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A primeira sede do jornal, na Rua Dr. Montaury, 1.022, próximo ao Colégio São José. Entre outros, vemos Onil Xavier dos Santos, a esposa Natalina Clamer dos Santos, o vereador e ex-diretor Isidoro Moretto, o padre Ernesto Brandalise e o deputado estadual Luiz Compagnoni, idealizador do Pioneiro em 1947

Recordações impressas na memória

Há 70 anos, em 4 de novembro de 1948, Pioneiro surgia para, na sequência, acompanhar e marcar a trajetória de Laís, Guiomar e Olga   


Texto
Rodrigo Lopes*
rodrigolopes33@gmail.com

Fotos
Marcelo Casagrande
Porthus Junior
Studio Geremia
Studio Tomazoni Caxias
Vasco Rech
Acervos de família


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A primeira carta, enviada pelo correio, chegou em 31 de agosto de 2018. A segunda, em 10 de setembro. Em ambas, a missivista retorna a Caxias do final dos anos 1940 e início dos anos 1950, quando tinha por volta de 10 anos. Mais especificamente, à rotina que envolvia a impressão e distribuição do então semanário O Pioneiro, surgido em 4 de novembro de 1948.

Dona Laís Moretto Kuser, 78 anos, filha de Isidoro Moretto, mostra as lembranças e fotos dos primórdios do jornal

— A primeira a expectativa da sexta-feira de noite era para ir ajudar a dobrar os jornais. Depois, no recebimento de um pacote de jornais no sábado de manhã, separar os exemplares dos assinantes vizinhos e ir entregar de casa em casa. Depois, levar na Igreja de Nossa Senhora de Lourdes e deixar os jornais dos assinantes moradores da colônia, que iam retirar após a missa. 

O relato é de dona Laís Moretto Kuser, 78 anos, filha do ex-vereador e ex-diretor do Pioneiro Isidoro Moretto, um dos integrantes do grupo responsável pelo surgimento do jornal. Sete décadas se passaram, mas a ligação com o Pioneiro segue firme, mesmo em Porto Alegre, onde a leitora reside.

— Lembro de ouvir meu irmão Vasco, defronte a Igreja, no intervalo das missas, gritar “Olha o Piiiiiiiioneiro”... para a venda avulsa. Tudo lá em casa era ligado ao Pioneiro. Ele fazia parte de nossa vida. Como meu pai era também político, ouvíamos os noticiosos, os acontecimentos que depois seriam publicados no jornal — conta.

Juntamente com as cartas de dona Laís, chegaram também informações e imagens preciosas sobre os primórdios do jornal. Entre elas a foto acima, talvez a única da fachada da primeira sede, localizada no térreo de uma casa na Rua Dr. Montaury, 1.022 — próximo ao Colégio São José, na descida para o Parque dos Macaquinhos.

— Era a casa do sr. Clamer, sogro do Onil Xavier dos Santos, um dos líderes do grupo inicial — conta dona Laís, identificando, entre outros, o sr. Onil e a esposa, Natalina Clamer dos Santos, o pai, Isidoro, o padre Ernesto Brandalise, e o deputado estadual Luiz Compagnoni, idealizador do jornal.

As instalações, junto à Gráfica Nordeste, eram bastante modestas. Havia três pequenas salas, uma para a produção de textos, com mesas e máquinas de escrever, e duas para os processos de impressão.

Ex-diretor do jornal, o jornalista e historiador Mário Gardelin recordou desse cenário inicial em 2008, quando do aniversário dos 60 anos:

— Ao entrar no jornal, a primeira coisa que se via era um balcãozinho à direita. À esquerda ficava uma pequena redação e a grande novidade, a impressora Intertype. Logo atrás havia um lugar para acender a fogueira e aquecer o chumbo para fazer as matrizes de impressão.

Também não havia jornalistas contratados, apenas colaboradores. Os funcionários eram os dois linotipistas e o responsável pela impressão.

É exatamente do linotipista Arthur Corrêa que dona Laís recorda na carta reproduzida na capa deste Almanaque (abaixo).

