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14 de maio de 2018

+ turismo

Estadia em conta

luciano e jane trocaram, temporariamente,
a casa em alagoas, por hospedagem no RS.
a Economia é de R$ 3 mil 

marcelo casagrande

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JULIANA BEVILAQUA
juliana.bevilaqua@pioneiro.com

Luciano e Jane Melo resolveram colocar o pé na estrada sem data para voltar para casa. Há menos de um mês, iniciaram a viagem que começaram a planejar no ano passado. Enquanto corpo e mente permitirem, o casal de Maceió, Alagoas, estará rodando o país de carro. A aventura começou em Canela, um dos destinos preferidos dos dois. Eles já estiveram na região outras 15 vezes! Agora, estão em São Francisco de Paula, onde devem permanecer até o final da semana. A próxima parada ainda não está definida. Talvez São Joaquim, na Serra Catarinense, para sentir o frio que nem de longe faz no Nordeste.

Como a trip promete ser longa, buscaram uma alternativa mais em conta para o bolso. Conheceram, então, uma plataforma na internet para troca de casas. Fizeram cadastro no site, oferecendo para permuta a residência da família na praia do Francês. Os proprietários das casas de Canela e São Chico ficarão hospedados em Alagoas em fevereiro de 2019, pelo mesmo período que Luciano e a esposa ficaram em suas casas no Rio Grande do Sul. Eles já têm pouso garantido também em Caldas Novas, no interior de Goiás.

Com o sistema de troca, o casal estima economizar, somente na passagem pela Serra, cerca de R$ 3 mil em hospedagem.

– Assim, a gente consegue viajar mais, comer melhor – diz Luciano. 

Mas a economia não é o único benefício apontado pelo casal para optar pela troca de casa. Viver como um local é uma delas. Nos dias em que esteve em Canela, Luciano e Jane adquiriram hábitos bem típicos da região, como colher pinhão na rua e cozinhar no fogão – a sapecada era ainda desconhecida.

A economia em hospedagem, segundo a plataforma Be Local, pode chegar a 80%.

– É uma coisa trivial, mas que eu não faço no meu dia a dia – relata Luciano.

divulgação

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alagoas | Casa de Luciano e Jane no Francês



Casas secundárias

Vários sites oferecem a possibilidade de troca de casas por temporada. Luciano e Jane escolheram o Be Local, da carioca Andrea Aguiar, que opera no Brasil há cerca de um ano e tem 900 imóveis cadastrados no país e no Exterior. Na Serra, além de Canela e São Francisco, há casas disponíveis para troca em Gramado e Protásio Alves.

– É uma outra forma de hospedagem. Proporciona economia, mas tem outros pontos. É um turismo de qualidade. Converso antes com a pessoa, minha casa fica preparada, deixo dicas. Traz uma experiência diferente – defende Andrea, sócia-fundadora da plataforma.

A maioria das pessoas oferece para troca uma casa secundária, ou seja, não aquela onde elas moram, mas uma casa de veraneio, por exemplo.

– Para quem tem casa de férias é mais fácil, porque já está acostumado a alugar.

Motivo especial

A viagem de Luciano não é uma simples viagem de férias. Há um motivo especial. Luciano Melo, 61 anos, quer servir de inspiração para quem, assim como ele, tem Mal de Parkinson. Suas experiências ao longo dos próximos meses serão compartilhadas em um grupo que reúne no Facebook pacientes de todo o país.

Médico aposentado, Luciano descobriu a doença há cerca de seis anos. Passou por todas as fases dela: da negação à aceitação. Resolveu encarar a situação viajando.

Com a esposa Jane Pontes Melo, 57, divide a jornada e o volante. Com a medicação acertada e correta e cuidados com a alimentação, ele consegue até dirigir.

– O que posso tirar dessa vida é que você não é dono dela. Espero que as pessoas possam viajar com a gente – diz, empolgado, Luciano.

Sites para troca de casa

Como funciona

  1. A troca de casas é feita através de sites especializados.
  2. As formas de troca variam de site para site. A troca tradicional é a simultânea, que ocorre quando você está na casa da pessoa, e ela está na sua.  
  3. Há sites que oferecem pontos para quem disponibiliza a casa.  
  4. Você faz o cadastro no site e efetua o pagamento, caso não seja gratuito. 
  5. Cria um perfil com fotos da casa e informações sobre ela.  
  6. Você pesquisa casas de seu interesse e envia propostas de troca. Outras pessoas também podem enviar propostas para você.  
  7. Se houve interesse, vocês “fecham negócio”. 

