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“O ambiente é hostil”

Simone leite é a primeira mulher a presidir
a federasul  em seus 90 anos de história

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silvana toazza

silvana.toazza@pioneiro.com

Primeira mulher a presidir a Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul) em suas nove décadas de história, Simone Leite, 40 anos, tem dimensão dos desafios a que estão submetidos os empresários que ousam investir em palco gaúcho.

– O Rio Grande do Sul é um Estado hostil para quem empreende. A burocracia sufoca e a carga tributária afoga. Nossa infraestrutura é precária e as questões de segurança pública interferem diretamente nos negócios. O custo para empreender no RS é mais alto – desabafa a administradora de empresas, natural de Estância Velha.

Defendendo maior participação do interior nas decisões da entidade, Simone Leite ostenta no currículo uma bagagem que a credencia a lutar pela bandeira do progresso. Foi secretária de Desenvolvimento Econômico de Canoas e já concorreu ao Senado pelo PP.

A seguir, trechos da entrevista exclusiva concedida pela diretora administrativo-financeiro do Grupo Urano, fabricante de balanças eletrônicas de Canoas: 

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no comando Dirigente diz que há empresários abandonando o Estado por questão de sobrevivência

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Nós, durante muito tempo, negamos a política e terceirizamos as responsabilidades. O resultado da nossa omissão foi esse: a grave e longa crise. 

  • O pior da crise já passou?
    Penso que sim. Infelizmente muitas empresas ficaram pelo caminho, muitas famílias estão vivendo sem dignidade. Todos nós, brasileiros, ficamos mais pobres, nossa qualidade de vida foi comprometida, mas sobrevivemos, nos adaptamos e estamos mais fortes para seguir em frente. O Brasil é maior do que a crise e o maior desafio é fazer o círculo virtuoso da economia girar: confiança-investimento-consumo-produtividade. Nosso maior e mais urgente desafio é a ampliação dos postos de trabalho e a recolocação dos desempregados.  
  • O Rio Grande do Sul está mais fragilizado do que o restante do país?
    Sim, além da crise econômica que abalou todos os brasileiros, temos o aspecto psicológico e a grave crise financeira que toma conta do noticiário. Os trabalhadores da iniciativa privada estão inseguros e os funcionários públicos não sabem se vão receber o salário. Tudo isso influencia o consumo e os investimentos. E também o ambiente para empreender no RS é muito hostil, muitas empresas fecharam e um grande número de empresários está abandonando o Estado por uma questão de sobrevivência.  
  • A retomada da economia já começou?
    Já começou sim. Percebemos que os fatos políticos não estão mais abalando a economia. Entendemos que a equipe econômica é qualificada e os números macroeconômicos são promissores. A diminuição da taxa de juros e a retomada da confiança já são visíveis. A confiança da indústria, a primeira a sentir a crise, mas também a primeira a sair dela, sobe enquanto o Risco-Brasil visto pelo mercado diminui. Nosso grande problema ainda é o “buraco” fiscal. A despesa do governo aumenta e a receita diminui. O mais triste é que, nesse quesito, a sociedade não pode interferir porque são os políticos pouco comprometidos que administram. Precisamos promover concessões públicas na área de infraestrutura e a desburocratização. 
  • Como investir num cenário de instabilidade política?
    É um ato de coragem. O Brasil é um país cheio de oportunidades, com povo trabalhador, criativo e empreendedor. As crises sempre apresentam novas oportunidades. Penso que precisamos buscar maior produtividade. A pergunta pertinente ao momento seria como parar de perder quem já vinha investindo e está ficando pelo caminho? Hoje a maioria dos estudantes universitários estuda na expectativa de um concurso público, em busca da estabilidade dos servidores. Por mais indispensáveis que sejam os serviços públicos, um país não vive sem a geração de riquezas, postos de trabalho, sem a arrecadação que sustenta a máquina pública. 
  • Qual o seu conselho aos empresários?
    Bom senso, trabalho honesto, busca por excelência, moralidade nas relações e participação política. Nós, durante muito tempo, negamos a política e terceirizamos as responsabilidades. O resultado da nossa omissão foi esse: a grave e longa crise. A política influencia diretamente a nossa vida. Precisamos transformar nossa energia empreendedora em força política, na construção da nação que queremos. 
  • Como sermos competitivos para atrair empresas?
    Com políticas públicas efetivas, eficazes e eficientes que visem desburocratizar, que demonstrem que o Estado é parceiro de quem gera riqueza e renda para a sociedade. Antes de atrairmos empresas, precisamos manter as nossas fortalecidas. É um erro cobrar mais impostos das mesmas empresas. Precisamos ampliar a base, investir em infraestrutura, nos pontos importantes que podem auxiliar na competitividade e na redução de custos, tornando nossos produtos mais competitivos em âmbito nacional.  
  • Estamos perdendo espaço?
    Cito um exemplo: estamos ao lado de um Estado que cresce e se desenvolve apoiado no empreendedorismo e no incentivo aos empresários. Hoje custa mais barato escoar a produção pelos portos de Santa Catarina do que pelo Porto de Rio Grande (estrada ruim, acesso complicado e “calado” para navios graneleiros comprometido). Penso que precisamos ter coragem de fazer o debate com a comunidade e opinião pública sobre o verdadeiro papel do empresário na sociedade. Não podemos aceitar que uma minoria barulhenta continue denegrindo a imagem da classe produtiva, fomentando a discórdia entre trabalhadores e empreendedores que dependem uns dos outros, que juntos carregam este país nas costas.  
  • Qual é o caminho?
    O Rio Grande está inchado. Está na hora de rever o tamanho do Estado para o necessário, para que a população tenha de volta o indispensável, a segurança, uma saúde decente, uma educação de qualidade.

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