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31 DE dezembro DE 2018

+entrevista

A rainha do parafuso

cintia buzin dirige metalúrgica familiar e foi agraciada com o mérito gigia bandera

Mobirise



SILVANA TOAZZA 
silvana.toazza@pioneiro.com

Ela cresceu brincando em meio às máquinas no pequeno porão onde a metalúrgica fundada pelo pai iniciou as atividades. Quando a empresa adquiriu uma laminadora de rosca, se autodenominava a “rainha do parafuso”, em brincadeira e alusão à novela “Rainha da Sucata”, exibida em 1990 na televisão.

Se quando criança saltitava ao redor de equipamentos, agora Cintia Buzin não pode mais brincar em trabalho, já que a Metalúrgica Buzin depende hoje de seus passos (e decisões) firmes, mesmo sobre saltos altos, que não dispensa nem mesmo ao circular pela fábrica.

A sucessão nos negócios seria natural, pela afinidade com a atividade e passagem por vários setores, mas ela foi antecipada e decorreu de uma fatalidade do destino. Com a morte trágica do pai Jacir Buzin, num acidente na própria empresa, em 2011, coube a Cintia, na época com 33 anos, assumir as rédeas do negócio, transformando a dor em coragem para levar adiante o legado do “mestre”.

– Eu tinha de sofrer e ainda consolar a equipe, que também tinha perdido o líder, um pai para muita gente, ao mesmo tempo em que o mercado não sabia o que aconteceria. Foram dois anos para reconquistar a confiança, ser aceita e respeitada – lembra Cintia, 40 anos.

O mercado não só confiou na jovem empreendedora para dar continuidade à metalúrgica criada pelo pai e mentor como reconhece sua performance como diretora, gestora e líder. Tanto que Cintia Buzin esteve no trio de agraciados com o mérito metalúrgico Gigia Bandera 2018, conferido pelo Sindicado das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias (Simecs) pela contribuição ao setor. Dedicou a homenagem ao seu pai:

– Onde quer que esteja, que ele saiba que estamos dando sequência, com muita garra e dedicação, ao legado que nos deixou – declarou.

Casada com Ismael Busetti e mãe de Nicole (15 anos) e Gabriel (12), a empresária é formada em Administração de Empresas, tem MBA em Gestão Empresarial e responde pela presidência do Conselho da Empresária da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Caxias na gestão 2018/2019.

A seguir, entrevista concedida pela empresária ao Pioneiro:

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Estilo |  Cintia Buzin pratica uma liderança mais democrática e gosta de ouvir todos os gestores

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Existia uma força que me movia e dizia:“agora é contigo, a empresa precisa de ti”  

