“Otimismo com cautela”

07 DE JANEIRO DE 2019

+entrevista

“Otimismo com cautela”

Patricia Mattana fala dos desafios à frente da Arco componentes, QUE DIVERSIFICOU ATUAÇÃO PARA CRESCER

SILVANA TOAZZA
silvana.toazza@pioneiro.com

Há 25 anos, a Arco Componentes Metálicos fornece 60 milhões de peças por mês para marcas calçadistas renomadas, como Grendene, Nike, Converse, Dakota e Alpargatas. Mas, desde o final de 2014, a empresa identificou uma desaceleração no filão de sapatos, que se intensificou em 2016, por conta dos reflexos da retração econômica?.

Como sobreviver num mercado em constante mudança sem perder a relevância?

A Arco pensou. E agiu. Investiu mais de R$ 1 milhão nos últimos dois anos em maquinário e infraestrutura para diversificar a atuação e voltar o radar para outro nicho promissor, o têxtil.

À frente do processo está a diretora Patricia Torres Mattana, 39 anos, que teve o desafio de assumir a empresa fundada pelo pai com apenas 22 anos.

Formada em Publicidade e Propaganda pela PUCRS e com MBA em Gestão Empresarial pela FGV, a empresária tem dois filhos: Arthur, de 5 anos, e Maria Luísa, 2 anos. Conferia a entrevista concedida ao Pioneiro:

EDUARDO MANGONI, DIVULGAÇÃO

Nunca deixe que o seu gênero seja nem maior nem menor do que as suas ideias e ideais. Quando tudo ficar difícil, lembre-se do porquê você começou

Conte um pouco do desafio de ter assumido a empresa familiar tão jovem?
Foi bastante complicado. Assumi a Arco em um momento muito delicado da minha vida. Tinha apenas 22 anos, era recém-formada em Publicidade e tinha perdido meu pai. Apesar de trabalhar desde os 18 anos, toda a minha experiência profissional tinha sido na área da comunicação. Mesmo a Arco já existindo, nunca havia cogitado trabalhar na indústria. A empresa era administrada totalmente por ele. Foi realmente muito duro.
Como a empresa conseguiu subverter a crise e crescer?
Com muito trabalho, muito empenho de todos os nossos colaboradores e, acima de tudo, com o entendimento de que sem planejamento não se vai a lugar algum.
Diversificar as atividades foi a grande sacada?
Na verdade, a grande sacada foi olhar de forma contundente e crítica para dentro da nossa empresa e para o nosso mercado de atuação. A diversificação de atividades foi a consequência desse entendimento, foi a estratégia que traçamos para interferir e modificar a realidade na qual estávamos inseridos.
Como a empresa encerrou 2018?
O exercício de 2017/2018 foi muito complicado. Foi um ano extremamente instável mercadologicamente e um ano de grandes investimentos dentro da Arco. Considero que chegamos ao final com importantes conquistas. A diversificação de processos produtivos e a internalização de outros tantos fizeram do ano realmente um marco na nossa história.
E os planos de expansão para 2019?
Esperamos que o ano de 2019 seja de ainda mais modificações. Temos uma série de acontecimentos importantes programados, tanto mercadologicamente, quanto na nossa estrutura interna.
Quais os principais mercados e setores atendidos?
Trabalhamos essencialmente no setor calçadista e, em 2018, entramos para o têxtil também. Para esse novo momento, convidamos o arquiteto e designer Roque Frizzo para desenhar uma coleção exclusiva de peças para uso na produção de itens de vestuário. Batizada de Cotidiano Urbano, a linha já está sendo apresentada para as melhores grifes de roupas do país.
Há grandes marcas no portfólio?
Sim, hoje, a Arco fabrica cerca de 60 milhões de peças por mês para a indústria calçadista e conquistou marcas de grande relevância, como Grendene, Nike, Coca-Cola, Converse, Dakota, Alpargatas, entre outras. No setor têxtil, estamos em negociações bastante avançadas com grandes grifes nacionais, porém não vamos divulgar por questão estratégica.
A empresa já exporta, para quais destinos?
Ainda não exportamos. Esse é um dos projetos para o ano de 2019, já estamos com todas as exigências legais (documentos, certidões e toda a parte burocrática) preenchidas para avançarmos nas negociações.
Quantos funcionários a empresa tem e há planos de incrementar a equipe?
Nossa equipe hoje é bastante enxuta, algo que foi primordial para atravessarmos essa crise. Atualmente, somos em 25 funcionários, mas ao longo de 2019 certamente teremos esse número ampliado.
Como criar uma empresa com conceito?
Com planejamento. Olhando com bastante sinceridade para dentro da sua empresa e para o mercado. Buscando sempre o entendimento e a separação do que são as necessidades do mercado e do que são as necessidades da sua empresa. Costumo dizer que, para resolver um problema, precisamos saber que ele existe. Só se pode atuar sobre o que se conhece.
O momento é de otimismo ou cautela?
Otimismo com cautela, ou cautela com otimismo, como preferir... Os problemas pelos quais o nosso país passa são graves e profundos. Não há fórmula mágica e, certamente, como dizia o meu pai, “não tem outra saída a não ser gastar as unhas”. Temos muito trabalho pela frente e uma estrutura muito pesada e complexa para ser movimentada.
Que conselhos você daria a uma jovem empreendedora que, como você, ousou dirigir uma empresa?
Nunca deixe que o seu gênero seja nem maior nem menor do que as suas ideias e ideais. Se você acredita no seu projeto, vá em frente! Com garra, comprometimento e ética, as chances de sucesso serão muito maiores. Perceba: não é sobre força, e nem poder, mas sim sobre resiliência, perseverança, cuidado e amor. Quando tudo ficar difícil, lembre-se sempre do porquê você começou.

07 DE JANEIRO DE 2019

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