“Fizemos em 10 anos o que demoraria 30”

+ENTREVISTA

“Fizemos em 10 anos
o que demoraria 30”

Roberto Tonietto, presidente da rodoil,
fala dos planos ousados de expansão da
distribuidora de combustíveis

SILVANA TOAzZA
silvana.toazza@pioneiro.com

Roberto Tonietto, 51 anos, é diretor-presidente da RodOil, a maior distribuidora regional de combustíveis do sul do país, com atuação no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.

Fundada em 2006, em Caxias do Sul, a rede atende cerca de 360 postos de marca própria e mil independentes (bandeira branca).

Os números surpreendem: a RodOil dispõe de uma frota de 120 caminhões, entre próprios e terceirizados, 160 funcionários diretos e mais 3 mil indiretos, e 10 bases operacionais capazes de atender a todos os municípios do sul do país. Dados que a colocam como líder do Brasil no segmento de Atacado no ranking Melhores e Maiores da Revista Exame, com a justificativa de que o desempenho da empresa “ficou à frente das grandes do setor (como BR Distribuidora, Ipiranga e Shell), graças à conquista de clientes de cidades pequenas, onde a concorrência é menor”.

– Fizemos em 10 anos aquilo que imaginamos que demoraria 30 – ilustra o empresário.

A seguir, trechos da entrevista com o diretor-presidente da RodOil e também presidente do Esporte Clube Juventude:

Qual a previsão da RodOil para o fechamento de 2017?
A previsão é fechar 2017 com faturamento mais de 50% maior em relação a 2016, superando R$ 3,7 bilhões. Atendemos 300 municípios e inauguramos neste ano mais de 30 postos. O mercado de combustíveis não tem uma variação tão brusca, tanto para baixo quanto para cima, ao longo das crises e nos períodos de auge econômico.
Como a retração no consumo impactou no negócio?
Houve recuo de consumo, em âmbito Brasil, de 3,5%, mas partimos em busca de novos mercados para alcançar o crescimento projetado. Apostamos em atingir desde 2016 o Oeste de Santa Catarina, a Região Serrana de Santa Catarina (Lages) e o Noroeste do Paraná (Maringá). Há uma expansão importante de consumo em regiões com forte potencial agrícola.
Como crescer num mercado tão concorrido?
Antes mesmo da crise, ainda em 2014, começamos a trabalhar fortemente com redução de custo logístico, eficiência e racionalização, para ganhar mercado e competitividade. Isso nos deu um fôlego competitivo em todas as regiões. Ou seja, fizemos a lição de casa antes da crise, e deu resultado. Alguns fatores peculiares à nossa atividade são fundamentais para concorrer no mercado: agilidade, logística eficiente, proximidade com o revendedor e garantia de fornecimento.
Qual a diferença de trabalhar no Rio Grande do Sul em relação aos outros Estados? O Rio Grande do Sul é o mais difícil, pois o ICMS é maior no combustível, de 30%, enquanto em Santa Catarina é de 25%. Santa Catarina e Paraná são melhores de operar, pois o tributo impacta no preço final. Tanto que na divisa de Santa Catarina vende-se mais do que na do Rio Grande do Sul. Dos três Estados, o Rio Grande do Sul é o que mais sentiu o reflexo da crise econômica. Nos demais, a expansão das vendas é maior.
Quais os planos de ampliação da RodOil?
Queremos chegar no ano que vem, e expandir nos próximos três anos, para o Centro-Oeste do país, onde, em nossa avaliação, o crescimento será acima da média nacional. Mato Grosso (Cuiabá), Mato Grosso do Sul e interior de São Paulo estão nos planos. Podemos chegar organicamente ou comprar alguma rede, o que é mais difícil. Para isso, precisamos chegar com uma base operacional em cada Estado. Queremos ampliar a rede em 50 postos em 2018, o que significa a média de uma revenda a mais por semana.
Quantos litros de combustíveis o grupo vende?
120 milhões de litros, em média, por mês. Em 2017, houve aumento acima de 50% em volume. A média efetiva de 2016 foi de 72,6 milhões de litros mensais. Já a média efetiva de 2017 até agosto é de 111,9 milhões de litros mensais.
Estar situado num filão estratégico ajuda o grupo a expandir de forma acelerada?
De certa forma sim, mas em contrapartida nossos concorrentes são empresas gigantes e estruturadas. A eficiência é obrigatoriedade para sobreviver.
Você imaginava que sua empresa chegaria tão longe?
Não. Achava que aquilo que demoramos 10 anos para fazer levaria 30 anos. Saímos de um faturamento zero para R$ 3,7 bilhões.
Como isso ocorreu?
Percebemos a oportunidade quando os postos queriam uma segunda via não vinculada a monopólios de distribuição de combustíveis. Surgimos como uma alternativa de oferta para revendas de bandeira branca, com atuação regional, e crescendo em regiões estratégicas.
Está confiante com 2018?
Sim, o empresário cansou da questão política, e está investindo e tocando os projetos. O agronegócio promete injetar ânimo na economia.
Que conselho você daria a um empreendedor iniciante?!
Querer, acreditar, conhecer, planejar e persistir.

+ENTREVISTA