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02 de JUlHO de 2018

+Logística

A transformação do transporte

novos caminhões recorrem a produtos e serviços inovadores para otimizar desempenho

MARCELO CASAGRANDE

Mobirise
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FERNANDO SOARES
fernando.soares@pioneiro.com

Medidores de nível de combustível, freios automáticos, rastreadores de carga, sistemas de monitoramento das condições do caminhão. Essas e outras tecnologias estão cada vez mais presentes nos caminhões que atravessam o Brasil de norte a sul transportando cargas. Os veículos que saem das fábricas atualmente estão munidos de computadores de bordo e podem ser recheados com diversos acessórios que auxiliam a melhorar o desempenho. Praticamente tudo está conectado à internet, nenhum detalhe sobre o trajeto na estrada escapa.

Atualmente, um caminhão com tecnologia de ponta pode custar na faixa dos R$ 380 mil a R$ 500 mil. Com as condições precárias das rodovias em muitos pontos do Rio Grande do Sul, o empresariado muitas vezes acaba pensando duas vezes antes de realizar o investimento.

– É como se tu pilotasses um avião mas não tivesses aeroporto para dar condições de voo – compara Afrânio Kieling, presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga e Logística no Estado (Setcergs).

Ainda assim, o dirigente ressalta que a tecnologia aumenta a competitividade e, por isso, tende a se popularizar aos poucos. Uma série de produtos e serviços tecnológicos foi apresentada ao público em Bento Gonçalves, na semana passada, durante a 20ª Feira e Congresso de Transportes e Logística (Transposul). Ao todo, o evento movimentou em torno de R$ 150 milhões em negócios durante os três dias em que ocorreu. Confira algumas das principais tendências, que já começam a se tornar realidade nos caminhões brasileiros.

 

  

Sensores inteligentes

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A instalação de sensores pode garantir maior segurança na direção para os condutores. Dois dos maiores expoentes neste sentido são os equipamentos acoplados no para-choque e no para-brisas dos caminhões, que garantem que o motorista não saia da faixa na rodovia e ainda possibilitam a acionamento automático do freio, em casos iminentes de colisão.

Os equipamentos costumam fazer parte dos kits de segurança disponibilizados em vários modelos fabricados pelas montadoras. Com o leitor de faixas, caso o motorista esteja desatento e saia da pista, um alarme começa a soar na cabine e só para quando o erro é corrigido. Já com o leitor de distância, o veículo tem o freio acionado imediatamente caso se aproxime demasiadamente de outro veículo ou objeto.

Além disso, quase todos os novos modelos de caminhões buscam dar mais conforto ao motorista, já que possuem câmbio automático e, em alguns casos, até contam com um botão de freio na direção.

– Há uma série de opcionais que deixam a viagem agradável e segura. Os caminhões já têm uma semiautomação – destaca André Moraes de Almeida, consultor da Mercedes-Benz.





Telemetria

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Uma tecnologia utilizada em carros de Fórmula 1 começa a se tornar popular nos caminhões. Praticamente todas as montadoras já estão disponibilizando sistemas de telemetria em seus veículos. Por meio da telemetria, é possível ter acesso às informações como o estado dos pneus, o tempo estimado até o destino final, entre outros aspectos que evidenciam a situação mecânica do veículo. Tudo em tempo real, a partir da conexão com a internet. Os dados são captados através de sensores e ficam armazenados em um servidor na nuvem, podendo ser acessados a distância.

– A telemetria faz o relatório de consumo de combustível, de quilometragem, informa como está a condução do motorista. A partir dela, conseguimos analisar e corrigir posturas e possíveis erros de condução – destaca Ismael Decol, instrutor de concessionária da Volvo.

As montadoras costumam cobrar uma mensalidade pelo uso da telemetria. Para cada caminhão, os valores mensais vão de R$ 100 a R$ 300, em média, dependendo do tipo de plano escolhido. Esse tipo de serviço se tornou uma das principais apostas das montadoras no momento, em função da crescente demanda. Em grandes transportadoras, a telemetria já está presente em grande parte da frota.

