consegue ganhar um dinheiro, mas não consegue guardar, evoluir – explicou-me Abdoulahat Mboup, 29 anos, um amigo de infância de Cher, que é comerciante em Dakar.
Questionado se ele gostaria de emigrar, ele respondeu que se pudesse, iria sim trabalhar em outro país. A emigração, assim, acaba sendo alternativa para o auxílio no sustento das famílias.
A partir da década de 1970, o Senegal, devido principalmente à seca, passou a presenciar um êxodo rural muito intenso, causando aumento da população em centros urbanos, especialmente em Dakar.
Atualmente, cerca de 15% da população vive em local diferente do nascimento dentro do país.
Já a emigração para outros países é algo que começou a ocorrer nas últimas três décadas. Segundo números do último censo do Senegal (2013), entre 2008 e 2012 o número de senegaleses que saiu do país alcançou 164.901 pessoas ou 1,2% da população. Os principais destinos são a Europa (44,5%), os países da África Ocidental e os países da África Central (11,5%). As Américas representam um número pequeno, 2,3%.
No Brasil, é difícil precisar o número de senegaleses que vivem no país, porque os deslocamentos são frequentes.
O Senegal é um país que apresenta muitas oportunidades turísticas. Mesmo com a agenda cheia, tirei um tempinho para conhecer alguns lugares.
Em Dakar, um passeio pela orla marítima enche os olhos. É possível apreciar os barcos de pesca coloridos,
curtir os espaços para se exercitar, tomar uma
água de coco, enfim, sentir a brisa do mar.
Distante 40 quilômetros de Dakar, outro ponto que visitei foi o Lago Rosa. O seu nome é alusivo à sua cor, que é produzida por um micro-organismo que, em contato com a grande quantidade de sal presente na água, produz uma substância que dá o tom rosa ao lago. O local também é fonte de extração de sal.
No último dia de viagem, conheci duas praias paradisíacas partindo ao sul de Dakar: Toubab Dialo e Saly Portudal. Nesta última, tirei os sapatos e fiquei caminhando com os pés no Atlântico. Foi inevitável refletir sobre a conexão desse oceano com o nosso continente. Fiquei pensando em tantas coisas que nos unem (numa próxima oportunidade quero conhecer a Ilha de Goreé, um dos maiores centros de comércio de escravos do continente africano)... Falar sobre isso renderia mais outras tantas páginas.
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