FERNANDO SOARES
fernando.soares@pioneiro.com
FERNANDO SOARES
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nicho promissor Liamara diz que barbearia já representa 40% do seu faturamento
O brasileiro está cada vez mais cuidando da aparência. O mercado nacional da beleza movimentou mais de R$ 100 bilhões em 2016, consolidando um crescimento constante. De Norte a Sul, os empreendimentos nesta área estão se multiplicando. E Caxias do Sul não fica de fora desse movimento. Na cidade, a gama de profissionais tem se diversificado em escala exponencial.
Conforme levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), o número de cabeleireiros, manicures, pedicures e outros profissionais da área estética mais que dobrou em cinco anos. O Brasil contava com mais de 698 mil negócios neste ramo em 2016, enquanto havia 292 mil em 2012. A conta leva em consideração apenas Microempreendedores Individuais (MEI), Microempresas (ME) e Empresas de Pequeno Porte (MPP). Se incluídos aqueles que estão na informalidade, os números aumentariam substancialmente.
Em Caxias, não existe um dado oficial sobre o setor. Empresários do segmento, porém, estimam que existem mais de 10 mil empresas e profissionais na cidade, entre formais e informais. Recentemente, com a crise econômica e o aumento do desemprego, diversas pessoas enxergaram na área a chance de um recomeço no mercado.
A professora do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) em Caxias Camila Marcante constata que muitos dos seus alunos são ex-trabalhadores do polo metalmecânico.
– Muitas pessoas saíram da indústria e viram na área da beleza uma possibilidade. É um segmento que não requer um investimento alto para criar um negócio – descreve Camila, que é responsável pelos cursos de design de sobrancelhas e maquiagem.
As capacitações na área da beleza estão entre as mais demandadas no Senac caxiense. Neste ano, devem ser formados mais 90 profissionais de maquiagem e de design de sobrancelhas. A instituição também forma cabeleireiros. Pela demanda crescente, o número de turmas em 2017 já é maior do que no ano passado.
O faturamento líquido da indústria da beleza no ano passado, descontados os impostos, foi de R$ 45 bilhões.
A onda das barbearias
Uma das facetas mais visíveis da expansão do mercado da beleza está nas barbearias. Nos últimos anos, elas se proliferaram por diferentes cidades, incluindo Caxias. Hoje, diversos estabelecimentos disputam espaço.
– O boom das barbearias é algo semelhante ao que aconteceu com a towners (carrocinhas) de cachorro-quente ou as lan houses anos atrás. A barbearia é a bola da vez. Mas muitos desses negócios em 18 meses fecham e uns 30% seguem no mercado – compara o diretor financeiro do salão e barbearia Differenza, Luis Alberto Pereira.
A sócia-proprietária do Differenza Liamara Pereira ainda destaca que, por trás da disseminação das barbearias, também está a própria moda, que voltou a valorizar a barba. Outro fator que pesa para o sucesso desse tipo de negócio é o maior interesse do público masculino pelos serviços relacionados a cuidados pessoais.
O Differenza criou a barbearia em 2012. A marca, porém, começou em 2007 como um salão de beleza, focado no público feminino. Aos poucos, foi agregando novos nichos, como espaço dedicado ao público infantil. No ano passado, inclusive, a empresa montou uma filial, em um shopping, unindo todas modalidades de serviços.
– A ideia de criar a barbearia surgiu quando os pais traziam as crianças e perguntavam se fazíamos barba ou cortávamos cabelo – conta Liamara.
Agora, a barbearia responde por 40% do faturamento.
agenda cheia Suzane atende, em média, quatro clientes ao dia
Após seis anos trabalhando em uma grande indústria têxtil em Caxias do Sul, Suzane de Angeli resolveu ir atrás do seu sonho de trabalhar no ramo da beleza. No final do ano passado, decidiu largar o emprego que tinha na área de costura para trabalhar com micropigmentação, técnica de desenho de sobrancelhas que tem sido cada vez mais demandada pelas mulheres.
