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17 de setembro de 2018

+entrevista

Galló comanda 535 lojas

Há 27 anos Diretor-Presidente da Renner, Caxiense José Galló projeta encerrar 2018 com 70 novas filiais do grupo abertas

Mobirise



SILVANA TOAZZA

silvana.toazza@pioneiro.com

Neto de Hércules Galló – pioneiro da indústria têxtil, que ganhou um instituto de preservação de seu legado em Galópolis –, o caxiense José Galló seguiu a vocação de empresário da moda herdada da família e se notabilizou por transformar a Lojas Renner em case nacional do varejo.

Em 2017, a maior rede de moda do país obteve receita operacional líquida de R$ 7,44 bilhões, crescimento de 15,4% sobre 2016, e lucro líquido consolidado de R$ 732,7 milhões, valor 17,2% superior ao do ano anterior. A despeito da crise econômica (ou até motivada por ela), a marca avança a passos largos e foi eleita a Empresa do Ano em premiação das Melhores e Maiores da Revista Exame.

Executivo há 27 anos à frente da Renner, Galló coleciona premiações tanto por conta da empresa quanto pelo seu olhar aguçado para negócios. E faz por merecer: acompanha os gráficos com os desempenhos das filiais, estuda o mercado, traça estratégias, vira “cliente oculto” de lojas do grupo. É um inquieto, mas sabe onde quer chegar:

– Entregar moda de qualidade a preços competitivos – salienta o empresário.

A receita é um sucesso, a ponto de o grupo Renner, que abrange as bandeiras Renner, Camicado, Youcom e Ashua Curve Plus Size, contar com 535 operações e nutrir a meta audaciosa de encerrar 2018 com 70 novas lojas (algumas já abertas). No total, emprega 19,9 mil funcionários – desses, 150 em Caxias.

A seguir, entrevista concedida com exclusividade ao Pioneiro por telefone pelo diretor-presidente da Lojas Renner, que esteve em Caxias na última quarta-feira como palestrante do 24º Integramoda:

Fábio Grison, divulgação

Mobirise

orgulho | Empresário palestrou em Caxias no 24º Integramoda

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Gosto de quando estou em viagens ou nos finais de semana, visitar uma ou duas lojas da rede, como cliente oculto, assim fico mais tranquilo.

  • A Renner foi eleita a Empresa do Ano em premiação das Melhores e Maiores da Revista Exame. Como atingir tal performance?
    José Galló: A gente tem uma proposta de valor e sabemos quem queremos encantar. Entre 75% e 85% do nosso público são mulheres, uma vez que compram para elas, os maridos e os filhos. Nesse sentido, nós queremos ser cúmplices da mulher moderna, com produtos de moda, qualidade, preços competitivos, ambientes práticos e agradáveis, excelência na proposta de atendimento, sempre encantando e inovando de forma sustentável. Quando se tem dificuldade no mercado, quem oferece uma proposta de valor diferenciada se sai melhor. Mas quem vai dar essa resposta é o consumidor. Percebemos que temos esse retorno, pois atingimos um determinado volume de vendas. Temos recebido prêmios. Nós celebramos. Porém, eles reconhecem o passado, mas não garantem o futuro.
  • A diminuição do poder de compra do trabalhador impactou nos negócios da empresa?
    De uma certa forma, não é um momento agradável. O mercado não chegou a ter uma queda relevante. Mas, nesses momentos, empresas que não têm proposta de valor diferenciada ficam no caminho, abrindo oportunidades a quem oferece ao consumidor moda a preços competitivos. Com a queda na confiança, o cliente vai procurar marcar fortes, que até crescem em momentos de crise. Isso não só no mercado de vestuário, mas em outros setores. 
  • A inadimplência cresceu com a crise e o desemprego dos últimos anos?
    A nossa inadimplência diminuiu, porque no Brasil o consumidor tem uma dependência muito grande de crédito, já que sua renda não é muito alta. Ninguém quer entrar na lista de inadimplentes do SPC e do Serasa, porque isso significa ter sua vida limitada, não podendo comprar, alugar, ligar energia elétrica. O consumidor brasileiro tem uma consciência da importância de manter o crediário. Por isso, nunca tivemos uma crise de crédito como os Estados Unidos em 2008 (com a bolha imobiliária). Como o brasileiro precisa de crédito, a inadimplência até pode crescer num primeiro momento de crise econômica, mas depois ela se estabiliza e volta ao normal.
  • Qual a previsão de crescimento do grupo em 2018 e qual a estrutura da Renner hoje?
    Atualmente, temos 535 lojas, sendo 335 da Renner (incluindo as cinco no Uruguai), 106 Camicado (artigos para o lar) e 94 Youcom (moda jovem). Temos a previsão de fechar 2018 com a inauguração de cerca de 70 lojas, sendo de 25 a 30 Renner, 10 a 15 Camicado, 20 a 25 Youcom e três Ashua Curve, de moda plus size. Essa última, que surgiu em 2016 pela Internet, já ganhou uma loja física em Porto Alegre e desembarcará com duas operações logo mais em São Paulo.
  • Há planos de ampliar a presença em Caxias do Sul ou na Serra Gaúcha?
    Não temos plano adicional a curto prazo (em Caxias, são três lojas Renner, uma Camicado e outra Youcom). A região, fragilizada pela retração na indústria, registrou um momento de baixa nos negócios, mas já retornou à normalidade. Os resultados estão bons. Nosso foco são cidades acima de 150 mil habitantes.
  • Como crescer num mercado tão competitivo, como o da moda, com a força que vem ganhando o e-commerce?
    O e-commerce representa oportunidade de sinergia entre loja física e a internet. Temos a interação online e offline. A loja física representa uma experiência, mas a internet permite chegar onde se quiser. Até 2021, as vendas pelo e-commerce representarão 5% dos negócios, mas acho que antes disso conquistaremos esse percentual. Estamos num processo de digitalização. São novas ferramentas e metodologias que nos ajudam a deixar mais inovadora e eficiente a nossa proposta de valor. O conteúdo não muda. Com o tempo, a gente acrescenta formas diferenciadas. No início, fazíamos duas coleções de moda ao ano. Agora, são oito ou nove anualmente, além das intermediárias.
  • Como é sua rotina à frente da Renner hoje? Acompanha ainda os gráficos de desempenho em tempo real?
    Ninguém faz nada sozinho. É preciso estar cercado de uma equipe competente. Cada um na sua especialidade, mas trabalhando de forma integrada, com um clima agradável e de auto- engajamento. Assim fica mais fácil. Mas eu trabalho bastante, das 8h às 19h estou na Renner (a sede fica em Porto Alegre). Viajo também a trabalho com frequência. Vou a Caxias do Sul, (cidade natal), menos do que eu gostaria. Gosto de, quando estou em viagens e aos finais de semana, visitar uma ou duas lojas, como cliente oculto, assim fico mais tranquilo. Só numa circulada, percebo se a filial está bem, com mercadoria reposta e atendimento rápido no caixa.

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