— Quando escrevi o nome do Arthur, que era o linotipista, lembrei que, por anos, aqueles tipos que já tinham sido usados nas impressões do jornal eram levados para a casa dos meus pais e derretidos num tacho, em fogo baixo (isso era feito no pátio), para então serem usados de novo, com novas letras, novas escritas — conta Laís.

Arthur, no caso, é um dos que aparecem na foto abaixo, do time de futebol do Pioneiro no estádio do Juventude, em 1954. Estão lá também, da esquerda para a direita, nomes como Dorval D’Agostini, o goleiro Omar Rovea, Angelo Eberle (o Carioca), as irmãs Lisete (contadora da empresa entre 1954 e 1956) e Laís, Hermenegildo Silveira, Lorocindo Sachet (Lôro), Nilson Porto, Arthur Corrêa e o diretor Isidoro Moretto. Entre os agachados, Duso, Carlos Rolim Bedin, Carlos Susin e Guilherme Brandalise, o “Branda” — que atuou no jornal de 1948 a 1981, os últimos 10 anos como diretor.

Falando em futebol, é em torno de Carlos Rolim Bedin, jogador e um dos primeiros cronistas esportivos do jornal, que uma curiosa história desenrolou-se a partir dos anos 1950, tendo o Pioneiro como “protagonista”.  


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O time de futebol do Pioneiro em 1954, no Estádio Quinta dos Pinheiros (Juventude): da esquerda para a direita, Dorval D’Agostini, o goleiro Omar Rovea, Angelo Eberle, as irmãs Lisete e Laís Moretto, Hermenegildo Silveira, Lorocindo Sachet, Nilson Porto, Arthur Corrêa e o diretor Isidoro Moretto. Entre os agachados, Duso, Carlos Rolim Bedin, Carlos Susin e Guilherme Brandalise.





Dose dupla

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Dona Olga Gobbato Bedin e o acervo de fotografias e lembranças do início do Pioneiro, entre elas a reportagem de 1950 sobre o jogo de futebol entre as equipes do Pioneiro e da Rádio Caxias, quando era a madrinha da equipe do jornal.

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Clássico dos clássicos: Olga Gobbato, madrinha do time "O Pioneiro do Sul", entrega a flâmula ao radialista Nestor Gollo, da Rádio Caxias, antes da partida realizada no estádio Quinta dos Pinheiros (Juventude)

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O time do jornal "O Pioneiro do Sul": Ferrucio, Conte, Carlos Bedin, Olga Gobbato (a madrinha). Bruno e Sergio. Agachados, Porto, Weber, Guilherme Brandalise, Zaniol, Belló e Dani.

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Dia 12 de agosto de 1950: Tereza Carmela Bravatti faz a entrega da flâmula ao jogador Carlos Rolim Bedin, do time O Pioneiro do Sul. À direita, Nestor Gollo e Olmiro Ferrucio Faccioni (de braços cruzados)

Olga Gobbato tinha 18 anos em 1950. Era a madrinha do time do jornal, que no dia 12 de agosto de 1950, disputou o “Clássico dos Clássicos” contra o Clube Atlético F-3, da Rádio Caxias. A equipe do Pioneiro acabou perdendo por 3 a 2, o que rendeu a reportagem “Venceu, mas não convenceu”, avaliando o resultado e a participação dos jogadores. É dessa matéria a sequência de fotos do antigo Studio Tomazoni Caxias que dona Olga mantém até hoje, assim como o recorte amarelado da edição do então “Pioneiro do Sul” de 19 de agosto de 1950.

As imagens, porém, carregam um significado muito mais amplo para a senhora de 86 anos. No time do Pioneiro aparecem os dois jogadores e amigos que — um dali a dois anos, o outro, algumas décadas depois — construiriam uma vida ao lado de dona Olga. Falamos de Carlos Rolim Bedin, com quem a jovem casou em 7 de janeiro de 1953, e Olmiro Ferrucio Faccioni, com quem uniu-se em 1997, quatro anos após a morte de Bedin, em 1993.

