Pela visão das mulheres

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Pela visão das mulheres

AMERICANA INGRID VANDERVELT, QUE QUER EMPODERAR 1 BILHÃO DE MULHERES ATÉ 2020, ESTEVE NA UCS

JULIANA BEVILAQUA
juliana.bevilaqua@pioneiro.com

Empreender não é tarefa simples. Para as mulheres, tende a ser menos simples ainda. Pensando em como ajudar o público feminino, a americana Ingrid Vanderveldt criou o Empowering a Billion Women by 2020, movimento que tem como meta empoderar, por meio da tecnologia, 1 bilhão de mulheres para empreender e fazer seu negócio ser sustentável financeiramente.

Na semana passada, ela esteve na Universidade de Caxias do Sul (UCS) para falar sobre sua experiência e encorajar, não apenas mulheres, a colocar em prática suas ideias. Ela também esteve na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e na Unisinos. A passagem de Ingrid pelo RS foi promovida pelo Consulado dos Estados Unidos.

O + Serra, com auxílio da tradutora Laura Bocco, aproveitou para conversar com Ingrid. Confira:

Diogo Sallaberry

Se queremos criar um mundo mais pacífico,
precisamos empoderar as mulheres”

Empoderar mulheres
“Em primeiro lugar, vamos criar um mundo sustentável, um mundo pacífico. Isso vai acontecer através de uma outra visão, que é a visão das mulheres. As mulheres são aquelas que cuidam da família, da comunidade. Elas reinvestem 90% do que ganham em suas famílias, na comunidade. Se nós queremos criar um mundo mais pacífico, precisamos empoderar as mulheres para que elas conquistem esse dinheiro. Em segundo lugar, quando as mulheres fazem dinheiro, elas fazem mais dinheiro do que os homens. E em terceiro lugar, as mulheres querem muito fazer isso, então, quando elas têm essa oportunidade de fazer, elas realmente vão atrás e fazem acontecer, e também para nós acaba sendo um grande retorno sobre o investimento feito, porque elas têm essa vontade e, quando recebem a oportunidade, vão adiante e trabalham muito para isso.”
Mulheres e tecnologia
“Com esse projeto de empoderamento de mulheres até 2020, muitas mulheres estão se conectando nessa plataforma e fazendo esse contato. Muitas dessas mulheres estão começando uma empresa, querem contratar pessoas, querem parcerias, então essa é uma forma de introduzir as mulheres nesse mundo da tecnologia.”
Ideias para empreender
“Isso sempre vai acontecer (uma mulher ser chamada de “louca” quando tem uma ideia e quer empreender). O importante é que as mulheres saibam que isso vai acontecer, no sentido de as novas ideias serem chamadas de “loucas”, mas ela precisa saber que isso não vai afetar, ou seja, de poder ir adiante, independente dessa questão do que os outros pensam sobre as suas ideias. Por isso a importância da parceria, da mentoria, das redes de apoio. As mulheres, quando estão sozinhas, tendem a se acovardar, digamos, com esse tipo de coisa. Por isso criar essa rede de apoio e saber que, sim, daqui a pouco se as pessoas não estão dizendo que você é louco para fazer determinada coisa quer dizer que você está em um caminho muito normal e não está inovando naquilo que é necessário.”
Fracasso faz parte
“As pessoas não podem desistir, em primeiro lugar, porque o fracasso faz parte, ou seja, ele vai acontecer. Então, se você sabe que vai acontecer, você sabe que isso é uma parte que precisa ser superada e que, se você não tiver fracasso, é porque talvez não esteja empurrando o suficiente, não esteja abrindo caminho o suficiente. Em segundo lugar, quando acontece o fracasso, numa primeira vez a gente sabe que vai acontecer. Quando acontece uma segunda vez, tem que ver porque aconteceu, porque o erro está sendo repetido. E se acontece uma terceira vez, quer dizer que alguma coisa não foi aprendida, o que essa pessoa não está conseguindo ver do processo. É como um buraco na estrada. Na primeira vez, passa no buraco e de repente estoura um pneu. Na segunda vez, a gente vai contornar para que isso não aconteça, mas se na terceira vez bate no mesmo buraco, então alguma coisa não está sendo aprendida nesse processo. Tem outro ponto: como investidor, nós buscamos pessoas que tenham passado por esses fracassos porque elas têm essa experiência e conhecimento adquirido.”
O tempo de fazer
“Todo esse movimento que nós estamos fazendo de empoderar 1 bilhão de mulheres, se eu tivesse feito isso quando eu tinha 20 anos, eu não teria conseguido fazer, porque eu fui passando por experiências e por desafios que fui encontrando uma forma. Então, hoje, com essa experiência, eu consigo desviar, buscar outros caminhos e enfrentar de alguma maneira, então, isso para os investidores é relevante.”
Tecnologia e oportunidade
“Na verdade, sempre há coisas que não foram descobertas ainda, que não foram inventadas. O que nós podemos fazer é pegar coisas que estão surgindo e aproveitar esses recursos e, claro, há pessoas que estão pensando além. Sempre vai haver muitos níveis, sempre vai haver coisas novas, que a gente não conhece, esse é o grande ponto, e essa repetição de conhecimentos que vão e vêm e coisas novas que vão se acrescentando, então, com certeza, sempre há oportunidades.”
Funcionário que empreende e inova
“Sim, é possível. Dentro de uma empresa, assim como fiz quando estava na Dell, porque eu era uma empreendedora dentro da empresa, você vai ter gerentes, seus superiores, e eles têm metas a alcançar, a atingir. O que você pode fazer é começar a pensar, a oferecer a eles ideias que possam ajudá-los a conseguir melhor, mais rápido e com menos custo aquilo que eles precisam. Não vai ser de repente que eles vão comprar toda uma ideia, mas aos pouquinhos, fazendo essas outras sugestões, outras formas de resolver aquilo que eles precisam para que depois possa se conseguir algo melhor. No meu caso, quando cheguei na Dell, eles não deram o milhão que precisava para fazer tudo. Eu dei a ideia global e disse a eles: “se vocês me derem isso de dinheiro, eu consigo dar isso de retorno sobre esse projeto.” E foi assim que aquilo foi crescendo. Recebi um pouco mais para dar um retorno maior até que consegui o projeto inteiro. É começar aos pouquinhos para depois conseguir algo maior.”

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