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A ORQUESTRA
por dentro

Spalla, naipe, acústica, madeiras? Entenda e conheça os bastidores da Orquestra Sinfônica da Universidade de
Caxias do Sul


Texto
Andrei Andrade
andrei.andrade@pioneiro.com

Fotos
Felipe Nyland
felipe.nyland@pioneiro.com

É como uma mini-sociedade, em que núcleos diferentes executam diferentes trabalhos que visam um objetivo comum.

A analogia do maestro Manfredo Schmiedt ajuda a compreender o organismo vivo que é uma orquestra, grupo de instrumentistas que se reúne para executar composições eruditas ou populares, instrumentais ou cantadas, em teatros ou a céu aberto. Há 17 anos literalmente à frente da Orquestra Sinfônica da Universidade de Caxias do Sul, Schmiedt viu nascer e ganhar corpo em Caxias uma instituição que assume a responsabilidade de levar ao público a música de todas as partes do planeta, numa missão ao mesmo tempo educativa e cultural.

—  O primeiro papel da orquestra é oferecer às pessoas a oportunidade de viajar por sonoridades que trazem o sabor de todos os cantos do mundo: do Japão, da China, da Rússia, da Espanha, da Alemanha. Ao mesmo tempo, ela ajuda a dar a dimensão dessa infinidade de instrumentos e de possibilidades que existem a partir da combinação de apenas sete notas, que faz a música tão fascinante. Esse é o segundo papel da orquestra: dar vida à composição que pode ter sido escrita em qualquer época ou lugar _ define Schmiedt, que também é regente da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, a Ospa, há 26 anos.

Nos bastidores de um grupo que em 2018 irá apresentar 40 concertos diferentes, a palavra-chave é planejamento. Em meados de junho, já é discutida não apenas a próxima temporada, mas também a de 2020. É a receita para poder entregar com a maior antecedência possível a programação do ano todo. Violoncelista e regente-assistente, Diego Biasibetti considera que a entrega do material antecipado é uma demonstração de preocupação com o público.

—  A revista demanda uma organização e um envolvimento muito grande, mas é a maior demonstração da nossa responsabilidade enquanto orquestra. Com ela em mãos o público pode se programar para acompanhar nossos concertos o ano todo _ destaca Biasibetti, um dos remanescentes da antiga Orquestra de Concertos de Caxias do Sul, encampada pela Universidade em 2001 para dar origem à OSUCS.

Embora a maior parte dos membros more em Caxias, alguns vivem em outras cidades e sobem a Serra para ensaiar duas vezes por semana. Para isso a orquestra dispõe de um ônibus que sai de Porto Alegre e busca os músicos em cidades como Canoas, Novo Hamburgo, Gramado e Ivoti. É um investimento tão importante quanto o de divulgação dos concertos, manutenção de instrumentos, remuneração dos integrantes e contratação de solistas ou instrumentistas complementares. O resultado é um grupo que tem na profundidade de repertório e na excelência musical fatores para construir um público cada vez mais cativo e chegar a palcos importantes como o do Teatro São Pedro, em Porto Alegre e o Teatro Feevale, em Novo Hamburgo.

—Por ser a segunda maior cidade do Estado, Caxias merece ter uma orquestra desse porte, que leve o seu nome a lugares mais distantes _ ressalta o regente.

A partir do desmembramento dos diferentes naipes e funções que contribuem para realizar ritmo, harmonia e melodia no palco, nas próximas páginas convidamos você a conhecer um pouco mais sobre a OSUCS e o universo da música orquestral. Silêncio e boa leitura.

Mobirise




COMO FUNCIONA A ORQUESTRA


A Orquestra Sinfônica da UCS é composta por 36 instrumentistas e um maestro (ou regente). 

Embora haja um número fixo de integrantes, a quantidade de músicos varia de acordo com a necessidade de cada concerto. Mais instrumentistas são contratados em casos específicos para executar todas as partes da composição que será apresentada. 


Os instrumentos são divididos em quatro naipes: 

A disposição dos naipes no palco se dá por uma lógica principalmente acústica, que leva em consideração o volume característico de cada instrumento. Aqueles que produzem menos som, como o violino, ficam à frente. Médios, como a família dos metais, ficam no centro. Ao fundo ficam os de som mais forte, como os contrabaixos. 

