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09 de ABRIL de 2018

+Criptomoedas

Corrida pelo
dinheiro virtual

Aumenta o número de pessoas que investem na mineração ou na compra e venda das moedas digitais 

Mobirise



FERNANDO SOARES
fernando.soares@pioneiro.com

arquivo pessoal

Mobirise

minerador | Gava vendeu a empresa que tinha e decidiu se dedicar à mineração de criptomoedas

Em setembro de 2017, o analista de sistemas Marcos Eduardo Gava vendeu sua empresa de desenvolvimento de lojas virtuais e decidiu explorar um novo mercado. Com parte dos recursos que obteve na negociação, montou, ao lado de outro sócio, uma das primeiras fazendas de mineração de criptomoedas do Rio Grande do Sul. A estrutura está localizada em uma sala em Caxias do Sul e conta com oito supercomputadores capazes de obter o dinheiro virtual.

Gava é um dos milhares de investidores brasileiros que começaram a desbravar o universo das moedas digitais no ano passado, na esteira da popularização do bitcoin (BTC) e de outras divisas. Mas ele optou por ir mais longe do que a maioria e passou a se dedicar à mineração. Essa atividade consiste em “fabricar” a moeda. Para isso, utiliza-se o poder computacional para decifrar um algoritmo. A primeira máquina na rede que cumprir a tarefa com êxito é recompensada com uma quantia da criptomoeda.

A Aurum, nome da mineradora de Gava, trabalha na obtenção de ethereum e zcash. Para conseguir essas moedas, as máquinas da fazenda caxiense são turbinadas por dezenas de placas de vídeo, que aumentam a capacidade de processamento e, consequentemente, de obtenção do dinheiro virtual. O funcionamento ocorre durante as 24 horas do dia. Em média, o investimento em uma máquina desse porte varia entre R$ 30 mil e R$ 40 mil.

– O retorno do investimento fica em torno de 5% ao mês, podendo chegar até a 15% no auge (da capacidade de mineração) – calcula Gava.

Além do aporte nas máquinas, a energia elétrica aparece como um dos principais custos para a manutenção da estrutura. Somente a Aurum consome em torno de 2 mil watts por hora. O preço da luz torna o Brasil um país com poucas estruturas de mineração em escala. Em geral, esse tipo de empreendimento está concentrado em países como China, Paraguai e Rússia, com preços de energia mais em conta.

Além da mineração

Minerar não é a única maneira de ingressar neste mercado. Hoje, milhões de pessoas atuam na compra e venda de criptomoedas, em especial do bitcoin. Para atender a esse público, nos últimos anos surgiram no país diversas exchanges, empresas que intermedeiam as transações com as moedas digitais. Atualmente, a Mercado Bitcoin concentra o maior número de usuários, mais de 1 milhão de investidores, que somente em 2017 movimentaram R$ 4,5 bilhões em bitcoin, litecoin e bitcoin cash.

Na cotação atual, todas as criptomoedas no mercado equivalem a mais de R$ 880 bilhões em circulação.

– O recorde foi de R$ 140 milhões negociados em apenas um dia, em dezembro de 2017 – conta Gustavo Chamatti, diretor-executivo do Mercado Bitcoin.

Para este ano, o objetivo da empresa é chegar a 2,5 milhões de usuários e R$ 50 bilhões em negócios.

O Brasil conta com 10 exchanges ativas. E a caçula delas é gaúcha. Em fevereiro, entrou em operação a PagCripto, de Caxias do Sul. A plataforma foi arquitetada por quatro investidores. Hoje, tem cerca de 3 mil usuários cadastrados e uma movimentação diária de R$ 10 mil, o equivalente a um terço de BTC.

– Nossa expectativa é de expandir o negócio, movimentar 30 bitcoins diários, cerca de R$ 1 milhão, ao final do primeiro semestre – aponta o diretor-executivo Carlos Heitor Lain.

Os investidores que operam no PagCripto estão espalhados em diferentes cidades brasileiras, mas a maior parte deles é de Porto Alegre. Ainda em 2018, a meta da companhia é atingir a marca de, pelo menos, 200 mil cadastros.

Criptomoedas mais valiosas*

*Cotação em 8/4/2018 às 18h
Fonte: Coinmarketcap.com

Mobirise

 

 

Recurso triplicado em meses

Marcelo Casagrande

Mobirise

LUCRO | Pasinato conseguiu triplicar dinheiro investido em bitcoins

Após ver o potencial do mercado de criptomoedas, em 2014 o engenheiro elétrico Fabrício Pasinato decidiu abrir uma conta em uma exchange para começar a operar neste segmento. Investidor de aplicações tradicionais, como títulos do tesouro e ações na bolsa de valores, Pasinato, de tempos em tempos, negocia bitcoins na internet.

Na primeira transação que fez, em 2015, vendeu 4,23 BTCs, que na época valiam em torno de R$ 900, e faturou pouco mais de R$ 4 mil. Em junho do ano passado, com a perspectiva de valorização, Pasinato voltou ao mercado e adquiriu meio Bitcoin por R$ 5 mil. Seis meses depois vendeu a moeda por R$ 15,8 mil, triplicando o investimento incial. Ao todo, obteve valorização de 216% no período, o equivalente a 36% ao mês.

Em fevereiro, Pasinato fez sua última negociação, transformando um aporte de R$ 14 mil em R$ 17,5 mil. Desde então, decidiu aguardar para voltar a investir.

– Acredito que não há uma perspectiva muito boa para os próximos meses. Então estou fora do mercado agora. Acredito que daqui a um ano devo voltar – aponta.

