volnei ferreira de castilhos
Professor convidado da Fundação Getúlio Vargas (FGV), especialista e palestrante em empresas familiares, conselheiro de administração pelo IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa)-SP e consultor
As empresas familiares desempenham um papel fundamental na economia brasileira e mundial, sendo fonte geradora de emprego e renda. Há séculos, estudiosos, poetas e dramaturgos descrevem as relações entre famílias, poder e gestão, ou a governança em organizações familiares.
Talvez o percursor dos atuais Conselhos de Administração seja o imperador Yao (em torno de 2.300 a.C.), que constituiu uma junta de conselho, a qual consultava a cada decisão importante que tomava.
No Brasil, em torno de 90% das empresas são familiares e no mundo elas representam 95%. Mas por que somente 30% das empresas chegam na segunda geração, apenas 5% na terceira geração e apenas 1% na 4ª geração?
Você conhece o ditado “pai rico, filho nobre, neto pobre”? Por isso, agora reformulei o ditado para “pai rico, filho nobre, neto pobre e bisneto revoltado.”
No Brasil, 70% das empresas familiares desapareceram por conflitos familiares, envolvendo briga pelo poder e falta de profissionalização da gestão. Encerraram atividades: Grupo Matarazzo, Arapuã, Mesbla, Mappin, JH Santos, Incosul. Em nossa região, temos excelentes exemplos de sucessão, como a Randon, Marcopolo, Tramontina e outros exemplos em pequenas e médias empresas.
É fácil separar as emoções e relações da família na empresa? Não. Se predominar as emoções da família em vez da profissionalização do negócio, poderá quebrar a empresa e tem o risco de a família quebrar junto.
A Contabilidade com foco em controladoria estratégica é de extrema importância no processo de profissionalização, transparência, prestação de contas (accountability) e avaliação da rentabilidade do negócio.
A governança corporativa vem desempenhando um papel muito importante para dar transparência nas relações através da prestação de contas, criação de conselhos (administração, fiscal, família ou consultivos) e a criação do acordo/protocolo de acionistas. As empresas estão investindo em governança, gestão de risco e compliance, pois pequenas e grandes fraudes custam às companhias brasileiras quase 10% de seu faturamento.
O comércio ilegal de produtos é uma das atividades que mais prejuízos traz para a população e para o país
O papel dos fundadores é fundamental para a sobrevivência da empresa no longo prazo. O ideal é discutir a sucessão e os herdeiros, se possível, escolher o sucessor. Os critérios devem ser competência, conhecimento do negócio e formação acadêmica.
Entre as principais causas para a sucessão não dar certo estão:
– Excesso de autoconfiança do sucedido e falta de formação.
– Conflito de ideias e falta de experiência.
– Concessão de cargos ou entrada de herdeiro no negócio sem critérios ou avaliação do perfil.
Entre as principais dicas para um bom processo de sucessão dar certo estão:
– Incentivar os filhos a conhecerem a empresa desde pequenos.
– Cuidado para não pressioná-los a se juntar à empresa de forma forçada.
– Incentivar a tocar negócios próprios.
– Trabalhar em outras empresas antes de vir para a empresa da família.
Após 37 anos trabalhando e aprendendo com as empresas familiares, identifiquei os 7 pecados na gestão dessas empresas:
1) O fundador não preparou a sucessão ou não houve tempo: alguns fundadores preocupados com o negócio, não preparam um processo de sucessão e não criaram uma visão de longo prazo.
2) Conflitos familiares. Em torno de 70% das empresas familiares no Brasil desapareceram por brigas societárias. A briga pelo poder, falta de diálogo entre os herdeiros e dificuldade de separar a família do negócio.
3) Falta de interesse no negócio da família. Fundador leva o herdeiro para a empresa sem perguntar se tem interesse em entrar no negócio.
4) Retiradas excessivas de pró-labore e distribuição de lucros. Não haver limitação de quanto pode ser retirado do caixa da empresa ou excesso de familiares dependendo do negócio familiar.
5) Falta de profissionalização. Não profissionalizar o negócio e não ter um plano de sucessão são os principais fatores para o insucessos nas empresas familiares. Sempre é interessante ter profissionais de mercado junto com os familiares que estão na gestão da empresa. Bom filho nem sempre é bom gestor.
6) Falta de prestação de contas. A falta de prestação de contas, também é um fator crítico nas empresas familiares. Falta de transparência pode gerar desconfianças entre as pessoas.
7) Não ter uma regra clara para entrada de herdeiros/sucessores Não ter um acordo/protocolo de sócios e um conselho de família ou no mínimo um conselho consultivo são riscos para a empresa.
Quem planeja tem futuro, quem não planeja tem destino.
O papel dos fundadores é fundamental. O ideal é discutir a sucessão e os herdeiros, se possível, escolher o sucessor
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