web site maker


11 de JUNHO de 2018

+ entrevista

A favor da diversificação

Ubiratã Rezler dirige empresa e preside arranjo produtivo metalmecânico e automotivo

Mobirise



BABIANA MUGNOL

babiana.mugnol@rdgaucha.com.br

Ubiratã Rezler é diretor administrativo da Rezler Chavetas, uma empresa que tem quase 50 anos de atuação em Caxias do Sul. Ele é veterinário, também representa o setor da indústria automotiva pesada e preside o Arranjo Produtivo Local (APL) Metalmecânico e Automotivo da Serra Gaúcha. Uma da principais bandeiras de Bira, como é conhecido, é de que as empresas da Serra fiquem menos dependentes de um único setor e diversifiquem os negócios.

FÁBIO GRISON, DIVULGAÇÃO, BD, 24/10/17

Mobirise

UBIRATÃ REZLER  | Olhar sobre o desenvolvimento de alternativas para as indústrias da Serra

Mobirise

É um caminho sem volta olhar para essas
energias renováveis para usar de forma
a tornar as empresas mais competitivas 

  • A tua formação profissional é Medicina Veterinária, mas como é atuar também em uma indústria?
    Nasci no berço da indústria. Trabalhei na produção desde cedo, porque naquela época dava para trabalhar. Com 13, 14 anos eu já estava fazendo peças. Tenho mais dois irmãos que se formaram dentro do processo da indústria e acabei me inclinando por um lado diferente. Meu pai veio com 14 anos de Curitiba para o interior de Bom Jesus trabalhar em indústria madeireira, e lá acabou tendo muito conhecimento de tornearia mecânica. Em Caxias, abriu a empresa com alguns itens para indústrias locais. Fundou a empresa em 1972. Já tinha o Leandro, meu irmão mais velho. Nos anos 1980, eu já trabalhava e passei por todo o ciclo da indústria. Todos entramos na produção. Mas eu acabei tendo gosto por uma outra atividade. Meus pais sempre incentivaram essa liberdade de buscar o que realmente gostava. E eu acabei fazendo Medicina Veterinária na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Mesmo durante o tempo em que estava cursando, eu voltava nas férias para atividades na indústria. Tive clínica em Caxias e depois vendi para focar mais no mestrado e hoje também atuo na área de docência.  
  • Como conciliar tantas tarefas diferentes?
    Multifuncionalidade é um pouco de mim. Consigo fazer um pouco de cada e consigo concluir. Não sou muito da questão operacional, me caracterizo por conseguir organizar as atividades, são questões muito mais gerenciais. Voltei para a Rezler em 2010 e consegui organizar a equipe da empresa para que minha presença física fosse mais reduzida. Hoje a gente consegue fazer tudo através de aplicativos, celular, internet... Todos os dias eu passo lá, mas uns dias fico mais e outros menos. 
  • Qual o tamanho da empresa, que produtos mais fabrica e quem atende?
    É uma empresa de pequeno porte, com 14 funcionários. Isso por conta do aumento da tecnologia produtiva com pesquisas e compra de máquinas mais específicas dentro da produção, por conta da visão de engenharia mecânica que o meu irmão mais velho, Leandro, teve quando estava atuando na empresa. Ela atende a todo mercado nacional e mercados da América Latina. Já tivemos trabalhos com a Europa. Nossa atuação mais forte é em cima de motores e redutores elétricos para a indústria nacional. Trabalhamos muito forte também no mercado agrícola. A chaveta vai numa enormidade de itens, porque é uma peça que mescla fixação e transferência de força. Acaba atingindo desde a manutenção das máquinas que produzem até como componente dos produtos que são fabricados para o mercado. 
  • Como é a atuação com o APL Metalmecânico? Essa convivência com outros empresários dá um termômetro do impacto que vivemos nas últimas semanas após a greve dos caminhoneiros? Como percebe o momento atual econômico, que vinha com sinais positivos, e foi interrompido de novo por uma insegurança no país em ano de eleições?
