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Trump e a sobretaxa

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GUSTAVO BERTOTTI
Mestre em Economia e professor de Economia e Finanças do Centro Universitário da FSG.
Responsável Mesa de Operações Messem Investimentos



A criação de novas taxas para importação do aço e do alumínio imposta pelo governo americano terá impacto direto no desempenho econômico brasileiro, principalmente em relação à retomada do crescimento. A medida passa a valer a partir de março e impõe sobretaxa de importação de 25% ao aço e 10% ao alumínio. Cabe destacar que México e Canadá (maior exportador de aço para os EUA) entram na lista de exceções e não serão tributados.

Nesse contexto, Donald Trump divulgou em 19 de março que as empresas americanas que consomem aço e alumínio em seus processos poderão recorrer da barreira comercial, principalmente setores relacionados à indústria de transformação e construção civil. As companhias americanas que solicitarem exclusão da taxa de importação serão obrigadas a justificar sua atividade, bem como comprovar que a compra estrangeira se deve à gargalos produtivos como baixa qualidade ou retração da oferta.

O Brasil é o segundo maior exportador de aço para os EUA, e o efeito da sobretaxa pode frear a recuperação das siderúrgicas devido ao fato de que mais de 40% da produção brasileira é exportada ao mercado americano. Uma das maiores empresas brasileiras, a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) poderá ser a maior prejudicada com a medida. A companhia, no ano de 2017, exportou em média 350 mil toneladas de aço para o mercado americano. No mês de março, as siderurgias já lideram as perdas no Ibovespa, as ações da CSN desvalorizaram em média de 15%, Usiminas 9% e Gerdau 7%. Até a declaração de Trump, vinham obtendo valorizações significativas desde o início do ano.

O disparate comercial do governo Trump impacta diretamente também em diversas empresas ligadas ao setor. A decisão unilateral americana é motivo de preocupação para a Serra Gaúcha. A variação positiva das ações quando comparados os últimos 12 meses das duas principais geradoras de empregos da região – Marcopolo (POMO4 – 49%) e Randon (RAPT4 – 95%) –, em parte justificada pela melhora significativa em alguns indicadores fundamentais, indica uma pequena e possível retomada da indústria. 

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A decisão unilateral americana é motivo de preocupação para a Serra Gaúcha

A pauta de minério que está ligada a ferro, alumínio e gusa representa 10% das exportações brasileiras. O principal argumento dos representantes do governo brasileiro é a ineficiência da indústria americana em produção de aço em relação à demanda interna. Todavia, o Brasil ocupa posição de destaque na importação de carvão dos EUA. O produto é usado como combustível pelas siderúrgicas brasileiras para a fabricação de aço. Alguns empresários já pressionam o governo para usar este fator comercial como uma possível medida de retaliação à imposição de Trump.

Outros temas importantes que o governo brasileiro pode levar para a mesa de negociação podem estar relacionados ao comércio do trigo, milho, etanol e, por que não?, o acordo de negociação que é de grande interesse do Governo Trump entre Embraer e Boeing. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, declarou que o aço semiacabado que o Brasil exporta pode encarecer o custo para a indústria americana e que a relação amistosa com o Brasil favorece principalmente a balança comercial dos EUA. Por outro lado, Meirelles destaca que o efeito da medida americana pode estimular o tratado de livre comércio do Mercosul com União Europeia.

Devido à forte pressão da União Europeia, em caráter temporário, o representante de Comércio dos Estados Unidos, Robert Lighthizer, anunciou dia 22 de março (quinta-feira) a suspensão das tarifas no período de negociação para os principais países aliados. Brasil, Argentina, Coreia do Sul, Austrália e União Europeia estarão isentos até 30 de abril, data-limite para exclusão definitiva.

O efeito líquido da barreira comercial americana vai muito além dos impactos negativos nas empresas brasileiras. O excesso de oferta dos principais países produtores de aço irá derrubar o preço internacional do produto, o que poderá desencadear uma crise no setor. A exportação brasileira vinha crescendo em volume e produção e, se Trump for adiante com seu plano de sobretaxar o aço, os fabricantes mundiais terão que buscar mercados alternativos. E o excesso de oferta fora dos EUA poderá comprometer e muito a expectativa positiva do PIB brasileiro para 2018.

Vale ressaltar que a Serra Gaúcha, de forma gradativa, vem apresentando sinais de recuperação, e o aço é a principal matéria prima da indústria caxiense.

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