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09 de JUlHO de 2018

+ entrevista

20 anos rodando o mundo

volare, de Caxias, comemora retomada dos negócios, mudança de sede e liderança no mercado de miniônibus

Mobirise



SILVANA TOAZZA

silvana.toazza@pioneiro.com

Depois de três anos de freio puxado na economia, o mercado de miniônibus volta a acelerar. Para 2018, a Volare, fabricante caxiense integrante da família Marcopolo, espera superar as 2,2 mil unidades produzidas, avanço de 20%. É muito? Sim e não. Sim, em relação aos últimos anos, mas bem longe de retomar o cenário vivido até 2013.

– Chegamos a produzir e comercializar mais de 5,5 mil veículos em um ano e caímos para 1,4 mil, em 2016, e 1,8 mil, no ano passado – ilustra João Paulo Pohl Ledur, 38 anos, diretor da Volare.

Mas o momento é de cantar pneus, não só pelo respiro pós-crise, mas porque a Volare completa 20 anos de estrada tendo conquistado a marca histórica de 65 mil miniônibus produzidos para o Brasil e o mundo.

Na entrevista a seguir, o executivo comenta sobre a mudança da empresa do bairro Planalto para Ana Rech, os lançamentos e as perspectivas do setor automotivo:

DIOGO SALLABERRY

Mobirise

nicho | João Paulo Pohl Ledur fala da aposta nos miniônibus escolares com acessibilidade

  • O que a Volare tem a comemorar nesses 20 anos de estrada?
    Muito. Primeiro, por ter alcançado tanto sucesso rapidamente e pela imagem que possui. Segundo, por representar um exemplo para a indústria de ônibus de Caxias do Sul, do Brasil e do mundo. A Volare é uma montadora de veículos 100% nacional e 100% caxiense. Nasceu aqui e daqui produz para o resto do país e para o mundo. São mais de 65 mil veículos fabricados e comercializados, com destaque para o importante papel no segmento escolar e no desenvolvimento do transporte nas regiões mais difíceis do nosso território. E temos muito mais a comemorar este ano: a mudança para Ana Rech, o crescimento de vendas, o lançamento de novos modelos, o sucesso no mercado externo e essa energia e sinergia que existem e que envolvem todos os nossos colaboradores. 
  • Qual a capacidade de fabricação da empresa e o número de funcionários?
    Hoje, a capacidade instalada da Volare em duas plantas no Brasil é de cerca de 20 veículos por dia, sendo que em Caxias do Sul estamos produzindo 14 unidades e em São Mateus, no Espírito Santo, outras seis. Ou seja, ainda temos espaço e capacidade para crescer e atender à demanda maior dos mercados nacional e internacional. Hoje, são cerca de 1,4 mil colaboradores, sendo 900 em Caxias do Sul e 500 em São Mateus. 
  • Quais os mercados atendidos e os que estão no horizonte da empresa?
    Nossos veículos rodam no Brasil e em quase todos os continentes do mundo. América do Sul, América Central, África e Oriente Médio. Nos últimos anos, a Volare iniciou um programa para ampliação de sua presença no mercado internacional. Com isso, as exportações cresceram e vão crescer ainda mais. A intensificação do foco no cenário internacional vai permitir que, em 2018, alcancemos o recorde de exportação, com mais de 500 unidades enviadas a clientes do Exterior. Em 2017, iniciamos a produção em PKD (unidades semiprontas) do modelo Fly 9, em parceria com uma das plantas do grupo no México, a Polomex. O foco é fabricar modelos destinados a fretamento e turismo para os principais destinos turísticos, como, por exemplo, Cancún, para onde já se somam mais de 30 veículos exportados. 
  • A Volare já se mudou da fábrica do bairro Planalto?
    Sim. Isso ocorreu em fevereiro deste ano e estamos funcionando plenamente na nova unidade de Ana Rech. Naquele mês, demos início à produção dos veículos da marca na nova linha fabril, localizada na unidade San Marino (junto à Neobus, adquirida pelo grupo em 2016). A mudança de toda operação Volare da unidade Planalto para Ana Rech representou o primeiro passo da estratégia definida pela Marcopolo visando ao melhor aproveitamento das sinergias entre as três marcas, com ganhos de eficiência operacional, qualidade e produtividade. A unidade é muito moderna e foi adequada e preparada para produzir modelos Volare, Neobus e Marcopolo, de acordo com a demanda do mercado e as sinergias definidas pela direção da companhia. A nova linha da Volare é ampla, possui equipamentos modernos e possibilita ganhos significativos, como melhor fluxo do sistema produtivo, otimização dos recursos de logística e almoxarifado, entre outros. Também proporciona vantagens sensíveis para os profissionais em termos de ergonomia e conforto. Todas as pessoas que atuavam na unidade Planalto foram mantidas, tanto as das áreas produtivas quanto as da administrativa, e a produção atual está em 14 unidades por dia, entre os diversos modelos. 
Mobirise

