free bootstrap templates

+Empreendedorismo

Finanças e tecnologia

Fintechs ganham espaço e sacodem o sistema fincenceiro tradicional. Serra conta com
três empresas neste nicho

Mobirise



FERNANDO SOARES
fernando.soares@pioneiro.com

 Utilizar a tecnologia para oferecer produtos e serviços financeiros inovadores. Essa é a proposta das fintechs, empresas inseridas em um dos nichos que mais cresce dentro do universo das startups. Aproveitando-se das brechas deixadas pelos grandes bancos e instituições, essas companhias iniciantes têm sacudido o sistema financeiro tradicional no Brasil.

Cartões de crédito sem anuidade, plataformas para empréstimos com juros reduzidos e novos meios para a realização de pagamentos são algumas das soluções trazidas pelas fintechs nos últimos anos. Atualmente, o país conta com cerca 350 empresas desse tipo, segundo a Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs). No Rio Grande do Sul são 10 companhias, sendo três delas originárias da Serra. A ascensão não corre por acaso. 

Por trás da competitividade das fintechs está uma série de fatores. Geralmente, os negócios têm estrutura enxuta, muitas vezes apenas com presença na internet, e são focados em uma solução específica e não em um vasto leque de serviços. Isso possibilita que os custos de operação sejam menores que os de um banco e, assim, o produto tenha um preço mais em conta para o consumidor. Além disso, as companhias nascentes têm maior flexibilidade para criar e atualizar sistemas.

– O Brasil tem muita concentração bancária, isso faz com que haja altas taxas e serviços que nem sempre são os mais adequados para o consumidor. As fintechs conseguem otimizar custos se utilizando da tecnologia – explica Paulo Deitos Filho, diretor da ABFintechs.

Para entrar em operação, as fintechs precisam seguir regulações de órgãos como o Banco Central e a Comissão de Valores Mobiliários. Por isso, antes de ingressar nesta atividade, o empreendedor necessita ver se a sua ideia é viável e está de acordo com a legislação vigente, conforme lembra a coordenadora do programa de Tecnologia da Informação e Startups do Sebrae-RS, Débora Chagas.

Débora constata que as fintechs estão conseguindo bater de frente com os bancos também por que têm um propósito claro.

– Não é só ganhar dinheiro, mas também ter produtos e serviços com um propósito. É dar a melhor opção para o cliente, não aquilo que é melhor para o banco ou o corretor que ganha uma comissão em cima do serviço.

O termo fintech é abreviação da expressão, em inglês, financial technology. Na tradução ao português significa algo como tecnologia financeira.

Bancos reagem

Entre os investidores-anjos e fundos de investimentos que apostam em startups, as fintechs se tornaram um dos alvos prioritários. Mas o movimento dessas empresas no mercado também não passa despercebido dos grandes bancos. Algumas instituições, inclusive, estão reagindo ao avanço dos serviços e produtos financeiros inovadores. Várias instituições têm programas voltados ao monitoramento e ao fomento de startups.

– Os grandes bancos reconhecem que não têm a mesma velocidade (para inovar), que estão engessados. Por isso, eles têm espaços para monitorar as startups e adquirir as que eles julgam mais importantes – constata o coordenador do Parque de Ciência, Tecnologia e Inovação da Universidade de Caxias do Sul (TecnoUCS), Enor Tonolli Junior.

No momento, o TecnoUCS conta com duas fintechs dentro do programa de incubação. Segundo Tonolli Junior, a tendência é que, nos próximos editais de seleção, mais empresas desse perfil se candidatem para ocupar um espaço no parque tecnológico.

Novo meio para pagar

bela pagamentos, divulgação

Mobirise

meio de pagamento | Bela Pagamentos, de acordo com Silveira, hoje tem 90% de seus clientes em Gramado e Canela, mas a meta é se expandir pelo Brasil

Entre as fintechs com origem na Serra, a Bela Pagamentos, de Gramado, é a que tem a trajetória mais consolidada. Fundada em 2009, a empresa começou a alçar voos altos recentemente. O faturamento, no ano passado, chegou a R$ 72 milhões e o número de clientes passou de 1 mil. O foco da companhia são as soluções para pagamentos, tendo como principais produtos uma máquina para cartões de crédito e débito e sistemas de gestão de vendas.

O setor de turismo é o principal alvo da Bela, que hoje tem 90% de sua base de clientes consolidada em Gramado e Canela. A empresa disponibiliza sistemas para a venda online de ingressos para eventos, reservas em hotéis e diferentes atividades relacionadas com o setor na região. Além disso, a plataforma da marca permite que um estabelecimento ganhe comissões com a venda de tíquetes para passeios ou atrações de outras empresas.

– Existiam empresas de pagamentos e empresas que faziam gestão de vendas. Nós procuramos unir as duas coisas – explica Arthur Silveira, um dos sócios-fundadores da empresa.

Até conseguir faturamento milionário, a Bela teve de ir se transformando no decorrer no caminho. Antes de adquirir o perfil atual, a empresa funcionava como um e-commerce de produtos e serviços turísticos. Posteriormente, com a criação das soluções de pagamentos, como a máquina de cartões, o faturamento se expandiu rapidamente.

