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Votan Molossi respira
SKATE

O caxiense largou emprego, mudou a rotina e buscar se tronar
um profissional na modalidade esportiva

A realização de um sonho pode requerer atitudes mais drásticas e que, por vezes, parecem até incompreensíveis. Inclusive, você abandonaria seu emprego formal para se dedicar apenas ao que gosta? Tem caxiense que fez isso e hoje se dedica quase exclusivamente ao esporte.

– Eu trabalhava com os moleques da minha rua (em uma metalúrgica). Eles foram sendo demitidos e eu fui ficando lá. Eu saía da empresa e ia andar de skate, mas passava o dia lá na empresa, sozinho. Eu pensei: “meu Deus, eu não quero isso para mim. Tenho que sair daqui e andar o máximo de skate para melhorar, conseguir os patrocínios e sair disso. Talvez ajudar meu pai”. É o que eu faço hoje em dia.

Este é Votan Molossi dos Santos. Com 22 anos, ele respira skate e vive de manobras feitas num carrinho composto por um shape (tábua), dois trucks (eixos), oito rolamentos e quatro rodinhas.

– A maior parte do tempo, eu ando de skate. Quando estou em Caxias ajudo meu pai na empresa dele (reciclagem de madeira) na parte da manhã e a partir das 13h estou na pista – conta Votan.

A escolha poderia ser arriscada. Mas essa estratégia decidida há quatro anos começa a dar frutos. Antes de qualquer coisa, Votan é perfeccionista e atento aos detalhes, isso ajuda muito num esporte tão detalhista com cada giro e equilíbrio sobre o carrinho.

 – Nunca fui um cara que quis aprender as manobras mais simples. Sempre joguei e tentar aprender as mais difíceis. Há dois anos, eu caía errado, quebrava shape, machucava, mas valeu – lembra.

Os primeiros resultados que começou a colher mostram que todo é o caminho certo. Há pouco mais de um ano, a Plaza (pista de skate no bairro Marechal Floriano), sua segunda casa, foi palco do momento mais importante desses quatro anos. Ali chamou atenção de uma das principais marcas de materiais que fomentam este esporte.

 – Teve um campeonato aqui na cidade e a Element veio com todo time. Teve várias competições de melhor manobra e eu estava num dia inspirado, acertei tudo que eu queria – relembra Votan, que complementa:
– Depois, eles me pediram que marca eu representava, mas eu não tinha patrocínios na época. Aí me mandaram um shape, eu mandei uns vídeos e começaram a me acompanhar pelo Instagram. Até que em novembro do ano passado eles pediram para ir a São Paulo e conversar. Desde então, eu ganho roupas e shapes da Element.

Algo primordial para quem até pouco mais de um ano dependia exclusivamente do dinheiro dos pais para patrocinar o seu projeto e que custou bastante caro.

– Vinha para pista com um shape que a minha mãe comprava e quebrava, às vezes, no mesmo dia. E aí tinha que pedir cartão, parcelar e isso martelava na minha cabeça: “estou sem shape e minha está comprando”. Hoje eu tenho material para usar tranquilo – conta ele, aos risos.

Ainda amador, Votan trabalha firme para ser o segundo skatista profissional de Caxias do Sul. O caminho é incerto, mas foco e vontade não faltam.







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O caminho é diferente de outras modalidades

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Votan começou a andar de skate ainda criança, ainda com oito anos

O skate funciona de uma forma um pouco diferente. As categorias são divididas em: profissional, amador, iniciante e mirim. Exceto pela última, não há diferenciação por idade ou peso. A passagem do amador para o profissional é decidido única e exclusivamente pelas marcas, ou seja não há uma espécie de plano de carreira.

No Brasil, os campeonatos não são tão fortes, mas há uma grande expectativa de mudança por ser um esporte olímpico a partir de 2020. Com Bob Burnquist à frente da Confederação Brasileira houve a criação de um circuito forte para selecionar a seleção brasileira. Esse novo movimento alenta quem está na caminhada.

– Acho que as Olimpíadas vão ajudar a melhorar, vamos ter mais campeonatos. O Patrik (Mazzuchini, caxiense) é profissional e não tem muitas competições, mas agora já tem o Oi STU que dá vaga na seleção brasileira de skate. Isso vai movimentar e ajudar para que as pessoas vejam que é um trabalho, como os outros esportes – destaca Votan.

Sem estar no circuito de competições, Votan trabalha com uma ferramenta essencial para seguir mostrando seu trabalho: a rede social. A internet é o meio mais prático e com maior abrangência entre os praticantes da modalidade.

