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12 DE NOVEMBRO DE 2018

+comércio

Vozes da
Rota do Sol

Na estrada que liga a serra ao litoral, dezenas de tendas disputam a preferência dos consumidores

Mobirise



FERNANDO SOARES
fernando.soares@pioneiro.com

Lucas Amorelli

Mobirise

VARIEDADE | Tendas costumam vender milhares de itens


O sol escaldante e as temperaturas elevadas anunciam a proximidade do verão, a estação mais esperada pelos tendeiros instalados na RSC-453, a Rota do Sol. É no período entre dezembro e março que os comerciantes se beneficiam do fluxo intenso de carros na rodovia e conseguem garantir o sustento para o restante dos meses. Isso porque, mesmo que muitos permaneçam à beira da estrada durante os 365 dias do ano, a demanda nos demais períodos cai bruscamente. Em média, o faturamento de um mês de verão equivale a dois ou até três meses de baixa temporada.

As tendas são praticamente um patrimônio da rodovia que liga a Serra ao Litoral. Os negócios deste tipo estão concentrados em um raio de aproximadamente 50 quilômetros, entre os municípios de Itati e Terra de Areia. Ao todo, existem 49 tendas espalhadas neste perímetro, resultando em uma média que se aproxima de um negócio a cada quilômetro.

A primeira barraca se instalou no local há cerca de 40 anos. No entanto, a criação de estabelecimentos foi impulsionada a partir de 2007, com o asfaltamento e a conclusão da estrada. A maioria dos negócios hoje em operação surgiu após esta data.

O perfil das barracas é semelhante. Elas vendem alimentos coloniais, frutas, bebidas, artesanatos, brinquedos e até apetrechos de decoração, como tapetes, vasos e estátuas para jardins. Em cada ponto, são centenas, até milhares de produtos.

Os estabelecimentos ainda têm um papel importante para escoar a produção agrícola dos municípios em volta da estrada. O cultivo de banana em Itati e de abacaxi em Terra de Areia estão entre as principais atividades destes locais. Além das frutas, salame, queijo e cachaça figuram entre os artigos campeões de vendas na estrada.

Mesmo com a disputa acirrada pela atenção do público que passa pelo local, os tendeiros mantêm laços coletivos. Inclusive, eles chegaram a criar uma associação para a categoria. A estimativa é de que em torno de 300 pessoas trabalham na atividade. O contingente é significativo, se for levado em consideração que Itati, que concentra a maioria das estruturas, possui pouco mais de 2 mil habitantes.

Nos últimos anos, em função da crise que atingiu em cheio o país, as vendas à beira da rodovia caíram. A maioria da clientela dos comerciantes é proveniente de municípios da Serra, que, por seu viés industrial, esteve entre as regiões que mais sentiram o impacto da recessão.

Com o dinheiro contado no bolso, os serranos reduziram a frequência dos passeios. No entanto, por conta da recente recuperação da economia, a perspectiva é de que o próximo verão marque também a retomada das vendas.

Conheça a história de alguns tendeiros que vivem em função da estrada e aguardam ansiosamente pela chegada da estação mais quente do ano.

O formato e o título desta reportagem têm como referência o livro “Vozes de Tchernóbil”, da jornalista e escritora bielorussa Svetlana Aleksiévich, reconhecida por construir suas narrativas a partir de uma “colagem” de depoimentos das fontes escutadas na apuração.

Ao longo da Rota do Sol existem 49 tendas. Elas estão espalhadas em um raio aproximado de 50 quilômetros , entre os municípios de Itati e Terra de Areia.









Antes e depois do asfalto

LUCAS AMORELLI

Mobirise

pioneiros|  Evani e a família foram os primeiros a se instalar na rodovia, há praticamente 40 anos

Aqui era só pó e barro, quando chegamos, 37 anos atrás. Eu e o Juscelino nos casamos naquele ano e, em seguida, ganhei a primeira guria. Tínhamos uma roça, que levávamos uma hora caminhando para chegar. Plantávamos aipim, batata, banana, entre outros alimentos. E a gente com um bebê, tendo que ir lá para trabalhar e ficar no meio dos mosquitos o dia todo. Por isso, pensamos em colocar a tenda, pois sempre havia movimento na estrada. Abríamos só no verão, porque no inverno passava dois ou três carros.

