JULIANA BEVILAQUA
juliana.bevilaqua@pioneiro.com
JULIANA BEVILAQUA
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LUCAS AMORELLI
CaXIAS | Cenário arquitetônico moderno e grande investimento na 453, ao lado do Shopping Iguatemi. Dall’Onder Axten já recebe hóspedes
Uma importante retomada começa a ser percebida na rede hoteleira da Serra. Não são somente os números de taxa de ocupação que demonstram o aquecimento – 45% até outubro na Região Uva e Vinho. Novos investimentos também. Até o final do ano, pelo menos três hotéis inauguram em Caxias, Farroupilha e Carlos Barbosa. Um quarto abrirá em Gramado (veja quadro).
O número de empreendimentos passará de 105 para 108 nos 19 municípios na área de abrangência do Sindicato Empresarial de Gastronomia e Hotelaria (Segh). O de leitos ultrapassará os 9,6 mil com os três novos hotéis. Hoje, são 9.195. Em 2017, eram 9.017 leitos.
– Ninguém vai abrir (um hotel) sem boa expectativa. Com novos governantes, também se espera melhora na economia. A atitude de proatividade dos empresários também é importante para fazer o setor crescer – comenta Vicente Perini, presidente do Segh.
Com os novos hotéis e o crescimento do setor, percebido desde a metade do ano, a tendência é de um 2019 promissor. A expectativa, segundo Perini, é de aumento de 5% no faturamento e de 10% na taxa de ocupação. Ainda vai ficar longe dos mais de 60% de ocupação de 10 anos atrás, mas representa um alento para quem sofreu com a crise.
Na Região das Hortênsias, a situação é um pouco mais favorável. Com o turismo consolidado em Gramado, a taxa de ocupação neste ano está entre 65% e 70%. Em novembro, já está em 80% e, em dezembro, pode chegar a 90%, embalada, claro, pelo Natal Luz. Apesar disso, está distante de patamares alcançados antes da crise econômica, diz Fernando Boscardin, presidente do Sindicato da Hotelaria, Restaurantes, Bares e Similares da Região das Hortênsias, o Sindtur:
– Temos tido dificuldades se compararmos nós com nós mesmos. 2015, por exemplo, foi muito difícil por conta do impeachment.
Boscardin evita prospectar o próximo ano. Segundo ele, tudo vai depender das medidas do novo governo. O momento é de observação. Mas o que o preocupa, de fato, é o boom de leitos – cerca de 1,2 mil a mais neste ano. O aumento na oferta de hospedagem pode mais prejudicar do que ajudar o setor. Para Boscardin, não basta ter hotéis se não houver infraestrutura.
– Tem muita procura, muita gente querendo investir aqui (em Gramado). Não precisamos mais de meios de hospedagem, já há o suficiente. As ruas não suportam mais o número de veículos na alta temporada – alerta, lembrando que, além dos 12 mil leitos em hotéis, há uma estimativa de cerca de 6 mil leitos de aluguel de temporada.
Nas demais cidades da área de atuação do sindicato não há demanda, conforme Boscardin, pois falta investimento em entretenimento. O entorno ainda é muito dependente das atrações de Gramado.
– Precisamos ter cuidado para não matar a galinha dos ovos de ouro. O crescimento deve ser de forma ordenada para que turistas e moradores fiquem satisfeitos – pondera.
Atrações são, de fato, fundamentais para garantir a ocupação dos hotéis. Conforme Perini, eventos como feiras e congressos movimentam o setor. O próprio Mississippi Delta Blues Festival, realizado na última semana, deixou de ser, há tempos, um evento local e também atrai visitantes de fora, que precisam se hospedar.
Até o Natal Luz, em Gramado, acaba respingando positivamente na Região Uva e Vinho. Os turistas aproveitam a ida à Região das Hortênsias para conhecer também atrativos como a Maria-Fumaça e ver de perto os parreirais.
E por falar em parreirais, para a Festa da Uva, em fevereiro, a expectativa de ocupação nos hotéis de Caxias durante os 15 dias de evento é de 65%.
– Acaba impactando em toda a região, porque as pessoas visitam não só Caxias, mas toda a Serra. E cresce também o setor de gastronomia – aponta Perini.
LUCAS AMORELLI
TARCÍSIO MICHELON | Aposta no potencial de Caxias do Sul
Reconhecida na região pelo sucesso em Bento Gonçalves, a rede Dall’Onder já está operando em Caxias. O Dall’Onder Axten Hotel, localizado às margens da RSC-453, ao lado do Shopping Iguatemi, abre as portas oficialmente no dia 1º de dezembro, mas já vem recebendo hóspedes desde o dia 19 de novembro.
São 204 apartamentos e centro de eventos para 260 pessoas. São 18 pavimentos numa área construída de 15 mil metros quadrados. A estrutura tem quartos adaptados para cadeirantes, piscinas adulta e infantil cobertas e aquecidas, recreação kids com banheiro, sauna úmida e seca, academia e sala de jogos. O investimento é no formato condo-hotel, em que investidores locam o imóvel para a exploração hoteleira.
Assim como os demais hotéis da rede, a unidade de Caxias oferece quartos triplos e quádruplos, uma característica do Dall’Onder.
– Eu fiz um hotel que atende tanto à família quanto ao público executivo – explica Tarcísio Michelon, diretor superintendente da rede Dall’Onder de Hotéis.
Embora já em operação, o empreendimento será inaugurado oficialmente em março, quando a passarela que irá ligar o hotel ao Iguatemi estiver pronta. O modelo integrado é inspirado em experiências de outras cidades do país, como Uberlândia, em Minas Gerais, que tem hotel com acesso facilitado ao centro de compras e lazer.