– Hoje em dia é muito importante. É muito instantâneo, de repente eu poste uma manobra agora e 50 mil pessoas estão olhando daqui uma hora. Aposto que uma galera me conheceu através do Instagram – opina.

Outro ponto que poderia colaborar e muito seria a construção de novas pistas em Caxias. A Plaza foi inaugurada em 2012. Num esporte que evolui constantemente, ela já começa a ficar defasada. A forma mais fácil para quem pratica skate na região é viajar por outras cidades, desde cidades da Serra Gaúcha até a Região Metropolitana de Porto Alegre que já constam com locais melhores.

A outra estratégia definida por Votan já está acontecendo e deve começar em 2019 com uma forma mais intensa de divulgação do seu trabalho.

– Estou filmando um vídeo (gravado nas ruas de Caxias do Sul e deve ser lançado até março), que é importante e talvez faça mais uma foto para revista. E também ir nos campeonatos mais importantes, além de sempre viajar para São Paulo que é o polo do skate – revela o skatista.
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  • O skate surgiu na década de 1950. Os surfistas da Califórnia, nos Estados Unidos, buscavam uma atividade quando o mar não tinha ondas. Eles adaptaram rodas de patins em pranchas para andar no asfalto.
  • Os primeiros locais eram as ladeiras. Assim nascia o downhill. Também, as piscinas vazias, que tinha formato arredondado e com isso remetiam as ondas do mar. Assim nasciam os bowls. 
  • Rodney Mullen e Tony Hawk são dois grandes expoentes do esporte. O primeiro no estilo street (obstáculos de rua), onde criou 39 manobras. Já o segundo é considerado o melhor de todos os tempos e ganhou fama no vertical, sua maior manobra foi o 900º (um giro de duas voltas e meia). 
  • O brasileiro Bob Burnquist é o atual presidente da Confederação Brasileira de Skate e considerado a maior referência do esporte no país. Ele também é dono de umas maiores notas conquistadas em torneios, com 98 pontos no X-Games de 2001. Ele também inventou o switch, que é executar manobras na base invertida.






O único profissional da cidade

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Patrik está foi elevado há quatro anos para categoria de profissional e se tornou uma referência para quem está iniciando

Os skatistas serranos têm uma referência e bem próxima deles, Patrik Mazzuchini é único caxiense profissional da modalidade, isso há quatro anos. Alguém que também já sofreu em tempos que o esporte não era tão conhecido e chegar neste nível era ainda mais difícil para os atletas da Serra Gaúcha.

– Uma das maiores dificuldades antigamente era a questão de investimento, por a gente ser deslocado dos grandes polos. Então, tinha mais dificuldade das grandes marcas investirem nos atletas daqui. Hoje, com o crescimento do esporte e das redes sociais, deu mais evidência para o skate caxiense. Também é muito importante estar viajando, mostrando a evolução do teu skate e, consequentemente, vai mostrar o teu trabalho e se tornar um profissional – destaca Mazzuchini.

Antes de qualquer coisa, o skatista é muito acessível. Ainda mais para os meninos que crescerão num momento onde o esporte ganhará muita visibilidade através dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020.

Antes de qualquer coisa, ele se torna um exemplo aos mais novos e até aos experientes. Ambos se orgulham de ter um caxiense como profissional na modalidade.

– Passar para profissional foi realização de um sonho. Sou muito feliz pela molecada me ter como exemplo. Muitas vezes, mais como amigo porque andamos juntos e posso passar as experiências que passei. Também sempre dar uma direcionada para a molecada andar de skate, focar e acreditar, porque se tu acreditas é possível. Sou bem feliz de a molecada escutar e correr atrás – ressalta.
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  • O skate basicamente é superar obstáculos com o carrinho.
  • Cada obstáculo tem um tipo de campeonato, onde o objetivo é sempre executar manobras sem perder o equilíbrio. 
  • A manobra mais simples é o ollie, que é pisar forte no tail (parte traseira) e empurrar o nose (parte da frente) completando o salto. 
  • Depois vem o flip, que é a combinação do ollie com um empurrão no meio do shape. Ele executa uma volta completa e o skatista cai na base. 
  • As manobras de grind (deslizar sobre superfícies de ferro) podem ser executadas no bowl ou no street. Basta um corrimão ou uma borda. 
  • As manobras no vertical combinam as descritas acima com bastante giros durante o voo. 
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Texto
Cristiano Daros
cristiano.daros@pioneiro.com

Design
Andressa Paulino
andressa.paulino@pioneiro.com


Fotos
Felipe Nyland
felipe.nyland@pioneiro.com

Esporte anterior: MMA
Esporte de hoje: Skate
Próxima Semana: Futebol Feminino

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