13 de AGOSTO de 2018

Mobirise

+ entrevista

“Não há fórmula mágica”

Antônio cesa longo fala da mudança nos
hábitos de consumo 

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SILVANA TOAZZA

silvana.toazza@pioneiro.com

Natural de Porto Alegre, mas radicado em Bento Gonçalves, Antônio Cesa Longo, 58 anos, preside desde 2002 a Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), entidade que defende os interesses do setor. Há anos, acompanha as mudanças na atividade e nos hábitos de consumo dos clientes.

– O gaúcho sempre foi tido como o consumidor mais exigente do país. Por isso, a indústria tradicionalmente lança seus produtos primeiro aqui, para testar – ilustra.

O empresário, diretor da rede serrana Super Apolo, é economista, com pós-graduação em Gestão Empresarial e Administração em Marketing.

Casado com Margot Dreher Longo, é pai de Vittoria e Isabella. A seguir, entrevista com Antônio Cesa Longo:

Dani Villar, divulgação

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força na gôndola | Radicado em Bento Gonçalves, empresário comanda desde 2002 a Associação Gaúcha de Supermercados (Agas)

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O cliente está fazendo valer o seu dinheiro e muito atento às promoções, migrando para marcas mais baratas

  • De que forma a crise econômica impactou os hábitos de consumo dos gaúchos?
    Antônio Cesa Longo: O consumidor está fazendo valer o seu dinheiro e muito atento às oportunidades e promoções. Mais da metade das categorias sofreu o chamado “tradedown”, que é a migração pelo consumidor para marcas mais baratas, sempre em busca do melhor custo-benefício. Esse comportamento acabou abrindo algumas oportunidades à indústria gaúcha. 
  • Qual foi o desempenho do setor supermercadista em 2017 e a expectativa para 2018?
    Em 2017, o setor supermercadista gaúcho faturou R$ 30,2 bilhões. Esperamos um crescimento real entre 0% e 1% para 2018. O poder de compra do consumidor está limitado e não há espaço para grandes crescimentos. Precisamos melhorar a eficiência e a produtividade, esses são os caminhos. 
  • Os mercados de bairros têm seu espaço assegurado diante da concorrência com grandes grupos de varejo?
    Costumamos dizer que não há receita de bolo, não há fórmula mágica. Todos os perfis de loja, do pequeno mercado de bairro aos grandes atacarejos, têm seu nicho e seu espaço. Os pequenos podem se diferenciar, oferecendo praticidade, olho no olho e agilidade na tomada de decisões. 
  • Como se diferenciar num segmento tão concorrido?
    O setor está em busca de eficiência, redução de perdas e gestão para melhorar a rentabilidade. Não há espaço para grandes incrementos nas vendas. Por isso, a saída é fazer o dever de casa. Hoje, o índice de perdas no segmento de supermercados é de 2,4%, enquanto o lucro médio é de 1,9%. Ou seja, os supermercados estão perdendo mais do que lucrando, e essa é a conta que precisamos reverter com trabalho, eficiência e criatividade, mas sem prejudicar os serviços aos consumidores. 
  • Como avalia a inadimplência nesse ramo?
    Hoje, a inadimplência é um problema restrito às grandes redes e às centrais de negócios com bandeira própria de cartão de crédito, já que o cheque caiu em desuso. A segurança nas operações é maior, mas o setor ainda paga um preço alto por isso em taxas e outros custos do cartão. 
  •  Quais as conquistas e dificuldades vivenciadas pelo ramo supermercadista?
    Há muitos entraves a serem revistos em um país de tamanho continental como o Brasil. A começar pela questão logística, que carece de estrutura e investimentos. A constante instabilidade político-econômica também prejudica muito, imprime um cenário de incerteza que é extremamente impactante. Mas hoje, para o supermercadista, as grandes questões a serem melhoradas são o imbróglio tributário e a insegurança. São problemas latentes e que travam o crescimento das empresas. 
  • Aumentou ou diminuiu o tíquete médio de compras dos gaúchos?
    O tíquete médio (valor de cada aquisição) diminuiu. Hoje está em cerca de R$ 40. Mas aumentou o número de visitas. O varejista de sucesso é o que melhor compreende – e atende – o seu consumidor em suas demandas. 
  • A tendência é que as grandes redes varejistas cada vez mais concentrem sua atuação?
    No Rio Grande do Sul, estamos acompanhando um movimento contrário, de redes gaúchas adquirirem lojas de multinacionais. Há espaço para todos. 
  • A inflação ainda preocupa o consumidor?
    Preocupa a cadeia toda. Mas o consumidor não pode pagar mais do que está pagando, e isso torna alguns produtos extremamente defasados em seu preço. 
  • Qual o faturamento do setor no Rio Grande do Sul, quantidade de supermercados e o número de empregos gerados?
    R$ 30,2 bilhões é o faturamento anual, compreendendo 4,6 mil supermercados e 97 mil empregos diretos. 
  • Há alguma peculiaridade do gaúcho em relação ao setor no país?
    O setor recebe diariamente quatro milhões de gaúchos em nossas lojas. É um universo enorme e com muitas peculiaridades. O gaúcho sempre foi tido como o consumidor mais exigente do país. Por isso, a indústria tradicionalmente lança seus produtos primeiro aqui, para testar. Como temos as estações do ano mais bem definidas do que em outros Estados, o consumidor também migra de produtos de acordo com a temperatura e outras variantes. Nos dá mais oportunidades. 
  • Como avalia o comportamento do segmento em Caxias e na Serra Gaúcha?
    Temos uma tradição muito forte no comércio. Por isso, os supermercados da Serra não deixam a desejar em nada para as principais redes do país. A Serra é um grande mercado pela pujança da indústria, sempre defendemos que o varejo só tem força quando a indústria também é pujante.

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