No início, a tenda tinha apenas um ou dois cachos de banana para vender. Aos poucos, fomos aumentando. Até que veio um temporal e tudo desabou. Escapei de um raio, que quase pegou em mim. Perdemos tudo o que tínhamos. Devagarinho, fomos juntando dinheiro e colocamos três telhas na tenda. Permaneceu assim por um bom tempo. Uns 20 anos atrás, decidimos ficar no verão e no inverno. Aí foi melhorando. Havia dias que trabalhávamos das 5h da manhã até o início da madrugada.

Logo, veio o asfalto. Ficamos tão felizes quando veio o asfalto, a gente tinha esperança de que as coisas iriam melhorar. Pensávamos: “agora vamos vender bastante”. Mas começaram a aparecer outros problemas.

Ultimamente, está difícil trabalhar. A gente tem a tenda para ajudar os colonos e a fiscalização quer que tudo tenha rótulo. Aí a gente não consegue pegar os produtos dos colonos. Imagina só, não poder vender um ovo de galinha, um pão daqui. Nada.

A gente dá semente e a terra para eles plantarem. Eu comento com meu marido que um dia vai aparecer uma pessoa que nos deixe ficar aqui e nos deixe vender tranquilamente. Porque hoje a gente vende com um pouco de medo, com o freio de mão puxado.

Eu sempre peço a Deus e aos gringos (da Serra). Temos uma amizade muito boa com eles. A gente está lutando para continuar, mas costumo dizer que queremos ficar aqui é por causa da amizade com os gringos.

Fomos os primeiros a ter tenda na estrada. Vimos todas as outras surgirem. Nos últimos anos, o movimento da gente caiu, mas não é por causa das outras bancas que abriram. Um não atrapalha o outro. O que é da gente é da gente.

Evani Ramos é comerciante há 37 anos na Tenda Ramos. Trabalha ao lado do marido e de duas filhas. 







 Variedade para atrair clientes

LUCAS AMORELLI

Mobirise

atendimento |   Aguiar constata que os clientes preferem ter fartura de opções na hora de comprar

Todo mundo tenta atender o melhor possível, mas noto que o pessoal quer mesmo é variedade de produtos. Digo isso porque, às vezes, eu atendo mal. Eu reconheço. Quando tem cinco ou seis carros e eu estou atendendo um ou dois, alguém grita “moço, vem cá” e deixo esperando. O cliente fica emburrado, dá uma volta, mas acaba esperando. As pessoas querem ter bastante coisas à disposição, aí não se importam de esperar ou não ser tão bem atendido assim.

Não tenho ideia de quantos produtos temos, não usamos sistema informatizado. São milhares, certamente. Minha tenda trabalha com artesanato e produtos de decoração. Colocamos uma parte na beira da estrada e daí chama a atenção do pessoal. Às vezes, no final, o cliente para e compra a mesma coisa que compraria em uma tendinha que não tem nada de artesanato, como banana ou abacaxi.

Para pechinchar, o pessoal da Serra é campeão. Se tu atendes um carro com placa de Porto Alegre, ele não pechincha nada. De Santa Catarina, também. Agora, parou um carro com placa de Caxias, Farroupilha, Flores da Cunha ou de outra cidade da região, já pode te preparar. É que eles estão acostumados. Se eu pedir 10 reais no cacho de banana, mas der uma penquinha a mais de brinde, que me custa 50 centavos, eles já ficam faceiros.

Trabalhamos e moramos na tenda eu, meu irmão e nossas esposas. Nós nos revezamos em turnos. Eu era empregado antes de montar o negócio. Estou na Rota do Sol desde que ela foi liberada, há mais de 10 anos. Mudou muita coisa. Cada ano que passa surgem cinco ou seis tendas novas, mas também fecharam algumas recentemente. Antes da crise, a situação era melhor.

Fernando de Aguiar é comerciante há 11 anos na Tenda Aguiar. Trabalha ao lado da esposa, do irmão e da cunhada.  







