21 de MAIO de 2018

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Com a bênção da tecnologia

 CEO da Totvs RS, Luiz Ignácio Azevedo, fala sobre a Transformação Digital

Mobirise



BABIANA MUGNOL 

babiana.mugnol@rdgaucha.com.br

Multinacional brasileira líder no segmento de tecnologia da informação para pequenas e médias empresas na América Latina, a TOTVS, com filial em Caxias do Sul, faturou R$ 2,2 bilhões em 2017. No primeiro trimestre deste ano, a empresa lançou uma nova modalidade de produto, chamado de subscrição, uma espécie de aluguel, que agregou 6 mil novos clientes. Nesta entrevista, o CEO da empresa, Luiz Ignácio Azevedo fala da transformação digital e de como ela afeta o surgimento de empresas exponenciais, que impactam, de uma forma ou de outra, todos os negócios do mercado. Confira: 

BABIANA MUGNOL

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ALTA  | Sinais de melhora no cenário são perceptíveis, diz Azevedo

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São empresas de bilhões de faturamento e com um investimento muito pequeno, porque tem um software por trás

  • Quando falamos em tecnologia, as mudanças ocorrem de forma impressionante. Como era quando começou a trabalhar nessa área?
    Luiz Ignácio Azevedo: Muito diferente de hoje. Me formei pela Unisinos em 1979 e comecei a atuar em 1980. Na época, se usava o cartão perfurado e a geração de hoje não tem ideia do que é isso. A internet só estava em laboratório de universidade. Os computadores mainframes ocupavam uma sala inteira. Existia equipamento que era refrigerado a água. Não se falava Tecnologia de Informação (TI), era computação e tinha grande perspectiva. Era novidade e aguçava minha curiosidade. No vestibular, tentei engenharia elétrica e computação. Passei nas duas e aí enveredei nesse segmento da informática. Quando estava me formando, comecei a fazer processo de seleção e fui selecionado pela Siemens, multinacional alemã, que tinha programa de formação na empresa e queria o perfil de TI e engenharia. Fiquei seis anos lá, onde tive formação também de como funciona uma grande multinacional. Depois, voltei para Caxias, onde já estou há mais de 30 anos. 
  • E como foi empreender por aqui?
    É uma cidade muito dinâmica e um dos polos no Rio Grande do Sul com mais oportunidades para isso. Quando retornei de São Paulo em 1988, fui trabalhar na TI da Fras-le. Em 1992, a empresa também saiu do mainframe para os microcomputadores e foi buscar no mercado empresas que forneciam soluções. Lá na década de 1990 se fazia software dentro de casa, porque não tinham muitas empresas para atender às indústrias. Aí fizemos um processo de seleção, avaliamos 12 fornecedores e adquirimos uma solução da Datasul de Joinville (SC). E nesse processo estava contemplada a terceirização da TI da Fras-le e aí montamos uma empresa chamada 17, em abril de 1993, para atender à indústria. Foi quando ingressei no mundo do empreendedorismo.
  • E depois veio um desafio ainda maior, a fusão que deu origem a TOTVS. Como foi a participação neste processo?
    A gente tinha essa empresa que atuava como franquia da Datasul e, em 2008, a TOTVS adquiriu a Datasul e continuamos como franquia. No início de 2010, tínhamos no Estado quatro operações TOTVS. A minha, mais duas franquias e uma filial. Aí o Laércio (Cosentino), o fundador da TOTVS, que no passado se chamava Microsiga, veio conversar comigo e dizer que não tinha sentido ter quatro operações e propôs unir forças até pelo ganho sinérgico. Eram quatro unidades administrativas e, em outubro de 2010, unificamos. 
  • E a TOTVS chegou a que tamanho?
    Surgiu uma empresa com algo em torno de 300 colaboradores e uma carteira de 750 clientes. A matriz a gente decidiu que seria em Porto Alegre pela facilidade também com aeroporto. E temos uma filial em Caxias do Sul. Atualmente, depois da crise e como uma redução de 20% a 25% do quadro, estamos com cerca de 220 pessoas e uma carteira de 830 clientes. Atuamos em 12 segmentos, como agroindústria, manufatura, construção e projetos, educacional, saúde, jurídicos... Mas os segmentos mais fortes são indústria e varejo, que representam 55% da receita. A grande concentração por área de clientes é na Serra. Estamos presentes em 41 países e temos cinco centros de desenvolvimento: no México, Estados Unidos, Rússia, China e Taiwan. O mais recente é a Rússia, onde começamos a atuar no ano passado.  
  • Embora o setor de TI tenha ido melhor do que muitos setores durante a crise, foi impactado até por atender à indústria, que puxou a recessão. Como foi o desempenho dos últimos trimestres?
    Em 2017, faturou R$ 2,2 bilhões. O primeiro trimestre teve crescimento, mas tem alguns detalhes que impactaram nisso. Lançamos uma modalidade de produto, chamado de “subscrição”, uma espécie de aluguel. Nessa modalidade, de 2016 a 2017, crescemos 35%. O cliente não tem mais licenciamento. Ele paga em função de uso. Assim como é mais fácil o ingresso, é mais fácil a saída. O diferencial é que não paga mais a licença de uso. Nessa modalidade, define o que quer e não tem mais a barreira de entrada. Isso agregou, em 2017, 6 mil novos clientes. O crescimento da TOTVS geral foi em torno de 5% em relação a 2016 em faturamento. Como estava todo mundo cortando os custos e o fato de não pagar o licenciamento, tivemos a modalidade da subscrição puxando o crescimento. São perceptíveis os sinais de melhora em 2018. Em outros anos, os clientes olhavam a proposta de implementação, mas, em função da incerteza, engavetavam o projeto. Agora estamos sendo chamados para retomar o assunto e começar a trabalhar na implementação. Isso faz com que já estejamos contratando pessoas. Comparando o primeiro trimestre deste ano com 2017, existe muito mais propostas colocadas, algo em torno de 20% a 25% a mais do que no ano passado. Estamos contratando na área de desenvolvimento, gestores de projetos e analistas de sistema. São seis para Porto Alegre e cinco vagas para Caxias. 
  • É tão difícil prever o que vem pela frente em uma área onde as transformações são tão rápidas, mas quais são as principais tendências do futuro do negócio pelo que os clientes estão demandando?
    O momento que estamos vivendo é chamado de TG, o da transformação digital. A tecnologia permite o surgimento de empresas exponenciais e vai afetar, de uma forma ou de outra, todas as empresas do mercado. É algo como foi a revolução industrial no passado. Citando alguns exemplos desta tecnologia disruptiva está o Uber, que há poucos anos não existia e hoje é uma das maiores empresas do mundo de transporte de passageiros e não tem um carro. É contraditório, né? O Airbnb é o maior negócio de hospedagem do mundo e não tem imóvel. O que proporciona isso é a tecnologia disponível. São empresas de bilhões de faturamento e com um investimento muito pequeno, porque tem um software por trás que gera tudo isso. O Uber está em contato com a Nasa para o transporte aéreo, o táxi aéreo nas cidades. A indústria 4.0, dando um exemplo no agronegócio da agricultura de precisão, permite hoje que colheitadeiras com GPS, entrando na internet das coisas de máquina conversando com máquina, que o operador mapeie o perímetro e programe a colheitadeira para colher sozinha. Quando está colhendo, mede quanto vem de grãos. Então o território que colhe menos pode depois ser adubado mais. E onde ficou dentro dos padrões vai poder economizar fertilizante. Coisas que, se voltamos alguns anos, eram impensáveis.

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