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27 de AGOSTO de 2018

+Mercado de capitais

Balanços consolidam 
retomada

Resultados das empresas serranas na Bolsa indicam aumento das receitas e do lucro durante o primeiro semestre do ano

Mobirise



FERNANDO SOARES
fernando.soares@pioneiro.com

Felipe Nyland

Mobirise

GRENDENE Calçadista teve o maior lucro entre as empresas da Serra com capital aberto

Os balanços financeiros das companhias da Serra com ações na bolsa de valores de São Paulo (B3) demonstram que, para a maioria delas, a página da recessão foi virada. Das cinco empresas da região que divulgaram os dados referentes ao primeiro semestre deste ano, quatro obtiveram resultado operacional positivo. De janeiro a junho, o faturamento bruto do conjunto desses negócios serranos foi de R$ 5,9 bilhões, alta de 33% na comparação com igual período de 2017. Enquanto isso, o lucro líquido chegou a R$ 350,4 milhões, incremento de 12%.

Se no ano passado, algumas empresas esboçavam uma reação, com a volta da expansão dos negócios, em 2018 essa recuperação aparece mais vigorosa nos demonstrativos contábeis. Marcopolo e Randon, duas empresas de Caxias do Sul que sofreram bastante com a recessão, tiveram seus maiores faturamentos para um primeiro semestre desde 2013 e de 2014, respectivamente. Já a caxiense Fras-le e a Grendene, de Farroupilha, mantiveram a trajetória de lucratividade verificada mesmo no período de crise. Por outro lado, a Unicasa, de Bento Gonçalves, é a única até agora a amargar prejuízo nesta temporada.

– Essas empresas estão com números melhores e mostrando que, de certa forma, superaram os anos ruins. Mas isso não significa que já voltaram aos resultados de anos pré-crise. Ainda falta percorrer estrada para chegar lá – compara o analista Alexandre Wolwacz, sócio-fundador do Grupo L&S.

Segundo Wolwacz, a política econômica adotada pelo novo governo federal que sairá das urnas em outubro poderá ser determinante para a continuidade do bom momento vivido pelas serranas de capital aberto. Isso porque o setor de transportes, no qual estão situadas algumas das principais empresas da região, está bastante atrelado a medidas governamentais, que podem facilitar ou restringir o crédito e as linhas voltadas à aquisição de produtos do setor automotivo como um todo. 

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Apenas duas empresas serranas ainda não divulgaram seus balanços. A Lupatech deve publicar os resultados no dia 31. Já a Pettenati ainda não definiu a data da divulgação.

O maior lucro, mesmo com queda

Entre as companhias da Serra, a Grendene foi a que conseguiu o melhor resultado operacional. No primeiro semestre, a fabricante de calçados teve lucro de R$ 221,9 milhões. O desempenho, entretanto, representa uma queda de 15,9% frente ao lucro verificado em igual período de 2017. Isso porque a base de comparação da empresa é alta. Mesmo durante o período de recessão econômica, os balanços da marca mostravam números positivos, em um cenário de constante crescimento.

Ao todo, a receita bruta da calçadista foi de R$ 1,2 bilhão nos primeiros seis meses de 2018, uma alta de 4,4%. O resultado pode ser explicado pelo aumento na produção das fábricas da empresa. Ao todo, foram feitos 73,4 milhões de pares de calçados no primeiro semestre, 3,1% a mais do que em 2017.

O diretor de Relações com Investidores da Grendene, Francisco Schmitt, considera os resultados sólidos e surpreendentes, até em função de fatores não previstos que influíram nos negócios, como a greve dos caminhoneiros, em maio. A volatilidade do câmbio, puxada pela instabilidade externa, acabou tornando os insumos mais caros. Mas o dólar valorizado também acabou trazendo mais dinheiro para o caixa da empresa, que é a maior exportadora de calçados no Brasil. Ainda que o volume de pares vendidos para o Exterior tenha caído 4,9%, a receita internacional subiu 5%.  

Desempenho no primeiro semestre

Fontes: Demonstrações financeiras de Fras-le, Grendene, Marcopolo, Randon e Unicasa

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Com um tom de azul mais intenso

Roni Rigon, BD, 8/8/2017

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fras-le | Com mais da metade das receitas vindas de negócios no Exterior, empresa obteve lucro 63% maior frente ao apurado em 2017

Após dois anos consecutivos de prejuízos, a Randon voltou a apresentar números no azul em 2017. E, no primeiro semestre deste ano, o tom azulado no balanço financeiro se fortaleceu intensamente. A receita bruta das empresas do grupo chegou a R$ 2,7 bilhões, o maior patamar em quatro anos. Ao mesmo tempo, o lucro teve expressivo incremento de 262,9% frente aos seis meses iniciais do ano passado, atingindo R$ 74,6 milhões.  

O diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Randon, Geraldo Santa Catharina, explica que o desempenho significa uma recuperação após a crise. O resultado passou pelo incremento na demanda interna, que tem garantido uma carteira de pedidos significativa, mas ainda abaixo da verificada entre 2012 e 2013, período do auge das vendas.

A produção de semirreboques, um dos principais itens no portfólio da marca, chegou a 8,7 mil unidades neste ano, um volume 58% maior do que no primeiro semestre da temporada anterior. Ainda foram fabricados 483 vagões, 10% a mais, e 240 veículos especiais, com 20% de expansão. A perspectiva é de manutenção do crescimento na segunda parte do ano.

– Hoje temos uma carteira de pedidos para tocar até o fim do ano. Estamos acima do que imaginávamos no início do ano. Não quer dizer que não se tenha turbulência ali na frente, mas os sinais, até agora, indicam um bom segundo semestre também – afirma Santa Catharina.

Os primeiros seis meses de 2018 marcaram o início de novas operações da empresa fora de Caxias, como as fábricas em Araraquara (SP) e Lima, no Peru. No mercado de autopeças o grupo vem reforçando sua aposta no Exterior. A Fras-le, empresa pertencente à Randon que tem ações negociadas separadamente na B3, deu continuidade ao movimento de aquisições e de joint-ventures fora do país. Recentemente, a fabricante de materiais de fricção incorporou negócios na Argentina, na Índia e no Uruguai, entre outros.

A forte presença internacional, com mais da metade do faturamento vinda de exportações e das plantas estrangeiras, fez com que a Fras-le se mantivesse lucrativa mesmo durante a crise. De quebra, o primeiro semestre trouxe uma boa notícia: lucro de R$ 61,7 milhões, expansão de 63,3%. A receita bruta de R$ 767,6 milhões, com elevação de 29,6%, foi a maior na década.

– Não apenas o mercado está favorável, como estamos conseguindo clientes novos – constata Sérgio Carvalho, diretor-executivo da Fras-le.

Em função desse desempenho, a Fras-le terminou a primeira parte do ano como a companhia da região com o maior lucro por ação, ficando na casa de R$ 0,28. O indicador é fruto da divisão do lucro líquido pelo número de ações disponíveis. A companhia, entretanto, não possui um grande volume de operações na bolsa de valores. Diante dessa situação, Carvalho reconhece que um dos desafios é tentar melhorar a liquidez das ações da companhia. 


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Somente nas fábricas de Caxias do Sul, a Marcopolo produziu 6 mil unidades no semestre.

 

 

 Resultado acima da expectativa

MARCELO CASAGRANDE, BD, 18/4/2018

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marcopolo |  Carteira de pedidos superou as expectativas e alavancou  o lucro líquido em 86%

No início do ano, os discursos dos executivos da Marcopolo projetavam boas expectativas quando à carteira de pedidos para 2018. A meta era obter um crescimento anual de 10% a 20%. Porém, o que aconteceu no primeiro semestre de 2018 talvez nem o diretor mais otimista poderia esperar.
A fabricante caxiense de ônibus faturou R$ 1,8 bilhão, um incremento de 43,3%, e gerou lucro líquido de R$ 54,3 milhões, 86% superior ao verificado em igual período de 2017.

– Partimos de uma base baixa, por isso vemos esse aumento expressivo. De qualquer maneira, 2018 está sendo uma boa surpresa. Está melhor do que esperávamos – salienta o diretor-executivo Francisco Gomes Neto.

Desde 2015, a maioria das receitas da Marcopolo é oriunda das exportações e da produção nas fábricas no Exterior. Mesmo com a recuperação da demanda no mercado interno, essa situação se manteve nos primeiros seis meses de 2018. Enquanto as vendas no Brasil saltaram 55,5%, as transações externas a partir de Caxias subiram de modo mais acelerado: 67,5%. Desta maneira, em torno de 60% de todos os negócios vieram de fora do país.

No período, a companhia fabricou 2 mil veículos a mais que na temporada passada. Ao todo, foram 6,9 mil unidades, contra 4,9 mil em 2017. Esse cenário foi puxado, principalmente, pela demanda por veículos urbanos. Com isso, a empresa ampliou sua participação na produção nacional, respondendo por 55,9% do mercado brasileiro de ônibus.

Francisco Gomes Neto acredita que é difícil manter o mesmo nível de expansão no segundo semestre. Ainda assim, a expectativa é por um resultado positivo.