De domingo a domingo

LUCAS AMORELLI

Mobirise

vizinhança |  Cleci destaca a boa relação com outros comerciantes

A partir do dia 20 de dezembro até março é quando temos mais clientes. Nos feriadões de novembro (Finados e Proclamação da República) também vem bastante gente.

Estamos aqui há 19 anos, sempre trabalhamos em família. Ficamos eu, meu marido e minha filha, todos os dias do ano, de domingo a domingo, da manhã à noite. Inclusive, moramos na tenda. Não sabemos o que é sair de férias. Só que, quando chega o verão, aparece mais gente para ajudar. Chamamos minha cunhada e meu sobrinho. Nos últimos verões, o movimento diminuiu um pouco, mas temos a expectativa de que o próximo será bom.

O nosso sustento vem do verão, porque no inverno apenas levamos para ir nos mantendo. Por isso, batalhamos bastante nesta época do ano. O que as pessoas mais procuram é banana, abacaxi, açúcar mascavo e bolacha colonial. Isso sempre temos de ter. Compramos de produtores da região mesmo.

A maior parte dos clientes vem da Serra no sentido ao Litoral. É pessoal de Caxias do Sul, Flores da Cunha, Bento Gonçalves. Tem de Canela e Gramado também.

Existem vários clientes que já vêm na nossa tenda há anos. Acho que as pessoas voltam por causa do atendimento. Sempre procuramos atender bem e ir melhorando. Quando começamos, havia poucas tendas na estrada. Hoje, a Tenda Girassol está ao lado de outras três. Ficamos um do lado do outro.

Felizmente, com nossos vizinhos temos uma parceria bem boa. Somos amigos, nos damos bem e tem mercado para todo mundo. Se não possuímos um produto e sei que a outra tenda tem, a gente indica para o cliente.

Cleci Pereira é comerciante há 19 anos na Tenda Girassol. Trabalha ao lado do marido e da filha. 







Com alambique próprio

LUCAS AMORELLI

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cachaça|  Mara e o marido Silço decidiram colocar um alambique na tenda para começar a produzir

O Silço (marido) nunca gostou de trabalhar de empregado, aí o Carlinhos (antigo dono do local) ofereceu o ponto para a gente. Decidimos comprar.

Já faz 12 anos que estamos aqui. No começo foi bem bom, conseguíamos ganhar melhor. Fizemos um bom dinheiro e compramos os terrenos onde hoje plantamos cana-de-açúcar e banana. Agora tem muita tenda. E o verão é bem curtinho. São praticamente dois meses e foi-se o verão.

Não sei bem quantos hectares temos de cana-de-açúcar, o Silço que sabe certinho. Ele cuida da plantação. O que mais vendemos é o açúcar mascavo que produzimos. Também fazemos melado. O alambique colocamos há pouco tempo, nós dois que fazemos a cachaça. Leva uns três ou quatro dias para ficar pronta.

Mara Matos é comerciante há 12 anos na Tenda do Colono. Trabalha ao lado do marido e do filho.






Nascido na tenda

LUCAS AMORELLI

Mobirise

desde cedo |  Oliveira ajuda a família desde a infância e nota que negócio foi ampliado aos poucos

A tenda começou com o meu pai há mais de 20 anos, na época em que nasci. Eu praticamente nasci dentro da tenda, me criei nela e hoje trabalho aqui, junto também com minha esposa, meus tios e duas funcionárias. Contratamos as funcionárias no início do mês e elas ficarão até março, quando tem bastante movimento. Estamos no ponto desde antes de a Rota ser asfaltada. Aos poucos, fomos aumentando. Botamos um café e umas mesas. O pessoal gosta de um lanchinho.

A gente sempre procura trabalhar da mesma forma, não tem o que fazer sobre a concorrência. É muita gente que desce da Serra e tem bastante tenda. Mas nem todo mundo sabe ser tendeiro. O pessoal às vezes corre com os clientes. Já teve cliente nosso que chegou aqui reclamando que colocaram abacaxis estragados na sacola dele. Nós não fazemos isso. Não adianta vender algo estragado, porque amanhã a pessoa não vai voltar.

