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A safra da uva avaliada 

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ENIO TODESCHINI
Gerente regional de Fruticultura da Emater Caxias do Sul 

Atividade trazida pelos imigrantes italianos e que se desenvolveu comercialmente, a viticultura na Serra Gaúcha ocupa hoje uma área de 39.000 hectares, constituindo-se na principal cultura socioeconômica da região, envolvendo 15.000 propriedades, principalmente familiares. Diversos fatores sempre participam no resultado de cada safra. Na presente, podemos destacar três: condições climáticas, alternância fisiológica e manejo.

 Sobre a condição climática, contrariamente ao ano de 2016, que ficou marcado como um dos melhores invernos da história recente para a fruticultura de clima temperado, tendo sido registradas 530 horas de frio, mediante média histórica de 410 horas, segundo dados do Centro Nacional de Pesquisa de Uva e Vinho, de Bento Gonçalves, e de excelente qualidade desse frio (temperaturas constantes, sem picos de calor), 2017 registrou fortes nuances nas condições. O inverno ficou registrado como um dos de menor acúmulo de horas de frio, ao todo 188. A brotação e florescimento das variedades ficaram condicionados a iniciarem seus ciclos de forma precoce e bastante desuniforme, tendo considerável porcentagem de gemas vegetativas e cegas (inativas) ou de baixo vigor. A baixa precipitação e temperaturas bastante altas para o mês de setembro contribuíram decisivamente para a aceleração do ciclo das cultivares.

Fato marcante na primavera foi a frequente ocorrência de baixas temperaturas noturnas e matinais. Circunstância essa com efeitos diversos. No viés negativo, afetou o florescimento e pegamento de frutos de algumas variedades que se encontravam na antese – abertura das flores, de modo especial a principal da região Serrana, a Isabella, refletindo-se em cachos com menor número de bagas (ralos). Positivamente, pode-se destacar o condicionamento na redução de ataques de pragas e, principalmente, na incidência de fitopatias, especialmente o Míldio-Mufa.

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A estimativa de produção para esta safra ficará dentro da média histórica, ou seja, 720 mil toneladas

O granizo, intempérie de ocorrência rotineira nos meses de primavera, pouco afetou a produção de frutas, quando comparada com efeitos de outras safras. As precipitações, normalmente altas nos meses de setembro a dezembro, ficaram abaixo da média, favorecendo a manutenção da sanidade das videiras. Todas cultivares até o momento colhidas ou em colheita demonstraram uma inédita antecipação da maturação e, consequentemente, da colheita.

Já a alternância fisiológica é um fator de ocorrência natural, que consiste em alternância na produtividade da planta entre safras sucessivas. Uma alta produção de frutas impõe um consumo de nutrientes além do potencial de reposição da planta, deixando-a debilitada para o ciclo seguinte, refletindo em baixo pegamento de frutas.

O manejo é o terceiro ingrediente de forte interferência. A cada ano que passa o manejo imprimido aos pomares vem sendo aperfeiçoado, refletindo-se em aumento da produtividade ou, como nessa safra, na redução das perdas. A prática cultural de maior adesão e efeitos a médio e longo prazos é o uso de plantas de cobertura (proteção) do solo, reduzindo grandemente o uso de herbicidas e fertilizantes, as perdas de solo, nutrientes e água.

A estimativa de produção é de ficar dentro da média, ou seja, 720 mil toneladas, englobando toda a fruta com propósito comercial, seja para transformação industrial ou doméstica e a de consumo in natura. A colheita vem se apresentando antecipada em média 20 dias. Se as variedades tardias mantiverem esse comportamento, prevê-se que no final do mês de fevereiro encerrar-se-á a vindima.

As cultivares superprecoces e precoces apresentaram ótima sanidade das bagas. A segunda quinzena de janeiro foi marcada por chuvas praticamente diárias, afetando um pouco o ritmo da colheita, o teor de açúcar e sanidade das uvas. Nesses últimos dias e, conforme a previsão, por mais diversos dias ter-se-á tempo firme, viabilizando a recuperação da qualidade vista nas cultivares primeiramente colhidas. Comercialmente, há uma certa apreensão junto aos produtores pela possibilidade de a indústria não conseguir absorver toda a produção, face aos volumes de derivados que se encontram estocados. Naturalmente, a precificação pode ter uma tendência negativa.

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