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+ENTREVISTA

“Nosso coração está aqui”

Mauro bellini, filho do fundador da Marcopolo, fala dos desafios de levar adiante o legado do pai

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SILVANA TOAZZA
silvana.toazza@pioneiro.com

Em 2017, a Marcopolo ficou órfã de seu fundador, Paulo Bellini, falecido em 15 de junho, aos 90 anos. Mas a empresa mantém os alicerces fincados em Caxias do Sul e levará adiante o “estilo” de Seu Paulo de comandar, para quem “o mais importante são as pessoas”.

Os filhos – Mauro Gilberto Bellini, James Bellini e Paulo Pacheco Bellini – são os herdeiros empresariais do fundador, a quem cabe a missão de seguir os passos e o legado deixados pelo pai, de motivador das equipes, de visionário, ciente da importância da Marcopolo para as comunidades nas quais atua. A empresa completou 68 anos em agosto, obteve receita líquida de R$ 1,295 bilhão no primeiro semestre (crescimento de 23%) e emprega 12 mil pessoas em 18 fábricas ao redor do mundo.

Em entrevista exclusiva ao Pioneiro, Mauro Bellini, 56 anos, presidente do Conselho Administrativo do Banco Moneo (pertencente ao grupo) e membro do Comitê de Estratégia da Marcopolo, fala dos rumos da maior fabricante de ônibus da América Latina, das estratégias para driblar a crise econômica e da desativação da planta fabril da empresa no bairro Planalto. 

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Estar presente em vários países não significa deixar Caxias, mas sim exportar a cultura caxiense

  • Pioneiro: O pior da crise já passou para a Marcopolo?
    Mauro Bellini: É difícil dizer. Esperamos que sim, mas o cenário brasileiro depende de diversos e diferentes fatores para que a economia e o setor de ônibus, em especial, voltem a demandar como até 2013. A Marcopolo, antes mesmo de a crise atingir o nosso segmento, deu início a uma série de medidas para ser mais competitiva, produtiva e eficiente. Essas medidas demandaram ações como o enxugamento de pessoal em todas as unidades no Brasil, o foco em elevar a produtividade das fábricas e na melhor adequação dos investimentos e dos recursos. Os resultados ao longo desse período demonstram que fomos assertivos nesses programas. Por outro lado, estreitamos ainda mais o relacionamento com os nossos clientes e com o mercado em geral, para melhor atender essa baixa demanda nacional. Executamos um programa nas exportações, o Conquest, que reforçou as nossas receitas oriundas do Exterior e permitiu equilibrar o desempenho da companhia.  
  • O momento é de manter as equipes ou enxugá-las mais? 
    Para uma empresa, é sempre difícil e doloroso qualquer processo de adequação no seu quadro de colaboradores. A perda é mútua. Entendemos que fizemos toda a adequação necessária para acompanhar a significativa queda de demanda. Nossas fábricas estão operando da maneira mais eficiente possível, em relação aos pedidos e ao mix de produtos. Nosso objetivo é não só manter nossos talentos, formados e desenvolvidos com muito investimento em capacitação, mas continuar fomentando novos talentos e promover o crescimento profissional do maior número de pessoas que pudermos.  
  • Como a Marcopolo e a família pretendem levar adiante o legado de Paulo Bellini? 
    Existem várias maneiras, mas uma só postura e conduta: vamos manter o estilo Marcopolo, criado e tão bem executado pelo “Seu Paulo”. Foco na motivação e valorização dos colaboradores e da comunidade. Entendemos que a Marcopolo tem um papel social importante nas comunidades nas quais estamos inseridos. O grande segredo da Marcopolo sempre foi, por um lado, o atendimento às necessidades, desejos e buscas do cliente. Por outro lado, o foco do meu pai sempre foi a fábrica, interagir e motivar todas as pessoas. Fazia isto percorrendo a fábrica e virou tradição o agradecimento de final de ano, uma de suas marcas registradas. Na visão dos filhos e também das famílias controladoras, nenhum negócio pode ser bem-sucedido sem que as pessoas estejam motivadas e comprometidas. É o que continuaremos a fazer. 
  • Os filhos estão se aproximando da rotina da empresa? 
    Sempre estivemos envolvidos. Dependendo do momento e da situação e também do estilo de cada um, mas sempre estivemos próximos e atuantes. Nossa intenção sempre foi respeitar o estilo e a maneira de condução dele. Agora, vamos procurar dar continuidade a esse estilo, com uma visão e maneira de condução nossa. Entendemos que o seu legado está em nós e, ao mesmo tempo, fazemos parte desse legado. Simplicidade, motivação, humildade e promover a integração são palavras-chave que direcionam esse legado e as nossas atitudes. 
  • Quando a fábrica do bairro Planalto será desativada? 
    Os volumes atuais e os projetados para os próximos anos não são suficientes para manter três fábricas em Caxias operando. Por esta razão e considerando que a fábrica da Neobus, agora 100% Marcopolo, é muito mais nova e apropriada para os processos produtivos modernos, optamos por concentrar nossa produção na cidade nas fábricas de Ana Rech e Neobus. A transferência deve acontecer gradativamente ao longo de 2018, com conclusão prevista para 2019 de forma bem tranquila e, mais importante, mantendo a produção em Caxias e fortalecendo a presença local. 
  • A Marcopolo pretende manter a matriz em Caxias? 
    Sim. Nosso coração está aqui. Pela própria natureza do nosso produto, o ônibus, precisamos entender cada mercado e estar presentes localmente. Mas isto não significa deixar Caxias e sim exportar a cultura caxiense. Por mais que desejemos e tenhamos feito por muito tempo, não é competitivo internacionalmente produzir tudo aqui e exportar para os diversos mercados. Fazemos e continuaremos a fazer isso, mas a presença local (nos mais diversos e importantes mercados e países) é fundamental para o sucesso da empresa.
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