    O APL, que presido desde outubro, não tem configuração de sindicato. Nosso objetivo é o desenvolvimento da cadeia automotiva pesada na região. Claro que a gente acaba tendo informações, tanto de associados como entidades que nos mantêm. Mas posso responder pela Rezler que o impacto foi muito grande no recebimento de matérias-primas. Como atendemos a vários segmentos, os pedidos não pararam. Tiveram uma queda sensível, mas não foi tão grande, porque a programação das indústrias não parou. O problema maior é que, além de não receber a matéria-prima, nosso fornecedor não recebia da usina porque as transportadoras não estavam coletando e não conseguíamos entregar o que estava pronto. Toda a cadeia ficou parada. A Rezler sofreu um pouco menos por não depender única e exclusivamente de um setor, que é uma coisa que eu defendo. Tem, sim, que focar no automotivo pesado, mas tem que ter alternativas para não sofrer um impacto tão de grande de uma parada assim ou de uma crise. 
  • A Serra estava envolvida na organização, o Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano 2018 em Foz Iguaçu. Qual a importância dele para a região? Sofremos com a falta de combustível fóssil durante a greve dos caminhoneiros e esta também seria uma alternativa?
    O APL encontrou dentro desse tema uma possibilidade de uma não-dependência da indústria automotiva pesada porque é uma alternativa de produção de biodigestores e de material mecânico para a construção de usinas. O APL tem pensado também na mobilidade. A elétrica é uma delas, mas o biometano já é utilizado para mover os carros da Itaipu e a New Holland pretende lançar um trator usando o biometano como combustível. Então temos duas visões, de promover a indústria na parte de fornecimento de mecânica e de equipamentos e de adaptação dos veículos atuais. 
  • E também pode ser combustível para a produção.
    Temos conversado com a prefeitura de Caxias do Sul porque eles têm um valor exorbitante gasto por ano de energia elétrica e queriam ver a utilização do que é emitido pelos lixões para amortizar o gasto. No caso da prefeitura, seriam utilizados os dejetos diários das nossas casas e esse biogás produzido. As indústrias também podem ser beneficiadas. De certa forma, isso ainda está muito focado na produção agropecuária, de suínos, bovinos e aves. Isso pode ser adaptado também para produtores da região. A gente está querendo estimular isso. Levantando uma bandeira ecologicamente correta com a possibilidade de evoluir, amortizar gastos com energia, tornar indústrias mais sustentáveis e, quem sabe até, ter condomínios com biodigestores e autossustentáveis. 
  • Essa questão da sustentabilidade, do reaproveitamento, das energias alternativas são o futuro. É também o que vocês vêm trabalhando para fazer as empresas terem esse olhar e daqui a pouco se reinventarem?
    A nossa ideia com o APL é desenvolver negócios. Embora nós tenhamos o foco na parte metalmecânica automotiva, sempre temos um olhar para o desenvolvimento de alternativas para nossas indústrias. É um caminho sem volta olhar para essas energias renováveis para usar de forma a tornar as empresas mais competitivas neste mundo globalizado.

Clique e leia mais


+ARTIGO

Por que em paralisações há surpresas e impactos significantes? A resposta está na falta de um Programa de Gestão de Continuidade
de Negócios e Crises

+expobento

Feira que reúne diferentes setores ocorre em Bento Gonçalves de 7 a 17 de junho nos pavilhões do Fundaparque

+ENTREVISTA

Idealizador do VLT do Rio, Designer carioca Guto Indio da Costa critica modelo “antiquado” do transporte público no país

+COMBUSTÍVEIS

Em um cenário de extrema turbulência no mercado nacional, confira 5 dicas que ajudarão a reduzir o consumo 

Clique e leia mais


+ARTIGO

Importante é que os clientes estejam informados sobre
o que está acontecendo.
Essa comunicação aproxima a empresa do cliente e demonstra confiança 

+EMPRESAS

Transição já começou, e mais da metade das herdeiras deseja assumir o negócio familiar

+ENTREVISTA

Ubiratã Rezler dirige empresa e preside arranjo produtivo metalmecânico e automotivo 

+SEU BOLSO

Saiba como lidar com o período em que a moeda norte-americana está girando ao redor dos R$ 4

Compartilhe