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Resistência ao digital

apenas 9% dos lojistas caxienses vendem seus produtos através da internet, aponta pesquisa do procon

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FERNANDO SOARES
fernando.soares@pioneiro.com

DIOGO SALLABERRY

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modelo tradicional | Ronei Mariani, sócio da Mariani, diz que empresa prefere manter o foco no atendimento pessoal, pois vê dificuldades para competir no e-commerce

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A venda pela internet se tornou uma das principais apostas de muitas empresas brasileiras nos últimos anos. Entre grande parte dos comerciantes de Caxias do Sul, porém, o e-commerce ainda não emplacou. Apenas 9% dos lojistas do município vendem pela internet. Outros 23% utilizam redes sociais para divulgar os produtos e a maioria acachapante, 65%, sequer recorre aos canais digitais para alavancar os negócios. Os dados são de pesquisa feita pelo Procon de Caxias com 100 estabelecimentos.

A dificuldade de competir com grandes marcas, a postura mais conservadora de alguns empresários e até mesmo o desconhecimento sobre como utilizar as ferramentas digitais figuram entre os principais motivos que levam os comerciantes caxienses a pouco explorarem o comércio eletrônico. 

- A resistência não é gratuita. Existe um custo de manutenção de uma plataforma digital que, para uma grande empresa, acaba se diluindo em um universo de vendas. Isso não acontece com uma loja local – comenta o coordenador do Procon de Caxias do Sul, Luiz Fernando Horn. 

Entre os empreendedores caxienses, a falta de presença na internet é uma opção consciente. No grupo de empresas sem e-commerce, somente 3% têm planos em andamento para ingressar neste nicho, enquanto 50% não possuem planos para explorar esta opção. Entre elas está a Mariani, companhia de médio porte que trabalha com calçados e artigos esportivos há seis décadas.

O sócio-proprietário da Mariani, Ronei Mariani, diz que a empresa encomendou um estudo para saber se valia a pena criar uma loja virtual. E a resposta foi taxativa: não. O principal empecilho estaria na falta de um volume de vendas que bancasse toda a logística por trás da operação. Isso sem contar a dificuldade para colocar um preço que faça frente às grandes redes. Além disso, o empresário relata que a marca prefere manter uma postura mais conservadora, apostando no atendimento pessoal ao invés do eletrônico. 

– Enquanto conseguirmos nos sustentar dessa maneira, beleza. Se chegar ao ponto de ser necessário ter uma loja virtual, aí vamos partir para isso – afirma Mariani.

A pesquisa do Procon ouviu empresas de calçados, vestuário, joalherias, ópticas, bazares, livrarias, entre outros.  

O peso da cultura local

O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL Caxias), Ivonei Pioner, aponta que a cultura local também pesa para a baixa participação caxiense no e-commerce. Caxias ainda é uma cidade na qual o consumo é puxado pelo comércio de rua, liderado por pequenas e médias marcas, que resistem a mudar um modelo consolidado ao longo de diferentes gerações.

– Os pequenos ainda operam de uma forma que privilegie mais o atendimento pessoal. Isso é uma das características da cidade – comenta Pioner.

Além disso, muitos comerciantes ainda não estão familiarizados com o mundo digital, lembra o presidente do Sindilojas Caxias, Sadi Donazzolo.

– É necessário ter conhecimento de informática e temos muitos comerciantes pequenos que nem possuem computador.

Ainda assim, Donazzolo acredita que a tendência é de que cada vez mais empresas recorram à internet para vender seus produtos. Para ajudar a diluir os custos por trás de uma operação digital, o Procon e uma série de entidades de classe do município estudam a criação de um portal, no qual os lojistas poderiam vender seus artigos. No entanto, a iniciativa recém começou a ser debatida e não tem prazo para ser implementada.


Números do e-commerce

Fontes: Ebit e Procon Caxias do Sul

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Internet como aliada na divulgação de produtos 

RONI RIGON

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NA TELA | Andreia usa Whatsapp para enviar ofertas aos clientes

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Entre as empresas caxienses que não possuem loja virtual e aquelas que já vendem pela internet, existe um grupo de empreendedores no meio do caminho. Nele, constam aquelas companhias que, apesar de não fecharem negócios online, utilizam as redes sociais para divulgar seus produtos e alavancar o movimento das lojas físicas.

Este é o perfil da Horango Tango Modas, empresa que recorre a diferentes plataformas para manter contato com potenciais clientes e enviar informações sobre novas coleções ou ofertas para a semana. A gerente das duas unidades da marca em Caxias do Sul, Andreia Gelain, diz que são mais de 5,5 mil contatos cadastrados no Facebook e outros 3,5 mil pelo Whatsapp.

Nas duas redes, a loja costuma publicar e enviar fotos de peças que chegaram à loja e, a cada semana, manda mensagens para os clientes. Nem todos os contatos respondem, mas Andreia garante que muitas vendas são encaminhadas através destes canais. No entanto, o pagamento e a entrega do produto só ocorrem na loja física.

– O nosso comércio está muito competitivo. Temos que arriscar e achar um diferencial – acredita.

Segundo a gerente, há semanas em que metade das vendas são oriundas de conversas iniciadas na internet ou de publicações online que despertaram o interesse de clientes. Atualmente, a estratégia também é replicada nas lojas da Horango Tango em Farroupilha e Bento Gonçalves. A criação de uma loja virtual, no entanto, ainda não está na pauta no curto prazo.

As exceções da regra

MARCELO CASAGRANDE

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CONECTADO | Battistel recebe pedidos de clientes pela internet

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Alguns pequenos e médios empreendedores de Caxias vão na contramão da maioria e investem no e-commerce mesmo com as dificuldades para competir com as gigantes que dominam este nicho. A Fotocine, loja especializada em equipamentos fotográficos e serviços de impressão, hoje obtém 20% do seu faturamento por meio das vendas online. A demanda é pelo serviço de revelação, no qual o cliente envia os arquivos das fotografias digitais e recebe em casa as imagens impressas.

– Temos um fluxo de, no mínimo, 2 mil fotos por dia enviadas online. É interessante para nós mantermos o e-commerce – analisa Alex Battistel, gerente da empresa.

O próximo passo será a criação de um aplicativo, no qual o cliente poderá pedir o serviço a partir do próprio celular. O app já está pronto e deve aparecer na Apple Store nos próximos dias. 

No comércio eletrônico desde 2012, a Fotocine não se viu livre das dificuldades desde que ingressou neste mercado. No início, a loja também comercializava equipamentos e acessórios na internet, mas há três meses decidiu focar só no serviço de revelação. Isso porque o custo da operação online não era lucrativo para a venda de produtos.

Mesmo que tenham ingressado no mundo virtual, algumas empresas caxienses ainda não dão prioridade ao e-commerce. A Drops de Menta criou uma plataforma no ano passado, que fatura o equivalente a 3% do volume de vendas de uma das lojas físicas. A fundadora e diretora da rede de roupas e acessórios de moda, Márcia Costa, diz que o objetivo é estimular os negócios pela internet a longo prazo.

– Hoje, a internet não é lucrativa para nós. Entramos no e-commerce, de forma mais singela agora, para irmos nos adaptando para o futuro. Não colhemos os resultados de imediato, mas a longo prazo.

Atualmente, a maior parte das compras no site da Drops de Menta é realizada por clientes de Caxias e da região. A expectativa de Márcia é de que, nos próximos dois anos, as transações online passem a representar 10% da receita obtida por uma unidade da marca.  

Como vender na internet

Fonte: Procon Caxias do Sul

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