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23 de JUlHO de 2018

+ comércio exterior

Os pequenos
negócios miram o Exterior

empreendedores da serra querem quebrar o estigma de que exportação é só para os grandes

MARCELO CASAGRANDE

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internacionalização  |  Compact, de Poletti, tem parte expressiva do faturamento vinda do Exterior

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FERNANDO SOARES
fernando.soares@pioneiro.com

Mesmo sendo maioria no Brasil, as Micro e Pequenas Empresas (MPEs) ainda têm pouco protagonismo quando o assunto é exportação. De acordo com o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), elas geram apenas 1,2% do total das receitas obtidas nos embarques brasileiros para o Exterior. No entanto, aos poucos, alguns empreendedores começam a trabalhar para reverter esse quadro.

Segundo o Sebrae, o Brasil possui 6,4 milhões de empresas, sendo que 99% delas são MPEs. No entanto, conforme o MDIC, apenas 12,6 mil mirco e pequenas empresas brasileiras exportam.

O cenário de recessão, que trouxe queda na demanda interna, e a valorização do dólar nos últimos anos fizeram com que uma série de companhias de menor porte começassem a almejar um voo internacional.

Na Serra, há dois anos, um passo foi dado neste sentido. Empresários decidiram criar um grupo setorial dentro da Associação das Empresas de Pequeno Porte do Nordeste do Rio Grande do Sul (Microempa) voltado ao fomento das vendas para o Exterior. A cada 15 dias, os integrantes se reúnem para debater suas dúvidas e compartilhar informações sobre o assunto. Entre as ações tomadas até agora está a contratação de um representante comercial, cujo salário é dividido por três companhias. Além disso, foram realizadas capacitações junto a órgãos, como a Receita Federal, para entender quais são as exigências legais por trás da exportação.

– Vemos na exportação uma grande oportunidade de negócio, principalmente com os vizinhos. Há países que estão mais perto da gente do que algumas cidades do Brasil – aponta Pedro Dal Moro, coordenador do grupo setorial de Comércio Exterior (Microex) da Microempa.

Até agora, três empresas caxienses do Microex começaram a enviar seus produtos para fora do país, incluindo a Dal Moro Eletrônica, do coordenador do grupo. Fabricante de climatizadores de ar, exaustores e ventiladores, a companhia já embarcou quatro lotes de produtos para a Colômbia e o Paraguai. Agora, se prepara para atender a um novo pedido paraguaio no segundo semestre, totalizando quase US$ 50 mil.

Quem também fez sua estreia internacional recentemente foi a Serralog, que fabrica componentes eletrônicos para empilhadeiras. Após pouco mais de um ano do primeiro embarque, rumo à Colômbia, as vendas externas começam a ter peso no faturamento. Houve meses em que 5% das receitas vieram do Exterior. Para o futuro, a meta para é ambiciosa. Segundo o diretor Diogo Tomazzoni, até 2020, a ideia é ter até 20% dos ingressos a partir das exportações, com foco no mercado latino-americano.

– Uma pequena empresa que pensa em exportação acaba se qualificando, melhora a gestão e consegue uma vantagem competitiva no mercado. Além disso, o principal desafio é convencer outra pessoa, em outro país, a comprar teu produto. A parte burocrática acaba se tornando o de menos – justifica o diretor da Serralog.

 De pequena a média

No caso da fabricante de equipamentos de gastronomia Compact, a exportação tem servido como uma alavanca para uma mudança de patamar. Hoje de pequeno porte, a companhia está no caminho para se transformar em uma empresa média. Por trás desse crescimento está a estratégia de internacionalização da marca, que começou a ser desenvolvida seis anos atrás.

A caxiense Compact possui duas linhas de produtos, uma de utensílios para o setor automotivo, com artigos como cafeteiras e geladeiras, e outra de gastronomia, que inclui fornos e chapas, entre outros itens. No primeiro nicho, as vendas internacionais respondem por mais da metade dos negócios. No segundo, representam 10% e estão crescendo constantemente. O carro-chefe é a cafeteira para ônibus, com mais de 1 mil unidades comercializadas para fora do país ao ano. Ao todo, os produtos vão para dezenas de nações, entre elas México, Argentina e Chile, além de destinos na África e na América Central.