O consultor de vendas da Mercedez-Benz André Moraes de Almeida diz que as companhias conseguem resolver uma série de problemas a partir do uso das informações do sistema. Um deles é o desvio de combustível, que ocorre quando um motorista negocia e revende informalmente o insumo a postos na estrada.

– Um grande problema das transportadoras hoje é o desvio de combustível. E com a telemetria, o relatório informa exatamente se houve algum desvio. Se desligou o caminhão tendo 80% do tanque cheio e, quando ligou de novo, tinha metade, o sistema vai detectar – aponta Almeida.  

  



Produtos de segurança

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Pequenos equipamentos para o rastreio de cargas, teclados de bordo com botão de alerta, travas de rodas e baús acionados somente a distância. Essas são algumas das armas que os caminhoneiros têm à disposição para se defender da ação de criminosos especializados em roubo de cargas, um problema que só tem aumentado.

De acordo com a Associação Nacional de Transporte Rodoviário de Cargas e Logística (NTC&Logística), a quantidade de ocorrências de roubo de cargas no Brasil cresceu 49% entre 2014 e 2017. Ao todo, o número de ocorrências anuais saltou de 17,4 mil para 25,9 mil. Apenas no ano passado, o prejuízo estimado com esse problema foi de R$ 1,5 bilhão.

Como reflexo desse cenário, o gerente de marketing da OnixSat, Willian Beneventi, destaca que o mercado de itens de segurança vem crescendo substancialmente nos últimos anos. Focada em produtos de rastreamento, a empresa tem entre seus carro-chefes um sensor (foto) que permite localizar a carga, caso ela seja roubada.

– Com um pequeno sensor escondido dentro da carga é possível rastrear até via celular onde ela está – explica Beneventi.

A solução tem preço de aproximadamente R$ 600.








Medidor de combustível

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Em tempos onde o aumento do preço do diesel se tornou o estopim para a mobilização dos caminhoneiros, reduzir os custos com combustível virou uma das principais metas dos transportadores. Neste sentido, algumas soluções no mercado permitem que motoristas e empresas consigam controlar o consumo e verificar se está ocorrendo algum tipo de desperdício. Uma delas é um kit que agrega medidor combustível e um rastreador telemático.

– Você instala o medidor em cada tanque do caminhão e o conecta com um terminal telemático. A partir daí, é possível ter informações online sobre o volume do tanque, o quanto está sendo consumido e toda a gestão do tanque – explica Vinicius Callegari, gerente de vendas da Omnicomm, companhia russa que fabrica o aparelho.

Enquanto o motorista está na estrada, a transportadora tem acesso aos níveis de combustível e pode fazer recomendações, por meio do sistema, para que o condutor diminua eventuais desperdícios. O conjunto de equipamento custa em torno de R$ 2,5 mil. A partir da boa gestão das informações, é possível ter uma economia de aproximadamente 15% com os gastos com
diesel.



Radiofrequência

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Imagine não ter mais que contar uma por uma as caixas no estoque antes de colocar os pedidos dentro do caminhão. Isso é possível a partir do uso da radiofrequência (Radio Frequence Identification - RFID), uma possibilidade ainda pouco explorada pelas empresas. Com a implementação de tags (etiquetas) nos produtos, a instalação de um equipamento leitor das ondas de frequência e um software é possível ter o controle preciso das mercadorias e acompanhar o seu destino até a ponta final da cadeia de consumo.

– A radiofrequência pode ser usada em diferentes lugares da empresa, mas principalmente no setro de expedição – comenta Felipe Stürmer, sócio gerente da K&D, companhia que trabalha com soluções em RFID.

O principal ganho obtido a partir da adesão à tecnologia acaba sendo a otimização das tarefas e também a redução do tempo para realizar alguns processos. Isso porque, com a radiofrequência, não é mais necessário que uma pessoa fique conferindo cada mercadoria e passando o leitor de código de barras em cada volume individualmente.

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