Também por uma questão acústica se desenha a quantidade que a orquestra terá de cada instrumento. Um número maior de violinos, por exemplo, servirá para equilibrar a produção sonora com a de instrumentos de maior volume.  

É mais comum que os instrumentos de sons mais agudos assumam a maior parte das linhas melódicas das composições, assim como os solos, enquanto os mais graves cumpram funções de harmonia. Mas não é uma regra.

Clique nos ícones para saber mais sobre cada naipe e outros detalhes da orquestra.

Orquestra UCS

“Expressão concreta da valorização da arte”

Para ajudar a viabilizar financeiramente a Orquestra, a UCS conta com empresas patrocinadoras e mais de 30 apoiadores que destinam recursos através de mecanismos públicos de incentivo à cultura. Apenas com essa união de esforços é possível manter em Caxias do Sul um grupo de referência, com um dos programas de concertos mais extensos e diversificados do país, reconhecida como uma das principais orquestras do Estado.

– A OSUCS é patrimônio da comunidade e seu crescimento sustentável se dá pelos esforços somados da Universidade, de pessoas e empresas que acreditam na importância de uma orquestra para a educação e humanização de uma sociedade. Sem esses apoio, seria impossível atingir esse patamar – destaca o reitor da UCS, Dr. Evaldo Antonio Kuiava.

Reconhecidamente um incentivador e entusiasta da OSUCS, Kuiava considera que a orquestra se destaca pela versatilidade na execução de repertórios, transitando com facilidade entre o erudito e o popular. Tem nos concertos que deram origem ao DVD Quadressencias (2015), em parceria com a Cia. Municipal de Dança, a memória preferida dos momentos especiais protagonizados pela Orquestra. E ressalta que o papel principal do grupo é o de levar cultura à comunidade, tanto dentro quanto fora do campus:

– A UCS é uma instituição comunitária comprometida com a difusão da arte e com a valorização de diferentes expressões culturais, éticas e estéticas. A OSUCS é a expressão concreta dessa valorização, que ao longo de sua trajetória, tem sido um importante instrumento de propagação cultural dentro e fora da Universidade, através de seus espetáculos temáticos.

Principais Programas
  • Quinta Sinfônica
    Série de concertos mensais com preços populares, normalmente realizados no UCS Teatro com a participação de solistas ou maestros convidados. Atraem em média 600 pessoas por apresentação.
  • Concertos de Integração
    Normalmente ocorre em cidades próximas a Caxias do Sul que tenham polos da Universidade. São apresentações gratuitas e de repertório diversificado, que visam à formação de público. Para 2018 estão previstas sete edições, uma delas já realizada.  
  • Concertos ao Entardecer
    Série anterior à própria OSUCS, é realizada desde 1993, quando a Orquestra pertencia à Sociedade Cultura Musical. Parceria com a prefeitura municipal, leva à comunidade concertos e recitais com grupos menores ou mesmo apresentações solo, sempre com entrada franca. Desde 2015 é realizado na sede do Recreio da Juventude.
  • Série Grandes Concertos
    São apresentações em que se juntam à Orquestra convidados do mais alto nível, normalmente em datas comemorativas. Visam à formação de público que consuma e pague por cultura e normalmente estes eventos incluem estacionamento exclusivo, coquetel, vinhos e recepcionistas)
  • Concertos Populares
    Novidade desta temporada, trata-se de uma série de apresentações em que os repertórios clássicos/eruditos darão espaço à música popular, em concertos com temas variados: tropicália, bossa nova, rock ‘n’ roll, música tradicionalista, entre outros. Sua primeira edição, em maio, foi o espetáculo Acuarela Del Sur, com participação do violonista argentino Lucio Yanel. 
Agende-se

Quer conferir o programa da Orquestra Sinfônica da UCS para 2018? Acesse a revista digital aquai: https://bit.ly/2N6bBLN

ROCK SINFÔNICO

Ocorre neste domingo, às 19h, no UCS Teatro, o Concerto da Solidariedade - Rock in Concert, em que a OSUCS toca acompanhada de uma banda de rock. No repertório, clássicos de Queen, Deep Purple, Rolling Stones, entre outros. Ingressos custam R$ 75, na UCStore

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