Quem passa pela Rota do Sol entre a Serra e o Litoral tem a oportunidade de relaxar com uma paisagem de tirar o fôlego em meio à natureza. Um espetáculo proporcionado pelo relevo acidentado da encosta da Serra. Mas para vencer o desnível de 750 metros entre o topo e o pé das montanhas, num trecho de 11 quilômetros, os motoristas passam por seis pontes, sete viadutos e dois túneis. Embora essas construções tenham agilizado as viagens, elas exigiram esforços de engenharia até então inéditos no Estado.
– Foi um desafio muito grande, principalmente na descida da Serra. Lá foram os primeiros túneis que executamos em curva e em desnível. O desafio era ter um encontro perfeito. Técnica era algo muito exigido na Rota do Sol, seja pelo traçado inusitado, pela topografia ou pela geologia – afirma Humberto Busnello, um dos diretores da construtora Toniolo, Busnello.
Humberto e o irmão Arno Busnello, além de Zaldi Toniolo, foram os responsáveis por coordenar a construção de 76,5 quilômetros da estrada nos três lotes que ficaram a cargo da empresa gaúcha. Como a empreiteira conquistou quase todo o trecho que compreende a descida da Serra, coube a ela construir os túneis e parte dos viadutos.
Durante a execução da Rota do Sol nos 11 quilômetros mais críticos, os engenheiros constataram 32 derrames geológicos diferentes. Isso significa que era necessário aplicar uma técnica de construção distinta para cada um. Não bastasse isso, as exigências ambientais também tornaram o projeto um desafio nunca antes visto.
– São cuidados especiais e fiscalização muito severa como deve ser nesses casos. Foi o primeiro grande trabalho tendo que aliar a técnica de sempre com as exigências ambientais. Foram feitos procedimentos diferentes. No desmonte de rocha, em vez de se jogar morro abaixo, teve que ser transportado por mais de oito quilômetros para depositar esses volumes num aterro controlado – lembra Humberto.
Como em qualquer estrada em regiões serranas, os construtores precisaram recortar as rochas para criar o traçado. Isso deixa encostas que podem ceder ao longo do tempo e precisam ser contidas por barreiras. E nesse assunto a Rota do Sol trouxe outra inovação ao Estado. Entre o Viaduto da Cascata, na descida da Serra, e o Túnel da Reversão, telas fazem a contenção dos paredões para garantir a segurança dos motoristas e a integridade dos pilares do viaduto. Para quem olha, parece simples, mas a complexidade na fixação das telas exigiu tecnologia importada da Suíça.
– Imagine um grande bloco de pedra caindo. Tem que ter resistência para a contenção disso tudo – detalha Humberto.
A necessidade de realizar grandes construções com o menor impacto ambiental possível chegaram a resultar em sete anos de obras paradas até a liberação de licenças na década de 1990. Dez anos depois da conclusão, porém, a natureza e a engenharia seguem encantando quem contorna as montanhas da Rota do Sol.
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