Para abrir os novos mercados, a empresa cercou-se de informações sobre potenciais alvos e começou a participar de feiras e eventos em seu segmento de atuação, buscando compradores estrangeiros. O diretor comercial da Compact, Guilherme Poletti, defende que as PMEs brasileiras rompam o estereótipo de que exportação é só para os grandes negócios. Ele lembra que em países europeus, como Alemanha e Itália, é comum que os pequenos puxem o resultado da balança comercial.

– Se não fosse a exportação, o impacto da crise seria mais significativo para nós. Teve vários meses que a exportação acabou salvando o nosso fluxo de caixa. No Brasil, ainda falta conhecimento para as pequenas empresas de que exportar não é um bicho de sete cabeças – analisa.

Poletti, entretanto, salienta que o trabalho em solo estrangeiro precisa ser de longo prazo, pois não se abrem mercados fora do Brasil de um dia para o outro.  

Segundo estatísticas do Ibravin, a comercialização da bebida sempre cresce no segundo trimestre de cada ano, que é quando as vinícolas abastecem os estabelecimentos para a demanda do inverno. No ano passado, foram vendidos 61,44 milhões de litros de abril a junho contra 31,79 milhões de litros nos três meses anteriores. Ou seja, a perspectiva de chegada do frio fez crescer em 93% os negócios do setor.

A baixa temperatura também é essencial para o desenvolvimento da matéria-prima do vinho.

– É de fundamental importância para manter a planta em dormência. Depois do acúmulo de frio, ocorre a brotação da uva e ela floresce com mais vigor – aponta Ênio Todeschini, engenheiro agrônomo do escritório da Emater em Caxias do Sul.

Para a vitivinicultura, considera-se frio as horas com temperatura inferior a 7,2 graus. Dependendo da variedade da uva, recomenda-se até 400 horas de frio para o desenvolvimento, como é o caso da cabernet sauvignon. No ano passado, a Serra teve 189 horas de frio, ficando abaixo da média histórica, que é superior a 400 horas. Neste ano, até junho, já foram 156 horas. (Colaboraram André Fidler e Cláudia Alessi)


Espetos de churrasco
ganham o mundo 

DIOGO SALLABERRY

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CHURRASCO  |  Empresa de Fábio Pescador já vendeu espetos para Argentina, Chile e México

O churrasco de final de semana é uma tradição mantida por diversas famílias do Rio Grande do Sul. E na maioria dos lares gaúchos a carne é assada no espeto. Pensando em criar algo que facilitasse a vida do assador, uma empresa de Caxias do Sul desenvolveu um espeto giratório movido por pilhas. A produção começou em 2015 e, desde o ano passado, o artigo também está presente em países como Argentina, Chile e México.

O diretor da Espeto Sul, Fábio Pescador, conta que se surpreendeu quando começou a receber, pela internet, pedidos de pessoas no Exterior interessadas no espeto giratório. Isso porque a utilização de espeto é um costume gaúcho. Em outras partes do mundo, o churrasco geralmente é feito na grelha. Ainda assim, o espeto giratório acabou caindo nas graças dos lojistas estrangeiros, muitos deles interessados em atender às demandas dos brasileiros que residem em outros países.

– No ano passado, exportamos 1,5 mil espetos. E só no primeiro semestre deste ano, já vendemos mais de 2,3 mil espetos para o Exterior – comemora Pescador.

Com a crescente procura internacional, a Espeto Sul hoje possui 20% do seu faturamento vindo dos negócios externos. A meta é finalizar 2018 vendendo, pelo menos, mais 4 mil unidades para fora do país. Neste sentido, a empresa está em tratativas com possíveis revendedores em outros países, entre eles a Bolívia, e pretende reforçar a presença nos mercados onde está presente. Para atrair potenciais clientes, a companhia oferece a possibilidade de personalização dos espetos, com a gravação da logomarca do comprador no produto.

Abastecido por quatro pilhas, o espeto giratório custa, no Exterior, entre US$ 60 e US$ 70, dependendo do país. No mercado interno, o preço é de R$ 190. Hoje, o item é o carro-chefe da Espeto Sul, mas a empresa ainda fabrica outros utensílios para churrasco e possui uma linha de churrasqueiras de inox.   



A poucos passos do Exterior

LUCAS AMORELLI

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preparação | Buratti finaliza detalhes para exportar ao Uruguai

Após quase dois anos de preparação, a Geral Eletro deve fazer sua primeira venda internacional no segundo semestre deste ano.