Com o passar do tempo, a escolha se mostrou mais que acertada.
– Eu tinha medo de trocar o certo pelo duvidoso. Mas o mercado da micropigmentação está em alta e tem dado um bom retorno. Tem dias que tenho todos os horários preenchidos com clientes – comemora Suzane.
O gosto de Suzane pelo segmento da beleza vem de longa data. Ainda quando trabalhava com costura, fazia design de sobrancelhas como uma atividade paralela. Durante o horário de almoço, suas colegas viravam clientes.
Assim que saiu da empresa, o primeiro passo foi fazer um curso de micropigmentação. Com o avanço da tecnologia, essa modalidade acabou ocupando o espaço da sobrancelha permanente, que era mais agressiva à pele.
Em um momento no qual muitas empresas patinam em meio à recessão, o negócio de Suzane cresce rapidamente. Começou em uma sala pequena dentro de um salão de beleza, mas há dois meses mudou de endereço. Agora, a micropigmentadora tem o próprio estúdio em Caxias. Ela ainda atende em São Marcos e, eventualmente, em Santa Catarina. A próxima meta é formalizar-se como MEI.
Em média, Suzane costuma ter quatro clientes por dia. Com isso, consegue ter uma renda até três vezes maior do que quando tinha carteira assinada. Parte dos recursos obtidos ela investe em equipamentos e em capacitação. Em breve, deve fazer um curso de micropuntura (técnica de combate a rugas e marcas no rosto) e ampliar a oferta de serviços.
espaço compartilhadO Aline e Viviane criaram negócio que une escola e coworking em 2015
Nos últimos anos, a ideia de compartilhar espaços de trabalho ganhou força no Brasil. Os coworkings, como são chamados os escritórios coletivos, se espalharam pelo país, e diversos empreendedores têm apostado na criação deste tipo de negócio. As caxienses Aline Dambrós e Viviane Ávila também decidiram ingressar no nicho, mas com um toque diferente. Elas criaram no bairro São Pelegrino o primeiro coworking do país dedicado à beleza.
Aberto durante os sete dias da semana, a Santa Beleza oferece mais de 40 cursos de capacitação em diferentes serviços e disponibiliza salas para aluguel por hora. Hoje, mais de 20 profissionais da beleza recorrem ao espaço quando há demanda. A estrutura pode receber cabeleireiros, manicures, maquiadores, esteticistas, massoterapeutas e especialistas de áreas afins. Outra vertente de atuação do coworking é a realização de eventos de marcas, seja para treinamento ou lançamento de produtos .
Com um investimento de R$ 200 mil, Aline e Viviane criaram a empresa no final de 2015, momento que coincidiu com o furacão da crise econômica. Ambas tinham cargos de gestoras em outras companhias, mas abriram mão da estabilidade para criar a Santa Beleza.
– As pessoas falavam que a gente era louca por investir nesse momento e ter pedido demissão. Mas tínhamos a necessidade de trabalhar com um propósito. Vimos uma oportunidade onde todo mundo via um problema – afirma Viviane.
Em pouco tempo de atuação, o estabelecimento, com sua proposta de unir escola e coworking, está próximo da consolidação. O retorno do investimento inicial começa a aparecer. O faturamento anual deve fechar 2017 em R$ 720 mil, mas tem potencial para ultrapassar a barreira de R$ 1 milhão em breve.
Aline conta que o desempenho desperta interesse de investidores interessados em replicar o modelo.
– Teve três pessoas interessadas em saber como fazer uma franquia. Ainda não somos uma franquia, mas há planos – projeta Aline.
As decisões tomadas pelos gestores com base exclusivamente no texto poderão expor suas empresas a risco exacerbado
Barbearias, estéticas, salões e outros negócios no segmento avançam em diferentes pontos da cidade
Julio d’Agostini, fundador da Boccati, diversificou os negócios e colherá crescimento de 18% no ano
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