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“Sofremos com o Custo RS”

Gilberto Petry, novo presidente da Fiergs, fala da perda de competitividade das empresas gaúchas

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SILVANA TOAzZA
silvana.toazza@pioneiro.com

Gilberto Porcello Petry, 69 anos, assumiu em julho a presidência da Federação e do Centro das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs/Ciergs) para um mandato de três anos. Diretor-presidente da Weco SA – Indústria de Equipamento Termo-Mecânico, de Porto Alegre, e formado em Ciências Econômicas e Administração de Empresas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o executivo acredita que a indústria do Estado está em processo de estabilização, mas não ainda de retomada. E admite: o empresário gaúcho anda sobrecarregado e em desvantagem competitiva:

– A nossa posição geográfica em relação aos mercados consumidores do centro do país faz com que as empresas tenham de enfrentar custos logísticos e operacionais mais elevados.

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O setor metalmecânico de Caxias representa o pioneirismo, a qualidade e o arrojo da nossa indústria

A seguir, trechos da entrevista concedida ao Pioneiro:

  • Pioneiro: O pior da crise econômica já passou?
    Gilberto Porcello Petry: A situação começa a se estabilizar. Os números do mercado de trabalho e da produção industrial nos ajudam a aferir esse movimento. Contudo, a atividade permanece em nível muito baixo, e ainda vai demorar para conseguirmos ver a indústria gaúcha ocupando toda sua capacidade ociosa. A retomada ainda não começou, apenas confirma a manutenção da estabilidade. 
  • Quais as perspectivas dos empresários gaúchos para 2017 e 2018? 
    Alguns sinais na economia brasileira, como geração de emprego formal, juros e inflação declinantes e exportações em ascensão, influenciam positivamente, mesmo em um ambiente ainda recessivo e de grande incerteza. Mas aumentar impostos não soluciona os problemas do Brasil, apenas agrava a crise da economia real. A crise econômica que traz insegurança e reduz o consumo afeta diretamente a indústria gaúcha e mantém a cautela do empresário para investir. Nos próximos meses, porém, a expectativa é de uma leve retomada da demanda, crescimento nas exportações e redução no desemprego. 
  • Quais as principais lacunas que reduzem a competitividade do empresário gaúcho?O Rio Grande do Sul sofre, além do “Custo Brasil”, do que chamamos de “Custo RS”. A nossa posição geográfica em relação aos mercados consumidores do centro do país faz com que as empresas tenham de enfrentar custos logísticos e operacionais mais elevados. Precisamos, portanto, melhorar a infraestrutura para elevar nossa competitividade em relação aos pares do centro do Brasil. Além disso, existe uma barreira tributária: o Rio Grande do Sul tem uma indústria mais consolidada do que a maioria dos seus concorrentes nacionais e, ao longo das últimas décadas, diversos Estados utilizaram mecanismos tributários – a chamada “guerra fiscal” – para atrair empresas. Nesse processo, muitas acharam mais vantajoso fechar plantas aqui e abrir nessas localidades. O Rio Grande do Sul também enfrenta uma séria crise fiscal, pois não conseguiu equiparar esses benefícios. Como resultado, nossas indústrias têm cada vez mais dificuldade em ingressar em São Paulo ou no Nordeste. 
  • De que forma as incertezas políticas interferem no ambiente de investimentos?
    O
    s sinais da política e da economia são os parâmetros diários que levam os empresários a decidirem se investirão ou não. Há uma compreensão sobre a importância da estabilidade política para o avanço das reformas, do ajuste fiscal e para a retomada da economia. Temos, pelos próximos meses, uma possibilidade de melhora.  
  • O Rio Grande do Sul perdeu sua força? 
    Precisamos fazer a diferenciação entre o setor público do Estado e os demais segmentos da sociedade. A fase aguda da crise financeira dura mais de uma década e não será resolvida enquanto não forem adotadas medidas para o ajuste permanente. O aumento de impostos e a renegociação de dívida apenas amenizam a situação. Contudo, o enxugamento da administração pública, focando em áreas que são prioritárias para a população, é mais do que necessário. A presença do Estado faz falta, principalmente na saúde e segurança pública. Existe uma parte do Rio Grande do Sul que continua mostrando a sua força. Para o setor privado, o ajuste não foi uma opção, mas sim uma necessidade. As empresas e as famílias cortaram na carne e se reinventaram, conseguindo superar as dificuldades.  
  • A Serra Gaúcha foi uma das regiões brasileiras mais impactadas pela retração. Quais os caminhos para a diversificação de mercados? 
    O setor metalmecânico de Caxias do Sul é uma marca e um orgulho para o Rio Grande do Sul. Ele representa o pioneirismo, a qualidade e o arrojo da nossa indústria. Sua essência não será abandonada. Ao contrário: consolida-se a cada dia. Acreditamos que o próximo ciclo de crescimento brasileiro terá como base a maior inserção internacional. Se essa tendência se confirmar, a nossa indústria ganhará ainda mais impulso e Caxias do Sul tem todos os pré-requisitos para ser a protagonista desse novo ciclo no Brasil. 
  • Quais seus planos à frente da Fiergs? 
    Vamos trabalhar primeiro pela valorização do nosso empresário, que tem de ser visto como alguém que colabora muito com a sociedade ao montar um negócio e gerar emprego. Segundo, temos de batalhar para que as despesas financeiras que as empresas pagam sejam menores, porque, se formos olhar os balanços, os custos financeiros sobre as receitas se encontram em um nível muito elevado. Empresas boas pagam muito juro, porque é fixado pelo governo e baliza os empréstimos nos bancos, sem saber se o produto vai suportar. 

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