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“Empreender é complicado”

Carlos bertuol é diretor da meber, de bento gonçalves, líder no Estado na fabricação de metais sanitários

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SILVANA TOAZZA 
silvana.toazza@pioneiro.com

Formado em Ciências Jurídicas e Sociais pela UFRGS, Carlos Bertuol é diretor da Meber Metais, de Bento Gonçalves, uma das principais fabricantes de metais para banheiro, lavabo, cozinha e jardim do país.

Apostando em tecnologia de ponta, a empresa está há 57 anos, dia após dia, em constante processo de reinvenção.

O empresário acumula ainda a função de diretor na Fiergs/Ciergs para a gestão 2017/2020. Já foi presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Bento Gonçalves.

Casado com Maysa Bertuol e pai de Mariana e Luciano, ele também tem participação na Bertuol Empreendimentos, dedicada ao ramo imobiliário. A seguir, trechos da entrevista:

Fabiano Mazzotti, divulgação

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Infelizmente, o Brasil não protege a sua indústria, que é muito onerada, diferentemente do que ocorre lá fora

  • Como surgiu a Meber?
    A Meber nasceu dentro de uma concessionária, em Bento Gonçalves, que vendia automóveis da Chevrolet e refrigeradores da Frigidaire. Ali ocorria também a assistência técnica de eletrodomésticos. Essa foi a origem da Meber (na época, Mecânica Bertuol). Com o tempo, passou a fabricar algumas peças que não existiam no mercado brasileiro, atendendo a necessidades pontuais. Por demanda de uma empresa de Bento Gonçalves, foi convidada a produzir um tipo de torneira, entregando seu primeiro pedido com 20 peças, fato que abriu o leque de possibilidades para a fabricação de torneiras, registros e outros. Isso ocorreu em 1961. Logo, a empresa deixou de prestar assistência técnica para atuar somente com a fabricação de peças. Mudou-se do centro da cidade, do pequeno porão onde estava instalada, para um pavilhão no bairro Licorsul, já na condição de fábrica de metais sanitários. Na década de 1990, houve uma reestruturação do quadro societário – inicialmente composto por seis sócios –, ficando o comando da empresa a cargo das famílias Bertuol e Chiaramonte. Hoje, é a segunda geração que está à frente da empresa. Há quatro anos, a Meber investiu em um novo parque fabril. A área industrial ocupa 10 mil metros quadrados de área construída, capaz de fabricar até 200 mil peças por mês, o dobro de sua capacidade produtiva em relação às antigas instalações. 
  • Qual o número de funcionários e os mercados?
    A Meber tem 220 colaboradores internos. Considerando aqueles que atuam também como promotores de venda, representantes ou agentes de negócio, são cerca de 300 pessoas envolvidas. Trabalhamos basicamente com mercado nacional, que responde por 90% do faturamento. No Rio Grande do Sul, somos líderes no setor. Temos investido, sim, em exportações, com destaque para os países da América Latina, mas nosso foco é, realmente, o mercado nacional, pois há ainda muito espaço a ser conquistado. 
  • De que forma a crise econômica impactou no negócio?
    Há três anos, o faturamento da Meber está estagnado. Não tivemos queda, o que é importante ser registrado, especialmente porque nossa atuação está ligada à construção civil, ramo que foi muito afetado pela recessão e segue sofrendo os impactos da falta de financiamento. Acreditamos que 2018 será um ano de recuperação na economia nacional e de crescimento. Estamos trabalhando para ampliar a nossa participação de mercado e crescer acima dos índices da construção civil. 
  • O mercado da construção civil foi o que mais enxugou vagas em 2017 no Brasil. Isso respingou na sua empresa?
    Todas as empresas ligadas ao setor da construção civil sofreram com os índices negativos. Felizmente, a Meber não depende exclusivamente desse nicho, está bem posicionada no varejo, que se manteve estável em 2017. Em 2018, continuamos apostando forte nesse filão de mercado, enquanto aguardamos a recuperação da construção civil. 
  • Quais as estratégias para subverter as dificuldades?
    Inovação é a palavra-chave. Trabalhar novos produtos, investir em design, em tecnologia, ou seja, itens mais atrativos e competitivos para o mercado. Feito isso, é importante procurar expandir os canais de venda, fortalecendo a área comercial. Estamos amadurecendo ideias e iniciativas como telemarketing, lojas próprias, comércio eletrônico. Tudo para ampliar nossa participação em canais onde não tínhamos representação. Hoje, a Meber tem uma capacidade fabril para atender o dobro do volume de produtos que está vendendo. Estamos trabalhando para equalizar essa conta. 
  • De que forma a concorrência impacta nas vendas?
    Temos concorrentes muito fortes no segmento, com marcas consolidadas e faturamentos muito maiores do que o da Meber. Nosso desafio é conquistar e ampliar nosso espaço no mercado. Mas o que realmente atrapalha é a concorrência externa. Infelizmente, o Brasil não protege sua indústria, a produção industrial é muito onerada, diferentemente do que ocorre em outros países. É comum que produtos vindos especialmente do Oriente cheguem ao nosso mercado com preços muito difíceis de serem igualados pelas indústrias locais. Não podemos competir por preço, o que nos obriga a investir em outros diferenciais competitivos. Além desse, outros problemas prejudicam o setor secundário, como carência de infraestrutura, transporte, mão de obra capacitada, alta carga tributária e uma série de problemas graves que só saíram da pauta porque, em 2017, falamos exclusivamente do entrave da crise. Mesmo antes dessa recessão, nossas condições de trabalho não eram boas. Tudo isso faz com que a produtividade no Brasil seja muito baixa, deixando nossas indústrias em condições desfavoráveis. Empreender no Brasil é muito complicado. Mesmo assim, a gente luta e sobrevive.
  • Bento Gonçalves é uma boa cidade para investir?
    Sim, é uma cidade com boa mão de obra, tem uma localização logística favorável no Estado, mesmo que o Rio Grande do Sul não seja o melhor ponto geográfico para se produzir, pois importamos muita matéria-prima de São Paulo e devolvemos o produto manufaturado àquela região, o que encarece em termos de logística. Tudo isso exige de nós, industriais, muito mais investimento em diferenciais para ganhar em competitividade em vez de meramente competir pelo quesito preço.
  • Os altos tributos são entraves ao crescimento?
    Somada à burocracia, a carga tributária quase que inviabiliza o exercício das atividades industriais. Ficamos sempre muito inseguros por não saber se estamos realizando corretamente os trâmites legais.
  • Que conselho você daria a empreendedores iniciantes?
    Coragem, acima de tudo. Cada setor tem as suas particularidades e seus elementos-chave, que fazem a diferença. É importante que o empreendedor conheça seu negócio e tenha foco naquilo que realmente importa. Uma das lições que aprendi foi que a área de Recursos Humanos, recrutamento, seleção, treinamentos, é muito importante em qualquer empresa, porque todos os negócios são movidos a pessoas, e, se elas estão bem posicionadas, treinadas e motivadas, dão resultados. Esse é um dos segredos de todo o negócio bem-sucedido.

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