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+entrevista

Momento bom para negócios

Novo presidente da ABMI, Fernando Gonçalves dos Reis, aposta em retomada do mercado imobiliário

Mobirise



ANDRÉ TAJES

andre.tajes@pioneiro.com

Muito badalado no início da década, o mercado imobiliário de Caxias do Sul sentiu fortemente os efeitos da crise econômica do país nos últimos anos. A afirmação é do novo presidente da Associação Brasileira do Mercado Imobiliário (ABMI), o caxiense Fernando Gonçalves dos Reis. Apesar do início da retomada dos negócios, a instabilidade do cenário eleitoral traz preocupação para o setor, complementa o presidente da ABMI.

Na entrevista, o dirigente falou ainda que pretende intensificar o trabalho voltado para a tecnologia e tornar as empresas mais competitivas. Reis também avaliou a realidade da concessão de financiamento imobiliário.


Roni Rigon, bd, 17/03/2016

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Existem 3,5 mil imóveis residenciais desocupados em Caxias

  • Pioneiro: Qual a situação do mercado imobiliário brasileiro?
    Fernando Gonçalves dos Reis: Nos últimos quatros anos o mercado foi extremamente afetado pela crise. Com a queda na venda e de crédito para financiamento, as construtoras sofreram muito. Muitas delas ficaram descapitalizadas e algumas pediram recuperação judicial. Mesmo aquelas que fizeram IPO (oferta inicial de ações) passaram por grandes dificuldades. O preço dos imóveis sofreu uma queda tanto na venda quanto na locação. Agora percebemos que começa haver uma recuperação. Parou de cair o preço. Nos últimos meses, há uma estabilidade de preço, com tendência de começar a subir. A nossa expectativa é de que os imóveis terminem o ano com uma valorização. 
  • A instabilidade política afeta os negócios do mercado imobiliário?
    Ela afetou indiretamente. A instabilidade afetou a economia e afetou o mercado imobiliário. O que nos preocupa neste momento é a questão do cenário eleitoral, que ainda não está claro, e a recuperação da economia, que pode não ser tão robusta quanto nós gostaríamos. A previsão do PIB já está sendo regulada abaixo de 3% muito fruto dessa incerteza do cenário (político) e isso pode afetar a velocidade da recuperação do mercado. Já o mercado de aluguéis tende a recuperar mais rapidamente, desde a metade do ano passado. E também nos últimos dois meses há uma tendência de alta dos aluguéis acima da inflação. 
  • Como analisa a política do governo federal de habitação para baixa renda e a liberação de crédito imobiliário.
    O governo segurou muito o crédito porque a Caixa ficou descapitalizada, dada a inadimplência e a escassez de recursos. O governo se viu obrigado a reduzir a disponibilidade de recursos do financiamento imobiliário e suspendeu o Pró-cotista, a linha (de financiamento) com recursos do Fundo de Garantia com juros menores, logo acima do Minha Casa, Minha Vida, retornou em 2018, mas com perspectivas de recursos menores. No ano passado, essa linha consumiu cerca de R$ 6 bilhões e a perspectiva para este ano é de R$ 5 bilhões no máximo. A participação da Caixa no mercado imobiliário está caindo, tanto que já perdeu a liderança no financiamento imobiliário. Não podemos ficar dependentes da Caixa e precisamos dos bancos privados. 
  • A concessão de crédito imobiliário, especialmente pela Caixa, está satisfatória?
    Não está satisfatória. Diante da realidade do mercado e da disponibilidade de recursos para financiar novas habitações, é insuficiente. A Caixa tem a perspectiva de financiar para esse ano de 500 mil a 600 mil moradias, sendo que precisamos anualmente, para suprir a demanda orgânica e cobrir o déficit, de 1,1 milhão a 1,2 milhão de moradias novas por ano. Isso significa que a Caixa vai financiar a metade e precisamos de outros bancos fortes, uma vez que 65% dos imóveis comprados no Brasil ocorrem por financiamentos bancários. 
  • E quais são os principais entraves?
    A burocracia é dos principais entraves do mercado imobiliário, no que diz respeito à liberação de projetos nos municípios, à concessão de licenças, de alvarás. A própria liberação dos financiamentos imobiliários, seja para as construtoras ou para o consumidor final, é muito lenta e burocrática. Falta uma mão de obra mais qualificada no segmento da construção civil, há escassez de recursos para financiamento, e não podemos depender somente do Fundo de Garantia para financiamento imobiliário, precisamos criar outras alternativas como fundos imobiliários ou outras formas de financiamento. Precisamos também de uma legislação que priorize o acesso das pessoas, que flexibilize a execução de projetos por parte das construtoras e do poder público e uma relação que inclua uma parcela do orçamento do Estado, da União e dos municípios para o financiamento para habitação popular para ajudar a reduzir esse déficit das pessoas que vivem em situação precária. 
  • Qual a situação do mercado caxiense?
    O mercado caxiense foi mais afetado pela crise que a média do Brasil em função que a nossa economia encolheu um terço. Como somos muito dependentes do setor metalmecânico gerou um impacto extremamente negativo ao segmento imobiliário. As construtoras seguraram os lançamentos e estão trabalhando com os estoques, mas a gente percebe que o mercado caxiense começa a melhorar. Nossa economia também já apresentou números melhores do que em 2017 e isso deve ter um reflexo positivo. 
  • O setor está tendo dificuldade para empregar. É possível prever uma retomada, especialmente em Caxias?
    Tivemos desemprego forte na construção civil. Acreditamos que devem retomar as contratações principalmente no segundo semestre deste ano e no primeiro semestre do ano que vem, porque as construtoras devem retomar os lançamentos. O momento atual apresenta uma oportunidade para as pessoas comprarem imóveis. A retomada da valorização (dos preços dos imóveis) vai acontecer. Para alugar, o momento também é melhor, embora a gente tenha tido um período bastante difícil com queda no valor dos aluguéis e renegociações dos contratos, o mercado dá sinais de recuperação. 
  • O número de imóveis desocupados é compatível com o tamanho da cidade?
    Ele é compatível. A nossa estimativa é de que existam cerca de 3.500 imóveis residenciais desocupados na cidade. Se considerarmos que existam 120, 130 mil moradias em Caxias, não é um percentual absurdo. 
  • O que pretende implementar em sua gestão que começa agora na ABMI?Estaremos trabalhando muito para que o segmento siga sendo visto pelos governos, siga tendo investimentos e legislações que facilitem o desenvolvimento do mercado imobiliário. Vamos intensificar o trabalho voltado para a tecnologia e auxiliar o associado a enfrentar a realidade do mercado, capacitando suas equipes para que as empresas associadas se tornem cada vez mais competitivas e atendam às expectativas e necessidades das pessoas.

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