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chocolate

acelerada às vésperas da páscoa, produção
nas empresas de gramado atingirá 1,2 milhão
de quilos em 2018

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FERNANDO SOARES
fernando.soares@pioneiro.com

diogo sallaberry

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incremento | Retomada da economia brasileira faz com que empresas de Gramado projetem um maior volume de negócios em 2018. Ao todo, a Páscoa responde por 40% das vendas do segmento

As fábricas de chocolate de Gramado preveem um volume de negócios mais gordo neste ano. De acordo com a Associação das Indústrias de Chocolate do município (Achoco), as principais empresas do segmento vão gerar mais de 1,2 milhão de quilos da guloseima em 2018. O montante representa incremento de 12% frente ao resultado do ano passado. E grande parte desta produção, em torno de 500 mil quilos, é destinada para atender à demanda da Páscoa.

Na cidade responsável por liderar a produção de chocolate artesanal no Brasil, as mais de 30 empresas do setor nutrem expectativas positivas quanto à data festiva. O presidente da Achoco, Altanisio Ferreira, estima que, em média, 40% do faturamento anual das companhias provêm da Páscoa. Há casos em que o peso é ainda maior.

A conta leva em consideração em torno de 10 empresas. Dessas, oito são associadas da Achoco, entidade que reúne as maiores fabricantes do município.

– A Páscoa gera entre 60% e 70% do nosso faturamento. É um período curto de vendas, mas no qual as pessoas sempre compram chocolate. Já em datas como o Natal temos que disputar espaço com outros tipos de presentes – afirma Cibele Marcon, gerente de marketing da Florybal.

A Florybal espera incrementar em 10% os negócios em relação a 2017. Para se preparar para a data, o trabalho foi intensificado na fábrica. Um terceiro turno foi criado em janeiro e, desde então, os doces são feitos 24 horas por dia.

Ainda que muitas marcas do município tenham lojas e franquias espalhadas pelo Rio Grande do Sul e em outros Estados brasileiros, a maior fatia das vendas é realizada para os turistas que visitam Gramado nesta época. Não é para menos. A prefeitura espera aproximadamente 400 mil visitantes até a primeira semana de abril.

A competição pelos clientes é acirrada. Para atrair a atenção do público, as empresas investem na decoração. Não faltam coelhos de pelúcia dentro das lojas e nas ruas do município. Outra aposta é cobrir ovos, barras e bombons com embalagens alusivas à data.

Páscoa da retomada

Se nas últimas temporadas, marcadas pela recessão, os chocolateiros de Gramado viram as vendas baixarem, em 2018 a Páscoa deve consolidar a retomada do segmento.

– A expectativa é de aumentar as vendas, com a recuperação da economia. Nossas lojas de Gramado e Canela não sofreram tanto com a crise, mas fora daqui foi significativa a queda nas vendas – diz Jader Souza, gerente de produção da Caracol, que agora prevê aumento de 12% a 15% nas vendas.

Na crise, o consumidor se tornou mais seletivo, analisa a gerente de produção da Prawer, Natália Diehl. Com a diminuição do poder de compra, a população não deixou de comer chocolate, mas reduziu a quantidade. Neste sentido, o doce de Gramado, caracterizado pelo acabamento manual e pelo preço mais elevado do que a média, perdeu espaço.

– Diminuiu o consumo principalmente do chocolate mais gourmet, mais caro, como é o de Gramado. Se antes uma pessoa comprava 10 bombons, ela passou a comprar três – exemplifica Natália.

Algumas empresas, entretanto, acreditam que será possível reverter essa situação ainda neste ano. É o caso da Lugano, que teve queda de 20% na produção nos últimos dois anos, mas aposta na recuperação ao longo deste 2018.

 – Começamos a nos recuperar no segundo semestre de 2017. Neste ano, vamos aumentar a produção para 500 mil quilos – calcula o diretor-executivo Augusto Schwingel Luz.

Cerca de 400 temporários

Fernando Soares

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dO ceará | Marcos conseguiu emprego como auxiliar

A indústria do chocolate figura entre os maiores empregadores de Gramado. Segundo a Achoco, o setor emprega mais de 2 mil pessoas em aproximadamente 30 empresas. Nos meses que antecedem a Páscoa, esse contingente é reforçado por funcionários temporários em uma série de companhias. Para atender à demanda da data, são geradas cerca de 400 vagas extras em lojas e fábricas.

O processo de contratação na indústria é feito com antecedência. Geralmente antes do Natal os primeiros reforços são incorporados à linha de produção. Isso porque na cidade há intensa disputa por mão de obra entre hotéis, restaurantes e outros negócios voltados ao turismo.

– Muitas vezes mantemos o funcionário durante o ano, mesmo com ociosidade na fábrica, pois vamos precisar dele na produção em épocas sazonais. Em Gramado não falta emprego – aponta Altanisio Ferreira, presidente da Achoco.

