Historiadora e escritora, Suzana Bertuol criou contos de ficção ambientados
na casa para enriquecer o passeio
Oferecer ao morador da cidade um pouco do que é a vida no interior é um dos segmentos do chamado turismo de experiência. Na Serra, é um nicho que tem sido cada vez mais explorado nas zonas rurais, principalmente aonde mais se preserva o modo de vida dos imigrantes. Em Farroupilha, sete famílias da região se uniram para criar a Rota Farroupilha Colonial, roteiro que oferecerá aos visitantes degustações, artesanato, trilhas e a oportunidade de conhecer a história da região e dos seus colonizadores.
A ideia partiu de um curso de turismo oferecido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), com 10 módulos. Entre os participantes, que agora integram a Rota lançada oficialmente em agosto, estão os proprietários da Casa Canjerana, Acervo da Bea, De Luca Gastronomia Caseira, Vinícola De Cezaro, Casa da Cultura Sueca, Espaço Biazolli e G Parque, todos localizados em distritos de Farroupilha. Enquanto muitos já tinham experiência como anfitriões e aproveitaram o curso para se aprimorar, a historiadora Suzana Bertuol, proprietária da Casa Canjerana, ingressou numa experiência nova e desafiadora.
Desde que a família adquiriu uma propriedade histórica na Linha Boêmios, divisa de Farroupilha com Alto Feliz, Suzana nutriu o interesse em divulgar a história da pequena casa de madeira canjerana construída em 1893 pela família Colle, primeira proprietária. Para enriquecer o passeio, utilizou-se do talento literário (é autora de contos premiados em concursos regionais) para escrever contos de ficção ambientados na casa e que dialogam com alguns dos objetos antigos preservados.
– Acho que o que move esse interesse de fazer a rota colonial é a vontade de compartilhar a história da região e dessa forma ajudar a preservá-la. São moradias muito antigas, que ainda dizem muito sobre como se vivia antigamente e têm muito a ensinar – pontua Suzana.
Além de um café da tarde servido à moda colonial, o passeio também inclui a visita a uma gruta religiosa de 1938 e uma trilha pela floresta de araucárias, em que os turistas irão conhecer a história do Sanguanel, personagem do folclore italiano: um homenzinho que tem como diversão confundir os adultos e roubar as crianças que cruzam o seu rastro, devolvendo-as às famílias apenas dias depois.
São moradias que dizem muito sobre como se vivia antigamente e têm muito a ensinar .
Beatriz Bergamo administra armazém construído em 1894
Bisneta de Stefano Crippa, um dos primeiros imigrantes italianos a chegar à Serra, Beatriz Elvira Bergamo, 69, administra o armazém que funciona junto à casa da família, uma construção de 1894 em Nova Milano. Há 10 anos, Beatriz abre o espaço para visitação. Cada canto do “Acervo da Bea” ilustra um pouco sobre o que era ser um morador da região de colonização italiana: roupas, móveis, decoração, ferramentas e utensílios domésticos, equipamento de caça, materiais de escritório. A riqueza da memorabilia chamou a atenção até do conhecido Guia Quatro Rodas, principal responsável por atrair turistas para o ponto turístico.
– Já recebemos turistas até da China. Mas como a região é bastante visitada nos finais de semana, também vem muita gente curiosa porque viu a fachada e se interessou. Fiz o curso para aprender a receber melhor as pessoas, saber como conduzir a visita e tornar mais interessante – conta Beatriz.
Compartilhe