PAPA-TÍTULOS

Valdemar Silva é treinador, foi dirigente e acumula campanhas vitoriosas
pelo Bevilacqua desde que ingressou no clube, em 2008 

Publicado em 04 de OUTUBRO de 2017

TEXTOS
Cristiano Daros
cristiano.daros@pioneiro.com

IMAGENS
Marcelo Casagrande
marcelo.casagrande@pioneiro.com

INFOGRAFIA
Guilherme Ferrari

ARTE
Andressa Paulino

Lateral-direito de origem, dirigente consagrado e agora treinador em ascensão. Valdemar Silva tem 40 anos e uma história de vida que está entrelaçada com o Esporte Clube Bevilacqua e a Copa União de Clubes.

– O Bevilacqua é um lugar muito família. Todos que convido para ir sentem-se em casa. Não tem a pessoa que vai lá e não se sinta acolhida e abraçada pelo pessoal – afirma Silva.

Essa trajetória tem alguns capítulos diferentes do que se vê pelo interior. Silva não nasceu em Bevilacqua. Natural de Caxias do Sul, ele viveu um período em Bom Jesus e quando retornou, a família fixou residência em Fazenda Souza. O treinador só foi conhecer a comunidade de Bevilacqua quando tinha 14 anos, levado por amigos que fez nas festas pelo interior.

Assim, a relação se estreitou e foram justamente esses colegas que o levaram para ser lateral- direito do time de suplentes. Ali formou a família que Silva se refere e um círculo de amizades muito forte. Momentos e pessoas que o fazem agradecer muito ao futebol amador:

– Como eu sempre falo: não somos profissionais, mas virou uma paixão imensa. Fiz muitas amizades devido ao futebol. Sou muito grato por isso.

No esporte amador da cidade, Silva tem uma história vencedora. É bem verdade que nunca ganhou um título como lateral-direito. Foi só depois que pendurou as chuteiras e assumiu a posição de dirigente que as conquistas vieram. Aliás, ele não sabe o que é uma festa de premiação da Copa União sem que o Bevilacqua tenha saído com um título. Nos últimos dois anos, já como treinador dos suplentes, foi bicampeão.

– Saio do meu trabalho na sexta-feira, às 17h33min, e já estou respirando futebol até domingo, às 22h. A partir do momento que entro dentro da empresa para trabalhar, o futebol fica lá fora e tenho outra responsabilidade – afirma Silva.

Valdemar Silva é um apaixonado pelo futebol amador e mantém vivo o espírito comunitário do esporte. No Bevilacqua, seja como lateral-direito, dirigente, treinador dos suplentes ou do time titular, ele tem o carinho da comunidade.

– Ele sempre ajudou todo mundo. Desde a comunidade até a organização do time de futebol. Tem muita moral no clube – diz Iuri Lanzarin da Silva, volante da equipe dos titulares.

Lições do futebol utilizadas
na vida profissional

Valdemar Silva não sabia que tinha em si a característica da liderança. Na verdade, foi até uma surpresa quando o ex-presidente do clube, Juarez Palandi, o colocou como dirigente de esporte no ano de 2007. Era uma aposta do mandatário para renovar e tentar conquistar títulos.

Junto de outros dois amigos, Silva teve que aprender na marra a montar e liderar um grupo. Deu certo: a partir de 2008 os títulos começaram a aparecer.
Só que a mudança de rotina não foi positiva apenas no futebol. A nova responsabilidade auxiliou também no crescimento profissional. Hoje, Silva é o líder de produção na empresa Casa do Circuito, de Caxias do Sul.

– Agregou muita coisa na minha vida pessoal. Do meu trabalho ao meu dia a dia. Aprendi muito lá (no Bevilacqua). Muitas vezes quebrei a cara, errei e consertei. Isso faz parte da nossa rotina. Então essas experiências no futebol só agregaram coisas positivas fora dele – conta Silva.

Ficha Técnica

Nome:
Valdemar Silva

Data de nascimento:
4/7/1977 (40 anos)
Peso:
69kg

Clubes:
Esporte Clube Bevilacqua

Situação:
em atividade

Posição:
Lateral-direito, treinador e dirigente

Essas experiências no futebol só agregaram coisas positivas fora dele


resenha Sem treinar o time durante a semana, tudo se resolve na conversa

Aposta na motivação

O mesmo Juarez Palandi que tinha colocado Valdemar Silva como diretor foi quem o transformou em treinador. Em 2015, Palandi decidiu que era hora do dirigente assumir o comando do vestiário dos suplentes do Bevilacqua. Foi outro tiro certeiro do ex-presidente, já que nos dois primeiros anos Silva sagrou-se campeão da categoria. Os resultados agora o levaram para treinar o time principal.

O treinador no futebol amador tem características peculiares. Ele não tem semana cheia de treinamentos para criar novas jogadas ou aprimorar a parte física e técnica dos atletas. A reunião é nos domingos, meia hora antes de começar a partida. Por isso, a motivação é tudo.

– O futebol amador é 70% motivação. O resto é confiança e um pouco de intimidade com a bola também – ressalta Silva, aos risos.

O currículo vencedor já chamou a atenção de outros clubes. Aí entra outra característica de Silva: o amor à camisa.

– Dos clubes da Copa União, já recebi convite de vários. Mas sempre deixei bem claro que a minha casa é o Bevilacqua – afirma o treinador.



Preocupação com o futuro

O grande dilema do futebol amador gira em torno da sobrevivência dos clubes. É inegável a falta de envolvimento das novas gerações. Os jovens sonham em ser jogadores de futebol, mas são poucos os que almejam representar sua comunidade.

– A maior dificuldade que vejo é dentro das próprias comunidades. Não tem um incentivo maior para elas conseguirem manter uma escolinha, um time que consiga formar a base e assim manter os jovens atuando até chegar nos titulares – explica Silva.

O reflexo também está no público das partidas da Copa União e de outros torneios.

– A gente vê uma festa na comunidade com 500 ou mil pessoas, mas se tiver um jogo de tarde ficam 11. Perdeu-se muito esse vínculo com o time de futebol – opina Silva.

Os clubes hoje são mantidos com dificuldades. Para se ter uma ideia, jogar a Copa União demanda cerca de R$ 20 mil por ano. Existem gastos com uniformes, lanches e até com jogadores. Alguns pedem a gasolina para o deslocamento para o interior, mas também existem times que pagam uma quantia para o atleta por jogo.

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