+CERVEJA
FERNANDO SOARES
fernando.soares@pioneiro.com
DIOGO SALLABERRY
premiada Imaculada, de Gazolla, até já ganhou concurso
Loiras, morenas ou ruivas. Menos ou mais encorpadas, de sabores variados. Em Caxias do Sul, fabrica-se cerveja de diferentes estilos e para todos os gostos. Nos últimos anos, diversas microcervejarias surgiram no município, dando enfoque nas cervejas especiais, também conhecidas como artesanais. E, pelo ritmo acelerado desse mercado, a oferta de rótulos produzidos na cidade tende a continuar em alta.
A venda da Imaculada é feita, principalmente, para estabelecimentos da região. Há também compradores em Porto Alegre e no centro do país. Segundo Gazolla, apesar do crescimento no número de cervejarias, o mercado tem espaço para todo mundo. Até porque o consumo de cervejas artesanais no país é pequeno. Representa menos de 1% de todo o líquido bebido, conforme levantamento do Instituto da Cerveja Brasil (ICB).
Parceria para crescer
Os brasileiros consomem 140 milhões de hectolitros de cerveja por ano, segundo o Mapa. No mundo, só são superados pelos chineses (460 mi hl) e estadounidenseses (221 mi hl).
Mesmo tendo cada vez mais competidores no mercado, diversas cervejarias caxienses abrem suas portas aos concorrentes. É comum que as empresas subloquem seus tanques para cervejeiros que não tenham estrutura própria. No caso da Landsberg, que está há dois anos no setor, uma fatia relevante do seu faturamento provém do aluguel para os ciganos, maneira como são chamados produtores sem fábrica. Com esse grupo, o número de fabricantes do líquido ultrapassa as duas dezenas em Caxias.
– Temos capacidade para produzir até 50 mil litros ao mês. Hoje, fazemos em torno de 15 mil litros, sendo 8 mil da Landsberg e o restante, de terceiros – conta o proprietário, Rodrigo Parolin.
Outro ponto que ajudou a Landsberg a alavancar a própria marca foi a realização de uma parceria com o jogador Douglas, do Grêmio, para o lançamento de uma linha de cervejas com a imagem do meio-campista tricolor no rótulo. Parolin lembra que hoje os produtos relacionados ao atleta são o carro-chefe da empresa.
O presidente da Associação de Cervejeiros da Serra (Cerva Serra), Cláudio Costa, constata que muitas das microcervejarias de Caxias ingressaram no ramo de forma amadora.
– Quase todos os cervejeiros de Caxias começaram fazendo cerveja em casa para os amigos. Até que chega o momento em que há a profissionalização – aponta.
Hoje, a Cerva Serra conta com cerca de 130 associados na região, sendo 90% de caxienses. O objetivo da entidade é fomentar a cultura cervejeira através da oferta de cursos e da realização de eventos dedicados às bebidas artesanais.
DIOGO SALLABERRY
duas frentes Lima e Alberton se uniram para montar bar e cervejaria própria
Na esteira do aumento da produção de cervejas especiais, Caxias do Sul também começa a ganhar pubs voltados especificamente para esse tipo de bebida. E alguns dos empreendimentos surgidos nos últimos anos têm características próprias, indo além do perfil tradicional de bar.
Inaugurado em 2015, o brew pub La Birra tem como diferencial a produção própria de cerveja. Para isso, além do bar, foi montada uma fábrica com estrutura para produzir 17 mil litros ao mês.
Atualmente, são feitos 9 mil litros a cada 30 dias. Desse volume, 6 mil vão para as 15 torneiras de chope do bar, e o restante é comercializado em barris para outros estabelecimentos da região.
Tiago Lima e Guilherme Alberton, os sócios-proprietários do La Birra, eram colegas na faculdade de Administração de Empresas e tiveram a ideia de empreender neste nicho assim que se formaram.