Agora, a Bela Pagamentos pretende explorar outros segmentos, além do turismo. A investida deve começar pelo varejo, ramo que a fintech de Gramado já começou a se inserir.

– Esperamos diversificar a base de clientes, mas ajudando o pequeno e micro empresário. Temos clientes grandes, mas vemos que há uma oportunidade em dar acesso às ferramentas aos pequenos negócios – aponta Silveira.

Outra meta é captar clientes em diferentes regiões. Hoje, a empresa está presente em 20 municípios, mas vê potencial para se espalhar pelo país.


O faturamento da empresa tem praticamente dobrado ano após ano.

Fim da fila ao acertar a conta

FELIPE NYLAND

Mobirise

pelo celular|  Valduga lembra que Fast2Pay pretende mudar processos nos estabelecimentos

Se depender da Fast2Pay, fintech de Caxias do Sul, as filas para pagar a conta em um establecimento deixarão de existir. Isso porque, através do seu aplicativo, a empresa consegue registrar todos os pedidos de do cliente e enviar a conta para ele, enquanto o consumidor realiza o pagamento só com um simples toque na tela do smartphone. No momento, a empresa caxiense fechou parcerias com 25 estabelecimentos para o uso da aplicação. O número deve subir para 300 até o final de março.

Disponível para os sistemas Android e iOS, o app conta com cerca de 700 consumidores cadastrados em Caxias. O sócio-funcionador da Fast2Pay, Teilor Valduga, diz que, neste ano, a empresa fará uma campanha de divulgação da iniciativa, para ampliar a base de cadastros. Segundo ele, o objetivo da empresa vai além de transformar o celular em carteira.

– Queremos facilitar a vida tanto do usuário do aplicativo, como a do estabelecimento. A partir do momento que o cliente entra no lugar, ele consegue acompanhar tudo o que é lançado para a mesa dele. Propomos substituir um processo: a maneira de fazer o pagamento – afirma.

Atualmente, a fintech está presente apenas em bares, restaurantes e casas noturnas de Caxias do Sul. A meta é chegar, em um primeiro momento, em mais cidades da Serra, como Bento Gonçalves, Canela, Gramado e Nova Petrópolis. Outros tipos de estabelecimentos, fora do ramo do lazer, também estão no radar. O primeiro passo nesta direção já foi dado. Recentemente, a marca fechou parceria com uma rede serrana com centenas de postos de combustíveis.

– A porta de entrada é o lazer, em bares e restaurantes. Mas podemos crescer em muitos outros nichos, como hotelaria e varejo – aposta o empreendedor.

Para alavancar o negócio, a Fast2Pay conta com o aporte de um investidor-anjo, que injeta recursos na empresa a cada três meses.

Investidor-anjo é uma pessoa física que investe em empresas nascentes com potencial de crescimento

Empréstimo online

FELIPE NYLAND

Mobirise

dinheiro liberado| Segundo Dal Bó, plataforma caxiense de empréstimos irá ao ar
em março

A caxiense MEEmpresta está ajustando os últimos detalhes para poder entrar em operação ainda em março. A plataforma pretende intermediar empréstimos financeiros pela internet, tendo como diferencial um custo mais baixo na comparação com as linhas oferecidas pelos bancos. A ideia é que investidores e mutuários negociem livremente a liberação dos recursos, podendo decidir prazos e os juros incidentes sobre a transação.

A fintech fechou acordo com o Banco Topázio, que fará a intermediação das transações, e já está regulamentada pelo Banco Central para iniciar as atividades. Falta ainda encontrar uma seguradora, que possa dar as garantias necessárias nos casos de inadimplência. Paralelamente, a MEEmpresta busca um investidor que ajude a impulsionar o negócio.

– Estamos pedindo em torno de R$ 300 mil por 10% da empresa. Com isso, o objetivo é dar escala ao negócio – relata o diretor-executivo da MEEmpresta, Diego Dal Bó.

No primeiro ano de atividade, a meta da empresa caxiense é realizar, no mínimo, 5 mil operações de empréstimo. Isso já permitiria cobrir os custos de manutenção e a remunerar o investidor, segundo Dal Bó. No momento, a companhia possui 1,6 mil usuários pré-cadastrados para usar a ferramenta.

Para 2019, as projeções são mais ambiciosas. O objetivo é fazer entre 25 mil e 30 mil empréstimos, o que geraria para a MEEmpresta um faturamento de R$ 1 milhão no ano.

Além de pessoas físicas, a plataforma também deverá permitir a integração de empresas. Desta maneira, uma companhia poderia, por exemplo, emprestar dinheiro a seus funcionários.

Clique e leia mais




+ARTIGO

A estimativa de produção para esta safra ficará dentro da média histórica, ou seja, 720 mil toneladas

+Empreendedorismo

Fintechs ganham espaço e sacodem o sistema fincenceiro tradicional. Serra conta com três empresas neste nicho

+ENTREVISTA

 Sócio-proprietário do baitakão há 40 anos, João Antonio Leidens aposta na inovação para crescer

+Finanças pessoais

O consumidor não pode ser importunado em determinadas ocasiões

Compartilhe