No nosso caso, não nos damos muito bem com as tendas vizinhas. Um primo meu montou uma tenda do outro lado da estrada. Não falamos mais. Com o vizinho antigo aqui do lado também não tínhamos uma relação muito boa. Aí ele saiu do ponto e veio outra pessoa. Estávamos nos dando bem, mas já estamos começando a nos estranhar um pouco.

Tieilei Oliveira é comerciante há mais de 20 anos na Tenda Oliveira. Trabalha ao lado do pai, da esposa, dos tios e de duas funcionárias.








De volta ao interior 

LUCAS AMORELLI

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tranquilidade | Prusch salienta que vida em Terra de Areia é menos violenta do que na Capital

Há três anos saímos de Porto Alegre. A gente tinha um mercadinho no bairro Sarandi e mudamos por causa da violência. Ficamos quase 30 anos lá e tivemos vários casos de arrombamento mais recentemente. A violência estava demasiada e aí decidimos vir para Terra de Areia. Até também pela questão da educação dos filhos, tirar eles da violência e do tráfico, dar uma vida mais tranquila. Aqui, chega o fim de semana e eles podem sair. Também há problemas, mas dá para respirar melhor.

Compramos os produtos do pessoal da região. Mesmo porque hoje não temos tanta força para produzir. Só planto um pouco de banana, orgânica. Sem veneno é bem melhor. Sou de Três Forquilhas, então acabei voltando para minhas origens.

Eu já tinha o terreno onde construí a tenda. Se tivesse que comprar, não valeria a pena. A gente ganha pouco, mas gasta pouco também. E minha turminha (esposa e três filhos) está contente. É o que importa.

Somos uma das tendas mais recentes na Rota do Sol. Eu investi quando o movimento estava em baixa. Mas não somos orgulhosos, não queremos enriquecer. Só manter a família está ótimo.

Oli Prusch é comerciante há três anos na Tenda Prusch. Trabalha ao l ado da esposa e dos três filhos. 







 A primeira tenda (ou a última)

LUCAS AMORELLI

Mobirise

da colônia | Segundo Eloci, salames e outros artigos coloniais são os mais procurados por clientes

A gente tinha a tenda, mas alugávamos o ponto para outra pessoa. Aí, seis anos atrás, resolvermos pegar de volta e não alugar mais. Para quem está descendo da Serra essa é a primeira tenda, mas para quem sobe do Litoral é a última. Ser a primeira acredito que não chama tanto a atenção. Quem desce, muitas vezes, está na correria e passa direto.

O verão é quando conseguimos faturar mais. É nossa temporada. O movimento nos domingos é maior. Todo final de semana temos que reabastecer o estoque. O que mais sai são os produtos coloniais. Também se vende bastante açúcar mascavo, banana e, quando está na temporada, abacaxi.

Tudo vem de Caxias, de Osório, de outros municípios. Hoje estamos com dificuldade de comprar de Itati, por conta da questão da saúde. A fiscalização está atingindo muito tendeiro. Eles vêm aqui e dizem que muita coisa tem que mudar.

Antes, comprávamos direto do colono. Agora tem muita gente não faz mais certos produtos. Está difícil conseguir cachaça, melado, mel e ovos. Tudo vem dos colonos pequenos. Fica complicado para a gente comprar e para eles tirarem o sustento deles também.

O fluxo maior de clientes é da Serra e, depois, do pessoal de Santa Catarina que vai para Canela e Gramado. A crise bateu e o movimento está mais fraco, em geral. E a concorrência é grande. São mais 40 tendeiros que trabalham na estrada. Por isso, acredito que o público escolhe mais pelo atendimento que recebe nas tendas.  

Eloci da Silva é comerciante há seis anos na Tenda Serra. Trabalha ao lado do filho.  