A coincidência maior, no entanto, recai sobre a posição dos jogadores em 1950: Ferrucio era reserva de Bedin, Bedin era reserva de Ferrucio. Uma coincidência que até hoje dona Olga e a família recorda, sempre com muito bom humor:

— Um substituiu o outro, no jogo e depois também — diverte-se a senhora, entre dezenas de fotos, álbuns e lembranças da época.

Embora fossem amigos de longa data, a maior aproximação de Olga com Ferrucio deu-se por “intermédio” do Pioneiro. Era 1997, quando Ferrucio, ex-acionista do jornal, buscava por fotos antigas e lembranças dos primórdios do semanário para o aniversário de 49 anos, em 1997. Após uma tripada no salão da Igreja São Pelegrino, Ferrucio ofereceu uma carona para Olga até em casa, em função da chuva, para recordar do início do jornal e conferir as imagens. Começava aí um romance que, em outubro de 1997, foi oficialmente comunicado à família.

— Ela reuniu todos e comunicou que “tinha um namorado” — ri a filha Regina Bedin Lovatel, lembrando que a “identidade” do senhor veio aos poucos, por dicas e “eliminação”: era amigo da família, todos conheciam, os filhos tinham estudado juntos...
— Foi uma enorme surpresa, ninguém imaginava, mas lembrando hoje, foi tudo muito engraçado — completa Regina.

Pouco depois, em novembro de 1997, Olga e Ferrucio (falecido em 2014) participavam da cerimônia especial que marcava o aniversário dos 49 anos e a largada para as comemorações dos 50. Foi durante um almoço no Recreio Guarany, quando convidados, ex-funcionários e colaboradores, como o bispo Dom Paulo Moretto (filho do ex-diretor Isidoro Moretto) e o ex-diretor Guilherme Brandalise, foram recepcionados pelo então diretor Luiz Fernando Zanini e pelo editor-chefe Claudio Thomas).

Madrinha do time do time de futebol do Pioneiro em 1950, dona Olga ofereceu aos “afilhados” uma flâmula com um “P”, de Pioneiro, confeccionada especialmente por ela. Uma delas é carinhosamente guardada até hoje, juntamente com dezenas de recortes de jornal, edições comemorativas dos 40, 50, 60 anos, fotografias e uma série de outros souvenires. Um acervo que “entrega” uma relação que começou há quase 70 anos e que se mantém até hoje, chegando diariamente, às 6h, na porta de casa.  

— É tudo por “culpa” do Pioneiro — diverte-se.
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Dona Olga guarda a carteira de imprensa do marido, Carlos Rolim Bedin, um dos primeiros colaboradores do jornal O Pioneiro

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Dona Olga guarda a carteira de imprensa do marido, Carlos Rolim Bedin, um dos primeiros colaboradores do jornal O Pioneiro



duas passagens

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Jornalista Guiomar Chies, 76 anos, na hemeroteca do Pioneiro, onde recordou de sua passagem pelo jornal, entre os anos 1960 e 1980.

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Jornalista Guiomar Chies, 76 anos, na hemeroteca do Pioneiro, onde recordou de sua passagem pelo jornal, entre os anos 1960 e 1980.

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Guiomar Chies e a famosa coluna Pelotaço, que passou a assinar a partir de 1972

Celeiro para diversos profissionais da cidade ao longo dos últimos 70 anos, o Pioneiro mesclou passagens espaçadas de vários jornalistas. Guiomar Chies, 76 anos, foi um deles. Primeiro, assinando a coluna da União Caxiense de Estudantes Secundaristas (UCES), entidade da qual foi presidente, no breve período entre 1963 e 1964. Depois, como repórter de esportes e cotidiano da cidade, a partir de 1971.

No início dos anos 1960, segundo Chies, o movimento estudantil era muito forte.

— A sede da UCES ficava no oitavo andar do Edifício Martinato, fazíamos tudo lá, eu e o locutor Gilberto Azambuja, e depois entregávamos os textos na sede do jornal, ali na frente da praça. Durou até 1964 — lembra.

