FERNANDO SOARES
fernando.soares@pioneiro.com
Felipe Nyland
GRENDENE | Calçadista teve o maior lucro entre as empresas da Serra com capital aberto
Os balanços financeiros das companhias da Serra com ações na bolsa de valores de São Paulo (B3) demonstram que, para a maioria delas, a página da recessão foi virada. Das cinco empresas da região que divulgaram os dados referentes ao primeiro semestre deste ano, quatro obtiveram resultado operacional positivo. De janeiro a junho, o faturamento bruto do conjunto desses negócios serranos foi de R$ 5,9 bilhões, alta de 33% na comparação com igual período de 2017. Enquanto isso, o lucro líquido chegou a R$ 350,4 milhões, incremento de 12%.
Se no ano passado, algumas empresas esboçavam uma reação, com a volta da expansão dos negócios, em 2018 essa recuperação aparece mais vigorosa nos demonstrativos contábeis. Marcopolo e Randon, duas empresas de Caxias do Sul que sofreram bastante com a recessão, tiveram seus maiores faturamentos para um primeiro semestre desde 2013 e de 2014, respectivamente. Já a caxiense Fras-le e a Grendene, de Farroupilha, mantiveram a trajetória de lucratividade verificada mesmo no período de crise. Por outro lado, a Unicasa, de Bento Gonçalves, é a única até agora a amargar prejuízo nesta temporada.
– Essas empresas estão com números melhores e mostrando que, de certa forma, superaram os anos ruins. Mas isso não significa que já voltaram aos resultados de anos pré-crise. Ainda falta percorrer estrada para chegar lá – compara o analista Alexandre Wolwacz, sócio-fundador do Grupo L&S.
Segundo Wolwacz, a política econômica adotada pelo novo governo federal que sairá das urnas em outubro poderá ser determinante para a continuidade do bom momento vivido pelas serranas de capital aberto. Isso porque o setor de transportes, no qual estão situadas algumas das principais empresas da região, está bastante atrelado a medidas governamentais, que podem facilitar ou restringir o crédito e as linhas voltadas à aquisição de produtos do setor automotivo como um todo.
Apenas duas empresas serranas ainda não divulgaram seus balanços. A Lupatech deve publicar os resultados no dia 31. Já a Pettenati ainda não definiu a data da divulgação.
Entre as companhias da Serra, a Grendene foi a que conseguiu o melhor resultado operacional. No primeiro semestre, a fabricante de calçados teve lucro de R$ 221,9 milhões. O desempenho, entretanto, representa uma queda de 15,9% frente ao lucro verificado em igual período de 2017. Isso porque a base de comparação da empresa é alta. Mesmo durante o período de recessão econômica, os balanços da marca mostravam números positivos, em um cenário de constante crescimento.
Roni Rigon, BD, 8/8/2017
fras-le | Com mais da metade das receitas vindas de negócios no Exterior, empresa obteve lucro 63% maior frente ao apurado em 2017
Somente nas fábricas de Caxias do Sul, a Marcopolo produziu 6 mil unidades no semestre.
MARCELO CASAGRANDE, BD, 18/4/2018
marcopolo | Carteira de pedidos superou as expectativas e alavancou o lucro líquido em 86%
A Randon fabricou 8,7 mil semirreboques no primeiro semestre de 2018.
unicasa, divulgação
unicasa| Prejuízo no primeiro semestre do ano foi de R$ 354 mil
Única empresa brasileira do setor moveleiro com ações negociadas na bolsa de valores, a Unicasa tem um desempenho que vai na contramão das demais serranas que já divulgaram seus balanços. A fabricante de móveis planejados, com sede em Bento Gonçalves, teve prejuízo líquido de R$ 354 mil no primeiro semestre do ano. O resultado segue uma tendência verificada desde 2016, quando a companhia passou a operar no negativo.
