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FORÇA,
técnica e dicação

Caxiense se destaca no boxe olímpico e participará do Brasileiro Juvenil

De uma brincadeira como fã de filmes para uma competição nacional. A vida de Derick Machado de Oliveira Avrela poderia tranquilamente ser um roteiro de cinema. Mesmo jovem, com 18 anos, muitas foram as dificuldades para que chegasse cada vez mais perto de realizar seus sonhos. O caxiense, morador do bairro Cruzeiro é lutador de boxe olímpico e, no sábado, inicia a disputa do Campeonato Brasileiro da modalidade.

Quando pisar no ringue em Fortaleza, sede do 10º Brasileiro Juvenil e do 73º Brasileiro Elite, Derick terá seu maior desafio no esporte até o momento. Para estar lá, teve de vencer, em outubro, o Estadual de Boxe até 75kg na categoria juvenil.

Mais do que a conquista ou uma medalha, o objetivo é bem claro: conseguir fazer parte do programa bolsa atleta. 

– Estou focado neste campeonato para conseguir o primeiro lugar. Tenho a intenção de conseguir o bolsa atleta por meio da minha participação no Brasileiro, e com isso começar a treinar ainda mais focado para competições – resume Derick, que precisa vencer sua categoria para conseguir o benefício.

Enquanto isso, o atleta é financiado pelos pais e conta com a energia da mãe Clarice Avrela na realização de almoços para angariar recursos para as viagens. Além disso, o jovem se divide entre os três dias semanais de treinos e o trabalho em uma metalúrgica, uma vez que terminou o ensino médio.

O sonho de participar de um Mundial, por enquanto é também fomentado pelas aulas que faz na sede improvisada da Associação de Moradores do Bairro (Amob) Cruzeiro, junto do professor Everson Baumgarten. Aos sábados, treina em Porto Alegre, na Federação Gaúcha da modalidade. 


FÃ DOS FILMES DE STALLONE 

Tatames espalhados num antigo módulo da Brigada Militar, com cobertura de vidro, e um saco de pancadas pendurado em uma árvore no lado de fora ilustram o cenário adverso que Derick tem para treinar. Não fosse o horário de treinos iniciar às 19h e o ventilador dificilmente daria conta de atender aos alunos que ali treinam. 

– Conquistamos esse espaço há três anos, ainda na administração passada, e a nova diretoria também assumiu essa responsabilidade de nos auxiliar. É complicado, quase que impossível este trabalho. É tudo baseado na persistência e dedicação. Não temos apoio financeiro do município. Poderíamos viajar com tranquilidade se tivéssemos apoio. Hoje cobra-se de R$ 50 a R$ 60 para os jovens treinarem. Minha ideia é de que isso se torne gratuito – explica Everson, que treina outros dois atletas no mesmo horário.

O professor recorda que, mesmo sem uma grande estrutura, as chances de lutadores como Derick se darem bem é grande.

– Eu dava aula no Recreio Imigrante. O Derick veio lá, começou a treinar e a se desenvolver. Ele é um jovem muito dedicado, não falta a treinos, nem em dias de chuva. Ele merece o que está acontecendo com ele. Teve um certo policiamento para que se desenvolvesse. No começo, era lento, começou a pegar agilidade e as coisas foram acontecendo – lembra o professor.

Para o jovem, agora é a hora de colher os frutos por tamanha dedicação. E pensar que seu ingresso no esporte se deu por ser fã dos filmes de Sylvester Stallone, e seu eterno personagem Rocky Balboa.

– Eu comecei no kickboxing. Gostava por causa dos filmes que assistia. Como no kickboxing não lutava no ringue, só no tatame, fiz umas lutas de ringue para ganhar experiência e acabei pegando o gosto pelo boxe – conta Derick. 





