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+Fruticultura

Maçã internacional 

Liderada pelos produtores de Vacaria, a exportação da fruta gaúcha deve se expandir pelo segundo
ano consecutivo

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FERNANDO SOARES
fernando.soares@pioneiro.com

Marcelo Casagrande

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retomada | Sperotto diz que, após nove anos, a Frutini voltará a exportar maçã

Marcada por altos e baixos ao longo da última década, a exportação gaúcha de maçã deve iniciar um novo ciclo de expansão. Esta safra marcará o segundo ano consecutivo de incremento nos embarques, que em 2017 chegaram a 34,4 milhões de quilos da fruta e geraram uma receita de US$ 27,3 milhões, segundo a Fundação de Economia e Estatística (FEE). O câmbio favorável e a recente abertura de novos mercados, principalmente na Ásia, estimulam os produtores a reforçarem a aposta no exterior.

As vendas do Rio Grande do Sul têm como única origem Vacaria, cidade que detém mais de 20% da produção nacional de maçãs e responde por 80% das exportações do Brasil neste ramo. No município dos Campos de Cima da Serra, as empresas fazem projeções otimistas com relação aos negócios.

Com 1,1 mil hectares de pomares e expectativa de colher 52 milhões de quilos da fruta, a Rasip pretende quintuplicar o comércio exterior neste ano.

– Temos o objetivo de exportar entre 10% a 20% da safra, já que o câmbio está bom e temos bastante produção. A ideia é vender até 10 milhões de quilos. No ano passado, exportamos 2 milhões de quilos – diz Celso Zancan, diretor de fruticultura da Rasip.

Entre os principais compradores da Rasip estará a Índia, país que, no final do ano passado, flexibilizou suas exigências fitossanitárias e passou a permitir a importação da maçã brasileira. Apenas para os asiáticos, a marca enviará 2 milhões de quilos da fruta, quantidade que deve ser ampliada nas próximas temporadas. Esse movimento deve contribuir para que o faturamento total cresça 30% e atinja R$ 150 milhões em 2018. Do montante, mais de R$ 20 milhões virão da exportação.

Outros destinos com negócios expressivos encaminhados pelos produtores vacarienses são Bangladesh, Rússia e Emirados Árabes Unidos. Ao longo da última década, estes países se consolidaram como alguns dos principais compradores da maçã gaúcha. A partir da ascensão dos destinos do Oriente Médio e da Ásia, a Europa passou a ficar em segundo plano.

Na projeção da Associação Brasileira de Produtores de Maçã (ABPM), o Rio Grande do Sul deve exportar até 40 milhões de quilos em 2018. Além da valorização do dólar e dos novos mercados, outro fator deve impulsionar a exportação da fruta vinda dos pomares brasileiros: a situação dos produtores europeus, que sofreram com a geada e terão menos maçã para venda.

– A possibilidade de exportar neste ano é maior, devido à falta de fruta na Europa. Isso contribui para ampliarmos mercado fora do Brasil – aponta Pierre Pérès, presidente ABPM.

Volta ao comércio exterior

A situação favorável ao comércio exterior vai fazer com que a Frutini, também de Vacaria, ensaie o retorno à atividade. A empresa chegou a trabalhar com exportação em 2009, mas desistiu pela pouca atratividade naquele momento. Agora, a intenção é embarcar em torno de 650 toneladas da fruta para a Ásia. Os detalhes do negócio ainda estão sendo encaminhados, mas o movimento será realizado em conjunto com outros empreendedores do segmento.

O diretor comercial da Frutini, Vinicius Sperotto, ressalta que a companhia exportará em caráter experimental. Dependendo dos resultados, essa deve se tornar uma nova fonte de receita nas safras seguintes.

– No ano passado, a comercialização no mercado interno foi complicada, pois houve alta produtividade. Estamos buscando a exportação como alternativa para tirar a pressão do mercado interno – explica.

Com 500 hectares de pomares espalhados por Bom Jesus, Muitos Capões e Vacaria, a Frutini fatura em torno R$ 60 milhões ao ano, valor que pode subir com as transções internacionais.

A maçã é a fruta mais exportada do Rio Grande do Sul, conforme a FEE. Nesta safra, a tendência é que um mercado recém aberto, a Índia, seja o principal destino dos embarques. 

Trajetória da Exportação

Fonte: Fundação de Economia e Estatística (FEE)

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Variedade fuji puxa redução
da safra

Marcelo Casagrande

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450 milhões de quilos | Falta de frio é um dos motivos para a redução da safra, na comparação com o ano anterior. Iniciada em janeiro, a colheita seguirá até abril

Após uma safra recorde em 2017, a maçã terá menor volume de produção neste ano no Rio Grande do Sul. Antes do início da colheita, a Associação Brasileira de Produtores de Maçã (ABPM) estimava a retirada de 520 milhões de quilos de fruta das macieiras gaúchas. Agora, a projeção é de algo em torno aos 480 milhões de quilos, resultado inferior aos 506 milhões de quilos obtidos no ano passado.

– Neste ano, a quebra maior é na fuji (deverá passar de 189 milhões a 160 milhões de quilos). É algo normal. A fuji oscila mais, produz bem em um ano e no outro cai – aponta o presidente da Associação Gaúcha dos Produtores de Maçã (Agapomi), Eliseu Zardo Boeno.

Na variedade gala, a principal em solo gaúcho, a safra tende a manter um patamar semelhante ao do ano passado, quando rendeu 281 milhões de quilos. Com isso, mesmo abaixo da última temporada, o desempenho em 2018 ficará dentro da média histórica. Em quantidade, o Rio Grande do Sul responde por 45% da produção brasileira e está atrás apenas de Santa Catarina, que tem uma fatia de 50% do mercado.

