+economia solidária
JULIANA BEVILAQUA
juliana.bevilaqua@pioneiro.com
Um trabalho colaborativo. Um negócio preocupado com o meio ambiente. Um jeito diferente de produzir, vender, comprar e trocar o que é preciso para viver. Tudo isso sem perder a motivação econômica, mas com uma visão cooperativa e não competitiva.
Muitos empreendimentos atuam dessa maneira, mas, talvez, alguns deles nem saibam que se encaixam na chamada economia solidária. O termo, de fato, não é tão popular, mas a Ecosol, como também é conhecida, não é novidade. Em Caxias do Sul, por exemplo, existe de forma organizada desde 2003.
São cerca de 100 empreendimentos organizados na cidade, segundo o Fórum Municipal de Economia Solidária. Entre 2009 e 2013, conforme estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), eram 57. Pode haver mais, já que muitos negócios atuam na informalidade.
O aumento no número de empreendimentos nos últimos anos tem uma explicação, segundo Sandra Braun Teixeira, integrante da coordenação do Fórum Municipal de Economia Solidária e da coordenação executiva do Fórum Gaúcho de Economia Solidária: a crise financeira. Sem trabalho, muitas pessoas encontraram nos segmentos da economia solidária (alimentação, artesanato, confecção e reciclagem) uma fonte de renda.
– As pessoas precisam de uma alternativa. Existem, inclusive, indicações da ONU (Organização das Nações Unidas) para implantação da economia solidária em países subdesenvolvidos – diz Sandra.
Mais que uma opção de trabalho frente a dificuldades financeiras, Flávio Custódio, também integrante do Fórum Municipal, defende que a economia solidária seja alternativa ao sistema empregado-empregador.
– É uma oportunidade de independência e autonomia para as pessoas terem renda – entende.
O Fórum Municipal de Economia Solidária reúne-se sempre às terceiras terças-feiras de cada mês, no auditório do FGTAS (Avenida Júlio de Castilhos, São Pelegrino).
Os empreendimentos de economia solidária utilizam processos similares aos das cooperativas. No entanto, eles não têm a mesma estrutura formal. Conforme o professor do Centro de Negócios da FSG, Rafael Perini, são atividades que não estão vinculadas ao mercado tradicional.
Dos cerca de 100 empreendimentos de economia solidária de Caxias do Sul, 40 fazem parte da Associação Em Rede. Um deles é o de Luiza Dinnebier, 59 anos, e Antonia Silva de Jesus, 50, que atuam no ramo da alimentação. Elas vendem tapioca e acarajé há 15 anos.
Antonia é natural de Valença, interior da Bahia, e comercializa seus acarajés em uma barraca na Praça Dante Alighieri, no Centro. Já Luzia vende as tapiocas que aprendeu a fazer com Antonia na Praça João Pessoa, no bairro São Pelegrino.
As duas trabalham sempre na semana de pagamento e nas outras semanas, de quinta a sábado (os dias são determinados pela prefeitura). As amigas também participam de feiras em Caxias e em outras cidades do Estado e do país.
Em uma semana de bom movimento, Antonia consegue ganhar aproximadamente R$ 700 com a venda de acarajé. Luzia, em um bom dia de negócios, fatura cerca de R$ 300 com as tapiocas.
– Eu sobrevivo só do que produzo da economia solidária. Mas a maioria dos empreendimentos é complemento do salário. Alguns vivem disso, mas quem é aposentado, por exemplo, precisa de mais um ganho – diz Luzia.
Conforme estudo do Dieese, entre 2009 e 2013, o Rio Grande do Sul tinha 1.696 empreendimentos de economia solidária, e o Brasil, 19.708.
De uma crença pessoal e um estilo de vida, surgiu, há quatro meses, a Eco Emporium Alimentos Funcionais e Orgânicos. Das amigas Patrícia Padilha Lima e Valquiria de Lima Tavares – que, apesar do sobrenome, não são parentes –, ambas com 38 anos, o empreendimento tem preocupação não só com alimentação saudável, mas com o meio ambiente.
Um planejamento para fomentar a economia solidária será elaborado no ano que vem pela prefeitura. Para isso, a administração municipal realiza agora um diagnóstico do setor. Um dos primeiros passos, segundo a gerente de geração de trabalho, emprego e renda da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Daniela Barbosa Maino, é fazer um recadastramento dos empreendimentos. O desafio, para ela, é trazer os grupos que atuam de maneira informal para a formalidade.
– Nos últimos anos, foram feitas diversas ações, mas bem descentralizadas. Não foi com foco em fomentar apenas economia solidária, mas, sim, de grupos em geral. Agora a gente está em análise para ver se vamos continuar fomentando a economia solidária dessa forma ou se vamos focar mesmo somente nos grupos específicos com esse interesse – explica.
Hoje, conforme Daniela, quem trabalha com economia solidária têm acesso ao Banco do Vestuário do município para retirada de material para confecção de produtos e pode participar de programações, como a Feira Sem Fronteiras, realizada no segundo domingo de cada mês, desde abril deste ano, além da feira que ocorre na Praça João Pessoa, em São Pelegrino.
O futuro passa pela colaboração. E por isso a aproximação entre associados e mercados estará no eixo da gestão que se inicia agora e vai até 2019
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