– Visualizamos o mercado da cerveja em uma crescente, como uma boa oportunidade. No início, a ideia era abrir um empório, mas vimos que já havia alguns. Então, pensamos em um negócio em que houvesse consumo no local – conta Lima.
No primeiro ano da operação, a cervejaria ainda não tinha sido inaugurada e eram servidas outras marcas de cervejas artesanais, a maioria da região.
Para a construção da fábrica, em 2016, Lima e Alberton se uniram a um novo sócio, responsável por elaborar as cervejas. Entre o bar e a cervejaria, o investimento total nas empresas foi próximo a R$ 1 milhão. Neste momento, o brew pub é o que puxa o faturamento, mas a intenção é de que isso mude.
– Hoje, o bar fatura três vezes mais do que a cervejaria. A ideia é que isso seja ao contrário. O bar é um trabalho mais imediato, já a cervejaria é outro tipo de negócio e requer mais tempo para crescimento – aponta Alberton.
Já o Alligator não tem produção própria, mas investe na união entre cervejas especiais e diferentes cortes de carne para atrair o público. A maioria dos rótulos servidos nas 34 torneiras é de marcas serranas. Um dos sócios do estabelecimento, Diego da Luz conta que o investimento na casa, aberta em 2015, beirou os R$ 500 mil.
E esse não é o único negócio cervejeiro de que Luz participa. Ele também é um dos proprietários do Bier Haus, um dos primeiros bares criados em Caxias com foco na bebida artesanal.
– O mercado da cerveja está crescendo, assim como o do vinho já teve seu crescimento. O público está buscando conhecimento, provando novos estilos. O pessoal cansou de tomar cerveja comum – avalia o empresário.
Os empórios e lojas que comercializam rótulos de diferentes lugares ao redor do mundo e outros produtos relacionados ao universo da cerveja representam outra categoria de empreendimento que movimenta o mercado cervejeiro em Caxias do Sul.
A Selezione BierShop, fundada em 2013, foi uma das primeiras a apostar nesse perfil de negócio. Hoje, oferece mais de 150 marcas de cervejas. No começo, havia a predominância das importadas, mas agora as nacionais ocupam boa parte das prateleiras. O local ainda conta com torneiras de chope, para quem deseja apreciar a bebida ali mesmo.
– Vem crescendo bastante a procura. E uma tendência nos últimos anos tem sido o chope na torneira. Hoje representa 60% do nosso faturamento. O restante vem das vendas de garrafas – constata Rodrigo Kahler, sócio-proprietário da empresa.
Kahler, entretanto, começou a trabalhar com cerveja antes mesmo de abrir a loja. Desde 2009, também é sócio em uma distribuidora, que atua principalmente em Caxias, na Região das Hortênsias e na área metropolitana de Porto Alegre, e fornece mais de 80 rótulos.
A expansão das lojas de cerveja tem sido tão rápida no país que há até mesmo franquias no setor. É o caso da Mestre-Cervejeiro.com, que ganhou uma unidade caxiense neste ano.
Os franqueados no município Douglas Antunes e Rodrigo de Oliveira dispõem de mais de 270 rótulos, sendo 60% importados e 40% nacionais. Além disso, a loja disponibiliza uma série de produtos da marca, como copos, growlers, coolers, entre outros, e conta com local para degustação.
– Sempre fomos apreciadores de cerveja. E a vontade de ter nosso próprio negócio nos levou a investir na franquia – explica Antunes.
Para se tornar representante da marca, os caxienses investiram cerca de R$ 180 mil, entre taxas e reformas no imóvel de 50 metros quadrados.
Com origem no Paraná, hoje a Mestre-Cervejeiro.com tem mais de 60 lojas espalhadas pelo país. No Rio Grande do Sul, além da unidade em Caxias, há pontos em Porto Alegre e Santa Maria.
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Atualmente, município tem 14 microcervejarias registradas. Na cidade também avança a criação de bares e lojas temáticas.
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