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O que o futuro
reserva para a Rota

A ideia de duplicação, ainda que parcial, também é apoiada por comerciantes, policiais rodoviários e representantes da construtora Toniolo, Busnello, responsável pela construção de 76,5 quilômetros da estrada e dos túneis na Serra do Pinto. 

Texto
Raquel Fronza
raquel.fronza@pioneiro.com
André Fiedler
andre.fielder@rdgaucha.com.br

Infografia e diagramação
Márcia Dorigatti
marcia.dorigatti@pioneiro.com

Fotos
Roni Rigon
roni.rigon@pioneiro.com
Porthus Junior 
porthus.junior@pioneiro.com

Se há 10 anos, com a entrega das obras na Rota do Sol, chegavam ao fim décadas de esforços pelo sonho da ligação entre a Serra e o Litoral, naquele momento também se criava outra expectativa: como seria dali para frente? O que seria necessário para atender satisfatoriamente a segunda região mais desenvolvida economicamente no Estado?

A multiplicação dos buracos e a falta de sinalização, principalmente no trecho entre Caxias do Sul e Lajeado Grande – problemas sanados em meados de 2015, após o recapeamento de 53 quilômetros – e as crateras que requerem tapa-buracos frequentes a partir de Tainhas comprovam que o cuidado precisa ser contínuo.

E passado quase meio século do início da construção da rodovia, já há quem defenda medidas além da obrigatória conservação do pavimento.

– A estrada terá de ser duplicada. Hoje, ela já tem vocação para desenvolver – defende o presidente da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Caxias do Sul, Nelson Sbabo.

A ideia de duplicação, ainda que parcial, também é apoiada por comerciantes, policiais rodoviários e representantes da construtora Toniolo, Busnello, responsável pela construção de 76,5 quilômetros da estrada e dos túneis na Serra do Pinto. No último dia 9, a CIC de Caxias do Sul promoveu uma ação às margens da rodovia com esse objetivo.

Construção mais complexa da história do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), segundo o diretor-geral, Rogério Uberti, a Rota do Sol hoje é tratada à parte nos gabinetes do órgão estadual. O motivo é largamente conhecido, mas por vezes também esquecido: o meio ambiente. A preocupação com as três áreas de preservação ambiental que margeiam a rodovia levou o Daer a concluir que, por enquanto, o melhor caminho para a Rota do Sol não é a colocação de mais concreto e asfalto.

– Não penso em duplicação da Rota. Ela não tem problema de excesso de tráfego e atende muito bem ao objetivo, que é uma rota alternativa de produção, além da ligação do Litoral e da Serra. Primeiro, temos de fazer nosso tema de casa, que é atender na plenitude as solicitações ambientais. Foi um desafio ter construído ela e ainda trabalhamos na entrega definitiva dessa questão. Alguns problemas, principalmente na época de veraneio, envolvendo a miscigenação entre veículos de carga e de veranistas, nós tentamos diluir. Na frente da Rota, existem, no mínimo, 20 rodovias gaúchas que também necessitam de duplicação – defende Uberti.


Entidades e polícias já sugerem a duplicação da estrada, mas Daer diz que Rota ainda não tem problema de tráfego

Mobirise

Unidade de policiamento fiscalizará cargas perigosas 

A necessidade de se garantir o menor impacto possível à flora e à fauna da região levou o Daer a assumir compromissos com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O acordo prevê uma série de ações para recuperação ou prevenção de danos. A principal delas é a instalação de um pelotão do Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM), demanda de quem também usa ou vive às margens da rodovia. As licitações para a construção da base, que será em Tainhas, e de um posto avançado, em Terra de Areia, já foram lançadas e as empresas, definidas. Uma balança também será instalada.

– O policiamento na Rota é muito em função das cargas perigosas. Caso ocorra algum acidente, pode haver um impacto que talvez nunca mais se recupere. Quero crer que, até fevereiro, estejamos com os postos licitados e implementando a construção. Isso vai possibilitar também o controle de peso dos veículos de carga – detalha o diretor.

Uberti evita falar sobre uma possível concessão da Rota do Sol. Porém, a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) realizou, no ano passado, um estudo de tráfego na estrada – cuja média de tráfego gira em torno de 2 mil veículos por dia. O objetivo era obter dados caso o governo do Estado decida instalar um pedágio na rodovia. A reportagem procurou a Secretaria Estadual dos Transportes, mas o responsável pelo assunto retorna ao trabalho apenas na próxima semana.

Com pista dupla ou simples, pedagiada ou não, a única certeza no momento é que o futuro da Rota do Sol passa, inevitavelmente, pela harmonia entre homem e natureza.

Mobirise

Dedicação para preservar vidas

Enquanto o Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) não ganha os postos fixos na Rota do Sol, a fiscalização da rodovia é realizada por meio de rondas periódicas por policiais das unidades de Farroupilha, Gramado e Torres. No período de veraneio, no entanto, o alto fluxo da estrada – que chega a receber mais de 10 mil veículos por dia em feriadões, por exemplo – exige um trabalho mais intenso.

É por isso que policiais como o comandante do Grupo Rodoviário de Farroupilha, tenente Marcelo Stassak, abrem mão do convívio com a família nas festas de fim de ano e se transferem para a Rota do Sol. Desde o dia 15, Stassak e outros colegas praticamente moram em um alojamento próximo à rodovia, em Lajeado Grande, prontos para fiscalizar os motoristas e atender a eventuais ocorrências. A mobilização segue até 4 de março, quando termina a Operação Verão Rota do Sol. O trabalho às margens da rodovia não altera apenas a rotina dos policiais. Ele exige também uma atenção diferenciada desses profissionais.

– O mesmo condutor que passa na Rota do Sol passa pela BR-116 e pela ERS-122, mas em situações diferentes. As outras rodovias são para o dia a dia. Nesse período de veraneio, as pessoas saem para um período de descanso (pela Rota do Sol). Porém, elas não se desvestem da condição de estresse da semana e transferem isso para o volante – ressalta Stassak.

Se deixar a família para participar de uma operação tão longa não é fácil, o esforço é compensado pelo convívio com os colegas e as belezas distribuídas pela Rota do Sol.

– São pessoas de todas as regiões do Estado, amigos que a gente revê. A rodovia também nos dá uma beleza diferenciada com os campos, a descida da serra. São novas histórias todos os dias. É um aprendizado eterno, um trabalho gratificante que vamos levar no fim das nossas carreiras – destaca.

Vá com calma

A Rota do Sol é considerada uma rodovia sem grandes perigos, mas há cruzamentos e acessos a localidades mais povoadas que podem ser arriscados. O Ministério Público chegou a apontar 16 pontos críticos em Caxias do Sul e solicitou medidas que poderiam garantir um pouco mais de segurança, principalmente aos moradores de bairros cortados pela rodovia. No entanto, desde 2014, quando o MP iniciou este movimento, pouca coisa do papel: o acesso ao bairro São Ciro II, onde foi instalado um quebra-molas, as alterações no trevo e instalação de sinaleiras no acesso a Monte Bérico e o acesso do Santa Fé pela Avenida Dr. Mário Lopes, onde o Estado recolocou lombadas eletrônicas. Ao longo da rodovia, há pardais instalados nos kms 168, em Vila Seca, 210, em Lajeado Grande e 233, próximo a Tainhas.  

– A Rota do Sol é peculiar, tem trechos com descidas acentuadas em que é necessário mais cuidado. Mas destaca-se o km 226, em São Francisco de Paula, e a descida da Serra entre os túneis – avalia o tenente Marcelo Stassak.

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