18 de JUNHO de 2018

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A greve e a gestão da
continuidade de negócios

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GUSTAVO BERTOTTI
Mestre em Economia e Professor de Economia e Finanças do Centro Universitário da FSG. Responsável Mesa de Operações Messem Investimentos

O crescimento de 0,4% do PIB no primeiro trimestre deste ano ante os últimos três meses de 2017, resultado divulgado na última semana do mês de maio, representou em valores correntes R$ 1,641 trilhão. Dentre os principais setores, a agropecuária avançou 1,4%, motivada principalmente pelo recorde das safras anteriores de soja e de cana-de-açúcar. Todavia, a indústria e o setor de serviços ficaram praticamente estagnados com variação positiva de 0,1%, o que em parte justifica-se pelo resultado negativo da indústria de transformação (-0,4%), construção civil (-0,6%) e serviços de informação (-1,2%).

De acordo com o primeiro boletim Focus do Banco Central divulgado em 2018, a expectativa do PIB para economia brasileira era de 2,69%, projetando uma taxa de câmbio média de R$/U$ 3,32. Em março, no auge das expectativas, o mercado projetava crescimento econômico de 2,90%. Cabe ressaltar que o relatório de mercado do Bacen é uma das principais fontes de consulta sobre expectativas da economia brasileira, sendo determinante para as projeções e orçamentos das empresas.

Desde o início do ano, os desafios de 2018 para a indústria caxiense transitavam entre as expectativas positivas passadas pelo governo e a incerteza de um ano eleitoral. Somado a esses fatores, o cenário externo com entraves comerciais impostos pela gestão de Donald Trump tonou-se um motivo extra de preocupação, principalmente para siderurgias e indústria de transformação.

O primeiro trimestre de 2018 sinalizava uma pequena retomada econômica. De acordo com o Boletim de Desempenho da Economia de Caxias do Sul divulgado pela CIC, Caxias do Sul criou 3.362 vagas de empregos formais, com destaque para a indústria/construção civil que representou cerca de 67% do montante, resultado do crescimento gradual da atividade econômica nos três primeiros meses.

Contudo, a incerteza do crescimento para o segundo semestre é questionada, pois além dos fatores políticos e externos, o Brasil enfrenta uma das maiores crises domésticas da sua história, advindo da má gestão macroeconômica. Adicionalmente, eclodiu em maio deste ano a crise do transporte rodoviário. O custo da paralisação deixará um agravante muito maior do que prejuízos financeiros, falta de abastecimento e choques nos preços. A falta de condução e gerenciamento da crise pelo governo causou um tremor no mercado financeiro, principalmente em relação à continuidade das políticas de crescimento e redução do desemprego. O efeito da “escassez” deve impactar no curto prazo diretamente nos preços dos alimentos e nos combustíveis, refletindo em queda do consumo interno.

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O efeito da “escassez” deve impactar no curto prazo diretamente nos preços dos alimentos e nos combustíveis, refletindo em queda do consumo interno

Nesse sentido, coloca-se em questão as contas externas do país e o grau de dependência de investimento estrangeiro na economia. Vale lembrar que a relação risco retorno para o investidor estrangeiro em relação à economia brasileira mudou muito nos últimos 12 meses, por questões como a redução gradativa da Selic e até pelo aquecimento da economia dos EUA. Atualmente, os investidores internacionais acompanham de perto os números da economia americana, como a melhora do payroll (relatório de emprego), expectativa de aumento das taxas de juros e, por consequência, uma maior procura dos investidores pelos treasuries (títulos do tesouro americano).

Por fim, ao analisarmos os dados do mesmo Boletim Focus do Bacen de 11/06/18, nos deparamos com os ajustes significativos das expectativas para este ano: redução do PIB para 1,94%, taxa de câmbio depreciada para R$/U$ 3,50 e inflação mais elevada na ordem de 3,82%. Em relação à taxa Selic, a manutenção da expectativa em 6,5% aponta um possível detrimento do consumo para conter a volatilidade do mercado externo.

Diante desse cenário, onde as incertezas se sobrepõem às expectativas, os números da economia brasileira mostram que o desempenho está mais fraco do que o esperado. A reversão da ociosidade econômica beira à ambiguidade das eleições e à capacidade de correção dos efeitos negativos da paralisação. Infelizmente, segundo a Fiergs, a paralisação de 11 dias causou uma perda estimada de R$ 2,9 bilhões para indústria gaúcha, sendo que o agravante para a Serra ainda não foi contabilizado, visto que cerca de 12 mil trabalhadores das principais empregadoras da região retomaram as atividades na segunda feira, 04/06/18.

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