O engenheiro elétrico considera o mercado de criptomoedas desgastante emocionalmente, isso porque não há horário para abrir ou fechar, como ocorre com a bolsa de valores. No caso do dinheiro virtual, a cotação oscila durante 24 horas por dia nos sete dias da semana.



Investimento de alto risco


A hipervalorização do bitcoin (BTC) no ano passado acabou despertando o interesse de milhares de investidores nas moedas virtuais. Entre janeiro e dezembro de 2017, o valor do BTC oscilou de US$ 1 mil (R$ 3,3 mil) a US$ 19,4 mil (R$ 64 mil) a unidade, um notável incremento de 1.839% A possibilidade de lucro superior ao de praticamente todas as outras aplicações financeiras provocou uma euforia no mercado e, com isso, as criptomoedas viraram a bola da vez entre as diversas modalidades de investimento.

– A disparada do bitcoin no final de 2017 acabou trazendo maior credibilidade para esse mercado junto ao investidor. A euforia assinou em baixo que as criptomoedas vieram para ficar – define Alessandro Corrêa, gestor da L&S Quant.

Contudo, aos poucos, o entusiasmo dá lugar à cautela. Desde que atingiu o seu auge de cotação, o bitcoin apresenta uma tendência de desvalorização. Em abril, está sendo comercializado na faixa dos US$ 7 mil (R$ 23,1 mil). Ao longo de 2018, a queda no preço supera 50%. Os altos e baixos permeiam o mercado de criptomoedas como um todo. As moedas são bastante voláteis e podem se valorizar ou desvalorizar intensamente em questão de horas. Algumas sucumbem e até acabam retiradas de circulação.

Neste sentido, deve haver um processo de seleção natural com o passar do tempo. Corrêa acredita que somente 2% ou 3% das mais de 1,5 mil criptomoedas existentes hoje devem se consolidar no longo prazo. Além disso, a falta de regulação da atividade na maioria dos países, incluindo o Brasil, torna o investimento arriscado.

– É um perfil de investimento de alto risco. Nada protege o investidor. Se tu compras bitcoin a 8 mil dólares e amanhã a moeda desaparece, não há nenhum órgão que possa suportar esse sumiço – conclui.

O advogado Jonathan Piva de Almeida, que tem se especializado na legislação sobre o tema, vê a falta de regulação como um dos principais gargalos a serem resolvidos. Para ele, a prioridade deveria ser a criação de um mecanismo parecido ao Fundo Garantidor de Crédito, que assegura a proteção dos correntistas na falência de um banco.

– O grande problema é se a exchange (corretora online que media a venda e compra de criptomoedas) quebrar, seja porque foi hackeada ou porque faliu da maneira tradicional. Hoje ela não tem a obrigação de segregar o ativo da empresa, como no caso dos bancos – aponta.

Almeida salienta que não há nada de irregular em comprar ou vender criptomoedas, mas acredita que falta clareza na lei sobre uma série de questões, como a maneira correta de prestar contas ao Fisco.

Atualmente, a única diretriz dada pela Receita Federal é de que é necessário pagar 15% de Imposto de Renda nas transações mensais superiores a R$ 35 mil.


O bitcoin como
meio de pagamento

DIOGO SALLABERRY

Mobirise

digitais | Poisl e Joslaine aceitam bitcoin em seus negócios

Quem passa pela Estrada da Serra Velha, em São Francisco de Paula, se depara com uma placa pouco comum em frente a uma loja à margem da rodovia. Ao se aproximar dela, é possível ler a inscrição “aceito bitcoin”. O sinal fica na Lareiras e Cia, que desde 2015 permite que o cliente pague em criptomoedas lareiras, tapetes, luminárias, palanques e toras tratadas.

– Fizemos três ou quatro vendas de coisas pequenas, na faixa de R$ 300 a R$ 400. A maior venda foi a de uma lareira, no ano passado. Custava R$ 8 mil e recebemos em torno de 0,5 bitcoin – relata Joslaine Guerra, administradora da loja.

Em comum está o fato de os compradores serem de outras cidades, todos eram viajantes de passagem pelo município da Serra. Até estrangeiros visitaram o local. Um casal de japoneses se fascinou com o fato de encontrar um local no interior do Rio Grande do Sul que aceitasse a moeda virtual. Segundo Joslaine, mesmo sem falar português, eles ficavam apontando para a placa e falando reiteradamente “aceito bitcoin”.

Joslaine foi apresentada ao mundo das criptomoedas pelo marido, o agropecuarista Márcio Poisl. Além de ajudar na Lareiras e Cia, Poisl tem uma serraria móvel. Interessando em tecnologia, ele começou a investir em bitcoins há quatro anos. Com o lucro que obteve neste mercado, conseguiu comprar o seu instrumento de trabalho, uma máquina de beneficiamento de madeira. No final do ano passado, vendeu os seus cinco bitcoins por R$ 250 mil e investiu a quantia no equipamento. E o cliente que desejar pode pagar o serviço em bitcoins

– Na hora de pagar, vemos o valor correspondente. O beneficiamento de uma árvore daria R$ 1 mil. Hoje, isso seria 0,04 bitcoin – diz Poisl, puxando a calculadora.

Criada para ser um meio de pagamento digital, que não precisasse de bancos ou governos para circular na economia, o bitcoin acabou virando essencialmente moeda de investimento. De acordo com o site coinmap.org, apenas 61 estabelecimentos no Estado aceitam pagamento em criptomoeda. A maioria, 24 deles, está em Porto Alegre. Em seguida, vem Pelotas, com oito lugares, e Canoas e Gramado, com quatro cada. 

Confira como ocorre uma transferência
de bitcoin entre duas pessoas. 

Entenda os termos do mercado

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