A empresa, que tem na fabricação de postes de energia elétrica sua principal atividade, tem negociações em andamento com clientes na Argentina e no Uruguai, e está ajustando os últimos detalhes para realizar sua estreia no mercado internacional. A tendência é de que o primeiro embarque seja para solo uruguaio.

O diretor da empresa Luiz Carlos Buratti destaca que a empresa começou a pensar em novos mercados no auge da crise econômica. O dólar valorizado, atualmente roçando a casa dos R$ 4, foi uma motivação.

– Mas nossa ideia não é só buscar o mercado externo na época de crise, mas sim criar uma mentalidade exportadora e ter uma fatia do faturamento vinda das exportações – pontua o dirigente.

Neste sentido, o primeiro passo da Geral Eletro foi adaptar seus produtos à legislação dos países vizinhos. Entre as exigências estava a homologação dos postes de aço e fibra de vidro junto à companhia elétrica do Uruguai.

A meta da empresa, nos próximos dois anos, é exportar entre 400 e 500 postes por mês. Isso faria com que entre 20% e 30% do faturamento seja oriundo das exportações. Segundo Buratti, as pequenas empresas têm condições de quebrar o tabu de que o comércio exterior é só para grandes marcas.

– Quando o negócio é pequeno, às vezes não se tem ideia de que é possível exportar. O que precisa é dedicação, porque ninguém vai fazer nada por ti. E no mercado interno também é assim – constata.



Planejamento prévio
é fundamental


Com as dificuldades enfrentadas no mercado nacional, decorrentes da recém-superada recessão da economia brasileira, muitas companhias tentam encontrar uma válvula de escape para a crise. E, neste contexto, a exportação acaba sendo uma das alternativas mais buscadas. No entanto, até enviar um produto para fora do país, a companhia precisa executar um planejamento detalhado. Senão, o tiro pode sair pela culatra. Uma experiência atrapalhada é capaz de queimar a empresa fora do país.

– É preciso colocar a exportação dentro do plano estratégico da empresa e fazer a análise dos mercados. A América Latina, em geral, costuma ser um mercado mais aderente para começar – afirma Débora Chagas, técnica do Sebrae-RS que assessora empresas interessadas em se internacionalizar.

Débora salienta que buscar exportação apenas por causa da crise, como uma medida pontual, é um erro. A companhia precisa pensar a longo prazo e estar ciente de que os resultados da empreitada fora do país não costumam aparecer de maneira imediata. Além disso, é importante a companhia estudar quais são os destinos mais recomendados para seus artigos.

Para identificar os potenciais compradores fora do país, uma alternativa é recorrer ao Exporta-RS, programa do governo do Rio Grande do Sul conduzido pela Secretaria do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia (Sdect). Através dele, a companhia recebe uma espécie de dossiê com possibilidades de caminhos que ela poderia seguir, quais feiras poderia participais e outras informações sobre a legislação e as exigências feitas pelos estrangeiros antes da compra.

– Uma das partes mais dificieis do planejamento é a de inteligência, de buscar informação fora do país. Nós fazemos todo o estudo de mercado, gratuitamente, para respaldar a empresa a fazer uma exportação segura – conta Sílvio Andriotti, analista de inteligência comercial do programa. 

Em quatro anos, mais de 300 empresas foram assessoradas pelo Exporta-RS. Destas, em torno de 50 são da Serra, de municípios como Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Carlos Barbosa e Garibaldi. A iniciativa é voltada aos negócios de micro, pequeno e médio portes.


Para participicar do Exporta-RS, basta procurar a Sdect. Mais informações no site: www.sdect.rs.gov.br/

Para onde já foram os produtos da Serra em 2018

Ao todo, 34 municípios da Serra exportaram algum produto no primeiro semestre de 2018, conforme dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). Os embarques foram realizados para 146 países e territórios ao redor do mundo, totalizando um volume de negócios de US$ 778,1 milhões. O resultado, puxado principalmente pelo desempenho das grandes empresas, é 4% superior se comparado com o obtido no primeiro semestre de 2017. Já o saldo da balança comercial (diferença entre as exportações e as importações) também teve incremento, de 8%, e chegou a US$ 386 milhões.
As micro e pequenas empresas (MPEs) serranas podem ter exportado em torno de US$ 9 milhões, se levado em consideração o índice médio de participação desse tipo de negócio nas vendas internacionais constatado pelo MDIC no país.

Principais destinos dos embarques, por continente (em milhões de US$)

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Exportação por município (em milhões de US$)

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