VANIA BEATRIZ MERLOTTI HERÉDIA
Professora, mestre em Filosofia pela PUC e doutora em História das Américas pela Universidade de Gênova
A Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Caxias do Sul, por meio de seu Conselho da Empresária, lançou no dia 13 de novembro a obra Mulheres empreendedoras: a construção de uma caminhada. A proposta de escrever sobre o empreendedorismo feminino, para marcar os 20 anos de atuação do Conselho da Empresária da CIC, impôs um difícil desafio que foi aceito pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), com a intenção de ouvir a história de mulheres e dar voz às suas narrativas, contando seus percursos, caminhadas, dilemas e mesmo contradições, no trabalho realizado por quatro pesquisadores: Anthony Beux Tessari, Claudio Corrêa de Mello, Eliana Rela e Vania Beatriz Merlotti Herédia.
Uma das preocupações dessa produção foi olhar para essas histórias, identificar suas contribuições, localizar seus contextos e analisar as dificuldades e os obstáculos do período, entendendo que a mulher empreendedora é aquela que transforma, que realiza, que enfrenta o risco, que ultrapassa as exigências do que é permitido, promovendo a inovação, modificando os ambientes comuns em necessários, os invisíveis em visíveis.
A importância da memória coletiva está que ela representa o sentimento do grupo ao qual ela faz referência. Muitas lembranças remetem à história de ações que as mulheres promoveram em benefício de uma luta constante e que faz parte de percursos vividos por elas. Algumas lembranças são comuns e constituem a memória do grupo, e outras lembranças são distintas: ajudam a reconstruir a memória coletiva.
As narrativas mostram que houve, por parte de muitas, uma reinvenção de seus papéis sociais, rompendo com os padrões vigentes anteriores, começando na família, passando pela empresa e instituições correspondentes, estendendo-se até a comunidade. A missão cumprida nos diversos espaços mostra as pressões que a mulher sofreu para garantir neles a sua presença. A emancipação feminina oportunizou mudanças sociais significativas, que perpassam a família rural e urbana brasileira, modificando mentalidades e abrindo espaços para a transformação de valores que afetaram a cultura e deram às mulheres condições mais igualitárias na participação social nas diversas instituições vigentes. Até recentemente, muitas ocupações eram permitidas apenas aos homens, bem como o poder de decisão sobre elas mesmas, mas as mulheres transformaram essas limitações em espaços e os ocuparam.
Nas falas, as vozes ressoam a importância de a valorização da mulher começar por ela mesma, não ter medo de pressões
Nesse sentido, o empreendedorismo está presente na Serra Gaúcha pela capacidade que as mulheres têm para resolver problemas, enfrentar situações e riscos, fazer diferente, agir, aprender de formas distintas, ter coragem, duplicar jornadas e estar presente nas principais atividades que as cercam. Nas vozes do presente, vimos mulheres ativas, protagonistas de seu destino e capacitadas para os negócios. Nesse cruzamento, temos um acervo de conhecimento que se reproduz e que faz a diferença nesta região, onde os valores culturais foram sempre muito fortes, voltados para a família e para o trabalho. O reconhecimento da importância do trabalho é uma característica presente na fala das mulheres que acreditam na transformação que gerou na vida das pessoas e, em seus depoimentos, está a síntese de que o trabalho identifica o ser humano na sociedade e o coloca no circuito produtivo, resultado de um processo de suprimento de necessidades propostas pela reprodução social.
Nas falas, as vozes ressoam a importância de a valorização da mulher começar por ela mesma, não ter medo das pressões que se manifestam contra o status quo, sendo que a visibilidade é resultado do esforço coletivo, que faz com que esse empreendedorismo tenha a marca da presença feminina. A saída da mulher da esfera doméstica e sua participação na esfera empresarial não enfraquece a família, mas fortalece a mulher nas decisões que venha a tomar, evidência de que é possível dividir responsabilidades que implicam domínios de poder e abrem espaços para novas práticas culturais, nas quais desaparece a discriminação nas oportunidades. Parafraseamos uma das entrevistadas, que resume o pensamento do empreendedorismo feminino quando fala de sua avó: “Ela foi uma líder dentro da empresa [...], ela foi uma líder dentro de casa. Ela foi empreendedora porque tinha asas para voar.”
IOTTI
iotti@iotti.com.br
Nas falas, as vozes ressoam a importância de a valorização da mulher começar por ela mesma, não ter medo de pressões
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