O período longe do jornal coincidiu com a entrada de Chies no Banrisul e o casamento com dona Gema Gianni Chies, em 1967. Mas o “bichinho da comunicação” já havia picado o profissional. Às vésperas de receber um cargo de gerência no banco, o que acarretaria mudanças de cidade e outros compromissos que afetariam o cotidiano da esposa e dos filhos, Chies atendeu a um convite de Mário Gardelin e retornou ao Pioneiro, no início dos anos 1970.

— Já estava no ambiente jornalístico, tinha sido correspondente dos jornais Correio do Povo, Folha da Tarde e Folha Esportiva, do Grupo Caldas Júnior. Estava “embebedado” com a imprensa e não me arrependi. Abriu um mundo de oportunidades — emocionou-se, durante a entrevista concedida na hemeroteca do jornal, na última quarta, entre os jornais originais da época, com sua assinatura nas matérias.

Eram basicamente textos sobre esportes, mas, uma vez por semana, a pauta era focada na realidade dos bairros:

— Sempre tinha de ter algo sobre infraestrutura, falta de calçamento, capim alto, falta de luz, escolas, enfim, os problemas que existiam fora do Centro. Íamos eu e o fotógrafo Vasco Rech atrás de tudo — conta.

Na sequência, em 1972, chegava a coluna "Pelotaço", com drops sobre futebol. Primeiramente, anônima, para testar a repercussão entre os leitores. Depois, assinada.

— Foi um sucesso e também uma “ameaça”. Lembro que algumas pessoas diziam “olha que eu mando alguma coisa para o Pelotaço” — ri.

Pouco depois, no rodapé da coluna, Chies criou o espaço “Levando na Esportiva”, onde comentava, de forma mais crítica, vários fatos e depoimentos polêmicos. Outro sucesso daqueles tempos era “A foto que não foi publicada”, nicho do jornal que destacava detalhes nem sempre percebidos e analisava outros contextos das imagens capturadas pela equipe.

Em meio a todo esse sucesso, percalços e incidentes poucas horas de o jornal chegar às bancas também eram frequentes:

— Às vezes, na impressão de sexta para sábado, quebrava alguma coisa na máquina e íamos para o oficina do senhor Perazzolo, na Rua Guia Lopes. Ele atendia a qualquer hora, estava sempre de sobreaviso, pois sempre surgia algo — lembra.

Atuante na empresa até 1989, Chies acompanhou várias fases do jornal, dos primórdios à modernização, a partir dos anos 1970, sem falar no convívio com personagens emblemáticos dessa trajetória. De Isidoro Moretto, ligado ao jornal até o dia de sua morte, em 18 de julho de 1972, a Guilherme Brandalise, atuante no jornal por 34 anos — do início em 1948, até 1982.

— O jornal é um sobrevivente, superou crises, mudou, se modernizou, está bem diferente do meu tempo, mas continua. É importante que se mantenha cada vez mais refletindo a sua cidade e as pessoas daqui — completa.

Uma avaliação que dialoga com o relato de dona Laís:

— O Pioneiro sempre foi e sempre será um grande símbolo de Caxias. É a voz dos caxienses, um jornal sério, um elo de ligação muito importante na comunidade. As pessoas, além da informação, querem confiança, palavras de estímulo, de união. Para mim, o Pioneiro sempre fará parte da família. 





A Banana


Segundo lembranças do advogado Elvo Marcon (in memoriam), publicadas na edição comemorativas dos 60 anos, em 2008, a escolha do nome do jornal foi motivo de algumas piadas.

— Lembro de uma noite em que estávamos discutindo o nome que daríamos ao jornal e o falecido José Dallabilia disse que, para ser bonito, tinha que ter bastante letras “a”. Daí, o falecido Humberto Bassanesi, ironicamente, falou: “Já descobri o nome, vai ser “A Banana”.