A última tenda (ou a primeira) 

LUCAS AMORELLI

Mobirise

abacaxi | Na tenda de Patrícia, a fruta é o seu principal produto. Com plantação ao lado do negócio,
ela e sua família mostram ao cliente de que forma é realizado o cultivo

Não pode faltar abacaxi. Temos uma plantação mais adiantada, que começa a nascer em novembro. Mas o período em que a colheita é mais forte é entre dezembro e janeiro. O abacaxi que não é de Terra de Areia o pessoal não gosta muito, dá prejuízo. No inverno, na entressafra, é preciso trazer de outros Estados. Tem um depósito grande na cidade, um cara traz e avisa por WhatsApp quando chega. Só que a fruta daqui é melhor mesmo, dá água na boca.

No verão, botamos mais três bancas do outro lado da faixa. Como nossa saída é um pouco diferente das outras, fazemos isso para que as pessoas possam parar o carro. Aí tem mais gente da família que nos ajuda.

Ainda mostramos para as pessoas como se planta o abacaxi. Temos a plantação aqui do lado. Então, levamos o cliente até lá e explicamos como se faz. Trazemos junto uma cesta grande vazia e o pessoal mesmo escolhe os abacaxis para levar. Eles gostam de apanhar e botar no cesto.

Somos a primeira banca para quem vem do Litoral em direção a Serra, ou a última para quem vem da Serra. Isso não faz muita diferença. Dizem que a primeira nunca é boa.

Todo esse terreno era da família do meu marido. Nós viemos de Novo Hamburgo há três anos, onde tínhamos uma tenda também. Decidimos ir embora porque estava muito violento, fechamos por causa dos assaltos. Lá, vendíamos mais sucos, cucas e pão colonial. Agora, o que mais vendemos é banana e muito abacaxi.

Patrícia Santos é comerciante há três anos na Tenda Norte Sul. Trabalha ao lado do marido.







Lá vem o Chaves

LUCAS AMORELLI

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diversificação | Chaves aposta também na fabricação de estátuas e vasos

Coloquei o nome de Tenda do Chaves e o pessoal aprovou. No primeiro ano do comércio, eu deixava um boneco do Chaves (personagem do programa de televisão mexicano) na frente. Na época, todo mundo colocava um nome fantasia e eu achava que ficaria bacana com meu sobrenome. E o Chaves todo mundo gosta. Hoje, a figura do Chaves está desenhada na fachada. Eu fui em um advogado para saber se poderia colocar este nome na tenda. Aí ele disse que dava para pôr. Pesquisaram no Sul e não tinha ainda nenhuma empresa registrada assim.

Vem muito cliente aqui por ser a tenda do Chaves. Uma vez teve um grupo de São Paulo que se encantou. Eles pararam e ficaram batendo foto. Muita gente que vem de Gramado e Canela para aqui, toma um suco, conversa um pouco com a gente.

Eu nasci em Itati. Trabalhava na agricultura. Plantava verdura, durante 14 anos plantei flores. A situação era muito difícil. Na roça tinha muito atravessador com o nosso produto, não dava lucro. Aí investi na beira da estrada. Temos a tenda há oito anos. Ainda tenho duas irmãs com pontos na estrada. Uma está há 11 e a outra, há 20 anos.

Tentamos não depender só de um produto. No inverno, fazemos lenha picada para lareiras e fornecemos para pousadas da Serra. Eu também faço estátuas de jardim, de concreto. Cheguei a trabalhar nisso, em uma fábrica mais lá para baixo da estrada. Porém, não tenho nenhuma do Chaves, pois teria que comprar a forma. E é caro. Eu tenho uma de águia e outra de leão, que paguei R$ 2 mil em cada uma. Fabricamos muito vaso também.

O movimento forte começa perto do Natal. São praticamente 60 dias bons de vendas. É de segunda a segunda, o povo subindo e descendo. Depois é massacre. O resto do ano é cruel. Esse ano que passou foi um dos piores. O povo ficou com medo de gastar em função da situação do país e do Estado. Mesmo no verão é relativo. Se chove, quase não vendemos e perdemos banana, abacaxi, um monte de coisa. Se tem chuvarada no domingo, o pessoal passa batido, pois quer voltar logo para casa.

Ivonaldo Chaves é comerciante há oito anos na Tenda do Chaves. Trabalha ao lado da esposa e do sogro.


São necessários em torno de R$ 100 mil  para estruturar
uma tenda na Rota do Sol.

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