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07 DE janeiro DE 2019

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Empresas e o social

Mobirise


CLAUDIA BUZZETTE CALAIS

Diretora-executiva da Fundação Bunge 

O ser humano tem um potencial incrível para transformar. Na minha atuação no terceiro setor, primeiro na formação de comunicadores populares no Espirito Santo e, há 17 anos, à frente da Fundação Bunge, que coordena projetos educacionais e de desenvolvimento territorial em várias regiões do Brasil, tenho percebido que o maior desafio é conscientizar as pessoas e as empresas envolvidas sobre o valor do indivíduo como agente transformador.

A questão é que muito do que deveria ser considerado uma tarefa para a razão humana, como o espírito colaborativo e a solidariedade, tem perdido espaço para a cultura do individualismo. A falta de empatia, esse exercício de se colocar no lugar do outro, tem nos distanciado e diminuído a cooperação. Apesar disso, sempre acreditei que o relacionamento e a comunicação são caminhos certeiros para trazer a consciência de cidadania e reconhecer o outro como capital humano. Questões como estas nos ajudam a refletir sobre estratégias e modelos de negócios sociais.

Durante meu envolvimento com ações sociais, compreendi que a inquietação e a busca pelo novo são a base para qualquer compromisso social. Para mudar, precisamos assumir o protagonismo nas ações. Empresas, instituições e governos são feitos por pessoas e, principalmente, por suas decisões e ações. Por isso, em 2011, encorajei-me a aceitar o desafio de assumir a direção dos projetos da Fundação Bunge, hoje considerada uma das principais instituições sem fins lucrativos do Brasil.

O nosso primeiro desafio na área de projetos sociais – nosso, porque a responsabilidade social é um trabalho coletivo – foi buscar maior interação entre as ações sociais que a instituição desejava desenvolver e as atividades de negócios da empresa mantenedora (Bunge Brasil, empresa atuante no setor de agronegócios e alimentos). Foi preciso analisar os impactos da chegada dos novos empreendimentos a territórios onde havia demanda por infraestrutura e serviços e traçar ações que convertessem impactos em oportunidades para a população local e para o negócio. 

Mobirise

É muito importante que o mundo corporativo entenda o seu papel na sociedade e a sua função de agente de transformação 

Criamos um programa que visa orientar o investimento social privado de forma articulada e conectada com as comunidades a partir de ações planejadas e baseadas em diagnósticos e da criação de um plano de gestão integrada, envolvendo a empresa, o município, sociedade civil e entidades. Desenvolvemos uma agenda comum de trabalho, fazendo jus ao nome da iniciativa: Comunidade Integrada, um dos principais programas sociais da Fundação Bunge.

Desde então, o diagnóstico das demandas sociais e ações para estimular a participação popular em projetos sociais têm sido o nosso maior desafio. Em comunidades do interior do Pará, por exemplo, onde pretendíamos oferecer cursos de capacitação para melhoria do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), foi preciso, primeiro, enfrentar um desafio muito mais grave: a exploração sexual infanto-juvenil. A pobreza extrema e a falta de oportunidades são os principais fatores que levam à violação dos direitos de meninos e meninas, mas, neste caso, além destes motivos, constatamos que, para uma grande parcela dos moradores, a exploração sexual de crianças e adolescentes não era percebida como de igual gravidade aos demais pontos citados.

Além de um trabalho de conscientização, foi necessário o apoio a políticas públicas, fortalecendo instâncias do poder público focadas na proteção da criança e do adolescente e ações voltadas à criação de oportunidades para as comunidades. Outra ação desenvolvida foi o treinamento de caminhoneiros e aquaviários como multiplicadores dos direitos da criança e do adolescente.

O programa Comunidade Integrada é uma prova de que dar vez e voz à comunidade funciona e traz resultados importantes para os programas sociais e os negócios. É muito importante que o mundo corporativo entenda o seu papel na sociedade e a sua função de agente de transformação. Por outro lado, é preciso que a comunidade se associe na busca do desenvolvimento econômico e bem-estar social. É preciso ter capacidade de leitura de cenários! As empresas podem e devem pensar além de empregos e impostos e precisam propor soluções para questões sociais porque a busca destas soluções também passa pelo enfrentamento de seus problemas. O poder público deve fazer parte deste processo, e a sociedade, exercer o seu papel de fiscalização.

Precisamos assumir o protagonismo e pararmos de nos esconder atrás de branding e cargos. Não existem empresas, diretores e CEOs. O que existem são pessoas que definirão, por atos e ações, como serão as empresas, os diretores, os CEOs e a sociedade. A decisão está nas mãos de cada um.


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