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  • Os Jogos Olímpicos de 1920, na Antuérpia, marcam o surgimento da Federação Internacional de Boxe Amador, a primeira organização deste esporte.
  • Mesmo sem federação, em 1904, pela primeira vez na era moderna, o boxe fez parte dos Jogos Olímpicos, com a disputa de sete categorias, em St-Louis, nos Estados Unidos. 
  • O primeiro campeonato mundial de boxe amador foi realizado em Cuba, em 1974. Atualmente, esta competição é realizada de dois em dois anos. 
  • Servílio de Oliveira, em 1968, no México, conquistou uma medalha de bronze. Foi a primeira do Brasil em Jogos Olímpicos. 
  • Em 2012, em Londres-ING, o Brasil quebrou um jejum de 44 anos e faturou três medalhas neste esporte, com Yamaguchi Falcão, Adriana Araújo e Esquiva Falcão. 
  • O sonhado ouro olímpico veio em 2016, nos Jogos do Rio, com o título do baiano Robson Conceição. 
  • lCom cinco medalhas, o Brasil é o 37º país entre os que tiveram representantes em Boxe Olímpico.

Luta em casa

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Para lutar por seus objetivos, além da mãe, do técnico, de Nelson Acioly (presidente da Amob), Derick tem outros dois grandes aliados. O jovem treina junto de seus irmãos, Pablo e Erika.

Pablo Machado Avrela tem 15 anos e é irmão de Derick por parte de pai. No ano passado, foi campeão estadual de kickboxing, na categoria até 65kg. Apesar de treinar e estar inserido no boxe olímpico, seu maior sonho na vida não depende de usar luvas.

– Comecei com 12 anos. Tudo começou com meu irmão, acabei gostando. Mas meu sonho, na verdade, é ser caminhoneiro – resume, aos risos, o estudante do 8º ano.

Também com 15 anos, Erika Natália de Oliveira Aver (E, na foto acima) é irmã de Derick por parte de mãe e também treina em família. No ano passado, foi campeã estadual e da Copa do Brasil de kickboxing até 65kg.

– Gosto mais de usar as pernas na luta. Busquei o kickboxing para fazer algum esporte. Tinha saído do vôlei e vim para não ficar parada. Acabei gostando e segui com meu irmão. É muito bom ter o apoio deles quando vou entrar no tatame – explica a estudante do 9º ano.

Apesar de serem lutadores, o trio garante que não há brigas. Ao menos, não fora do tatame e dos ringues.

– É muito bom treinar com os irmãos. É legar porque um ajuda ao outro. A gente se preocupa com colegas de treinamento, mas quando é com os irmãos, o cuidado é ainda maior. Já brigamos mais, agora as disputas ficam só nos treinos – brinca Derick, o precursor da família no esporte.


O Clube de Caça e Tiro de Caxias do Sul recebe a partir de hoje a etapa Regional Sul do Campeonato Brasileiro, promovido pela Liga Nacional de Tiro ao Prato. Devem participar cerca de 400 atletas, separados nas categorias simples e duplas.

Mesmo sendo uma prova regional, atletas de outras localidades do país também estarão no evento, que terá outras duas competições realizadas simultaneamente. Hoje e amanhã, no turno da noite, ocorre a Copa Castelani. Ao longo dos três dias, também ocorrerá a Copa Beretta, onde os valores arrecadados são destinados ao Instituto Caxiense de Combate ao Câncer. O evento é aberto ao público.





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  • Regras:
  • São disputados três rounds de três minutos, com intervalos de um minuto. 
  • Vence por:  
  • Nocaute: quando derrubar o adversário e este não levantar em 10 segundos.
  • Nocaute técnico: quando o oponente sofrer golpes consecutivos e o árbitro entender que não há mais condições deste de receber socos.
  • Pontos: Os três árbitros dão pontos há cada round. Se não houver nocaute, o final, vence quem pontuar mais.
  • Desclassificação: quando um pungilista é eliminado por golpe baixo (atingir o oponente no chão, morder, dar socos na nuca ou abaixo da cintura).
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Texto
Renan Silveira
renan.silveira@pioneiro.com


Design
Andressa Paulino
andressa.paulino@pioneiro.com


Fotos
Lucas Amorelli
lucas.amorelli@pioneiro.com


Esporte de hoje: Boxe Olímpico
Próxima Semana: Motocross

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