– As pessoas que frequentam hotel querem comodidade, elas valorizam o conforto de um shopping – diz Michelon.
Também em março do ano que vem, a rede inaugura o Dall’Onder Ski Hotel, em Garibaldi. Serão 125 apartamentos e uma temática toda voltada ao espumante, bebida que acompanha o título da cidade, de Capital Brasileira do Espumante.
E em 2020 será aberto o Dall’Onder Planalto Hotel. A poucos metros do Dall’Onder Grande Hotel, em Bento Gonçalves, o Planalto terá 312 apartamentos. Segundo Michelon, esses dois empreendimentos comporão o maior complexo hoteleiro do Estado.
A soma dos investimentos nos três hotéis da rede chegará a R$ 190 milhões. Com os cinco hotéis em funcionamento, a geração de empregos, que hoje é de 240, passará a 600 postos.
– O turismo é uma forma de fazer surgir novas indústrias, é uma forma de desenvolver negócios. Eu não teria feito a Casa da Ovelha (atrativo turístico no roteiro Caminhos de Pedra). E se não tem hotel, não viabiliza – defende.
LUCAS AMORELLI
ESTRUTURA | Com piscinas adulta e infantil cobertas e aquecidas
PORTHUS JUNIOR
Primeiro hotel do InterContinental Hotels Group (IHG) no interior do Rio Grande do Sul, o Holiday Inn Express de Farroupilha (próximo da RSC-453 e da unidade administrativa da Colombo) abriu as portas no dia 30 de outubro no sistema de soft opening (pré-abertura). A inauguração oficial será no dia 29 de novembro.
São sete pavimentos e 98 apartamentos. Com investimento de R$ 15 milhões e geração de cerca de 40 empregos, o complexo inclui a casa de eventos Perlage, empreendimento da família Pagliarini, com estacionamento próprio, cozinha industrial e salão principal com 560 metros quadrados que pode acolher 450 pessoas sentadas, mais três salas para eventos menores. O espaço também conta com restaurante do chef Antonielli.
– É um marco na cidade. Mostra que Farroupilha tem opção. O objetivo é o hóspede de negócios, mas estamos focando no turismo também – destaca o gerente do hotel, Felipe Apolônio.
Embora mais próximo da Região dos Vinhedos, o Holiday já atrai o público que visita as Hortênsias. Neste período de soft opening, Apolônio conta que já recebeu um grupo que participou de uma convenção em Porto Alegre e passou o dia em Gramado. Como está próximo da saída para a Capital, teve a preferência dos visitantes.
Para dezembro e início do ano, o hotel já tem procura. Até para o período da romaria de Nossa Senhora de Caravaggio, em maio, já há reservas. A expectativa da gerência é de superar a média de ocupação dos hotéis de Caxias e ficar entre 60% e 70% no primeiro ano.
– Farroupilha era um local de passagem e se consolida como destino. Vamos fortalecer e trabalhar para isso – garante Apolônio.
DIVULGAÇÃO
Carrlos Barbosa também está na rota dos investimentos na rede hoteleira. O grupo AccorHotels abre nesta segunda-feira, dia 26 de novembro, um Ibis no centro da cidade. Com diárias a partir de R$ 159 (sem café da manhã), o novo empreendimento oferece 112 quartos, conexão Wi-Fi em todas as áreas e estacionamento.
O restaurante estará aberto não somente aos hóspedes, mas aos moradores de Carlos Barbosa. Além disso, o novo empreendimento possibilitará que pessoas utilizem o espaço do hotel como escritório de trabalho, oferecendo refil de café e internet pelo valor de R$ 10 por dia. A rede não divulga o investimento feito.
A expectativa da administração é de alcançar 50% de ocupação nos primeiros três meses de operação e, em até um ano, atingir 60% de ocupação.
Em 2020, a AccorHotels deve inaugurar um Ibis em Farroupilha. O hotel já está em construção, às margens da RSC-453, próximo ao Holiday Inn Express. Será uma unidade Ibis Budget, que se caracteriza por ser uma hospedagem com preço acessível, com 125 apartamentos.
Hoje, em todo o Estado, são 14 hotéis das marcas Ibis, sendo 11 Ibis, dois Ibis Budget e um Ibis Styles.
NATÁSSIA TRUZ, DIVULGAÇÃO
O primeiro hotel de luxo de uma rede internacional em Gramado inaugura na segunda quinzena de dezembro. O Wyndham Gramado Termas Resort & Spa começa a operar com 300 apartamentos e prevê ampliação para até 464. O empreendimento é fruto de parceria entre a Wyndham Hotels & Resorts, maior franqueadora de hotéis do mundo, com mais de 9 mil estabelecimentos em cerca de 80 países, e a Gramado Parks.
O resort ocupa área de mais de 30 mil metros quadrados a menos de seis quilômetros do Centro, com acesso facilitado ao Snowland, parque de neve indoor e próximo ao Gramado Termas Park, parque de água termal que será o primeiro indoor do Brasil, com previsão de inaugurar no final de 2019.
Já de portas abertas em Gramado, o Hotel Daara (foto), ao lado do Centro de Eventos ExpoGramado, possui 76 apartamentos com 16 modelos diferentes e 16 suítes e está em operação desde o dia 6 de novembro. O hotel é uma aposta de dois empresários de Rondônia. Alexandre Dartiballi possui dois hotéis em Ji-Paraná há 25 anos, com a bandeira Maximus, e Júnior Arantes é empresário do setor de laticínios, dono das marcas Monte Verde e Rondolac.
O investimento foi de R$ 40 milhões, e a abertura está gerando 38 empregos diretos.
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