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18 de JUNHO de 2018

+ entrevista

“Use o que te representa”

Referência em moda e comportamento, jornalista
Gloria kalil palestrou em Caxias

Mobirise



SILVANA TOAZZA

silvana.toazza@pioneiro.com

Com ingressos esgotados, a autora de best-sellers de moda e comportamento, com a marca de mais de 300 mil livros vendidos, Gloria Kalil esteve pela segunda vez em Caxias do Sul na última quarta-feira para falar para um público que lotou o auditório do Intercity Hotel.

Em evento organizado pela Interface Comunicação, a jornalista abordou temas tradicionais em seu repertório – como comportamento, estilo e moda – e utilizou seu sexto e último livro – Chic Profissional – Circulando e Trabalhando num Mundo Conectado – como fio norteador para o bate-papo com uma plateia formada por empresários e profissionais de várias áreas.

– Chique mesmo é honrar a sua palavra, ser grato a quem o ajuda, verdadeiro com as pessoas, leal com quem você se relaciona e honesto nos seus negócios – pontua.

Conhecida por sua atuação em negócios ligados ao campo da moda e do comportamento, planos de marketing para lojas, assessorias para indústrias e organizações institucionais e atuação na imprensa especializada, Gloria Kalil reforça o currículo com um viés empresarial, tendo sido diretora de confecções como Fiorucci e Jeigikei.

A seguir, alguns tópicos que a consultora e jornalista abordou em sua palestra em Caxias:

julio soares, divulgação

Mobirise
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Se houve uma coisa que mudou comple-tamente foi o mercado de trabalho


  • Moda
    Moda é uma questão ligada à identidade. Já etiqueta é um assunto de civilidade profissional ou pessoal. A vigilância das redes sociais vem para o bem ou para o mal, mas impõe cobrança na maneira como as pessoas se vestem e se comportam. Historicamente, a humanidade se reconhece por sinais. Moda e etiqueta são códigos úteis e importantes que têm de ser compreendidos para o bom funcionamento da sociedade.
     
  • Mercado de trabalho
    Se houve uma coisa que mudou completamente foi o mercado de trabalho, um campo cheio de novas demandas e exigências, por conta da tecnologia e das causas LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros), feminina e de diversidade racial. Não é só a aparência que faz uma organização ser considerada moderna. A filosofia e a cultura precisam acompanhar a evolução. A verdadeira cara de uma empresa aparece, não adianta uma maquiagem. Existem empresas formais, informais e mega informais. Elas têm seu estilo, personalidade. Cada empresa tem sua cultura, que tem de ser preservada. Há companhias de tecnologia olhando com simpatia para roupas casuais. Valorizam funcionários tatuados, com cabelos coloridos, piercing, porque isso imprime uma cara de modernidade e atualização. Há multinacionais no Brasil que exigem mulheres e negros em seus quadros. E, se alguma filial tem só homens brancos, precisa provar que o critério foi de fato técnico. Não se tolera falta de educação e preconceito. 

  • Comportamento
    Não é fácil mudar o comportamento. É fácil falar, contratar uma pessoa com tatuagem, mas mudar o comportamento é difícil. A gente tem de se policiar. Não é fácil erradicar piadas de mulheres, sogras, gays, gordos.  

  • Internet
    Nada mudou tanto quanto a incorporação da internet, das redes sociais, do celular no cotidiano das pessoas, pois alterou a forma de viver e se comunicar. É necessário a adaptação dos mais velhos às novas tecnologias e os mais jovens vivem nesse ambiente mais informal, sem hierarquia até na família. Estamos numa transição absoluta. Agora, as duas gerações têm de fazer esforço. Há jovens hoje que não levantam o olho do celular, que não têm noção de como se comportar. O momento é de transformações nas relações pessoais. Vejam a greve dos caminhoneiros, eles não dependeram de sindicalistas, se comunicavam entre eles por WhatsApp. Telefonar já virou falta de educação. Recebo muitos recados pedindo: “posso te ligar?”.  

  • Informação
    A moda é múltipla hoje. Deixou de ser como nos anos 1950, impositiva, autoritária, uma moda de exclusão. Pois se ficasse bem ou não para você, não importava, era aquela a moda. A internet pulverizou a informação. Hoje, todo mundo tem a mesma informação. Moda é oferta. Estilo é escolha. Só use o que te representa, pois moda representa a sua personalidade. O seu estilo pessoal pode ser exercido com a maior liberdade.  

  • Fast Fashion (Moda Rápida)
    Esse conceito, trazido pela rede espanhola Zara, atropelou a forma de produzir no mundo. Eles vão fabricando o tempo todo, forçando a alta costura a fazer quatro coleções por ano. É uma dificuldade para o setor, mas não vai voltar para trás. Quando uma marca não tem força de marca, é uma grande dificuldade. A moda não tem mais estação. Porém, a indústria da moda é a segunda que mais polui no mundo, o que vai exigir nova consciência na fabricação. 

  • Blogueiras
    As blogueiras são os novos catálogos de moda. São pagas para ter opinião. A indústria da moda, comerciantes e editores têm grandes desafios, já que liberdade não é algo fácil. Para o consumidor, ele está com a faca e o queijo na mão, tem todas as facilidades. Compra pela internet. Já o lojista tem como concorrente o mundo inteiro. 

  • Profissões
    A hierarquia é mais respeitada na área médica do que em outras profissões, muitas que mudaram profundamente e outras que não vão mais existir no futuro. Mulher ainda ganha menos, o que, a exemplo da homofobia, é uma discriminação. Já sei de empresa que deixou de contratar uma prestadora de serviços porque pagava menos para as mulheres. 

  • Brechós chiques
    Não é mais feio comprar roupas usadas. Com a consciência ecológica, há uma tribo que só se veste em brechós, por dois motivos: é mais barato e é exclusivo. Mas não é fácil achar roupa em brechó, por conta de tamanho e etc., então, normalmente, quem se veste nesses locais são jovens bem estilosos. Até porque está forte esse conceito de usar uma peça de qualidade com outra mais “podrinha”. Mas eu nunca consegui comprar em brechó, pois não combina comigo. Uma pessoa velha com roupa de brechó fica com cara de velha. Em geral, jovens ficam bem com esse estilo. 

  • Visual na área médica
    Tudo o que não dá a sensação de higiene deve ser evitado. Agora, não vejo problema com tatuagem ou cabelo colorido, se o profissional tem uma aparência limpa. Acharia estranho minha dentista mexer na minha boca com unhas pintadas de preto.

  • Minimalista
    P
    ara ser minimalista, você precisa ter uma boa oferta de roupa para não ficar monótono no estilo. Eu tendo para um estilo mais simplificado. Mas minimalismo se dá na aparência, não na quantidade de roupas. 

  • Compra pela internet
    Não sou fanática. Como trabalhei em tecelagem, gosto de pegar a roupa. Às vezes, gosto da roupa de alguém, e quando vejo estou passando a mão. Só compro pela internet sapatos que conheço a marca e a numeração e poucas coisas, pois acho chatérrimo ter de devolver.

  • Como criar identidade
    É preciso conseguir escolher o que te representa numa gama de situações. Tenho roupas de 20 anos atrás que continuo usando. Minha mãe gostava de moda e de cuidar da casa. Tive um site de moda, um dos primeiros, nos anos 2000. Fechei porque não é mais assim. Hoje estou nas redes, Facebook, Instagram. Tive uma grande confecção também (filial da italiana Fiorucci). Ou seja, são decisões que você tem de pensar, e normalmente toma dois anos depois do que deveria. É preciso ficar atenta e ter a coragem de fazer as transformações que o mercado exige.

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