– Achamos que o segundo semestre deve ser um pouco pior do que o primeiro. Mas o ano, como um todo, será muito melhor do que o que estava planejado – projeta.

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A Randon fabricou 8,7 mil semirreboques no primeiro semestre de 2018.

 

 

Prejuízo menor, mas persistente

unicasa, divulgação

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unicasa| Prejuízo no primeiro semestre do ano foi de R$ 354 mil

Única empresa brasileira do setor moveleiro com ações negociadas na bolsa de valores, a Unicasa tem um desempenho que vai na contramão das demais serranas que já divulgaram seus balanços. A fabricante de móveis planejados, com sede em Bento Gonçalves, teve prejuízo líquido de R$ 354 mil no primeiro semestre do ano. O resultado segue uma tendência verificada desde 2016, quando a companhia passou a operar no negativo.

Uma das caçulas gaúchas na B3, com capital aberto em 2012, a empresa se viu fortemente atingida pela desaceleração da construção civil e, consequentemente, pela diminuição da demanda por móveis planejados nos últimos anos.

Ainda assim, o prejuízo apurado de janeiro a junho de 2018 é menor, se comparado ao cenário visto em igual período do ano anterior, quando as perdas foram de R$ 1,9 milhão. Isso pode indicar que a Unicasa começa a ver a luz do fim do túnel da recessão.

– Tivemos três ou quatro anos que debilitaram a estrutura de distribuição e a rede de revendas da empresa. A tendência agora é, de um modo geral, de uma melhora. Imaginamos que a curva chegou a um ponto de inflexão – diz Gustavo Dall’Onder, diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Unicasa.

No primeiro semestre de 2018, a companhia teve faturamento de R$ 86,5 milhões, retração de 16,2%. As marcas Dell Anno e Favorita, carros-chefe do grupo, foram responsáveis por pouco mais da metade dos negócios. Ao todo, a companhia vendeu 283 mil módulos, contra 377 mil do ano anterior. Atualmente, a Unicasa conta com 249 revendas exclusivas e lojas próprias. Um ano atrás, eram 344.

Por outro lado, 2018 vem mostrando que o mercado externo pode se tornar uma alternativa para a companhia. As exportações de móveis do grupo mais do que dobraram, totalizando o ingresso de R$ 3,7 milhões em caixa.  

 

 

Serranas operam em baixa na bolsa

Mesmo que a maioria das companhias da Serra Gaúcha de capital aberto esteja vivendo um momento de alta na lucratividade, na bolsa de valores elas apresentam uma trajetória de desvalorização. Em maior ou menor intensidade, as sete empresas da região negociadas na B3 têm retração na cotação de seus papéis ao longo de 2018. A queda mais expressiva é a das ações da Lupatech, de Caxias do Sul, que chega a 44% no ano. Já o resultado mais ameno é o da Unicasa, de Bento Gonçalves, com recuo de 0,4%. Ambas as empresas têm baixa liquidez e não figuram entre as mais badaladas no mercado de capitais.

Até as serranas com volume representativo de operações de compra e venda e que figuram entre as 100 empresas brasileiras mais negociadas na bolsa, casos de Grendene, Marcopolo e Randon, enfrentam quedas. Isso que o trio apresentou balanços semestrais repletos de números positivos. O sócio-fundador do Grupo L&S, Alexandre Wolwacz, destaca que essa situação ocorre pela influência de fatores externos, caso da crise na Turquia, e outros internos, como as perspectivas para as eleições presidenciais em outubro.

– As melhorias nos números das empresas ocorreram, mas o valor das ações não acompanhou. Isso mostra que o investidor segue um pouco pessimista, principalmente quanto às condições de recuperação econômica do país – sinaliza.

Neste sentido, Wolwacz lembra que essa situação tem atingido diversas empresas, não só as serranas. O próprio Ibovespa, índice de referência para o desempenho médio das cotações de ações, passa por desvalorização no ano.

Entre janeiro e agosto, a soma do valor de mercado das sete empresas da Serra na B3 passou de R$ 16 bilhões para R$ 13,6 bilhões, um tombo de 15%. Atualmente, a companhia da região com maior valor é a Grendene, de Farroupilha, avaliada em aproximadamente R$ 6,5 bilhões. Na sequência, aparecem Marcopolo (R$ 3,5 bilhões), Randon (R$ 2,2 bilhões), Fras-le (R$ 1 bilhão), Unicasa (R$ 158,6 milhões), Pettenati (R$ 143,1 milhões) e Lupatech (R$ 25 milhões). O índice é calculado através da multiplicação do número de ações disponíveis pela cotação do momento. 



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