O supervisor da Estação Experimental de Fruticultura de Clima Temperado da Embrapa, em Vacaria, Adalécio Kovaleski, constata que a fruta foi afetada pela falta de frio no decorrer do inverno. Ele lembra que, no município dos Campos de Cima da Serra, houve cerca de 280 horas de temperatura abaixo dos 7,2 graus, quando para a variedade gala recomenda-se mais de 500 horas e na fuji acima de 600.

– O inverno fraco vai render uma fruta de menor qualidade. Como consequência do pouco frio, originou-se uma fruta de menor tamanho – descreve Kovaleski.

 Com a redução do tamanho, para preencher uma caixa de 18 quilos, serão necessários 140 frutos. No ano anterior, 120 maçãs bastavam para alcançar o mesmo peso.

Por outro lado, o pesquisador lembra que não há ocorrências graves de pragas nos pomares e que as condições climáticas foram favoráveis. Não houve incidência de granizo no Estado, algo que prejudicou muitos produtores em 2017. Alguns deles, na ocasião, perderam mais de 30% da área plantada por conta da chuva de pedra.

Ao todo, a gala responde por 55% da produção gaúcha, a fuji por 37% e outras variedades por 8%.

A fruta no Rio Grande do Sul

Fontes: ABPM e Agapomi

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Mais de 10 mil safristas são contratados para a colheita 

Marcelo Casagrande

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do mato grosso |  Há cinco anos, Claudemiro e outros índios da tribo Terena vêm de Aquidauana para trabalhar na safra em Vacaria

Já é uma tradição. A cada início de ano, milhares de pessoas chegam a Vacaria para trabalhar na colheita da maçã. Apenas em 2018, conforme a Associação Gaúcha de Produtores de Maçã (Agapomi), entre 10 mil e 12 mil safristas retirarão as frutas dos pomares. Grande parte desse contingente chega ao município no final de janeiro e fica até o início de março, período da variedade gala. Uma parcela menor segue para lidar com a fuji, entre meados de março e abril.

Mais da metade dos trabalhadores temporários vem de fora da Serra, em especial de municípios da Fronteira Oeste e da região das Missões do Rio Grande do Sul e de cidades catarinenses e paranaenses. Há alguns que percorrem distância ainda maior e todos os anos garantem presença em Vacaria. É o caso do índio Claudemiro Moreira, que desde 2013 sai da tribo Terena, em Aquidauana, no Mato Grosso, e se dirige aos Campos de Cima da Serra.

– Viemos em duas turmas da tribo, com quase 90 pessoas. A maior parte da nossa renda vem do período da maçã. Nossas conquistas, como construção de casa e compra de carro, vêm da maçã – aponta.

Com a experiência nos pomares, Moreira subiu de patamar e hoje é supervisor de uma turma de trabalhadores. Como os funcionários ganham uma parte da renda a partir da produtividade, ele monitora se os colegas estão colhendo a fruta no ponto certo de maturação.

Em geral, um safrista pode ganhar entre R$ 2,5 mil e R$ 3 mil mensais, entre salário, horas extras e bônus. Na média, cada profissional fica na cidade por cerca de 45 dias.

A safra também tem espaço para os novatos. 20% da mão de obra não possui experiência prévia na atividade. Felipe Oliveira saiu de Santo Antônio das Missões para colher maçã pela primeira vez na vida. Ele chegou a Vacaria no final de janeiro, depois de um período colhendo uva em Monte Belo do Sul.

– O bom da colheita da maçã é que o trabalho tem carteira assinada, o que não acontece com outras culturas – compara.

Não à toa a formalização das contratações é regra nos pomares. A fiscalização do Ministério do Trabalho em relação às condições fornecidas aos trabalhadores é intensa. Isso porque, na atividade, já foram encontrados casos de trabalho análogo à escravidão. Atualmente, as contratações são encaminhadas com meses de antecedência ao início da atividade.


Para fugir da crise

A falta de oportunidades no município de origem é apontada pelos trabalhadores como o principal motivo para o deslocamento até os Campos de Cima da Serra. Natural de São Luiz Gonzaga, Ramon Bueno começou a participar da colheita da maçã em 1992 e ficou por uma década na atividade. Três anos atrás conseguiu emprego fixo e deixou a atividade rural. Ao ficar sem trabalho, no ano passado, decidiu retornar aos pomares.

– Voltei para a colheita da maçã porque na nossa região há crise, está difícil conseguir trabalho – resume.


Economia em torno da maçã

Pela diminuição recente na área plantada, Vacaria há dois anos perdeu o posto de maior produtora de maçã do Brasil para São Joaquim, em Santa Catarina. De acordo com a Agapomi, houve redução de 454 hectares de macieiras, entre 2011 e 2016. A área atual totaliza 6,6 mil hectares. Ainda assim, a fruta tem um papel crucial para a cidade. A economia local gira em torno dos pomares.

Segundo a prefeitura, a atividade gera 30% dos empregos em Vacaria, um município com cerca de 70 mil habitantes. Não à toa, já que os pomares rendem mais da metade da produção do Rio Grande do Sul e um quinto da safra do Brasil. Sendo assim, as grandes empresas do ramo são as maiores empregadoras na localidade. Isso sem levar em consideração o movimento de trabalhadores temporários, entre janeiro e abril, durante o período da colheita.

Ao contrário da nova líder nacional, São Joaquim, que se notabiliza por ter mais de 1,2 mil agricultores com macieiras, Vacaria tem como característica a concentração da atividade em médios e grandes produtores. Não passa de 70 o número de envolvidos no segmento, sendo que alguns deles também investem em cidades catarinenses.

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