Outras formas

  • Couchsurfing - Site que permite oferecer e buscar acomodação gratuita em qualquer parte do mundo.
  • Warm Showers - Comunidade para hospedagem gratuita de ciclistas viajantes. Para quem está disposto a receber cicloturistas.
  • Worldpackers - Plataforma para troca de trabalho por hospedagem. O hóspede troca algumas horas por semana de trabalho pela hospedagem. Vale para hostels, pousadas, campings, ONGs, projetos sociais, fazendas, ecovilas, restaurantes e até pequenos negócios.
  • Airbnb - Serviço online para as pessoas anunciarem, descobrirem e reservarem acomodações e meios de hospedagem. 
  • Booking - Empresa de e-commerce de viagens. Oferece desde apartamentos, casas de temporada, cama e cafés administrados por famílias a resorts 5 estrelas. 
  • OLX - Empresa de compras e vendas de produtos e serviços que atua publicando anúncios classificados na Internet

Setor hoteleiro pede regulação

Diferentemente dos clubes para troca de casas, as plataforma de compartilhamento como Airbnb e Booking proporcionam lucrar com a atividade a quem disponibiliza sua casa para locação. O sistema é, de fato, vantajoso para quem o utiliza. Mas as plataformas preocupam o setor hoteleiro. Presidente do Sindicato Empresarial de Gastronomia e Hotelaria Região Uva e Vinho (Segh), Vicente Homero Perini Filho estima o prejuízo de 10%. Apesar disso, reconhece que é preciso conviver com as novas formas de hospedagem.

– É como o Uber. A gente vai ter que conviver com isso, mas acho que tem que pagar alguns impostos – exemplifica.

Na Região das Hortênsias, o setor perde cerca de 25% da taxa de ocupação com a concorrência considerada desleal pelo presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares da Região das Hortênsias, Fernando Boscardin. Ele estima que, da arrecadação anual de R$ 1,3 bilhão em diárias vendidas na Serra, Airbnb fique com 15%, o equivalente a R$ 207 milhões.

Conforme pesquisa do próprio Airbnb, feita em conjunto com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), a companhia adicionou R$ 2,5 bilhões à economia brasileira em 2016. A plataforma gerou naquele ano 70 mil empregos.

– Se tem uma ideia romântica sobre o aluguel de temporada. Se pensa que ele é explorado por pessoas que economizaram durante a vida toda para ter um apartamento a mais e alugar. Isso é ilusão. Hoje estão construindo prédios inteiros, com 40 ou mais apartamentos, exclusivamente dedicados ao aluguel de temporada, hotéis que, em sua maioria, estão disfarçados de residenciais, sem recolher impostos – diz Boscardin.

Segundo ele, Gramado tem, oficialmente, 200 hotéis, mas sites como Booking mostram quase 900 opções na cidade. A maioria, conforme Boscardin, não aceita cartão de crédito. O receio é que os hoteleiros deem baixa no hotel e o transformem em aluguel de temporada de maneira informal.

– Não temos medo de concorrência. Gramado ganhou em 2015 como o quarto melhor destino em reputação de hotéis no mundo, segundo eleição dos usuários da Trip Advisor. Não queremos tirar o pão da boca de ninguém. O que queremos é a regulamentação de quem está fora do sistema. Que eles tenham as mesmas obrigações legais e tributárias que todos nós. Ou que então tirem da gente esse peso e nos deixem com a mesma ausência de obrigações que eles – reclama. 

Provou e aprovou

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Férias | Adriane ficou em casa trocada em São Francisco do Sul

A professora Adriane Viana, 45, de Novo Hamburgo, é fã de hospedagem alternativa. É dela a casa em São Francisco de Paula onde Luciano e Jane passam alguns dias. Em fevereiro, ela vai para Alagoas e imagina economizar cerca de R$ 3,5 mil com hospedagem. Antes, passa Natal e Réveillon em uma casa trocada em Bombinhas, litoral catarinense.

– A hospedagem é um gasto significativo. Com a troca, a gente pode ficar mais dias e levar a família inteira. Eu abracei essa ideia, estamos vivendo um novo tempo – acredita.

Mas não é somente da troca que Adriane é adepta. Ela também costuma se hospedar por meio de sites como Airbnb, Booking e OLX. Sua casa em São Chico também está cadastrada nessas plataformas para locação. Seja trocando ou alugando, ela garante que sempre sai ganhando. 

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São chico | Casa de Adriane cadastrada em sites de troca

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