  • Como surgiu a Metalúrgica Buzin?
    É uma empresa com 48 anos de mercado. Foi fundada pelo meu pai, que em 1970 veio do interior para “ganhar” a vida na cidade grande. Como trabalhou alguns meses na Randon, começou a fazer Senai, instituição na qual despertou o empreendedorismo e a iniciativa de começar o negócio. Nesses 48 anos, a empresa que iniciou em um pequeno porão virou uma grande fornecedora de peças usinadas.
  • Qual a estrutura atual?
    Desde 2008, estamos em um prédio próprio de 4 mil metros quadrados, no Distrito Industrial. Temos uma equipe de 70 funcionários. Possuímos máquinas de última geração e a produção ultrapassa 2 milhões de peças por ano.
  • Principais mercados atendidos e para que setores?
    A Buzin hoje atende a cinco segmentos de mercados: agrícola, automotivo, hidráulico e óleo-dinâmico, rodoviário e um 5º, que denominamos “outros”, que inclui linha branca e moveleiro. Atendemos aos mais variados ramos de negócios do setor metalmecânico e a grandes montadoras. São, ao todo, mais de 200 clientes em todo o Brasil.
  • A crise dos últimos anos impactou nos negócios?
    Sim. Todas as empresas da indústria metalúrgica sofreram nos últimos anos em virtude da crise. Nossa estratégia foi diversificar os mercados, desenvolver novos clientes em regiões antes não atendidas, inovar com novas linhas de produtos. Além disso, reestruturamos a empresa para sobreviver a um faturamento 40% menor. O mercado agrícola foi um grande aliado, que nos ajudou a manter o negócio de pé.
  • Como será o fechamento de 2018 e as perspectivas para 2019?
    Estamos muito felizes pelos resultados no ano de 2018. Fecharemos o ano com um crescimento próximo a 15%, sendo que em 2017 já havíamos crescido 18%. Para 2019, acreditamos em uma continuidade na expansão da empresa com percentual acima de dois dígitos.
  • Quais os planos de expansão da Buzin?
    Estamos otimistas e apostamos em um crescimento sustentável e investimento em tecnologias que permitam aumentar a eficiência da organização. O crescimento da Buzin depende do crescimento de nossos clientes. Então, planejamos e visualizamos o potencial de nos próximos cinco anos crescer 50%. Vamos trabalhar para que isso aconteça.
  • Você recebeu merecidamente o Gigia Bandera, prêmio alusivo à precursora da indústria metalúrgica caxiense. Qual foi a sensação?
    Estou muito feliz e lisonjeada. O Gigia Bandera é um prêmio muito cobiçado pelos empresários da indústria de nossa região, e recebê-lo demonstra que estamos fazendo um trabalho sério, honesto e de relevância em nossa cidade. O mérito é muito do meu pai também, pois ele, mesmo sendo uma pessoa simples e sem muito estudo, construiu uma grande empresa e eu agora tenho orgulho de dar continuidade ao legado dele.
  • Como foi o desafio de suceder seu pai e “mestre” em um momento de tamanha dor?
    Difícil pela dor da perda, pela situação emocional e psicológica do momento. Ao mesmo tempo, existia uma força que me movia e dizia: “agora é contigo Cintia, a empresa precisa de ti”. Liguei o botão do automático. Fui sofrer de fato o luto quase um ano depois da morte dele. Sempre senti muito a presença dele me dando força e fazendo acreditar que era possível.
  • Foi sua maior provação? Pensou em desistir?
    A maior provação foi demonstrar para o mercado (clientes e fornecedores) e para os colaboradores que eu era capaz de assumir a liderança da empresa, que ela continuaria da mesma forma, honrando com seus compromissos, de forma séria e com a credibilidade adquirida ao longo dos anos. Por ser mulher e jovem, em um segmento quase que totalmente masculino, foi mais difícil ainda. Mas com competência, muito trabalho e apoio de muitas pessoas, superei todos os desafios. Em alguns momentos, confesso que pensei em desistir, mas daí vinham as lembranças do meu pai, do amor que ele sentia pela empresa e essas lembranças me davam força para continuar.
  • Que conselhos daria a jovens empreendedores que levam adiante o legado do setor com muita garra?
    Meu pai me ensinou que o sucesso é consequência de muito trabalho, e o maior legado que ele deixou para mim foi o amor pela empresa. Sou totalmente comprometida e dedicada por ser apaixonada pelo que faço. Se existe algum conselho que eu possa dar seria o de que nada é fácil, mas com esforço e dedicação a gente supera todos os problemas. Se a ideia é seguir o negócio da família, faça com amor, estude, conheça, troque experiências, esteja informado. O modo de fazer negócios e gerir as empresas mudou muito nos últimos anos, e só pessoas preparadas e competentes terão sucesso.
  • Defina Cintia Buzin? Como é liderar de salto alto?
    Hoje parece fácil. Eu conheço o negócio, e tenho uma equipe competente que me dá todo suporte para a tomada de decisões. Tenho uma liderança mais democrática. Diariamente, converso com todos os gestores para me inteirar de como está o desenvolvimento da empresa em cada área, quais os possíveis problemas que teremos, quais ações será necessário tomarmos, isso me dá respaldo para melhor diagnosticar e planejar as etapas para atingir as metas traçadas. A empresa é a soma de todos, a engrenagem tem de estar azeitada. Minha função é fazer com que todos se entendam e que sigam o mesmo caminho. Não tenho problema em ir no meio da fábrica, discutir um projeto ou acompanhar a evolução da produção por estar de salto alto, e uso todos os dias. Se tiver de colocar a mão na graxa, colocarei.

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