Sabendo da necessidade de reforço na produção no município da Serra, muitas pessoas costumam vir de diferentes regiões do Rio Grande do Sul e até de outros Estados em busca de emprego. Neste grupo está Matheus Marcos, 24 anos, que cruzou o Brasil em busca de colocação. Vindo de Fortaleza, no Ceará, ele chegou a Gramado em dezembro do ano passado e em fevereiro começou como auxiliar na fábrica da Florybal.

– Na minha cidade, a crise está muito grande, então me mudei para Gramado. Estou gostando da experiência. Pretendo continuar trabalhando com chocolate – conta Marcos.

Apenas a Florybal contratou 60 temporários, que se integraram à equipe de 350 funcionários, entre lojas e fábrica. Porém, nem todas as empresas optam por aumentar o quadro de funcionários no período. Algumas marcas preferem distribuir a produção ao longo do ano, mantendo a equipe habitual e optando por realizar horas extras, conforme o volume de pedidos dos clientes.

A Prawer costuma aumentar em torno de 10% a produção nos meses que antecedem à Páscoa, mas mantém inalterado o número de funcionários. Apenas são feitas algumas horas extras a partir de dezembro. Segundo a gerente de produção, Natália Diehl, a intenção é alongar o período produtivo, fugindo de picos das datas festivas.

– Trabalhamos com quadro fixo e planejamento antecipado, até porque a Páscoa é um evento curto – salienta.


Presença internacional

DIOGO SALLABERRY

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expansão | Luz diz que Lugano foca mercado externo

Aos poucos, o chocolate de Gramado começa a ultrapassar fronteiras. A Lugano inaugurou, no final do ano passado, uma unidade em Schenzhen, na China, e tornou-se a primeira empresa do município com presença no Exterior. A loja fica em um shopping no município chinês, que conta com 14 milhões de habitantes, e é voltada aos distribuidores. A partir desta experiência, a empresa deve prospectar novos negócios fora do Brasil.

Nas próximas semanas, dois contêineres de guloseimas serão embarcados para o mercado chinês. Além disso, estão sendo realizados contatos em países como Argentina, Estados Unidos e Uruguai. O objetivo é vender para distribuidores e redes de lojas de departamentos.

– Estamos tentando diluir os riscos do mercado nacional, para não ficarmos dependentes de Gramado. Com a crise, sofremos muito. Vimos que tínhamos que abrir o leque – descreve o diretor-executivo da Lugano, Augusto Schwingel Luz.

Por outro lado, no mercado nacional a estratégia de expansão da marca é diferente. Além de manter as seis lojas próprias em Gramado, a meta para este ano é praticamente dobrar o número de franquias, saindo das atuais 28 para cerca de 70 unidades.


Setor quer marca própria

Quando se fala em produção de chocolate no Brasil, Gramado automaticamente é a primeira lembrança que vem à cabeça da maioria das pessoas. Porém, somente em 2016 os fabricantes do município começaram a busca pelo reconhecimento oficial da marca “Chocolate de Gramado”. Para isso, o setor vai pleitear uma identificação de procedência (IP) junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). As empresas ainda estão coletando documentos e devem encaminhar o pedido ao INPI no segundo semestre deste ano.

– A indicação de procedência estabelece regras mínimas que precisarão ser observadas na fabricação. Cada empresa define como fará o chocolate, mas elas vão partir de uma base. Isso nivela a qualidade do produto – explica Marcelo Adriano, diretor da Master Assessoria Empresarial, empresa contratada pela prefeitura de Gramado para conduzir o processo.

Existem três etapas até o envio da documentação ao INPI. A primeira, já concluída, é a definição dos parâmetros necessários para que um chocolate seja considerado autêntico de Gramado. Entre os critérios estabelecidos pelos próprios chocolateiros está o nível de cacau acima de 30% na versão ao leite, quando a legislação brasileira exige mínimo de 22%, e a proibição do uso de gordura hidrogenada.

O segundo passo é a realização do resgate histórico da produção de chocolate no município, por meio de documentos que comprovem que a tradição da localidade com o alimento vem de longa data. A terceira e última fase consiste na definição de uma identidade gráfica, pois os produtos que se encaixarem nas exigências receberão um selo nas suas embalagens. Essas duas etapas estão em andamento e devem ser concluídas nos próximos meses.

A perspectiva é de que entre 2019 e 2020 o INPI reconheça a identificação de procedência e, a partir daí, as empresas poderão utilizar o selo próprio. O caminho escolhido pelos chocolateiros de Gramado já foi trilhado por outros segmentos. No Rio Grande do Sul, há reconhecimentos similares ao vinho do Vale dos Vinhedos, aos doces de Pelotas e à carne do Pampa Gaúcho, entre outros alimentos.

O selo também busca evitar a pirataria. Já houve casos de empresas de outros Estados que diziam produzir chocolate de Gramado.

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