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Nova era, novos hábitos

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JAIME LORANDI 

Empresário, professor, presidente do Sindicato das Indústrias de Material Plástico do Nordeste Gaúcho (Simplás)

O plástico não polui. Nem poderia, pois é um material inerte. O plástico não se desloca sozinho, por conta própria, desde onde foi consumido até a beira da praia. Quem polui é o ser humano, com o hábito errado de destinar o plástico ao meio ambiente. É cultural. A sociedade deixa a desejar em sustentabilidade há mais tempo do que usufrui dos plásticos.

Os plásticos são muito novos na civilização. Há menos de seis décadas, uma imensa variedade de produtos úteis no cotidiano tornou-se acessível a bilhões de famílias. De fato, é um dos mais democráticos avanços científicos já conquistados. O plástico oferece uma solução prática e muito acessível para o armazenamento e a distribuição de água, alimentos, saúde, saneamento e transporte entre povos de todos os cantos do planeta. Contudo, a humanidade não foi capaz de criar novos hábitos para dar destino correto ao material. Pelo contrário: muitas vezes, até peca pelo consumo excessivo.

Faltou associar solução com responsabilidade. Tecnologia já existe. Agora é preciso desenvolver o hábito de destinar o produto consumido corretamente, a partir de cada residência. É em casa que nasce a primeira responsabilidade: quando você separa, limpa e encaminha corretamente os materiais, que serão reciclados e reutilizados como fonte para novas matérias-primas. E não, como lixo.

Porque, não tenha dúvidas: destinar plástico de maneira incorreta é literalmente o mesmo que jogar dinheiro fora. Além de agredir o meio ambiente.

Quando se fala em incorporar novos hábitos de consumo responsável, a ideia passa por um firme processo de educação para destinação correta. Começa em cada indivíduo, até atingir toda sociedade. Não adianta reclamar do descaso com o meio ambiente, se a pessoa continua isentando-se de responsabilidade.

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O plástico não polui. Quem polui é o ser humano, com o hábito errado de destinar o plástico ao meio ambiente

Coletivamente, além de educar para mudar a maneira como as pessoas lidam com seus produtos depois de consumidos, a sociedade deve exigir, em especial do poder público, que se estabeleçam condições de destinação correta dos materiais, para que haja, efetivamente, a reciclagem e a reutilização da matéria-prima.

Países com alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), como Alemanha, Suécia e Noruega, são os que mais consomem plástico per capita no mundo. Cerca de 90 quilos por pessoa por ano. Entretanto, são os povos com mais apurado nível de educação e hábitos individuais para destinação correta dos plásticos pós-consumo. Já alcançaram outro estágio no manejo de resíduos, até mesmo com geração e comercialização de energia a partir destes materiais.

O Brasil ainda está a caminho. É um país com médio IDH. Não dispõe de infraestrutura e logística para a destinação e reciclagem em larga escala. Mesmo consumindo três vezes menos plásticos do que a média europeia, o brasileiro polui mais, em função do descarte inadequado. O país carece de uma mudança cultural profunda e imediata.

Para isso, a exemplo do que ocorre com a educação, o desenvolvimento de novos hábitos de destinação correta de produtos consumidos começa em casa e deve encontrar continuidade nas escolas. Com o respaldo das famílias, as instituições de ensino precisam educar e cobrar estes novos hábitos de seus estudantes. Por sua vez, o setor público deve institucionalizar esta nova educação. E criar mecanismos de orientação e sanção para as situações de comportamento inadequado.

A geração dos adultos de hoje não foi educada para dar destino correto ao que consome. Porém, beneficiou-se muito dos materiais plásticos. Da mesma forma que as novas gerações se beneficiam e que as próximas vão beneficiar-se ainda muito mais.

Portanto, cabe às mentes já maduras de hoje não repetir as falhas do passado, mas, por outro lado, semear uma nova cultura, de novos hábitos, para cada pessoa compreender e assumir a responsabilidade pelo destino daquilo que consome. Afinal, dentro do planeta, não existe “jogar fora”. Lavoisier ensina: “nada se cria e nada se perde, tudo se transforma”. Ou, como dizia nosso saudoso ambientalista gaúcho José Lutzemberger, “poluir é colocar a coisa certa no lugar errado”.


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