O consenso, uma alusão aos primeiros colonizadores italianos na região, só chegou após muitas reuniões, que incluíram a participação de caxienses como Alfredo Germani, José Eberle, Mário Rocha Netto, Isidoro Moretto, Onyl Xavier dos Santos, Normélio Webber, Josué Fávaro, entre outros. O grupo, juntamente com o deputado estadual Luiz Compagnoni, foi responsável por vender a ideia do novo jornal aos futuros acionistas, sendo que diretores e funcionários da Metalúrgica Abramo Eberle viriam a formar boa parte dos investidores.







TRAJETÓRIA   

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A antiga sede do Pioneiro na Av. Júlio de Castilhos, em 1953, quando da chegada dos moldes do Monumento ao Imigrante em um caminhão, conduzido do Rio de Janeiro a Caxias pelo senhor Amélio Mariani

O início

À época denominado de "O Pioneiro", o jornal chegava às bancas e aos assinantes pela primeira vez no dia 4 de novembro de 1948, a partir de uma iniciativa do deputado estadual Luiz Compagnoni e do investimento de um grupo de membros do Partido de Representação Popular (PRP), com bastante respaldo entre o empresariado local – na sigla figuravam nomes como os vereadores Isidoro Moretto e Humberto Bassanesi. O objetivo era criar um jornal forte, que atendesse às necessidades de informação da população caxiense. À época, Caxias contava com outros dois semanários de vulto: A Época e O Momento.  

Endereços e nomes

Em 1948, o semanário localizava-se junto à Gráfica Nordeste, na Rua Dr. Montaury, 1.022, entre a Av. Júlio e a Pinheiro Machado. Tinha Elvo Marcon como diretor-responsável e Onil Xavier dos Santos como diretor-gerente. Naqueles primeiros tempos, teve também o vereador Isidoro Moretto, o empresário Amilcar Rossi e o professor Mário Gardelin como linhas de frente. A tiragem inicial era de 1 mil exemplares, com circulação aos sábados. 

As primeiras sessões e colunas

Já na estreia, o editorial destacava uma marca que se consolidaria pelas seis décadas seguintes: a variedade de sessões e assuntos de interesse público. O leitor de 70 anos atrás era contemplado com as colunas Vida Agrícola, Página Operária, O Pioneiro nos Esportes, A Mulher e o Lar, Mosaicos Políticos, Pela Saúde Infantil, Dizem os Outros..., A Colônia e seus Problemas e Mundo Estudantil, além de "notícias de cultura e artes, interesses econômicos, curiosidades, inquéritos, reminiscências e vida religiosa".

A primeira edição

A primeira edição destacou, entre outros assuntos, o atraso em obras de pavimentação de ruas centrais, a degradação e a insegurança verificadas no Parque Cinquentenário, e a chegada do Balneário Lermen, um “oásis” de lazer entre o centro da cidade e o Arrabalde de Santa Catarina. O premiado fotógrafo Mauro De Blanco (1923-2010) foi o responsável por várias das imagens da estreia.

A bênção da gráfica

No dia 29 de janeiro de 1949, quase três meses após a inauguração, era benzida a “Oficina Gráfica de O Pioneiro”, durante uma missa celebrada pelo bispo Dom José Baréa, acompanhado do padre Ernesto Brandalise.

Os vários nomes

No período de 11 de agosto de 1950 a 21 de abril de 1951, “O Pioneiro” passou a se chamar “Pioneiro do Sul”, para se diferenciar dos outros periódicos. Ainda em 1951, circulou com o nome “Diário do Pioneiro”. Em 1952, ganhou seu nome definitivo: “Pioneiro”.

As mudanças físicas

Em 1950, a redação migrou da Rua Dr. Montaury, 1.022, próximo ao Colégio São José, para um prédio na Av. Júlio de Castilhos, defronte à Praça Dante Alighieri. Em 1973, retornou para a Dr. Montaury, entre a Av. Júlio de Castilhos e a Pinheiro Machado. Em 1982, foi transferido para a Rua Jacob Luchesi, no bairro Santa Catarina (atual sede).

