PUBLICADO EM 22 DE NOVEMBRO DE 2018
Texto
Cristiano Daros
Rodrigo cordeiro
Arte
Andressa Paulino
Fotos
felipe nyland
marcelo casagrande
O Esporte Clube Juvenil, de São Braz, quer deixar uma fila que já completa mais de uma década: ser campeão na categoria veteranos da Copa União de Clubes. Terá mais uma chance neste sábado, às 16h, contra o São Francisco. Desta vez, a equipe será mandante e depende apenas de um empate para sair com a taça – venceu o primeiro jogo, fora de casa, por 2 a 1.
Para isso, conta com um jogador artilheiro e multicampeão por outras categorias no clube, o meia Alex Gauer de 42 anos.
– Estou na categoria veteranos e, se não me engano, fazem 12 ou 13 que o Esporte Clube Juvenil não conquista essa categoria. Fomos duas vezes vice-
campeões nos últimos três anos. Agora estamos muito próximos. Seria muito importante para mim e para comunidade – destaca Gauer.
O meia conhece bem o terreno onde pisa. Há 15 anos, ele veste seguidamente a camisa da comunidade de São Braz – sem contar outros dois anos em que atuou pela categoria juvenil. Gauer está na sua 10ª final de Copa União, conquistou duas vezes a categoria juvenil, três a suplentes e levou outras seis medalhas de pratas.
Entre tantas histórias, ainda guarda viva na memória a final de 2006 contra o Botafogo, de Santa Lúcia do Piaí, pelos suplentes.
– Perdemos em Santa Lúcia do Piaí por 4 a 1 e naquele ano ainda existia a vantagem do saldo. Tivemos que reverter em casa no tempo normal e depois na prorrogação – relembra.
São essas histórias e as amizades que o pessoal do futebol amador coleciona. Algo que une muitos jogadores são as categorias de base de clubes profissionais. Gauer jogou até os 18 anos no Juventude. Chegou a enfrentar Ronaldinho Gaúcho nesse período, quando o R10 atuava na base do Grêmio. Sem tantos incentivos para seguir carreira, preferiu o trabalho formal e um diploma na faculdade. Mas a bola não poderia fugir de qualquer tipo de rotina.
– Eu vou dizer que a minha satisfação e maior alegria é estar dentro de campo. O que mais gosto na minha vida é jogar futebol. Então, dentro de campo, é um prazer – conta ele, que não se vê tão cedo longe das quatro linhas:
– Enquanto eu tiver perna, quero estar jogando.
E não é só pelos veteranos que ele veste a camisa do Juvenil. No último domingo, Gauer tentou ajudar os suplentes nas finais, também contra o São Francisco, e acabou com o vice-campeonato. Em resumo, um fominha da bola.
– Durante o ano, tem até umas brigas dentro de casa. Mas estou sempre aqui (em São Braz) ou jogando fora, pelo Esporte Clube Juvenil – diz o meia.
Gauer é daqueles que compõe bem o cenário do futebol amador, vive o amor à camisa. No sábado, ele quer levantar mais uma taça e coroar essa temporada, em sua décima final de campeonato. E assim, com o título, tirar o Juvenil da fila.
Do outro lado do campo nesta final de veteranos, Moises Zamboni, 38 anos, sonha com o triplete do São Francisco e uma virada sobre o Juvenil nesta decisão. Mesmo com o placar adverso, o clube está forte e sonhando com os três títulos que está disputando – dois já foram conquistados no último final de semana.
Seria uma temporada memorável para o zagueiro e também uma espécie de vice de futebol.
– É um sonho. Estamos com três times nas finais (já levou nos suplentes e nos másters) e eu participei da montagem dos três. Ver eles nas finais é gratificante, agora é só concretizar – conta ele.
Zamboni foi literalmente abraçado pela comunidade de São Francisco. Natural de Encantado, chegou na cidade para jogar nas categorias de base do Caxias. Aos 18 anos, sem perspectivas de se tornar um profissional, rumou ao futebol amador e parou no São Francisco à convite de um amigo, em 2003. Desde então, é parte presente no clube da 6ª Légua.
Vestiu tanto a camisa alviverde que, desde o seu primeiro ano, já passou a levar outros atletas para o time. Além de tudo, é o camisa 4 da equipe.
– Jogar como zagueiro é a posição que sobrou. Não tem muita habilidade, tem que jogar atrás mesmo – ressalta Zamboni, que completa sobre as suas características:
– Dá para o gasto, mas sou bastante competitivo. Cobro bastante, oriento, mas dentro de campo não gosto de perder.
O futebol, basicamente, norteia a vida de Moisés. Durante o ano, ele gosta de assistir aos jogos do amador, conhecer novos jogadores e vislumbrar talentos para o time do São Francisco. É um fominha por futebol. Durante a semana, trabalha na empresa do mandatário do clube, Mário Costa, e o assunto não poderia ser outro entre os dois.
– Eu trabalho com o presidente do clube, então o assunto do dia, principalmente agora nas finais, é futebol.
Mas o futebol também traz sentimentos. Faltando poucos dias para que o time volte a campo, e possa tentar reverter a vantagem adversária, Moisés convive com o nervosismo.
– Desde montar o time até chegar na final, tem essa ansiedade e a vontade de alcançar os títulos. O pessoal que é responsável por montar os times, sempre quer estar nas decisões. Então, esse sentimento convive com nós o ano inteiro, jogo após jogo, ainda mais num campeonato difícil.
No fim, o futebol é a única explicação para essa confusão de sentimentos e perspectivas.
– Futebol é a minha vida. Desde pequeno, quando tinha o sonho de ser profissional, até estar aqui hoje montando o time. Acho que desde que eu me lembro, o futebol foi a minha prioridade. Lógico que, com mais idade, vem outras responsabilidades e a família, mas o futebol é minha vida – encerra Moises.
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