A expectativa é de superar as 2,2 mil unidades fabricadas em 2018, o que representa um crescimento de 20%


  • O mercado de miniônibus está aquecido?
    Sim. Em relação aos últimos três anos, está aquecido. Em relação ao que era até 2013, ainda está significativamente abaixo. Para se ter ideia, chegamos a produzir e comercializar mais de 5,5 mil veículos em um ano e caímos para 1,4 mil em 2016 e 1,8 mil no ano passado. A perspectiva é de superar as 2,2 mil unidades em 2018, o que representará crescimento de cerca de 20%, mas ainda menos da metade do que vendíamos. Mesmo assim, não podemos reclamar. O importante é que o mercado retome com todo o vigor. Essa queda na demanda teve aspectos positivos, pois permitiu que buscássemos maior competitividade e que nos aproximássemos ainda mais dos nossos clientes e dos usuários dos nossos veículos, algo muito importante. Também possibilitou que focássemos na eficiência, na segurança e na redução de custos, sempre evoluindo. 
  • De que forma a crise econômica interferiu nesse segmento?
    A crise brasileira repercutiu muito forte na indústria automotiva e, sobretudo, no segmento de veículos comerciais, caminhões e ônibus. Caímos mais de 60% e baixamos de 35 mil unidades por ano para 10 mil. A demanda por ônibus, de todos os tamanhos e modelos, simplesmente sumiu. Os clientes deixaram de comprar. Imagine uma fábrica como a Volare, que estava preparada para produzir mais de 5 mil unidades por ano, e, em pouco tempo, a demanda é de pouco mais de mil? Foi um baque tremendo e que ainda assusta. Mas a Volare, com a sua energia e juventude, conseguiu superar os piores momentos e estamos muito animados e determinados para conquistar muitos outros 20 anos. 
  • Qual a expectativa de crescimento nos negócios da Volare em 2018? 
    Estamos planejando um crescimento de cerca de 20%, incluindo mercado interno e externo. A demanda por modelos escolares cresceu bastante e vamos fornecer um modelo inédito e único, que é o Access, o primeiro miniônibus totalmente acessível do Brasil, com piso baixo, suspensão pneumática e motor traseiro. Ele é feito integralmente aqui em Caxias do Sul. Também estamos atuando muito forte no segmento de varejo, na venda para os pequenos operadores, e temos crescido bastante. A nossa participação de mercado é superior aos 50%. 
  • Que planos de expansão estão na mira da companhia?
    A Volare vai continuar crescendo. Somos reconhecidos pela inovação e vamos trabalhar ainda mais nisso. O Access-E é um exemplo de como pensamos e planejamos à frente, por ser 100% sustentável com motorização elétrica. Tudo isso não é de hoje e, desde o próprio nascimento da marca, estivemos sempre à frente criando tendências e antecipando novidades, como o primeiro modelo escolar, em 1999. Estamos atentos à eletromobilidade e a veículos movidos a combustíveis de fontes renováveis e sustentáveis. Outro aspecto importante é o conceito da Volare de mobilidade. Isso está explícito no próprio tamanho e dimensões dos veículos. O futuro demandará uma integração de modais e também de veículos de diferentes tamanhos para permitir que a mobilidade, sobretudo urbana, evolua. Nesse sentido, a Volare está focada em desenvolver e oferecer modelos que atendam a toda essa gama de diferentes serviços e clientes que surgirão. 
  • Qual a lição que a crise econômica deixou ao setor de ônibus?
    Foram várias lições, pois não podemos descuidar nunca de estarmos próximos do nosso cliente e do mercado. Precisamos buscar a inovação, a eficiência, a competitividade e conhecer as necessidades do mercado. A crise não tem hora para chegar e também não tem hora para passar. Ou seja, precisamos estar preparados sempre, para adequar nossa marca ao que o mercado precisa e também para atender a esse mesmo mercado se, de repente, ele começar a “bombar”. Por último, e não menos importante, nosso maior bem sempre foram as pessoas, e a crise mostrou que só unidos, determinados e motivados podemos superar momentos duros e, mesmo quando nos atinge muito, acreditar que vamos vencer.

Volare em números

  • Em 20 anos de estrada, a empresa já produziu 65 mil miniônibus.
  • A capacidade instalada em duas plantas fabris (em Caxias do Sul e em São Mateus-ES) é de 20 veículos por dia.
  • Possui 1,4 mil funcionários entre as duas fábricas.
  • A expectativa em 2018 é de alcançar o recorde de 500 unidades exportadas.
  • A indústria espera fechar o ano com 2,2 mil miniônibus produzidos e vendidos, o que representa uma acelerada de 20% sobre o ano
  • A demanda por modelos escolares cresceu, e a Volare hoje absorve 50% do mercado brasileiro.

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