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“O jeito foi fazer a lição de casa”

Everton de Boni santos, fundador da Fisa, revela como driblou a crise econômica

Pioneiro



SILVANA TOAZZA

silvana.toazza@pioneiro.com

Everton De Boni Santos, 56 anos, é fundador e diretor da Fisa Incorporadora, empresa caxiense que edificou 350 mil metros quadrados em 24 anos de argamassa no mercado.

Apesar da crise econômica, que retraiu a venda de imóveis e deixou o consumidor cauteloso, a construtora prepara-se para um novo ciclo de crescimento em 2018. A receita para subverter o momento delicado envolve diversificação de mercados, entrada em filões estratégicos e parcerias comerciais.

– Em tempos de crise, fazer alianças, com a escolha de parceiros e investidores diferenciados, tem sido uma das alternativas – revela o empresário.

Entre as apostas promissoras estão o lançamento do Fisa Center Med, centro de referência médica a ser concluído em 2020 no bairro de Lourdes, num investimento de R$ 80 milhões, e o ingresso no setor hoteleiro. A partir de alianças comerciais, a empresa já ergueu dois hotéis Super 8, nas cidades de Caxias do Sul e Bento Gonçalves, está com empreendimentos em obras em Itajaí (SC) e Guaíba e tem planos de lançar uma unidade da bandeira em Canela.

A seguir, trechos da entrevista com Everton De Boni Santos:

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ESTRATÉGIA Empresário apostou no ingresso em filões imobiliários como o médico e o hoteleiro

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A nova fase de crescimento da construção civil será comandada pelo setor de infraestrutura, lazer e turismo

  • De que forma a crise econômica impactou no setor da construção civil?
    Não devemos olhar para trás e nos contaminar negativamente, pois a crise da construção civil já chegou ao fundo do poço. A nova fase de crescimento será comandada pelo setor de infraestrutura, lazer e turismo, ao contrário do ciclo anterior, concentrado na área imobiliária. As construtoras e incorporadoras não sairão de cena do tradicional mercado imobiliário, muito menos a Fisa, visto que estamos sempre nos remodelando e ajustando as “velas” para viabilizar a continuidade sadia, capitalizando as significativas experiências e conhecimentos adquiridos nestes longos anos de operação, que não podem ser desprezados. 
  • Caxias foi mais atingida?
    Sim, em Caxias do Sul essa crise está sendo mais sentida do que no resto do país. Isso porque a indústria está muito centrada no metalmecânico que, por sua vez, tem uma relação muito forte com o ramo automotivo, setor que mais está sofrendo no momento. Então, hoje nós temos uma indústria estagnada na cidade e na região, com milhares de desempregados nos últimos anos. 
  • Quais as estratégias da Fisa para driblar essa retração?
    Para superar esse momento de pessimismo e manter os negócios, com visão de futuro, o jeito foi fazer a lição de casa. Reduzir custos fixos de forma a minimizar o ponto de equilíbrio, eliminar desperdícios, evitar e diminuir despesas, porém, sempre de forma proativa. Gerenciar e controlar duramente o caixa e o capital de giro. Executar branding, isto é, a marca Fisa passou a ser um ativo de valor inestimável nessas horas. Passamos a analisar o mix de produtos e as estratégias de lançamentos para dar preferência aos produtos de maior valor agregado, investindo na diferenciação. Por fim, apostamos na ampliação de mercados e em novos nichos de negócios, caminho que nos trouxe uma ótima via para expandir e rentabilizar os resultados. 
  • Qual a previsão de crescimento em 2017, quantos funcionários o grupo tem e qual o setor que mais se destacou?
    O ano foi de muito trabalho e preparação para organizar a nossa estrutura a fim de termos uma projeção muito animadora para 2018. Somos responsáveis por mais de 3 mil postos de trabalhos diretos e indiretos e, entre lançamentos, obras entregues e comercialização, estamos atuando nas cidades de Caxias do Sul, Farroupilha, Gramado, Canela, Lajeado, Guaíba, Itajaí e Palhoça (os dois últimos municípios em Santa Catarina). Do ponto de vista setorial, o segmento da saúde e o hoteleiro merecem um destaque especial no nosso portfólio de produtos.  
  • Quais os projetos em andamento e os planos para o filão da hotelaria?
    A Fisa se solidificou no ramo hoteleiro através da parceria estratégica com a rede de hotéis Super 8, marca detida pela Wyndham Hotel Group (administradora mundial), e após, com a ampla visibilidade adquirida, fomos muito procurados, fizemos parcerias com outras redes de entretenimento e hotelaria, nacionais e internacionais. Nosso plano é solidificar essas parcerias com os grandes players e trazer novos investidores. Estabelecer uma parceria estratégica é propor a outra companhia um relacionamento em que ambos os lados se beneficiem.  
  • Está mais difícil obter financiamentos para imóveis no mercado?
    Até algumas semanas atrás estava mais difícil, sim, porém, novas regras já passam a estar vigentes para financiamento da casa própria pela Caixa Federal, para os financiamentos habitacionais. Pelo novo modelo, os mutuários terão mais cinco anos para quitar os empréstimos. A Caixa ampliou o prazo do crédito habitacional de 30 para 35 anos. Para imóveis financiados pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH), as taxas caíram de 9% para 8,85% ao ano e, para os imóveis fora do SFH, os juros passaram de 10% para 9,9% ao ano. Esses números mostram que pequenas medidas podem gerar grandes resultados. 
  • Como crescer e se perpetuar num mercado concorrido?
    O nosso desafio permanente consiste em buscar novos mercados, inovações tecnológicas, modernas formas de gestão do negócio para o desenvolvimento sustentável. Dentro dessa estratégia, estamos hoje fortes em Gramado já com dois hotéis (em parceria com a Gramado Parks), sendo um deles com 136 unidades já em obras e outro com 445 unidades, com início programado para janeiro de 2018. Também já adquirimos três terrenos bem localizados em Porto Alegre com lançamentos previstos para o final de 2018 e VGV (Valor Geral de Vendas) de R$ 100 milhões. Ainda no próximo ano, teremos o lançamento de mais um hotel da Rede Super 8 em Canela. Posso adiantar ainda que estamos trabalhando fortemente com a possibilidade de um grande lançamento para 2018 em Caxias do Sul, em parceria com um player reconhecido no mercado nacional. 
  • Algumas construtoras de fora não se mantiveram em Caxias. O mercado é peculiar?
    A cultura caxiense causa um impacto em todas as atividades de marketing, ou seja, nos preços, nas formas de comercializar, nas promoções, nos canais de distribuição, nos produtos, nos valores percebidos, entre outros. Ao observar os movimentos de novos players na cidade, pude perceber a importância de estabelecer parcerias e alianças com empresas locais.

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