FERNANDO SOARES
fernando.soares@pioneiro.com
renda certa Longo foca na venda de tomate todo ano
na frente As hortaliças de Lourdes estão na entrada
parceria Eleda e Anselmo levam alimentos de produtores vizinhos
É de um espaço com mais de 7 mil metros quadrados, localizado no bairro Santa Lúcia, em Caxias do Sul, que provém a maior parte dos alimentos que chegam à mesa dos habitantes da Serra. A Ceasa serrana é a segunda maior central de abastecimento gaúcha, perdendo apenas para a de Porto Alegre. Nela, devem ser comercializados, até o final de 2017, mais de 33 mil toneladas de hortifrutigranjeiros. Comida suficiente para gerar um faturamento anual superior a R$ 70 milhões.
De segunda a sexta-feira, mais de 250 produtores de diferentes municípios serranos disputam a atenção dos clientes. Cada um deles ocupa uma pedra, maneira como se chama o quadrado pintando no chão do pavilhão demarcando onde eles ficam. As posições iniciais, junto à porta de entrada, estão entre as mais disputadas. Afinal, são as primeiras bancas a serem apreciadas pelos consumidores ao ingressarem no recinto.
Há 15 anos trabalhando na Ceasa Serra, a produtora Lourdes Santini é quem ocupa a pole position. Está bem na frente, na primeira fileira de pedras. Ela traz de sua propriedade, em Nova Petrópolis, alface, repolho, pimentão, vagem, temperos e outras verduras. Mesmo com a posição privilegiada, Lourdes destaca que o diferencial para fechar negócio acaba sendo o preço.
- A concorrência com outros produtores é complicada. Mas ainda assim compensa vir para vender na Ceasa. Conseguimos nos manter financeiramente – relata.
A posição no pavilhão é renovada semestralmente, quando os agricultores têm de atualizar a documentação junto à diretoria. Para expor na Ceasa, é necessário apresentar talão de produtor e uma relação de produtos chancelados pela Emater. O gerente da central, Marcelo Nunes, avisa que uma regra impera: só é possível levar alimentos cultivados na Serra.
- No pavilhão do produtor, só pode entrar o produto que esteja na declaração emitida pela Emater – alerta Nunes.
Cumprindo os trâmites, o produtor ainda pode fazer uma sociedade com outros agricultores para participar da central, desde que não passe de quatro pessoas. Com foco nas hortaliças, Eleda e Anselmo Hansen, de Bom Princípio, trazem alimentos frescos da vizinhança quatro vezes por semana.
- Aqui, vendemos bem. Em um dia comercializamos 170 caixas de alface, a maioria para supermercados da região – ressalta Eleda.
Líder de vendas
Nenhum produto é tão popular na Ceasa Serra quanto o tomate. A fruta é disparada a campeã de vendas, tanto em volume como em valores. Em 2016 foram comercializadas 4,6 mil toneladas, gerando uma receita de R$ 12,3 milhões. Neste ano, de janeiro a agosto, negociaram-se 2,7 mil toneladas, totalizando R$ 6,8 milhões.
No entanto, poucos agricultores têm tomate durante o inverno e o início da primavera, quando o clima serrano não é favorável à plantação. Um dos poucos a conseguir disponibilizar a fruta todo o ano é o caxiense Gervásio Longo. Para isso, há sete anos, investiu R$ 350 mil na criação de duas estufas, que permitem o cultivo durante todo o ano em sua propriedade na em São Vigílio da 2ª Légua.
- O investimento se pagou rapidamente. Em um mês, vendo até 600 caixas de tomate, cada uma na faixa de R$ 60. São 12 mil quilos de tomate por mês – relata.
Depois do tomate, os alimentos mais comercializados em 2017 em volume são, na ordem, repolho, cenoura, cebola e batata doce. Já em faturamento aparecem maçã gala, cenoura, cebola e abacate.
Toda semana, a Ceasa divulga um levantamento de preços dos alimentos, a fim de acompanhar as flutuações do mercado.
Além do espaço exclusivo para a produção local, a Ceasa Serra possui um pavilhão dedicado aos atacadistas. Apenas nesse ambiente é permitida a venda de alimentos trazidos de fora da região. Os 33 lojistas cadastrados atualmente ocupam boxes com pouco mais de 30 metros quadrados. Alguns dos estabelecimentos alugam até três estruturas simultaneamente, o máximo permitido pela administração.
Há sete anos na Ceasa Serra, a Diferencial Frutas aposta na diversidade para atrair os clientes. Ao todo, são mais de 80 itens oferecidos. Tem melão do Rio Grande do Norte, ameixas da Espanha e até uva da Bahia. Isso mesmo, uva baiana, já que nesta época o fruto tão característico da Serra Gaúcha está na entressafra. A empresa, sediada em Bento Gonçalves, conta com 17 funcionários trabalhando na Ceasa caxiense.
Um dos sócios da Diferencial, Marcelo Girelli diz que os principais compradores são os supermercados. Ainda assim, Girelli diz que, neste ano, as vendas estão mais fracas, se comparadas com as do ano passado.
- O movimento caiu uns 30% neste ano, mas, no geral, não podemos nos queixar – reconhece.
No ambiente dos boxes, a entrada e saída de mercadorias ocorre de forma constante. Carregadores autônomos e funcionários ligados aos atacadistas são responsáveis por levar os alimentos até os caminhões dos compradores, que têm um lugar fixo para serem estacionados.
Quase todo o pavilhão está ocupado. Interessados em expor os produtos não faltam. A cada ano, novas empresas aportam no local. Entre os novatos na Ceasa está uma quitanda de Pareci Novo, que chegou há um ano e vende, principalmente, mamão, batata, abacaxi, laranja e limão.
- Nossa família já trabalha na Ceasa de Porto Alegre há mais de 40 anos. No início tínhamos produção própria, aí fomos crescendo e passamos a comprar de tudo que é lugar do Brasil – conta Felipe Schneiders, um dos sócios do empreendimento.
A origem dos produtos vendidos nos boxes é diversa. Os alimentos vêm, em sua maioria, de outras regiões do Rio Grande do Sul. Na sequência do ranking surgem outros estados brasileiros, como São Paulo, Espírito Santo, Goiás, Pernambuco, Paraná e Santa Catarina e Minas Gerais.
Para que possa evoluir, é imprescindível o papel do cidadão na política utilizando sua arma, o voto
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