Atualização em grandes momentos

Focado no cotidiano da cidade, o jornal circulou diariamente pela primeira vez entre 23 de fevereiro e 18 de março de 1950, durante o período da Festa da Uva. Era a época em que o evento retornava ao calendário festivo da cidade, após o intervalo decorrente da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). “Com suas edições diárias, O Pioneiro trará notícias sempre em primeira mão, em todo o Brasil”, destacou em 23 de fevereiro de 1950. Após, voltou à condição de semanário.

Crise e retomada

Em meados da década de 1950, o jornal passou uma série de dificuldades financeiras, e o médico e jornalista Mário Rocha Netto foi chamado para assumir a direção. “O que o jornal estava precisando era de um médico”, lembrou Rocha Netto em 2003, quando o jornal celebrou 55 anos. Segundo ele, na época não havia nem papel para imprimir o periódico. No entanto, as dívidas foram pagas, e o jornal, salvo.

Incentivo ao Imigrante

Em 1949, durante os preparativos para a comemoração dos 75 anos da colonização italiana, em 1950, o Pioneiro lança e engaja-se na iniciativa de levantar um monumento para celebrar a data. Por meio de seu representante, o deputado estadual Luiz Compagnoni, o jornal encampa as séries “Os que merecem o Imigrante” e “A Galeria dos Pioneiros”. Escritas por Mário Gardelin, elas eram veiculadas em sucessivas edições, para justificar a construção. O Monumento Nacional ao Imigrante é inaugurado em 28 de fevereiro de 1954.

A promoção que seduziu os uruguaios

Em 1967, o Pioneiro concretizou uma de suas promoções mais lembradas. Foi quando levou a Banda do Colégio Nossa Senhora do Carmo para se apresentar no país vizinho. O episódio, no entanto, foi fruto de um “mal-estar”. Em férias por Caxias, um integrante do alto governo uruguaio não sentiu-se bem e foi atendido pelo médico e jornalista Mário Rocha Netto — o clínico, que também era o diretor do jornal, não conhecia o político e acabou não cobrando pela consulta. O “pagamento” veio em forma de um convite dos vizinhos. Rocha Netto resolveu, então, levar a banda do Carmo para se apresentar em Montevideu, em comemoração ao Dia da Independência do Uruguai, em 25 de agosto. A reportagem “Banda Marcial do Carmo estreitou os laços de amizade entre Brasil e Uruguai” foi um dos destaques da edição de 2 de setembro de 1967.

Rumo ao diário

Em fevereiro de 1975, o Pioneiro passou a publicar edições duas vezes por semana, às quartas e aos sábados, o que possibilitou o aumento da tiragem e a melhoria da estrutura. A mudança culminou na transformação do Pioneiro em diário a partir de 20 de janeiro de 1981, às vésperas da Festa da Uva. Ex-proprietário e diretor na época, o empresário Bernardino Conte recordou, em 2003, que na inauguração da nova sede, em 1980, prometeu um jornal diário para Caxias dali a um ano. Dito e feito.

Pioneiro no Grupo RBS

Em fevereiro de 1993, o Grupo RBS adquire o Pioneiro. Em maio do mesmo ano, o jornal ganha um novo e moderno projeto gráfico, com capa, contracapa e algumas páginas internas coloridas, e um formato mais sintético. Surgiu também o caderno de cultura e variedades Sete Dias, uma das marcas do Pioneiro até hoje.

Ano 2000

O Pioneiro entrou os anos 2000 lançando um produto que até hoje é o queridinho dos leitores: o Almanaque, suplemento de final de semana. Conteúdo de comportamento, agenda cultural, arte e lazer são a base do caderno, sempre embalado em um design arrojado. Em 2002, o Pioneiro entrou para a Internet, onde passou a publicar uma réplica em lista da edição digital. Em 2008, o Pioneiro.com entrou no ar, com notícias 24 horas por dia, sete dias por semana.

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O diretor Guilherme Brandalise e a equipe de funcionários do jornal em 1975, defronte à sede da redação e das oficinas, na Rua Dr. Montaury, 663

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Guilherme Brandalise e Mário Gardelin, do Jornal Pioneiro, recebem a visita de Pedro Simon, Victório Trez, Mensueto Serafini, José Ivo Sartori e Régis Prestes em 1978

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