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VIDA
em combate

Leandro Barbosa viu na luta uma forma para mudar de vida e encontrou no esporte sua grande paixão

O esporte muda vidas e realidades. Por mais que algumas pessoas ainda duvidem e não deem a atenção que merece, exemplos não faltam. Hoje contamos mais uma história assim, de tantas que compõe o cenário da Serra Gaúcha.

– Se não tivesse a luta, eu não seria nada. Transformou a minha vida.

A frase é do lutador Leandro Barbosa, 28 anos, que através das artes marciais criou outras perspectivas para sua biografia. Para o menino que começou praticando capoeira aos 10 anos, num projeto social da cidade de Planalto, interior gaúcho, estar disputando eventos como o Circuito Team Nogueira, no MMA, e ser campeão gaúcho de Kickboxing K-1, é algo marcante.

– A arte marcial é uma filosofia de vida. Procuro mostrar para as pessoas que é mais que socos e chutes. Embora no MMA pareça toda aquela violência, porque tem o sangue, quero mostrar o lado humano. O pessoal, por vezes, não entende que são meses se preparando para só um combate. É diferente do que mostramos na academia. Ali se trabalha o condicionamento físico, a técnica, os princípios e valores – destaca Barbosa.


Longa caminhada

O UFC explodiu no Brasil em 2007, quando já estava consolidado como evento de MMA. Era o vale-tudo com regras básicas para preservar os atletas. Barbosa era mais um dos expectadores e assistia a criação de novos ídolos para o esporte brasileiro, como Anderson Silva e José Aldo. Sem imaginar que ambos seriam uma inspiração mais tarde.

Barbosa iniciou na capoeira em 2000, antes de mudar-se para Farroupilha, onde treinou karatê shotokan e foi até a ponta preta no taekwondo. Na sequência, descobriu o muay thai, o boxe e o kickboxing. A explicação é de quem não gosta de se acomodar.

– Eu sempre quis me testar e saber até onde poderia ir. Muitas vezes tive algumas opiniões contra, dizendo que eu já estava velho para lutar e que eu tinha que treinar como esporte, não como rendimento. Isso me motivou bastante a buscar o MMA. Eu quis provar que poderia lutar nesta modalidade e fui me apaixonando. Poder juntar todas as artes que eu tinha passado e fazer um treino único. Fez eu me encontrar – conta Barbosa.

Só que, para ingressar nas artes marciais mistas, agora o atleta trabalha com outras duas lutas específicas: judô e jiu-jitsu. Só assim, Barbosa acredita que poderá chegará ao seu limite, e ser um desafiante mais completo.

– Preciso melhorar meu chão. Nas últimas lutas tenho evitado as quedas e ainda não fui finalizado. Lutei com cara faixa preta (em jiu-jitsu), ele teve chances, mas não me finalizou. Eu sinto que preciso melhorar essa confiança do chão e finalizar os caras. Aí meu jogo estará quase completo – considera.

E no meio de toda essa caminhada, o maior objetivo de todos jamais foi esquecido.

– Apesar de viver numa região onde muitos dos meus amigos se perderam para o tráfico, o esporte tirou todas as minhas chances de entrar nesse mundo. Por isso, prezo bastante pelos projetos sociais, não só da luta, mas de todos os outros esportes. Foi um projeto que me proporcionou viajar, conhecer países diferente. A arte marcial me deu isso e não tem preço. Espero muito mais da arte marcial – finaliza o lutador.

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Uma rotina pesada

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Barbosa treina forte a parte de chão para conseguir melhorar
seu rendimento nas lutas de MMA

Treinos, treinos e mais treinos. Por trás da rotina de lutador, existe o Leandro Barbosa estudante de educação física na FSG, o mestre de kickboxing que dá aula em três locais diferentes e que ainda trabalha como segurança. Tudo sem esquecer as quase seis horas que exige do seu corpo na prática esportiva.

– Como a luta de MMA tem a parte em pé, tento conciliar. Dou aula de kickboxing e todo treino tento pegar algo diferente e vivenciar com meus alunos isso. E venho buscar o treino de MMA em Caxias, com o mestre Jorge Velho. Também tenho carta branca e vou em outras academias sempre agregando algo para o meu jogo – conta Barbosa.

Agora, ele se prepara para lutar no JVT 14, que ocorre em dezembro, no ginásio do Vascão. Mas a rotina de lutas também é um pouco diferente para quem está nos eventos internacionais. Por vezes, é preciso fazer dois combates no espaço de 15 dias e em modalidades diferentes.

– Eu lutei o Circuito Tem Nogueira no dia 5 de setembro e no dia 25 de setembro já foi K-1 (no evento Tudo ou Nada, considerado o principal do Estado no kickboxing). Não era para lutar, eles fariam uma disputa de cinturão interino. Mas aí me pediram, eu fui e venci por nocaute no quarto round. Mantive meu cinturão (na categoria 71,8kg) – relata o lutador.

As lutas são diárias. No ringue ou na vida.

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  • As artes marciais mistas, ou MMA (Mix Martial Arts, em inglês), estão ligadas ao Brasil e aos desafios propostos por Carlos Gracie. Mestre em jiu-jitsu, ele desafiava representantes de outras artes para superlutas.
  • O UFC surgiu no início da década de 1990, nos EUA. O brasileiro Royce Gracie foi o primeiro campeão. 
  • Em 2006, o UFC comprou o Pride, do Japão. Assim o esporte difundiu no mundo em grande escala. O Brasil despontou como celeiro de campeões.  
  • O principal evento da Serra Gaúcha é o JVT. Ele terá sua 14ª edição no Ginásio do Vascão, dia 8 de dezembro, a partir das 20h. Serão 14 lutas, sendo três disputas de cinturão.
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Texto
Cristiano Daros
cristiano.daros@pioneiro.com

Design
Andressa Paulino
andressa.paulino@pioneiro.com


Fotos
Marcelo Casagrande
marcelo.casagrande@pioneiro.com

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