Uma das caçulas gaúchas na B3, com capital aberto em 2012, a empresa se viu fortemente atingida pela desaceleração da construção civil e, consequentemente, pela diminuição da demanda por móveis planejados nos últimos anos.
Ainda assim, o prejuízo apurado de janeiro a junho de 2018 é menor, se comparado ao cenário visto em igual período do ano anterior, quando as perdas foram de R$ 1,9 milhão. Isso pode indicar que a Unicasa começa a ver a luz do fim do túnel da recessão.
– Tivemos três ou quatro anos que debilitaram a estrutura de distribuição e a rede de revendas da empresa. A tendência agora é, de um modo geral, de uma melhora. Imaginamos que a curva chegou a um ponto de inflexão – diz Gustavo Dall’Onder, diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Unicasa.
No primeiro semestre de 2018, a companhia teve faturamento de R$ 86,5 milhões, retração de 16,2%. As marcas Dell Anno e Favorita, carros-chefe do grupo, foram responsáveis por pouco mais da metade dos negócios. Ao todo, a companhia vendeu 283 mil módulos, contra 377 mil do ano anterior. Atualmente, a Unicasa conta com 249 revendas exclusivas e lojas próprias. Um ano atrás, eram 344.
Por outro lado, 2018 vem mostrando que o mercado externo pode se tornar uma alternativa para a companhia. As exportações de móveis do grupo mais do que dobraram, totalizando o ingresso de R$ 3,7 milhões em caixa.
Mesmo que a maioria das companhias da Serra Gaúcha de capital aberto esteja vivendo um momento de alta na lucratividade, na bolsa de valores elas apresentam uma trajetória de desvalorização. Em maior ou menor intensidade, as sete empresas da região negociadas na B3 têm retração na cotação de seus papéis ao longo de 2018. A queda mais expressiva é a das ações da Lupatech, de Caxias do Sul, que chega a 44% no ano. Já o resultado mais ameno é o da Unicasa, de Bento Gonçalves, com recuo de 0,4%. Ambas as empresas têm baixa liquidez e não figuram entre as mais badaladas no mercado de capitais.
Até as serranas com volume representativo de operações de compra e venda e que figuram entre as 100 empresas brasileiras mais negociadas na bolsa, casos de Grendene, Marcopolo e Randon, enfrentam quedas. Isso que o trio apresentou balanços semestrais repletos de números positivos. O sócio-fundador do Grupo L&S, Alexandre Wolwacz, destaca que essa situação ocorre pela influência de fatores externos, caso da crise na Turquia, e outros internos, como as perspectivas para as eleições presidenciais em outubro.
– As melhorias nos números das empresas ocorreram, mas o valor das ações não acompanhou. Isso mostra que o investidor segue um pouco pessimista, principalmente quanto às condições de recuperação econômica do país – sinaliza.
Neste sentido, Wolwacz lembra que essa situação tem atingido diversas empresas, não só as serranas. O próprio Ibovespa, índice de referência para o desempenho médio das cotações de ações, passa por desvalorização no ano.
Entre janeiro e agosto, a soma do valor de mercado das sete empresas da Serra na B3 passou de R$ 16 bilhões para R$ 13,6 bilhões, um tombo de 15%. Atualmente, a companhia da região com maior valor é a Grendene, de Farroupilha, avaliada em aproximadamente R$ 6,5 bilhões. Na sequência, aparecem Marcopolo (R$ 3,5 bilhões), Randon (R$ 2,2 bilhões), Fras-le (R$ 1 bilhão), Unicasa (R$ 158,6 milhões), Pettenati (R$ 143,1 milhões) e Lupatech (R$ 25 milhões). O índice é calculado através da multiplicação do número de ações disponíveis pela cotação do momento.
Em 2017, setor registrou
crescimento de 23% no Brasil, atingindo a marca de 302 mil estudantes
e movimentando
entre R$ 2,7 bi e R$ 3 bi
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